Prólogo

Ele estava sentado em sua sacada observando toda a movimentação na calçada lá embaixo, sentindo o vento forte batendo em seu corpo e ouvindo o grito das crianças no playground do condomínio. Inspirou com força enchendo seus pulmões de ar e expirou lentamente, fazia algum tempo que não colocava um cigarro na boca e isso era obra dela com toda a certeza. O homem sorriu ao lembrar-se daquele fato.

Pensando melhor, sua vida mudou drasticamente nesse último mês e ele sabia que havia um culpado, ou melhor, uma culpada. E sabia também que tudo o que aconteceu foram as melhores coisas de sua vida, definitivamente. Levantou os olhos para o céu e surpreendeu-se ao perceber a rápida mudança climática, ele podia jurar que há alguns minutos atrás o céu estava parcialmente azul, mas agora não passa de um borrão cinza melancólico.

Não pôde deixar de reparar que o clima está acompanhando seu estado de espírito, seu humor. O que é irônico. Ele mesmo havia procurado por isso, ele mesmo falou coisas que não devia e foi ele e somente ele que colocou tudo a perder. Sabia que não tinha o direito de sentir-se tão só e melancólico, afinal o erro foi dele.

Poucos são os que chegam a conquistar a felicidade, os que verdadeiramente sabem o que é ser feliz. E Edward Cullen chegou muito perto, definitivamente segurou a felicidade nas mãos e no fim a deixou passar por entre os dedos. O gosto amargo da culpa em sua boca e o estranho aperto no peito, não o deixava em paz, não o deixava dormir.

Pegou um cigarro e levou-o a boca, aproximou o isqueiro do mesmo porém não acendeu. Voltou os olhos novamente para o céu e deparou-se com um pequeno e estranho buraco entre as nuvens carregadas, lembrava um sorriso, conseguia ver o céu azul brilhante por aquela abertura. E como um estralo percebeu que não importa quantos problemas possa passar, quantas chuvas estão por vir, o que importa realmente é que sempre haverá um céu azul no final.

Aquela forma estranha, parecendo um sorriso, era uma confirmação ainda maior. Como se... Ainda houvesse esperança. Largou o cigarro em um canto e franziu o cenho, estava completamente confuso e começou a lembrar de quando, onde e como sua vida mudou daquela forma.

“Olhe para cima” a voz dela veio em sua mente, como um sussurro. “Continue olhando para cima, não se esqueça disso”.