― Nell!

― O que ela esta fazendo aqui? Pensei que só vinha no próximo sábado. – disse surpreso por ver sua prima.

― Pensei que ela nunca mais ia voltar. – sussurrou enquanto observava a jovem dos cabelos esverdeados vindo em sua direção.

Os dois a olhavam surpresos. Ichigo não imaginava vê-la ali, e o pior é que percebera que ele não estava nenhum pouco feliz em revê-la. Pelo contrário, achava uma péssima hora para ela aparecer. Já a Nell também estava surpresa em vê-lo, ainda mais ao lado da irmãzinha do Byakuya o que ela achou muito estranho.

Apesar de ter passado uns tempos fora, Nelliel não mudou nada. A única surpresa era a criança que ela carregava nos braços.

― Itsugo! Pensei que ia fazer uma surpresa, mas parece que você já sabia que eu estava vindo.

― Não. Quer dizer... Na verdade eu vim acompanhar a Rukia. Ela está esperando o tio dela. – disse constrangido.

― Ora, a irmãzinha do Byakuya... Não sabia que vocês eram tão próximos.

― E não somos.

― O Ichigo só obedeceu à ordem do pai dele e me deu uma carona. – disse de uma maneira fria, o que foi percebido por Ichigo que se arrependera de imediato do que havia dito.

― Ichigo, como sempre, todo obediente. Espero que meu filhote siga o seu exemplo. – Nell apertou bem forte o bebê ao dizer filhote, para o espanto dos dois.

― Fi-filho?

― Ah! Como sou tonta! Esqueci-me de apresenta-los! Esse aqui é meu filho, Saito! – apresentou sorrindo para o bebê, que possuía uma cara rechonchuda e olhos grandes de um castanho claro e cabelos negros. ― Saito, esses são seus tio Ichigo e sua tia paterna Rukia, manda beijo pra eles.

― Tia paterna?

― Sim, Saito é filho do Byakuya. Ele não te disse?

― Co-como? Na-não pode ser...

― Mas não conta pra ele. Quero eu mesma contar que seu filho esta aqui.

― Você não tinha dito nada sobre ter tido um filho.

― Eu quis fazer surpresa, Itsugo. – fez bico.

― Não se faz surpresa com uma noticia dessas. – disse preocupado com a pequena Kuchiki.

― Eu preciso ir, parece que o avião do meu tio já aterrissou.

― Rukia... Ele é mesmo seu filho? –perguntou voltando sua atenção à prima.

― Claro que não. Ele é filho de uma amiga que veio comigo, ela foi ao banheiro.

― Então por que disse que era seu filho e com o Byakuya?

― Eu só fiz uma brincadeirinha... e também vai ser ótimo se essa noticia chegar aos ouvidos do Bybyzinho.

― Eu vou lá contar pra ela.

― Ei, pra que essa preocupaçãozinha com ela. Pensei que vocês não fossem próximos.

― E não somos. Só que vai ser um problema se o Byakuya souber disso. – mentiu.

― Desde quando você se preocupa com o Byakuya? Deixa-o ficar sabendo. Agora vamos, ajuda a carregar minhas malas.

― E o bebê?

― A mãe dele está vindo ali, e vê se não fala nada pra chatinha da Rukia. Esse é o nosso segredinho.

***

Rukia andava em direção ao desembargue. Sentia uma raiva percorrer pelo seu corpo. Seu irmão mentira pra ela. Veio-lhe a cabeça se era verdade que ele havia pedido para a Nell abortar, isso era difícil de acreditar. Sentia raiva dela mesma só de lembrar como fora boba em acreditar por um segundo que Ichigo sentia algo por ela, era visível que ele ainda nutria um grande sentimento pela Nell, e ela acabara de fazer uma promessa pra sua melhor amiga e quebrara no mesmo dia. Estava mesmo apaixonada pelo ruivinho.

― Rukia!

― Ukitake-sama! – Rukia correu em direção ao seu tio, abraçando-o forte.

― Sentiu tanta falta assim do tio.

― Claro, a casa não é a mesma sem você e o nii0sama não para de pegar no meu pé.

Após a recepção, Rukia e seu tio foram em direção a saída. No caminho a jovem encontrou o Ichigo carregando as malas até a saída. Ele felizmente não a viu e seguiu direto sua trajetória, assim que nem ela que pegou um táxi junto com seu tio.

O caminho até chegar a casa fora um tanto longo. Durante a trajetória, a pequena Kuchiki falava sobre as novidades para seu tio, omitindo as ultimas noticias que eram as mais interessantes. Como ter jogado vídeo game em uma casa cheio de garotos, ter beijado um deles duas vezes e sobre o filho do Byakuya. Porém, o Ukitake conhecia a sobrinha que tinha. Sabia que ela estava escondendo algo, mas não ia obriga-la a dizer, tudo tem seu tempo.

Assim que chegou em casa e viu seu irmão sentado no sofá da sala, Rukia não aguentou e explodiu em cima do irmão.

― Mentiroso! – gritou ficando de frente do irmão.

― Olá pra você também. – disse sem nenhuma preocupação, imaginando que sua irmã estivesse de TPM.

― Sabe, eu não teria acreditado se não tivesse visto com meus próprios olhos.

― Do que você está falando?

― Eu estou falando do seu filho, Saito, o que teve com a Nelliel.

― Filho?

― Não adianta negar, eu vi a criança.

― Criança?

― Então era verdade, eu fui muito idiota mesmo. – disse Unohana ao ouvir a discussão. ― Adeus, Byakuya!

― Unohana, espera! – vendo que não adiantava, voltou-se a atenção para a Kuchiki. ― Agora explica isso direito.

―Nelliel chegou hoje e ela estava com um bebê no colo e disse que era seu filho. – disse para o espanto do Ukitake que observava a discussão.

― Quer dizer que foi isso. Toda essa barulheira porque a Nell, uma garota que já inventou tanta coisa a meu respeito, disse que teve um filho comigo.

― Eu vi a criança!

― Pode até ser filho dela, mas não é meu. Eu nunca dormi com a Nell.

― Mas... – a pequena Kuchiki não sabia mãos o que falar, estava envergonhada ao ver seu irmão nervoso.

― Mas nada. Você sai daqui à noite sem dizer nada e não diga que estava na casa do Toushirou, porque eu liguei pra lá e você não estava. Onde você dormiu?

― Eu dormi na casa do Toushirou. – respondeu cabisbaixa. ― Mas antes eu estava na casa do Ishida.

― Enfurnada na casa de um cara que você nem conhece. E como foi para o aeroporto?

― O Ichigo me deu carona.

― Eu falei pra você ficar longe dele. Aposto que acreditou nas besteiras que ele te falou também. Agora vai pro quarto. Você está proibida de sair. É do colégio pra casa.

― Você está me pondo de castigo? Ukitake-sama.

― Rukia, obedeça seu irmão.

Rukia foi em direção ao seu quarto, envergonhada com o ocorrido. Fora ingênua demais em acreditar na Nell assim como foi ingênua em acreditar no ruivinho. Por ser tão burra acabara com um possível relacionamento de seu irmão com a Unohana. Agora ela não podia nem sair de casa para consertar o erro que cometera. Como podia, a jovem de madeixas esverdeadas mal havia chego e já fizera todo esse estrago.

― Quem dera eu fosse paciente como o tio Ukitake, assim não teria estragado tudo. – resmungou ao entrar no quarto.

***

A chegada da jovem Nelliel foi uma surpresa para todos da família Kurosaki. O espanto maior foi a presença de uma amiga da Nell que carregava um bebê em seu colo. Nell explicou que convidou a amiga pra dormir na casa só por essa noite e a amanhã as duas iriam se mudar para um hotel onde vão ficar hospedadas. Para a amiga da prima ter mais conforto e pra ficar distante da mesma, Ichigo decidiu dormir na casa do amigo Ishida, este que também estava sozinho já que seu pai viajara a negócios, deixou que seu amigo passasse a noite em sua casa, mas já se arrependera por ter que aturar o ruivinho que não parava de falar na prima.

― Ichigo, é visível que você não é apaixonado pela Nell.

― Eu sei, mas eu prometi pra mãe dela e para a minha mãe que nós iríamos nos casar.

― Qual é Ichigo, você era uma criança e o verdadeiro desejo de sua mãe e vê-lo feliz.

Ichigo nunca esquecera a promessa que fizera para a mãe de Nell, na época os dois eram duas crianças e muito próximos, praticamente inseparáveis. Logo depois, a mãe de Nell adoecera e antes de morrer pedira ao Kurosaki que cuidasse bem da sua futura esposa. Que era como o ruivo chamava a sua priminha.

― Esse assunto esta me dando dor de cabeça. – disse levantando-se do sofá indo em direção a estante cheia de CD’s. ― Sabia que a Rukia não tem namorado.

― Você falou com ela hoje?

― A encontrei no shopping e dei uma carona até o aeroporto. – respondeu com o típico sorriso bobo quando falara da morena.

― E ela aceitou a carona?! – estava surpreso.

― No inicio foi difícil. Ela estava com medo de que acontecesse o mesmo que da ultima vez, mas ela acabou aceitando.

― E aconteceu? – perguntou já imaginando a resposta ao ver o sorriso se alargar na face do ruivo.

― Aconteceu. E o melhor que ela não saiu correndo como da ultima vez.

― Vocês estão juntos?

― Não, estava tudo ótimo... Mas eu estraguei tudo quando a Nell chegou, a tratei como se fosse uma qualquer.

― E o que você vai fazer agora?

― Não sei... Você acha que deveria fazer alguma coisa?

― Se você gosta tanto assim da Rukia, eu acho melhor você consertar o estrago.

― Ela deve estar arrasada. A Nell aprontou outra assim que chegou.

― O que ela fez?

― Depois eu conto, preciso ajeitar as coisas.

Ichigo estava decidido em ir falar com a Rukia, queria vê-la mais que tudo. Sabia que poderia estragar as coisas mais ainda ao ir à casa do Byakuya, ainda mais às onze horas da noite. Mas era algo que ele não poderia deixar para depois. Não ia conseguir dormir se não fizesse isso. Pegou as chaves do carro do Ishida e partiu em direção a casa dos Kuchikis.

Ao chegar à casa, reparou que todas as luzes estavam apagadas. Todos deviam estar dormindo, concluiu. Mesmo assim, decidiu seguir adiante. Desceu do carro e assim que se posicionou abaixo de uma janela, pegou uma pedra e atacou. Para seu azar, acabou acertando na janela errada e quem apareceu não foi a pequena Kuchiki e sim o seu tio Ukitake que assim que viu quem era, fechou a cortina e foi em direção ao quarto da sobrinha que ainda estava acordada.

― Não conseguiu dormir? - perguntou adentrando ao quarto.

― Eu estraguei tudo. Sou mesmo muito burra!

― Não fale isso.

― Estraguei tudo e agora o nii-san me odeia.

― É claro que ele não te odeia, é seu irmão. Ele te ama. Só está um pouco chateado, mas sabe que você não tem culpa.

― É claro que tenho.

― Bem... Eu vim aqui pra dizer que você tem visita.

― Visita? Há essa hora.

― É... Aliás, não sabia que você era tão amiga do Kurosaki.

― O Ichigo? É ele que está lá embaixo?

Ukitake assentiu vendo a cara de surpresa de sua sobrinha que logo correu em direção a janela e saiu ela porta, indo até o ruivinho.

― O que faz aqui há essa hora? – questionou ao sair de casa, ficando de frente ao Kurosaki.

― Preciso te dizer que a Nell mentiu. Aquela criança não é filha dela, é filho de uma amiga que veio com ela.

― Obrigada, mas é tarde. Eu já fiz a burrada e estraguei a possibilidade do Nii-san ficar com a Unohana. – disse desanimada virando-se para voltar pra casa, mas fora empedida pelo ruivo que a segurou pelo braço.

― Espera... Também vim pedir desculpas. Eu fui um idiota em dizer aquilo pra Nell.

― O quê? Você disse a verdade. Não somos próximos, mal nos conhecemos.

― Eu sei, mas eu vi que você ficou magoada e também não somos como dois desconhecidos, afinal nós nos...

― Foi um erro. – disse o interrompendo. ― Minha melhor amiga é apaixonada por você e eu sei que você é louco pela sua prima.

― Não, eu não sou louco pela Nell e nem gosto da sua amiga. Eu sou louco por você, eu não sei como e nem por que, mas eu me apaixonei por você, Rukia.

 ― Mas eu não sou apaixonada por você. – mentiu, desviando o olhar dos dele. ― E- Eu gosto do Kaien.

Ichigo a fitava surpreso pela declaração. Lembrou-se dos últimos momentos que estavam juntos, lembrou-se de quando os dois estavam na diretoria e trocaram olhares, e por último, lembrou-se do último beijo que deram. Sua feição mudou de surpreso ficando sério e deu um passo a frente, ficando bastante próximo a jovem Kuchiki.

― Mentira. – sua voz soara fria enquanto se aproximava cada vez mais, pousando sua mão no rosto alvo da jovem. ― É mentira. – repetiu sussurrante, antes de beija-la com volúpia.