Metamorfose escrita por Cacau54


Capítulo 7
Capítulo 6 – Persuasivo.


Notas iniciais do capítulo

Olá *-* Agradeço muitíssimo pelos reviews do capítulo anterior, mesmo, vocês são demais ♥

Boa leitura!!



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Persuasivo adj. Que tem o poder, o dom de persuadir.

– Vai desistir?

A pergunta veio seguida de uma gargalhada harmoniosa que apenas conseguiu me tirar ainda mais do sério. Isabella já deveria saber que não sou um cara que desiste tão fácil das coisas, não é só porque estou perdendo pra ela no vídeo game – pela quinta vez seguida – que eu vou desistir.

Mas ficar pensando nisso não me ajudou em nada, afinal com mais um golpe ela me derrotou e com um grito de alegria percebeu o “game over” piscando na tela. Respirei fundo enquanto ela faz – pela quinta vez – uma dancinha ridícula e idiota.

– Qual é – ela disse entre risos – Não faça essa carranca, eu perguntei se você queria desistir.

Apenas bufei e isso fez com que ela risse ainda mais, posso ter perdido várias vezes mas isso se dá ao fato de que estou há anos sem praticar. Claro que no inicio até pensei que iria ganhar da Swan em segundos, mas então para a minha surpresa ela ganhou as duas primeiras partidas e eu como um péssimo perdedor, a fiz trocar de controle comigo. De nada adiantou, devo admitir.

Mas toda a minha frustração é abafada com a gargalhada dela junto com seus pulos de felicidade. Nunca vi alguém comemorar tanto uma coisa tão insignificante. Ao perceber meu olhar avaliativo sobre si, sorriu docemente e pulou em meu colo colando nossos lábios.

Passou uma semana desde o ocorrido no apartamento dela, uma longa e proveitosa semana. Não falamos em compromisso e nem ao menos cobranças, apenas beijos e algum tempo rolando nossos corpos pelos colchões ou sofás de nossos apartamentos. Estranho estar envolvido dessa forma com uma mulher que conheço há apenas duas semanas, sendo que passei o último mês inteirinho xingando à mesma e julgando-a da pior forma possível.

Quando nos separamos por falta de ar, nossos olhos se encontraram e uma estranha sensação no fundo do meu ser grita a plenos pulmões que já nos conhecemos de algum lugar. Porém tenho completa certeza de que nunca frequentamos os mesmos lugares, a não ser, pelo condomínio.

– O que tanto procura? – a voz suave dela me tirou dos devaneios.

– Como? – franzi o cenho.

– O que tanto você procura nos meus olhos? – ela reformulou a pergunta e ao ver minha expressão surpresa um sorriso cresceu em seus lábios.

– Como sabe que procuro algo? – a pergunta saiu de forma desafiadora fazendo o sorriso dela aumentar ainda mais.

– Você é transparente Edward – ela piscou pra mim.

Um pequeno risinho escapou por meus lábios, de todas as coisas que as mulheres já me chamaram na vida, definitivamente, transparente não estava entre elas.

– Eu sou transparente? – franzi o cenho, confuso – Nunca me falaram uma coisa dessas.

– É porque pra mim – ela aponto pra si mesma – É mais fácil decifrar você.

Isabella levantou-se de supetão e foi pra cozinha sem deixar qualquer brecha pra que eu faça alguma pergunta, isso é um habito muito chato dela, não me dar chances de respostas. Mas assim que a perdi de vista pendi minha cabeça um pouco pra trás e olhei pra cima imaginando o céu, mesmo tendo apenas um teto branco acima de minha cabeça, sorri um pouco ao imaginar um céu completamente azul com alguns passarinhos cortando-lhe a imensidão e os raios de sol batendo em meus olhos dificultando minha visão.

Essa mulher é completamente maluca e está me levando para o mesmo caminho, estou até mais sociável, sorrindo por motivos idiotas e conseguindo imaginar o céu mesmo estando entre quatro paredes. Entretanto lembrar todas essas coisas me faz perceber ainda mais que eu nada sei de Isabella além de seu nome, profissão e apartamento.

Assim que ouvi seus paços vindo em minha direção, estiquei-me um pouco no sofá para conseguir encará-la. Trazendo duas canecas fumegantes de café se sentou ao meu lado e sorriu.

– E aquele cara, Jacob certo? – ela assentiu confusa por ter entrado nesse assunto – Ele voltou?

– Não, apenas me ligou umas dez vezes – ergui uma sobrancelha, agora estou ainda mais confuso e ela riu – É que Jacob quer que eu seja madrinha do casamento dele.

– Ele quer o que? – perguntei indignado.

Pelo o que me lembro Isabella falou com todas as letras que esse cara traiu ela. Agora o idiota quer que sua ex-noiva, que foi traída, seja uma das madrinhas de seu casamento? O que as pessoas têm na cabeça?

– Não faça essa cara – Isabella riu alto, inclinando um pouco a cabeça pra trás – Eu peguei ele me traindo sim, fiquei chateada obviamente, mas depois deixei pra lá porque sempre soube que não era ele o homem da minha vida – ela deu de ombros, como se o assunto fosse insignificante – Conheci a noiva dele, completamente maluca, diga-se de passagem.

– Então ele apenas trocou uma maluca por outra – murmurei e recebi um leve tapa no braço me fazendo soltar uma risadinha – E você perdoou os dois? Vai ser madrinha deles?

– Perdoei sim, digamos que a vida é curta demais para guardar sentimentos como ódio e ainda mais por uma coisa tão insignificante – ela respirou fundo e ergueu uma sobrancelha – Aceitei ser madrinha deles, caso contrário o coitado nunca iria me deixar em paz!

E assim o silêncio caiu sobre a sala, nunca pensei que conheceria alguém como essa mulher. Sempre achei traições imperdoáveis e me aparece uma Swan maluca falando que perdoou o ex-noivo, conheceu a garota que estava com o cara e o mais irônico disso tudo é que ela será madrinha do casamento de ambos.

Cada vez me surpreendendo mais.

– Quantos anos você tem? – perguntei de supetão e ela ergueu uma sobrancelha.

– 28 anos – deu de ombros.

– Mesma idade que Alice – murmurei comigo, mas ela ouviu e assentiu minimamente – Aonde você conheceu minha irmã?

Percebi que ela enrijeceu por poucos segundos e pra disfarçar bebeu um pouco o café, discretamente desviou os olhos para cima. Posso saber pouquíssimo de sua vida, mas essas duas semanas que passamos juntos – uma delas sendo a força – foram suficientes para que eu consiga perceber quando ela está editando uma resposta, ou simplesmente, imaginando se deve ou não dar a informação.

E é exatamente isso que Isabella está fazendo nesse exato momento, ponderando se deve ou não responder-me.

– Conheci Alice quando estava procurando uma pessoa – a resposta veio em um sussurro no exato momento em que achei que ela não iria responder – Eu havia perdido pessoas importantes. E bem, escolhi caminhos tortuosos por muito tempo e no final, acabei dando de cara com Alice.

Ok. Ela não respondeu minha pergunta com exatidão, apenas explicou como e porque acabou conhecendo minha irmã e mesmo isso não sendo a resposta que eu esperava já é alguma coisa. Pensando bem... Isso me deixa ainda mais curioso, ela estava procurando uma pessoa? Quem seria? E que pessoas ela havia perdido?

– E os outros? – perguntei calmamente e ela me lançou um olhar confuso – Rosalie e Emmett.

– Alice me apresentou aos dois – ela deu uma curta risada.

– E porque minha irmã nunca apresentou você pra mim? – a indignação se fez presente em minha voz.

– Porque tudo isso aconteceu quando Alice e Jasper moravam em Forks, na mesma cidade que Emmett e Rosalie – ela respondeu calmamente – Ou seja, morávamos todos na mesma cidade, tirando você.

– Então você não é daqui? – perguntei franzindo o cenho.

– Não – deu de ombros – Alice e Jasper mudaram-se, mas com o tempo perdemos o contato e quando me mudei pra cá, já não sabia mais o número de nenhum deles. E então você foi parar no hospital, foi quando eu reencontrei os dois.

O sorriso doce em seus lábios e o olhar perdido em algum ponto distante me comprova que ela está falando a verdade, ao que parece seu carinho por meus irmãos e cunhados é enorme. Isso é bom, apesar de sentir um vazio estranho no peito em pensar que todos eles se conhecem há tempos e eu fiquei de fora.

Claro que tudo isso é culpa minha, somente minha. Quando aquele acidente aconteceu, quando perdi mulher e filho decidi por bem me afastar ainda mais e mudei-me. Na verdade nem ao menos me dei o trabalho de avisar alguém o que pretendia fazer – eles teriam me impedido – e apenas deixei um bilhete avisando que estava me mudando de cidade. Mais nada.

Meus pais ficaram devastados com tal atitude, tentaram me convencer diversas vezes a voltar e quando aqueles diálogos repetitivos começaram a ficar cansativos e me dar nos nervos eu simplesmente parei de atender seus telefonemas. Familiares e amigos sabiam apenas a cidade em que havia me mudado, porém sem ter mais informações começaram a desistir de procurar por mim e no inicio isso foi ótimo.

Os meses foram se passando, as ligações diminuindo, os e-mails cheios de preocupações sumindo e quando dei por mim, já tinha perdido contato com todas as pessoas importantes, todos que me amavam, e havia se passado dois anos. Anos solitários e cheios de amarguras. Foi então que Alice resolveu mudar-se e me procurar definitivamente, quando encontrou decidiu que ficaria por essa cidade enquanto Emmett e Rosalie ficariam na cidade onde nossos pais moram.

– Edward – Isabella chamou estralando os dedos em frente ao meu rosto – Está tudo bem?

– Está – murmurei com a voz engasgada – Mas é que... Você me contando isso, me fez perceber o tempo que perdi. Exclui-me do mundo, me fiz de vitima por tempo demais e acabei perdendo momentos com a minha família.

– Está tudo bem – ela acariciou meus cabelos de forma carinhosa – Você precisava de um tempo, precisava se excluir do mundo pra se encontrar. Mas a pergunta é: Você já se encontrou?

Franzi o cenho. Eu já me encontrei? Essa é uma ótima pergunta. Mas ao que parece eu continuo tão ou até mais perdido do que estava há quatro anos. Como alguém pode se encontrar se nem ao menos sabe onde foi que se perdeu? Não sei em qual momento da vida acabei me perdendo, apenas sei que aquele maldito acidente foi à gota d’água que faltava.

– Não sei – admiti deixando os ombros cair e olhando para o chão – A única coisa que sei é que depois de tanto tempo, já não tenho mais o direito de voltar.

– E porque acha isso? – sua voz calma me deixou confuso, como alguém pode ter tanta paciência com um cara dramático como eu?

– Isabella – suspirei – Eu fiquei quatro anos sem nem ao menos atender uma ligação dos meus pais, é muito tempo! Não dá pra voltar atrás.

– Não. Não dá pra voltar atrás agora – sua voz severa me fez erguer os olhos e encará-la – Mas dá pra concertar. Eles são seus pais, irão te amar incondicionalmente e independente das coisas que você fizer.

Tive a intenção de responder, mas Isabella ergueu um dedo colocando-o sob meus lábios impedindo-me de soltar qualquer som.

– Você ficou todo esse tempo afastado porque precisava – sua voz tornou-se suave novamente e deslizou a mão carinhosamente por minha bochecha – Eles entendem isso e eu acho que está mais do que na hora de você ir visita-los.

– O que?

– Isso mesmo que você ouviu. Agora que está de férias, pode ir até lá sem se preocupar com horários, trabalhos e todas essas coisas – ela deu de ombros.

– Você iria comigo? – minha pergunta pegou tanto Isabella quanto a mim desprevenidos.

– Eu tenho que ficar no hospital Edward – ela suspirou cabisbaixa – Mas bem que eu queria.

– Droga. Pra inicio de conversa eu queria saber coisas sobre ela e a conversa – mais uma vez – mudou o foco para a minha vida, sempre acabo falando de minhas frustrações e decepções na vida, mas nunca deixo com que Isabella desabafe sobre as suas, mesmo tendo a certeza de que ela não iria desabafar coisa alguma se tivesse a chance.

E agora mais essa, estou me dispondo a ir visitar meus pais, que não tenho contato faz quatro anos. Não gosto de dar uma de “filho ingrato” e por esse motivo já pensei várias vezes em fazer uma ligação para ver como eles tem passado. Porém sempre tenho a sensação de que já deixei passar muito tempo, que já não faz mais sentido ir atrás e acabo ficando sem graça.

Ai então aparece uma Isabella Swan em minha vida, fazendo-me crer que posso mudar as coisas e o pior de tudo é que eu acredito nela.

– Podemos ir final de semana – falei rapidamente – Quer dizer, eu sei que você é estagiária e não é obrigada a trabalhar o final de semana.

– Quer mesmo que eu vá? – a expressão dela é de surpresa pura e me vendo assentir confirmando sua boca ficou em um ângulo engraçado, demostrando toda sua surpresa – Então, iremos esse final de semana, sexta feira à noite e voltamos no domingo à tarde. Ok?

Assim que abri a boca para contestar Isabella já estava passando pela porta acenando e falou um rápido “até amanhã”. Ela e sua péssima mania de me recusar o direito de responder, isso é completamente irritante e ao mesmo tempo engraçado, é quase como se ela quisesse a todo o custo evitar uma discussão.

Ótimo. Hoje é terça, tenho muitos dias pra ficar completamente ansioso com a nossa viagem de sexta e ao mesmo tempo, tenho poucos dias pra me preparar para os prováveis sermões e até mesmo, talvez, uma rejeição.

E com o baque da porta tenho um novo adjetivo para definir Isabella Swan: persuasiva. Afinal, que outra pessoa iria conseguir me convencer tão facilmente em procurar meus pais? Nem mesmo Alice não conseguiu isso. Essa mulher veio para fazer uma mudança em minha vida.

E mudanças nem sempre são ruins.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo cheio de emoções ein, Edward retornará a casa dos pais e o que vocês acham que irá acontecer??? hehehe Beijos e até o próximo capítulo!!



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