Theodor fazia bailes como esse umas cinco vezes por ano, segundo o que eu fui informada. Geralmente é para reunir a família que é tão dispersa por vários países. Não havia nenhum japonês; eu gostava tanto do Japão!

Cassandra terminou de me vestir em questão de minutos, e agora eu estava completamente perfeita! Cabelos e maquiagem bem-feitos, um vestido rosa-pêssego tomara-que-caia com diversos bordados florais. Os saltos eram prateados e combinavam muito bem com a minha pele alva.

Luka havia alertado que iria ver o irmão, juntamente com uma pilha de papeis, indago-me sobre o que seria. E porque eu penso sobre isso? É como se houvesse algo importante.

- Estamos prontas então – Ela bate palmas e dá um pulinho – Hoje vai ser um grande dia para você!

- Ficamos tempo demais aqui... será que já está na hora? – não consigo localizar um relógio sequer no quarto de Luka.

- Melhor irmos, já deve estar no fim da primeira parte da festa... – Arregalo os olhos. ESTAVAMOS ATRASADAS!

Eu queria correr, entretendo Cass me alertou que “antes bonita do que pontual”. Ou seja, não corra sua idiota, vai bagunçar o cabelo.

A mansão de Theodor possuía uma entrada pela frente e outra atrás. A entrada na qual eu vim, era a de trás. Havia um outro salão, com outra sala e outros cômodos maiores do outro lado da escada, e um dos meio de ir até lá era um corredor no fim de outro corredor. Cassandra e eu vamos por lá. A mansão dele era como um espelho!

Quando estávamos próximas do centro, já era possível ver os diversos convidados bem vestidos. Abel recepcionava-os na entrada, anunciando seus nomes. Ao me ver, ele faz uma pequena reverencia.

- Suiren Mathieu Fay! Estás encantadora, minha jovem. – Diz ele, e eu fico sem graça. Sem querer dou um tapa em seu ombro de forma camarada.

- Ah, para com isso Abel!

Minha atenção volta-se para outra coisa. Ou melhor, outra pessoa.

Ela possuía cabelos curtos e negros, retos como uma Cleópatra. O corpo totalmente bronzeado e os olhos negros, combinando com o vestido vermelho longo de cauda. Todavia, nada disso tinha importância alguma. ELA ESTAVA DANDO EM CIMA DE KLAUS, VADIA!

Cass estava falando sobre alguma coisa quando eu simplesmente saí de perto deles e cheguei diretamente em Klaus. Agarrei-o pelo braço e torci que ele não estivesse de tpm e acabasse me recusando. Eu ficaria com muita vergonha. A tal vadia me olhou da cabeça aos pés.

- Oi chuchu – Digo, beijando-lhe a bochecha. – Não sabia que já estava aqui.

- Faz um tempo – Ele diz com indiferença. Ah, seu filho da puta. Fiquei me imaginando esganando ele enquanto sorria por fora.

A tal garota sorri para mim quando eu olho para ela. A festa estava agitada para um bando de ricos, ninguém nos escutaria.

- Meu nome é Jessica, sou a noiva do Luka, prazer. – Ela faz uma reverencia, e quando tudo fica finalmente claro eu também faço uma sutil reverencia.

Ela era tipo, minha parceira de casamento!

Dou um empurrãozinho em Klaus e fico agitada na frente dela. OMGOMGOGMGOM SERÁ QUE A GENTE IA CASAR JUNTO!

- ONW! Não sabia que Luka tinha escolhido uma noiva! – Uno as mãos e dou um pulinhos. Jess realmente parecia egípcia.

- Ele não escolheu – Ela bufa, claramente incomodada. – Sou amiga de infância dos dois, e como Klaus já tinha uma noiva, eu fui para Luka.

Ok, ela me odeia.

- Oh, que coisa... eu entendo como é não escolher...

Ela não me dá tempo de terminar. Me puxa para um canto afastado e aperta meu antebraço esquerdo. Olho na direção de Klaus, e vejo que está distraído provando alguma bebida. Quando volto para Jess, ela está praticamente desesperada.

- Troque comigo! – Ela implora. – Theodor não recusaria para você!

Wait, what?

- Trocar... você diz Klaus por Luka?

- Sim! – Seus olhos brilhavam – Theodor recusa para mim, mas se for você, ele certamente...

Ela queria simplesmente trocar de noivos? Isso é absurdo! Luka podia ser um cavalheiro, mas eu estava começando amar Klaus, e não o largaria por seu irmão gostosão!

- Garota, você tem problemas – Dou meia volta para sair de perto dessa doida varrida, contudo, ela me puxa mais uma vez.

- Sei tudo sobre você! – Ela ameaça – Luka também, e em breve Klaus, sua safada.

- Opa, opa, opa queridinha! – Levando o indicador e sinto que estou falando como uma rapper barraqueira – Você pensa que sabe algo sobre mim! E por favor, não venha com esse tipo de picuinha de mulher pra cima de mim de novo.

- Ele é bom de cama – Eu já estava saindo quando a escutei. – Os dois são, mas Luka é melhor.

Ah, essa vadia está tentando me tentar? Conseguiu! Bem, foda-se, não é como se eu ligasse para o Luka; Safada... deu pros dois e eu só nos beijos.

- Vá se tratar.

E finalmente vou embora. Encontro-me com Cass do lado de fora da mansão, onde a noite mantinha o clima fresco. Conto para ela o que Jess me disse, E a garota sequer fica surpresa.

- Ela é assim desde pequena. Apaixonada por Klaus. – A loira dá de ombros – Quer dizer, desde que eu tenho noção de alguma coisa.

- Hm... maldita vaca... – Eu ia começar o xingamento quando uma música clássica indicando uma valsa começa a tocar. Olho para Cass, que está olhando fixamente para mim sem parecer reparar a melodia. – Vamos dançar!

- Mas eu não se-

Sacudo-a para lá e para cá, fingindo que sabia dançar. Cassandra agia como adulta na metade do tempo, então pelo menos por um tempo, eu queria que ela se divertisse. Que ela fosse um pouco mais da idade dela.

Ela ria e ria, e meus ouvidos se encheram com aquele momento simples de felicidade. Sem complicações, apenas eu tentando fazer uma pessoa importante para mim feliz.

- Odeio interromper as senhoritas, - Luka aparece subitamente, eu não o vi se aproximar. – Mas preciso de um minuto com você, Suiren.

Cass para de rir quase instantaneamente, como se fosse proibida de tal. Ela delicadamente se retira sem dizer uma só palavra, e meus braços ainda estavam no lugar em que ela deveria estar. Sem dizer mais nada, Luka me conduz pelos jardins até um lugar afastado da festa, no extremo leste da mansão. A música estava distante.

- Aqui, achei que precisava ver.

Logo a minha frente, Klaus estava parado com Jéssica à sua frente. Subitamente, ela o agarra para um beijo; Por três segundos eles se beijaram, mas Klaus se afastou rapidamente.

- Sinto mui- O loiro lamenta, mas parecia tão falso, e eu já estava andando na direção do casal sem perceber.

Jess estava sorrindo, sentindo o gostinho da vitória. Klaus não ficou exatamente surpreso, estava parecendo chateado, olhando para o chão. Sinto meus ombros pesarem com as mãos de Luka, que apertavam apreensivamente. Me desfiz dele e simplesmente saí correndo. Cai no chão duas vezes, então tive que dar a volta na mansão e subir a escada aos tropeços.

Eu podia escutar uma das músicas de Mattriew na minha cabeça, por alguma razão, toda vez que estou triste uma música triste toca em minha cabeça. Maldito masoquismo.

I'm here, I'm now arrived

I fell into your love

Não vou para o meu quarto, mas sim para o de Klaus. Estava tudo como antes, quando eu acordei – exceto o café, ele fora retirado. Porque me traia Klaus? Porque ele deixou aquela vadia beija-lo?

E Luka também, me levando até lá no exato momento, era mais que suspeito.

Vou até o quadro recém pintado de Klaus – meu retrato dormindo – e tiro a tela do apoio, deixo a tela em um canto junto e a substituo por uma nova.

E se Klaus não me amasse? Luka me amava? Eu deveria trocar de noivo como Jessica sugerira?

Pego o pincel do meu noivo e o mergulho na tinta vermelha, sacudo um pouco e depois rabisco a tela em que eu estava pintada. De preto, de roxo, de verde.

Era tão frustrante... Eu me sentia sozinha novamente.

Caí de joelhos, com lágrimas já escorrendo pelo rosto – eu odiava chorar.

A porta se abre, e como estou ajoelhada de frente, sentindo o carpete raspar a pele, posso ver que é Klaus.

- Suiren... – Ele parecia arrependido. Olho para o lado, desviando o olhar e acabo vendo a pasta que Luka trouxe para seu irmão mais cedo. Havia uma foto minha lá.

Sim... Luka e Jess estavam metidos em alguma sujeira. Não sou tapada.

- O que quer que tenha ali – Aponto – É mentira. Como pode se vingar assim Klaus?

- Não me vinguei. – Ele não se justifica, não acrescenta mais nada, mas parecia não saber o que dizer.

Ele se aproxima, ficando entre mim e a tela em branco. Eu estava de pé agora, e com raiva.

Vai me amar também Klaus. Irá me aceitar.

Vovó não aprovaria isso, no entanto, começo a me despir mesmo assim. O vestido deslizou rapidamente, e eu jogo os sapatos para o lado com impaciência.

- Você fez sexo com ela não é? – Acuso-o. O pincel que eu utilizara a pouco estava a mão, e assim que o pego, jogo nas mãos de Klaus, sujando seu terno novo e caro. – Pinte.

De lingerie, eu apenas começo a chorar e ficar com raiva ao mesmo tempo. Klaus joga o pincel no carpete e me abraça; a tinta que sujara o terno mancha uma parte entre meus seios e o pescoço.

- Eu te amo Klaus, por favor...

O silencio predomina. Escuto suas batidas acelerarem e seu corpo aquecer. Meus medos e inseguranças simplesmente somem, era tão injusto ama-lo assim.

Como será que eu faço para frear a felicidade?

- Eu também te amo.

Não existe como. Não mais.