Clarity escrita por Mafê


Capítulo 15
Getting Lost in the Moment


Notas iniciais do capítulo

PEQUENO EU SEEEI mas eu vou comer pastel e ja volto, vou escrever uns cinco capítulos e programas pra postar um por semana lalalalalaaa



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“I'm gonna dance every dance 'til the boys go home

Well, it's my night to rock”

–"Girls' Night Out", The Judds

Eu vi aquele monte de meninas inocentes em cima da minha cama e não resisti. Eu tive que pegar impulso e pular em cima delas, e todas gritaram. Sensíveis... Reagan quase me deu um tapão na cabeça, mas Mary puxou sua mão antes que ela pudesse. Nat continuava dando gritinhos do tipo ‘Minha camisola nova! Você está amaçando, é seda!’.

–Cai fora, baleia! Tá me amaçando!

–Calma, Si, que gente dramática!

Eu arrumei um lugar ali entre elas e me enfiei tentando deitar direito, mas não consegui, então lembrei que ainda estava de roupa e todo mundo de pijama porque isso era sim, tipo uma ‘festa do pijama’, e só eu estava destoando ali.

Levantei, fazendo todas agradecerem, e fui até o meu closet pegar um pijaminha bem curtinho e levinho, já que estava muito quente naquele quarto. Tomei um banho (só um pouquinho) longo e coloquei o pijama. Penteei meu cabelo e quando ia saindo, ouvi uma voz masculina no quarto.

–Deixa só eu falar com ela, é rapidinho! Parem de ser dramáticas! Olha ela disse que queria conversar comigo, é só perguntar pra ela!

–Não Ian, não dá! Olha hoje à noite homens não são permitidos nesse quarto. Mas só essa noite, não esquenta.

–Gente eu resolvo isso – apareci no quarto e fui até Ian – Pedi, sim, para nós conversarmos, mas agora não dá...

Dei um beijo nele, mas logo me separei por que se não parasse ali, sei que não resistiria e falaria que tínhamos que conversar só pra ter mais.

–Depois. Agora vai, anda, estamos com uma programação apertada.

Ele veio até mim e me puxou para chegar mais perto e colocou a boca ao lado do meu ouvido. Ele suspirou e disse

–Você me deixou na seca todo esse tempo que ficou em coma, agora vai ter que pagar, eu não aguento mais.

–Menino safado! Depois a gente conversa sobre isso. Amanhã vai ter tudo de volta...

Disse no seu ouvido e saí rebolando de volta para o quarto. As meninas deram risinhos e fecharam a porta na cara dele, que estava com um sorriso bobalhão no rosto. Deitei em minha cama e dei um risinho.

–Queremos saber de tudo!

–Eu que quero dona Mary, o que foi aquilo com o Bariel? Fiquei desacordada mais agora quero saber de todos os babados. Ah, não pense que não reparei em todas vocês... A Nat saiu num encontro com meu irmão mais novo, a Reagan tá com esse sorriso no rosto... Podem ir falando, quem começa?

O quarto entrou num silencio que oprimia e eu tive muita vontade de rir, tipo quando você tá nervosa e de tão nervosa você começa a rir.

–Tá, ninguém vai falar? Desde quando um Cahill fica envergonhado com uma perguntinha dessas? Então eu escolho...

–Eu falo!

–Meu Deus Nat, ta muito felizinha, o que meu irmãozinho fez dessa vez?

–Ai, posso falar a verdade?

–Desembucha NATALIE MARIA!

–NÃO me chame assim Mary! Enfim, ai meu Deus, Amy que me perdoe, mas se irmão é um GATO! E ele é um fofo ainda por cima, ele me deu flores um montão de vezes enquanto você estava em coma, sabia? E ele me leva pra jantar quase toda semana! Ai ele é perfeito!

–Chega de suspiros, tá me dando enjoo.

Mas ela fez que nem ouviu meu comentário e continuou fanado sobre o meu irmão e como ele disse que a levaria pra viajar no próximo aniversário de namoro deles. Revirei os olhos e levantei da cama, derrubando umas meninas do caminho, mas enfim.

–Por mais que eu adoraria continuar a ouvir a história dos pombinhos, realmente preciso de um banho UR-GEN-TE. Sorryyy, já volto.

Depois de ouvir umas reclamações sem sentido, fiz meu caminho para o banheiro. Não tinha percebido até agora a falta que um banheiro que não fosse branco e esterilizado faz. Entrei, tranquei a porta e coloquei a minha musica, sorrindo assim que All Abot You da Hilary Duff começou a tocar.

Entrei no chuveiro deixando a água fria cair sore mim e levar com ela todas as preocupações e tristezas dos últimos meses. A melhor sensação que já tive, sem sombra de dúvidas.

***

Coloquei meu pijama e fui me juntar às meninas.

–Finalmente, achei que tinha morrido no chuveiro!

–Nossa, Nat, que pensamento mais positivo pra ter sobre sua cunhadinha!

Foi nesse momento que tudo se despedaçou.

Eu não sabia na hora, mas o toque do telefone de Natalie mudaria o curso da noite de um jeito inimaginável.

–Nat, é o seu não?

–É. Um instantinho, eu tenho que atender essa.

Ela foi pro canto do quarto e começou a sussurrar. Tudo aquilo parecia muito suspeito, ainda mais a reação dela. Faltava só dar pulinhos de alegria e gritar, mas então olhava pra nós e voltava a sussurrar. Não aguentei mais e resolvi ir até lá, puxando o celular de suas mãos.

–Olá, aqui é Amy Cahill.

–Senhorita Amy, que om que já está se sentindo bem. Ligamos para avisar que a outra sobrevivente do acidente, senhorita Samantha, acabou de acordar! Não é uma ótima notícia?

–Acidente? Ah, sim mas... Outra sobrevivente? Onde estão meus amigos? O senhor sabe, os que estavam no carro comigo...

–Não lhe informaram ainda, senhorita? Os outros passageiros...

–Já foi o suficiente, obrigada doutor. – Natalie tomou o celular da minha mão e desligou.

–Nat? Onde estão os outros?

–Outros? Que outros? Vamos voltar para a festa do pijama não? Temos muitos filmes para assistir e...

–Nat? Mary? O que aconteceu com eles? Meninas?

Ninguém respondeu, elas só abaixaram as cabeças e ficaram em silêncio. Então a minha ficha caiu. Se ele falou ‘outra sobrevivente’, então todos os outros...

–AI meu deus... Eles morreram, não morreram? Porque vocês não me respondem? ELES MORRERAM OU NÃO?

–Amy, senta. – Reagan me chamou e abriu espeço na cama – Logo no local do acidente, quatro dos seus amigos morreram. No primeiro mês do seu coma mais dois se foram e... Bem, não tem uma boa maneira de dizer isso. Alguns minutos antes de você acordar, o sétimo faleceu. Só você e Savannah sobreviveram.

Eu estava chocada. Como assim, só eu e ela? Como todos os outros podem ter morrido? Porque isso foi acontecer? E eu percebi. Tudo era minha culpa. Eu os levei da escola, eu peguei Savannah no trabalho dela. E eu tinha sobrevivido não eles.

–É... É tudo minha culpa. Eu fiz isso. Eu... Matei todos eles. Eu matei sete pessoas. Eu... Ai meu deus!

A partir daí a única coisa que eu lembro é correr do meu quarto, os olhos embaçados pelas lágrimas. Desci a escada como se minha vida dependesse disso e sai para o jardim.

Eu não era forte o bastante, não aguentava aquilo tudo. Eu me sentia suja apesar de ter acabado de tomar banho. Eu sentia o sangue deles nas minhas mãos e suas vozes na minha cabeça, o ar me oprimindo.

O barulho ficou mais alto, os cheiros ficaram mais fortes, tudo parecia estar em câmera lenta, o chão oscilava e eu caí. Naquela hora eu não me importava se um carro me atropelasse, ou se uma bomba estourasse.

–Hey, Amy! O que aconteceu?

Ian. Eu sabia que era ele. Me joguei em seus braços e fechei os olhos, me perdendo naquele momento. Eu só queria congelar aquela cena e ficar lá pra sempre.

***


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