O Cara Que Mora Na Minha Casa escrita por HacKyon


Capítulo 7
Relater 6.1 - Dear Poor Paper


Notas iniciais do capítulo

E o último!

Bem, é apenas um complemento do outro lado da história de "Shopping Day". Divirtam-se!



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Ohayo-ttebayo! Não... Assim não ficou muito legal... Afinal, por que mesmo eu estou escrevendo em um pedaço de papel? E por que eu escrevo uma pergunta tão maluca assim? Matte! É muita informação de uma só vez! Então deixa eu começar do começo. Hoje é... Erm... Não importa! Hoje é um dia chato, a Haruno está cada vez mais irritada comigo por motivos que eu não entendo. Por exemplo: não fui eu que bebi todo o leite dela! Ela acaba com uma caixa inteira em um dia e quer por a culpa em mim! Parece um gato recém-nascido! Outro dia ela me espancou tanto que eu quase fui parar na UTI, tudo porque eu deixei a pasta de dente sem tampa. E eu tenho culpa se forças invisíveis tiram a tampa e querem me ferrar?! Mas voltando ao assunto do dia-a-dia, quero destacar logo a seguinte palavra: "FUUUUUUUU". Não esqueça ela enquanto eu estiver escrevendo, pedaço de papel. Era um dia normal, tão normal que eu perdi para o Teme outra vez... Moh... Um dia eu dou um soco que arranque sangue dele! Voltando, eu estava me distraindo durante as aulas do Kakashi-sensei, já que são as únicas que a gente tem quando não se tratam de português, caligrafia, matemática e educação física.

 - Haruno. - chamei ela assim que o Kakashi-sensei se virou para a lousa. Ela me jogou uma borracha assim que viu minha careta com os lápis no nariz.

 - Irk... Pare de ser inútil. - sussurrou, voltando a atenção para a lógica distorcida do sensei.

 Eu virei pedra! Porcaria, Haruno... Depois o sensei começou a trocar os assuntos, eu já estava de saco cheio quando ele decidiu passar um trabalho ridículo sobre sociologia. Porcaria... Eu odeio essa matéria... Ele começou com o gordinho da sala, depois virou alienígena e começou do jeito certo. Enterrei meu rosto nos meus braços, esperando dormir e inventar qualquer desculpa no dia seguinte para não levar carão, tava mais do que na cara que eu não iria mover um dedo para fazer esse trabalho! Quase dormindo... Haruno, Yamanaka e Hyuuga... Olhos fechando e...

 - Uzumaki-kun, Killer-san e... - encarou as poucas garotas da sala, cruzou os olhos com a mais bruta e sorriu. - Tenten.

 - Nanii?!! - explodi na minha mesa, ruído por dentro e irritado por fora. - Está maluco Kakashi-sensei?! Bebeu ou leu Icha-Icha demais?!

 Risinhos relacionados às minhas questões eclodiram na sala, tornando o sensei um palhaço mais evidente.

 - Algum problema? - ele jogou aqueles olhos gigantes em mim que me fizeram diminuir de tamanho e fugir com o rabo entre as pernas.

 - N-Nenhum! - apressei-me em falar, me livrando pouco tempo depois da careta dele.

 Kakashi-sensei voltou a formar os grupos. Eu comecei a transpirar que nem cascata quando justo a Tenten ficou me olhando. Porcaria...! Tenten é a garota mais machona da sala, até eu já levei socos dela e eu posso dizer, por experiência de dois dias na enfermaria, que não foram nada leves... Virei para trás quase travado, tentei ao máximo exibir um sorriso que não fosse tão claramente falso, acho que deu certo. Assim eu me virei para frente e a atmosfera pesou na minha cabeça. Tenten me mataria assim que me visse... Tentei pensar em saídas para a situação nada legal, mas eu só conseguia pensar que eu iria morrer, até que lembrei da Haruno. Ela sim poderia acabar com a machona da Tenten! Que nada! Joguei a cabeça no tampo da mesa. Haruno me bateria até por pedir isso.

 - Ruiva... A de óculos? - observei a Haruno apontar para a minha conterrânea, como se fosse uma pergunta para a loira do lado.

 - Haruno... - sussurrei, mas as duas mexeriqueiras teimavam em conversar. Lá se vai meu plano quase infalível...

 - E por isso... - o sensei parou de súbito no meio de uma explicação sem importância. - Que os romanos ganharam dos falidos outros guerreiros! Entendeu agora, garotinho?

 - Era uma pergunta sobre sociologia, mas essa também serve... - reclamou com uma gota descendo da testa. O sensei tinha se desviado de novo...

 - Haruno, Yamanaka. Não tiraram o livro de história ainda? - ele interrompeu as duas, já ciente da próxima aula sem sentido dele.

 - Gomem. - disseram, ficando irritadas uma com a outra logo depois.

 - E agora vamos falar sobre as leis da gravidade. - recomeçou com outro assunto. Eu vasculhei minha mochila e suspirei, não tinha trazido esse livro...

 Tudo o que restou foi esperar a aula do sensei acabar. Depois eu iria atrás da Haruno para pedir uma ajuda com a questão da minha intimação de morte que, nesse momento, me fitava como se eu fosse uma caça. Cara! Desde que eu tinha entrado naquela escola, já tinha levado de cara uma porrada dela. Simples assim, sem motivo algum. E talvez se eu pedisse para a Haruno se livrar dela, vai ver ela se livraria mesmo. Touché! A Haruno nem sequer me esperou! Na hora em que eu ía falar com ela, veio aquela loira-sasukete-doentia e a Taichou e a levaram embora. E-Ei... Tenten veio até mim, dura como sempre.

 - Oe, seu panaca. - engoli minha própria saliva quando ela veio na minha direção com a mochila de 200k dela nas costas. - Nem pense em bancar o idiota, porque eu já resolvi o trabalho.

 - Tenten... - seu olhar me fez guinchar. Ela queria ser tratada como? - Tenten-SAMA, quem vai fazer o trabalho do Kakashi-sensei?

 - Um nerd aí... - deu de ombros, quase me acertando com o tijolo que tinha nas costas quando virou. - Nem pense em se meter ou... Até mais, U-zu-ma-ki-kun.

 - A-Ah... - foi tudo o que eu disse, me aliviando quando soube que ela não me daria uma surra.

 - Naruto! O que deu na nossa parceira foi algo parecido com--

 - Não termine a rima. - tampei a boca do Bee antes que ele falasse alguma besteira. - Ela é a Tenten machona afinal. Vamos comer hamburgers? Estou com água na boca.

 - Fala muito pra quem nunca come. O que deu em você? Virou morta-fome?

 - Oe, se você cantarolar só mais alguma besteira sobre mim, eu juro que te esmigalho.

 - Tá bom, não tá aqui quem falou, vovô.

 - E isso nem rima! Cale-se e me siga, subordinado!

 - Aprendeu uma palavra nova no dicionário e decidiu usar? Que otário!

 - Teme...! Venha até aqui para que eu possa lhe enforcar!

 Gastei muito tempo tentando matar o Bee. O que aquele polvo rapper sabia sobre mim?! Tsc. Eu puxei minha mochila da cadeira e baguncei meu cabelo, tirando a sujeira que teimou em cair em mim enquanto eu perseguia o Bee. Saí da sala por último, passando despercebidamente pelo corredor enquanto cantarolava uma canção sobre rámen. Assim que eu avistei a Haruno, eu já nem aguentava mais. Ela, do jeito rude e grotesco de todo dia, me mandou calar a boca e resolver o problema sozinho, até me chutou! Maldita Haruno!! Quando eu aterrissei, tirei o pó da roupa e encarei um cara magrelo que contava algo engraçado para seus colegas, eu iria me juntar e já estava me dirigindo até lá.

 - Tatsou-senpai, isso não é meio exagerado? Nenhum cara é tão idiota assim!

 - Neh... Kouhei, se eu estivesse mentindo você acha que eu iria contar? Não mesmo! Você tinha que estar lá para ver! O loirinho era tão idiota que o ARJ jogou ele fora! Literalmente deu um chute nele! E o pior! O dobe ainda tentou ser aceito, mas o caras disseram que um inútil como ele era completamente descartável!

 Meus olhos se arregalaram, aquele desgraçado estava falando de mim, literalmente de mim! Quem diabo aquele bunda mole pensava que era?! Ele não tinha o menor direito de abrir aquele buraco que ele chama de boca pra falar mal de mim, nem no inferno. Meus punhos finalmente se aqueceram e andei diretamente até o idiota, controlando debilmente a minha raiva para não socá-lo antes da hora. Toquei suas costas e ele se virou com um "Que é?" descarado. Na hora que ele me viu, começou a rir mais alto do que uma sirene.

 - AHHAHAHAHAAHAHAHAHHA! Fala sério que ele estudava aqui?! - continuou com o ataque de risos enquanto eu me segurava já a ponto de socá-lo mais forte do que a Haruno faz comigo diariamente. - Ha... O que foi, loiro dobe?

 - Eu estava pensando... - comecei gentilmente, mostrando um sorriso que logo mudou para uma careta aterradora. - Se vocês gostariam de morrer rápido ou devagar. Qual vai ser?

 - T-Tatsou-senpai...! Ele é o Uzumaki-san da sala B-3! O garoto loiro mafioso. Dizem que ele pode ser o Red Fox.

 - Red Fox...? - o garoto me analisou e simplesmente riu. - Não tem como ele ser tudo isso. Pro inferno que é sério!

 - Engraçado... Não achei que as pessoas levariam tão à serio esse apelido bobo... Realmente, bater em cinquenta caras de uma vez não foi nada, deviam ver quando eu dizimei os delinquentes da rua de baixo.

 - E-É ele mesmo, senpai!! Vamos dar o fora daqui antes que ele nos mate!

 - Não tão cedo, bakas... - virou o rosto para os caras que ficaram imóveis e depois abriu um riso de escárnio para mim. - Se ele é quem diz que é, então me enfrentar vai ser interessante. Além do mais, vamos ganhar mais fama ainda se derrotarmos o lendário Red Fox.

 - É isso aí! Tatsou-senpai tá certo! Acaba com ele, senpai!! - gritavam os caras ao fundo. Eu grunhi e abri um dos meus sorrisos desafiadores para intimidar o cara magrelo.

 - Ei, cabeça de ovo! Se eu te surrar, você vai me comprar 10 porções gigantes de rámen! Feito?

 - Pode apostar! Não tem como eu perder de você, loiro dobe! - puxou as mangas da camisa até lá em cima, como se só isso me impedisse de limpar o chão com ele. - Quando eu ganhar, serei o próximo Red Fox! Combinado, lourinho de cabeceira?

 - Você não é muito bom com xingamentos, mas quem sou eu para julgar?

 Dei de ombros e extingui meu sorriso. O cara deu um passo para trás depois que viu minha pose séria, mas depois que ele notou que os caras que torciam por ele ficaram confusos deu alguns passos para a minha direção. Eu achei ótimo, um fracote medroso era tudo o que eu precisava para me segurar, mas já que o cara se mostrou forte... Bem, não tenho culpa se ele morrer. Tirei a minha mochila e joguei minha camisa em cima, não queria ter o trabalho de lavar a blusa branca. Só precisei de um estalo de dedos e em uma velocidade super legal, eu já tinha metido a cabeça do magrelo no chão do pátio. Os outros caras ficaram com os olhos brancos ao perceber o estado em que o falador estava. Puxei meu braço para cima e bati as mãos, expulsando a poeira que tinha levantado quando bati a cara do meu oponente no chão da escola. Encarei-o ainda, certo de que ele deveria estar nocauteado, mas ele ainda movia os braços, empurrando o rosto para cima com uma força de vontade incrível. Bati palmas realmente surpreendido por ele ter sobrevivido, os caras do bairro de baixo caíram e ficaram em silêncio por tanto tempo quanto ele. Mesmo irritado, me agachei em um ponto que não me fizesse olhá-lo tão de cima e sorri, recebendo um "hã?" do cara ao chão e um coro de praguejamentos dos seus seguidores.

 - Então... - comecei, puxando-o para cima novamente. - Nos encontramos no Ichikaru. Traga quantos yenes você tiver, são dez porções afinal.

 - Ei, ei! O que você acha que tá fazendo?! - retrucou limpando o vestígio de pó que tinha no rosto. - Quem disse que você ganhou?!

 - Eh..? O que disse? - perguntei despreocupado até que a veia da testa dele inflou. - Eu só escutei "sim senhor Uzumaki, meu dinheiro é todo seu".

 - Batardo!! Não me sub---!

 Não dei nem tempo para que ele falasse mais, todo aquele papinho já estava enchendo o saco. Desferi um cascudo nele que o levou de volta ao chão, tão rápido quanto da última vez.

 - Então, pronto para fazê-lo do modo certo...? - encarei-o no chão, esperando uma resposta que não veio. Ele tinha apagado completamente dessa vez. Suspirei e puxei um papel do meu bolso, anotei o endereço do estabelecimento e joguei perto dele. - Nos vemos lá, Tatsou-san.

 - Ei, Red Fox. - movi meu rosto para o garoto que antes havia começado a retirada, mas Tatsou tinha repreendido-o. - Você é... O pior cara que eu já vi! Não vai nem dar uma chance para o Tatsou-senpai se levantar?!

 - Ele claramente não pode. - respondi frio, encarando o kouhai que eu nunca havia visto antes. - A não ser que queira entrar no seu lugar...? Eu não me importo com quantas pessoas eu vou ter de surrar para atravessar a porta e chegar em casa. A propósito, eu não sou o Red Fox, sou apenas um delinquente juvenil comum. Bye!

 - Frio!!! Mais frio do que o gelo da Antártida!!

 - Demônio! Ele é um demônio sem coração!!

 Os comentários diferenciavam entre o coro do Tatsou e os alunos que estavam saindo das salas durante a "luta", mas todos tinham o fim de me vangloriar ou até mesmo para manter outros longe de mim. Soltei um tsc e abri um riso falso depois que escutei um par de passos pesados, era hora do Boss da fase final. Apanhei minha camisa e minha mochila bem rápido, cronometrando mentalmente quanto tempo o Boss levaria para chegar no pátio. Cortei caminho pelas mesas de pic-nic enquanto os observadores ficaram com pontos de interrogação sobre as cabeças. Eles não faziam ideia mesmo... Me escondi atrás de uma das árvores antes que o Boss me visse e fiquei roendo as unhas na esperança de que não me achasse tão cedo.

 - O que diabo você aprontou de novo, Uzumaki?! - ferrou! Todo mundo escutou o berro medonho que se deu no lugar. - Seu pilantra loiro! O que foi que você fez?! Venha até aqui se for um delinquente!!

 De pé, bem no meio do espaço antes reservado para o meu pequeno acerto de contas, apareceu uma mulher de cabelos loiros e olhos amêndoas trajando um blaser cinza por cima de uma blusa branca, esta que mal continha o avantajado busto que parecia rasgar qualquer blusa que ela tentasse colocar. Junto do blaser tinha uma saia cinza um pouco acima dos joelhos e sandálias de salto alto. No meio da testa ela carregava um tipo de sinal na forma de um losângulo e uma veia vermelha pulsando do lado esquerdo. Aquela era a Boss, a pessoa mais temida da escola, simplesmente a diretora: Senju Tsunade. E ela tava farta de me mandar para a detenção. Merda, merda, merda...! Se eu descubro quem avisou a velha que eu tinha começado a bater em alguém...!

 - E então, Uzumaki?! - berrou cruzando os braços sob os seios, fazendo-os parecerem maiores ainda. - Vai vir até aqui por bem ou por mal? Eu sei que você está me xingando na sua cabeça, seu moleque!

 - Ugh... - nesse meio tempo o Tatsou tinha recobrado a consciência e evitou ser amparado pelos colegas. - Onde diabos o Red Fox foi parar...? Aquele loiro dos infernos!

 - Foi você o aluno prejudicado? - questionou a diretora enquanto fitava o estado do garoto. - Foi o Uzumaki que fez isso, não foi?

 - Quem diabos é essa velha...? - grunhiu meio atordoado encarando o rosto da diretora que provavelmente estava desfocado.

 Moh... Aquele garoto... Não sabe mesmo no que se meteu! Chamar a diretora de velha era proibido, droga! Ele nunca ouviu a história do Rhyou do terceiro ano C-2?! O cara chamou ela de velha sem querer e nunca mais se ouviu falar dele! Ele virou cinzas cara! Tatsou ainda não havia notado, mas a veia pulsando na testa dela tinha estourado. A mulher tava pronta pra virar o Hulk. Mil praguejamentos!! Os alunos começaram a se afastar rapidamente do local e, antes que o Tatsou tivesse se dado conta do que aconteceu, a diretora o pegou pelo braço e o jogou por pelo menos dois quilômetros e meio. Merda...! A Senju tinha pirado e já ia machucar o cara mais ainda. A cara dele se enterrou no chão bem perto da árvore onde alguns casais escreviam seus nomes no dia dos namorados.

 - Seu pivete desrespeitoso... - começou enquanto uma aura negra e ao mesmo tempo assassina se desprendia dela. - Você pediu pra morrer! Quem é a velha aqui, seu ser de esgoto?!

 - Tatsou-senpai! - o coro gritou mais uma vez, temendo pelo bem estar do cara. Quem era ele? Tava parecendo o Teme no quesito popularidade!

 - Meu fígado... O que foi q--

 - E agora? Ainda vai continuar me chamando de velha? - berrou para o cara que agora tinha uma companhia misteriosa. Aquela era...?

 Ele murmurou algo muito baixo, tanto que a garota ao seu lado teve de se abaixar para ouvi-lo. A Senju estava arfando cada vez mais pesadamente, ela parecia querer controlar a raiva para não perder o emprego. Até parece!

 - Ei você aí! - tomou fôlego antes de se direcionar para a garota claramente assustada do lado. - O que foi que ele disse?

 - E-Ele disse... E-Ele negou. - disse alto ela, falhando a voz pelo medo que estava sentindo. Eu conhecia aquela voz... - Q-Quem é a senhora?

 - HUN?! - a veia da testa dela voltou a ficar inflada. - Me chamou de velha, mocinha?!

 - N-Não!! - gritou antes de sair correndo com medo. Pelo jeito devia ser uma outra kouhai.

 - Unh.. Droga. - reclamou puxando um fio do cabelo loiro, ela estava mais calma. - Alguém, levem esse cara para a enfermaria. Se virem o Uzumaki por aí, digam-no que quero vê-lo na minha sala. Tô de saco cheio por agora.

 Suspirei. Caramba! Eu quase tinha sido pego! Se não fosse o maldito do Tatsou...! Me sinto mal. Não sei porque, mas eu me sinto mal pelo que aconteceu com o cara. Quase um sentimento ridículo de culpa. Argh..! Descorei-me da árvore bem devagar, quase sorrateiro. Não estava pretendendo chamar atenção e além do mais, se chegasse depois do almoço a Haruno me deixaria do lado de fora. Eu tenho certeza disso. A perversa garota-doida me arrancaria o couro e acharia que eu estava roubando. Ela fica me acusando de ficar babando por ela. Bah! Como se alguém fosse sentir atração por uma meia-tábua ranzinza. Caminhei despreocupado pelo bairro, fitando os valentões baterem nos nerds, as velhas e os cegos serem passados pelo outro lado da faixa por ridículos senhores bonzinhos, as pessoas sendo atropeladas na rua mais para cima, ah! Típico dia normal. Meu estômago ruíu e fez um barulho altíssimo. Pelo jeito eu estava com muita fome. Avistei a porta da casa e bati, uma, duas, três vezes. Na quinta vez a Haruno abriu a porta com uma cara de desgosto. Entrei quieto e ela começou a me atacar.

 Me chamou de inútil, me tirou de sério, duas, quinhentas vezes; aquele cachorro maldito me mordeu... É bom que aquele bicho seja vacinado!! Depois de me azucrinar diariamente, a Haruno me deu uma das caixinhas de comida e agradeci previamente. Olhei para ela melhor e encarei suas sobrancelhas curvadas em forma de oito*. Não prestei atenção no que ela havia reclamado, mas pela cara parecia alguma coisa que tinha a chateado bastante. Levei em conta que o mal humor dela parecia não desaparecer e dei de ombros, o que quer que fosse eu não estava metido nisso. Me sentei no sofá e liguei a TV quando ela me ameaçou uma outra vez e subiu para o andar de cima. O cachorro estúpido ficou me jogando um olhar de escárnio. Subestimado por um maldito cachorro de rua?! Até parece!

 - Ei maldito.. - chamei sombrio, mas o cachorro pareceu não se preocupar. - Espere até a Haruno sair para ver o que eu vou fazer com você... Vai se arrepender de rir de mim, seu vira-lata.

 Ele pareceu entender tão bem que me puxou para o chão com um pulo e tentou me morder outra vez. Desviei com facilidade, o que deixou o cão mais irritado a ponto de começar uma caçada contra mim. Maldito cachorro!

 - O que tá achando que eu sou?! - berrei enquanto corria dele em direção ao balcão. - Você vai ver! Vou catar você e te jogar numa trincheira do lado da casa da mulher dos gatos! Todo dia eles vão rir de você!

 - Warrr... - ganiu tentando me alcançar no balcão. Tinha subido lá e agora estava de pé, certo que o bicho não me pegaria lá.

 - Vai aprender a se virar, maldito bicho! Quem é o cara agora, hein?!

 Dei um sorriso de escárnio e o cachorro pareceu se irritar mais ainda e deu um pulo alto. O que eu esperava não acontecer, o cachorro fez em cinco minutos: pulou em cima do balcão e agarrou a barra da minha calça que eu puxava tentando heroicamente salvar o único uniforme da escola que eu tinha. Mas o desgraçado conseguiu arrancar um pedaço da calça ao custo de eu me esconder na despensa. Eu fiquei pensando, onde diabo a Haruno conseguiu aquele bicho? No exército?! Como que um cachorro sem raça parece um Pittbull?! Sem chance!

 - Wolf Wolf Wolf Wolf! - latia ele no pé da porta já sabendo que eu estava lá.

Ótimo! Como foi que eu fui parar de ameaça para ameaçado?

 - O-Olha... - abri a porta aos poucos, tentando evitar que o cachorro pulasse em mim. - A Haruno gosta mesmo de você, então... Não me mate, por favor! Eu ainda tenho tanto pra viver! A Haruno pode querer me matar, mas não seja que nem ela! Não me desgrace, cachorro!

 - O que diabo você está aprontando, Fox?! - encaminhei meu rosto para a direção da escada e vi a Haruno descer irritada. Não tinha nem muito tempo que a megera tinha subido e já tinha voltado? Quem ela é? O Flash? - Digo, o que quer mexendo com meu cachorro?

 - Cachorro? - repeti incrédulo. - Isso não é menos do que o demônio! Como que você chama isso de cachorro?!

 - Seu bastardo inú---! - ela foi impedida de pular em cima de mim pelo toque da campainha. - Droga... Já eu cuido de você. Já vai ô estressadinho!

 O cão, que desde que a Haruno apareceu tinha ficado sentado abanando o rabo com um rosto estúpido, pareceu se lembrar de mim quando a dona foi embora e latiu, mostrando dentes ameaçadores. Eu não fiz menos: arquei os meu braços, pressionei minhas pernas para baixo e abri minha boca, rangendo ao mostrar meus dentes. Não sei se o bicho ficou com medo ou achou que eu estava o imitando, mas ele bateu em retirada e eu descansei com um riso de satisfação, finalmente "o cara" tava mandando nessa joça! Mas quem disse que o inu traiçoeiro não tava me enganando? Depois que eu voltei ao normal, o maldito animal pulou outra vez em mim e me meteu uma mordida na bunda. Eu dei um grito tão alto que até um surdo escutou.

 - Seu infeliz de quatro patas...! - grunhi fitando meu traseiro ardido. - Agora você cutucou a fera! Vou te transformar em churrasco, seu cão sardento!!

 - Ora sua...! - estourou-se um grito berrante e espalhafatoso da porta de entrada. Quem diabo a Haruno chamou?

 - Waregh!! - gritou o ser pulando outra vez em mim, me puxando quase o braço com outra mordida.

 - Você quer me matar?! Eu vou te denunciar pra Haruno e aí você vai ser sacrificado, projeto de salsicha!!

 - Wolf! - não entendo linguagem de cachorro, mas ele parecia estar me desafiando.

 - Ah, não acredita é?! - gritei irritado enquanto rumava para a porta. - Vai ver só... Haruno, seu cachorro... - e qual não foi minha surpresa ao ver a loira-sasukete-doentia e a Taichou do lado da porta, conversando animadamente com a Haruno. - T-Taichou?! Nanii?! Haruno, o que a Taichou e a Yamanaka-san fazem aqui?!

 - Are?! - a Sasukete maníaca começou a berrar e eu a reconheci como sendo a autora do grito flagelante. - Vo-Vocês...?! Quem diria!

 - O-O que ela está insinuando, Haruno?! - tentei acompanhar o que ocorria, mas eu estava boiando desde que tinha chegado.

 - Você é o tarado aqui, tire suas próprias conclusões! - santo mal humor! Será que ela nunca ria?!

 - S-Sakura-san... Eu não imaginava que... Vocês dois... - fitei o rosto da Taichou que agora estava vermelho. Ela estava com vergonha e para isso ela tinha que estar pensando em algo... PQP! Quase tive um sangramento nasal!

 - Hinata! Que mente imunda vocês têm! Fox é meu inquilino! Ele tem seu próprio quarto! Vocês, hein...

 - Isso não significa que... - tratou de jogar o veneno dela. Essa Sasukete era pior do que a Karin...

 - N-Não fale coisas, Yamanaka-san. - tentei reverter algo antes que minha vida se tornasse um inferno maior. - Haruno me mataria se eu o fizesse! Depois eu seria comido pelo cachorro...

 - Warrr... - o maldito cachorro fez um barulho de quem tinha revirado o estômago e saiu. Ele me recusou?!!

 - Yare, até o Komo não te quer... - ela riu, maldosa como sempre. - Divirtam-se! Tente não irritar o Komo muito...

 - Matte! Haruno! - tentei chamá-la a custo de nada. A megera puxou as outras duas e fechou a porta na minha cara. - Agora sou só eu e a fera... - murmurei engolindo minha saliva. A mordida na minha bunda ainda doía.

 Encarei o espaço de não menos 15 metros da porta de entrada para a cozinha. Eu tinha que sobreviver àquele maldito animal demoníaco! Subi até meu quarto e apanhei um travesseiro para amarrar no meu abdômen, peguei um menor e amarrei no meu traseiro. Apanhei um taco de baseball que sabe-se lá porque eu tinha e desci, armado para enfrentar a fera. Confesso que eu parecia ridículo, tava mais para um espantalho do interior do que um heroico cavaleiro. Não que eu me achasse um.

 - Ti titititi ti titititi ti... - comecei a chamar pelo cão. Não sei se era assim, ainda mais porque era assim que um açougueiro da rua de baixo chamava as galinhas antes de matá-las... Mas se não tem cão caça com gato, né?

 - Wolf! Auf! Warf! Grrrrr... Waargh!!

 - Não me mateee!! Por que você me odeiaa???!!!

 O cão correu pra cima de mim como se eu fosse um T-Bone com pernas. Acho que ele sabia sobre as galinhas... Eu não devia mesmo ter falado nada!! Corri como um condenado ao tentar fugir do cão, mas a peste insistia em querer me caçar e olha que a casa nem era tão grande! Então como é que eu me livraria dele?!! Já sei! A porta!

 - Cão...! Bichinho peludoo, vem aqui com o tio! - me posicionei na frente da porta depois que me perdi dele e... Admito que eu estava sendo ridículo, com mil diabos! Por que inferno eu estava chamando a peste como se ele fosse meu sobrinho?! Isso é tão errado!!

 - Grrr... - rangiu enervado. Tava sentindo falta de mim também? Que doce...

 - Oía eu aqui... - comecei a dançar uma coreografia ridícula do quinto clipe da TWD, o da música Somebody Want Kiss Me. - Vem me pegar~

 O bicho ficou P* da vida e começou a cavucar um chão que nem um touro e correu na minha direção. Foi um ótimo exemplo o do touro porque, minutos antes de ele tentar me morder, dei uma de toureiro e dei olé no bicho. Como a porta estava aberta, o impulso levou ele lá para o outro lado da rua. Acenei rapidamente, só para provocá-lo, o que deu certo já que ele esperou um carro passar e veio com tudo. Esperei-o chegar perto o bastante e fechei a porta, tenho certeza de que o cão se esborrachou todo. Ah, a doce e melodiosa vitória...

 Liguei a TV da sala tão rápido quanto me livrei do cão. Busquei batatas chips na despensa e umas quatro latas de refrigerante na geladeira, posicionando o sofá do jeito que eu queria me deitei de shorts e uma blusa cinza clara que eu tinha. O cão latia sem parar na frente da casa enquanto jogava seu corpo na porta. Eu aumentava o som da TV e o ignorava. Foi talvez no quinto ou quarto salgadinho que eu notei a bagunça que eu tinha feito, com certeza a Haruno me mataria. 

 - Aí meu! Cala a boca do teu cachorro ou eu chamo a carrocinha!

 - Quem é esse maluco?! Tem gente que dorme de tarde depois de trabalhar duro, sabia?!

 - Mande o cachorro se calar ou eu meto bala!

 - Vou chamar a polícia, seu arruaceiro!

 - Calem todos a droga da boca!!! - berrei por fim, abrindo a porta enquanto o cachorro entrava sem mais danos. - Bando de miseráveis... E tá olhando o quê? Não é porque você é o cachorro da Haruno que você vai me intimidar.

 Pouco depois eu estava no chão me contorcendo de dor. A praga tinha me mordido bem naquele lugar...! Maldito cachorro do exército...! Depois disso ele se acalmou e pegou meu lugar no sofá. Me desfiz da almofada no abdômen e coloquei no chão, me deitando logo depois. O resto do meu dia se resumiu ao tempo que eu passei assistindo um Talk Show com o cachorro, lembro da garota da cabine 4 acertar três perguntas e perder na quarta antes de eu dormir. Tive um sonho ruim e uma sensação de formigamento quando eu acordei.

 Meu corpo estava enrolado com um lençol e a manhã tinha chegado. Cocei minha cabeça atordoado, tentando me lembrar de quando eu fui procurar um lençol e acabei constatando que eu não tinha o feito. Balancei a cabeça e puxei meu braço quando notei algo pontudo: o cão tinha aproveitado que eu estava dormindo e me tascou uma mordida! Estúpido... Levantei sem fazer barulho e caminhei até meu quarto coçando minha barriga por debaixo da blusa.

 Estranhei a porta do quarto da Haruno estar aberta, ainda mais porque eu não a vi chegar. Encarei o lençol em minhas mãos e fitei o monte pouco volumoso na cama. Será que...? Não, muito improvável. Mas se ela tivesse feito mesmo algo assim, bom, então eu acho que ela não era tão megera assim no final das contas... Rumei até meu quarto para me arrumar, notei o quadro que havia emborcado há algum tempo e decidi deixá-lo emborcado.

 Logo que a Haruno acordou, fomos juntos para a escola sem falar muito. Lembro que ela ficou aflita quando viu a Sasukete e a Taichou falando algo sobre o trabalho do Kakashi-sensei, parece que elas não haviam o feito. O que há de tão errado? Eu também não tinha feito... Assim que chegamos na sala, o sensei pôs as suas coisas em cima da mesa e nos fitou com aquela máscara. Ele ainda estava doente? Ou era o medo que ele tinha de germes e coisas assim...?

 - Fizeram o trabalho que lhes mandei fazer? - perguntou assim, na cara dura. Tenten foi a única que levantou e entregou o trabalho. - Mais alguém...?

 - ... E ele... Hun? Já é para entregar? - uma das garotas levantou-se e entregou um outro.

 - Ok, então eu devo dizer... - ele fez um rosto sombrio e eu tive de segurar meu riso. - Há! Peguei vocês! Esse troço nem valia nada! Os fiz trabalhar por nada! HáHá!!

 Eu sabia que ele ía fazer algo assim... A Haruno pareceu congelar e descongelar em segundos, sendo impedida de esganar o professor por pouco. Sério que ela achou que era verdade? Depois de quase um mês aqui ela ainda leva essa escola à sério? Você se preocupa de mais com as coisas, Haruno...

 - Uzumaki-kun, por que está com a vestimenta escolar em tão más condições? - eu me petrifiquei na hora em que ele perguntou. - Foi uma gangue ou ladrões? Se bem que são a mesma coisa.

 - Er... Foi, er... - tantos olhos pousados em mim me fizeram ficar vermelho e encabulado. - Er... Sabe, um cachorro tentou me matar... Foi só.

 - Dizer que um cachorro comeu seu dever de casa tudo bem, mas que um tentou te matar? Não minta que é feio.

 - Maldito... - resmunguei desabando na mesa, tentando esconder meu rosto vermelho pelos risinhos que vieram a seguir.

 E é aqui que eu me despeço... Até, pedaço de papel. Ou melhor, até nunca.

 - Não sei como a Haruno aguenta... - amassando o papel amarelado com força, o loiro trajando um uniforme deformado jogou a bolinha no cesto do parque. - Tenho que arranjar um hobbie... Então, Komo, o que quer fazer?

 - Wolf. - abanou o rabo alegremente para um estabelecimento ao redor esquerdo da praça circular, onde um sorvete neon gigante o destacava. O loiro sorriu, agachou-se ficando um pouco maior que o cão e o acariciou.

- Que tal um de morango...? Claro, vamos levar um para a Haruno também.

 Ambos tornaram a se movimentar, desta vez em direção ao seu objetivo açucarado. No cesto, a bolinha de papel foi pega por um mão delicada que, ao desamassar o papel amarelo, guardou no bolso interno do casaco marrom. A moça ajustou o casaco mais uma vez e pôs-se a fitar a hora em um relógio Rolex para depois começar uma caminhada na mesma direção do loiro e seu cachorro. Um sorvete quebraria sua dieta, mas um doce de vez em quando não fazia mal...


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Notas finais do capítulo

*Se refere ao símbolo oito em japonês, seria algo como quando você junta as sobrancelhas quando está com raiva (comigo, principalmente, acontece o tempo todo)

E é isso! Até outro dia!



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