O vento frio tocava calmamente os cabelos da garota fazendo-os oscilar em ondas. A floresta sussurrava palavras indecifráveis. Por um momento ela jurou ter ouvido seu nome. Ela caminhava rapidamente pela estrada asfaltada que cortava a floresta. O luar azulado e o cheiro de terra úmida faziam o cenário de terror. Ela ergueu o pulso, altura suficiente para ver o relógio prateado.

21h54min

A Garota bufou de raiva. Pensou e repensou em palavrões criativos para xingar sua prima. Fique mais um pouco. Mamãe vai fazer macarrão com queijo. A garota riu com sarcasmo, e ao mesmo tempo imitou a voz de sua prima.

Sua longínqua casa estava a alguns quilômetros da distancia da encruzilhada de onde ela se encontrava. O vento, um pouco menos forte, fazia os galhos das arvores se tocarem, formando sombras. A garota acelerou o passo. Apalpou o bolso do suéter de coelhinho que ganhara da sua vó antes de morrer. Mas não encontrou as chaves. A garota ficou nervosa. Será que deixei cair na estrada? Perguntou-se incrédula de ter que voltar e procurar. Bufou novamente. Virou-se e voltou atenta a qualquer coisa perdida no chão. Girou olhando para todos os lados bilhares de vezes, mas não achou nada, além de sacolas plásticas e – obviamente -, folhas. Era frustrante procurar algo no escuro. Ela bufou e desistiu. Virou-se novamente indo em direção a sua casa, mas foi impedida pelo brilho alaranjado a menos de três metros da estrada, mas dentre a floresta. Franziu de leve seus olhos, tentando ver o objeto. O jubilo tomou conta da garota por alguns segundos. Ela pensou em mil modos grotescos de suas chaves pararem na floresta, ela tinha medo, mas precisava pegar as chaves para entrar em sua casa. Ela só tinha uma opção: Entrar na floresta e pegar as chaves. E esta não era uma opção das melhores. Bufou mas se auto xingou por ter feito isto. Caminhou silenciosamente até a beira da estrada fazia e escura, e antes de seu cérebro fazer alguma objeção deu longos passos até as chaves. Olhou em volta e sentiu estar sendo vigiada. Um nó em sua garganta tinha se recém-formado. Ela engoliu a saliva com dificuldade, e então se agachou para pegar as chaves. Seu chaveiro dourado em forma de asas de anjo parecia ser bem mais bonito. O luar sinistro ajudava um pouco. Ela sacodiu as chaves a altura do seu rosto, fazendo as chaves se movimentarem ocasionando o tilintar desajeitado das chaves. Ela sorriu. E se levantou, olhando fixamente para as chaves e por fim as colocou no bolso. Levantou lentamente a cabeça e antes que pudesse das um sequer grito... O garoto a agarrou, tapando sua boca e jogando-a contra a árvore mais próxima. Ele sussurrou algo parecido com: “Shiu, ninguém vai te ouvir”. A garota se debateu tentado- sem sucesso- se soltar. Lagrimas escorriam pela sua face pálida, ela pensou na pior coisa que pudesse acontecer com ela. O garoto jogou-a no chão e prendou seu corpo ao dela, prendendo com uma força sobrenatural suas pernas. Ela batia nele, mas ele pareceu não se importar. O garoto a beijou, mas ela fechou a boca impedindo a passagem da língua do garoto. As mãos do garoto percorriam pelo corpo da garota.

Em poucos minutos ela se sentiu suja. Como nenhuma garota gostaria de se sentir.