Mantendo O Equilíbrio - Terceira Temporada escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Confesso que tava numa época afrancesada enquanto escrevia esses capítulos (apesar de que Marie-mai seja canadense - no Canadá eles falam inglês e francês).
Enjoy.



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Um pensamento que não me saía de circulação continuava sendo “por essa eu não esperava”. Contudo, pelo jeito consegui fazê-lo rondar a cabeça do meu namor... de Vinícius também. Por mais sem jeito que eu estivesse, eu tinha lá me esperanças de fazer de nosso reencontro algo bonito. Pelo menos simples. Só que ainda totalmente surpresa eu não tinha uma reação exata, nem para sentir, muito menos para falar. Então o que me saía da boca poderiam ser consideradas coisas “sem nexo com nexo”. Pra você ver como é complicado explicar essa situação difícil...

Quando Lucas levantou, fiquei na dúvida de levantar, ir onde Vini estava, ir embora, fazer alguma coisa afinal. Manter a bunda naquele banco alto sozinha na mesa enquanto a Satellite começava a encher e as pessoas a se comunicarem com seus corpos, fazia eu me sentir presa numa inquietude silenciosa. Eu tinha que levantar, pra o que quer que seja, mas tinha. E devia ter olhado para onde ele estava, pois só fui notar que ele havia mudado de lugar quando apareceu do lado da minha mesa quando eu pegava minha bolsa do colo e saltava do banco. Ele não bem entendeu essa linguagem corporal:

– Não precisa se retirar. Eu não quero... hã... aborrecer você.

Ele estava ali, do meu lado, em... centímetros de distância! Claro que dei um sobressalto de início, ele surgiu meio que do nada, de novo, só que mais sorrateiro dessa vez. Se meu coração ainda não havia se recuperado do susto de minutos atrás enquanto conversava com Luke, imagina com ele tão perto. Qualquer passo que eu desse, em mínimo movimento, iria dar de encontro com ele. E eu queria, muito mesmo. Graças ao meu salto estávamos quase na mesma altura. Céus, eu sentia falta dele... nem que fosse para um abraço, eu o queria comigo. Mas aí a porra do receio me derrubou de novo, me fez ficar no módulo estátua, mesmo que a ordem que descia do meu cérebro fosse “vai lá, toma ele nos braços, Milena!”.

Então ele deu um passo para trás, a fim de se afastar. Eu não gostei dessa resposta corporal dele, de jeito algum. Dei meu passo à frente e toquei-lhe o braço para lhe paralisar. Ok, confesso, mais o prendi que o toquei na verdade. Eu não o queria longe. Já fiquei longe o bastante. Meu corpo foi nessa de reação por instinto. Ele queria dizer “não, não vá agora que está aqui”.

– Espera. Eu... eu não estava indo embora. Eu estava... er... indo falar com você.

As luzes do ambiente então estavam tremelicando mais, o globo da pista girava alucinado distribuindo pontos de luminosidades coloridas pelo espaço, porém não atingia por completo a área do bar, a oeste da pista, onde estávamos. Assim eu vi... vi o quanto Vinícius aparentava cansaço. Havia algo ao redor de seus olhos que a luz muito baixa do bar não me deixava ver bem, uma compenetração, um aborrecimento, não sei, mas sua expressão por todo, de como se portava e como estava em estátua por eu ter o parado... isso aumentava minha vontade de abraçá-lo e cuidar dele, e como! Isso e o esboço de leve sorriso que um canto de sua boca fez pelo que eu disse.

Ainda não havia o soltado (e nem intentava). Ao longe, Luke se apresentou ao público e disse que iria fazer valer a pena toda aquela noite porque... porque... bom, eu não ouvi bem seu porquê por eu não estar prestando atenção no que era o zumbido da festa. Eu estava de volta a minha bolha, desajeitada, mas estava.

– Fale.

Ai meu coração, ele sorriu. Desconcertada pelos efeitos que sentia do meu tum-tum, queria que não ficassem tão expostos assim em minha expressão. Ele poderia não ver parcialmente o rubor que aposto que me cobria o rosto, mas ele me sentiria inquieta. Assim, deslizei minha mão direita em seu braço sobre a manga comprida que o cobria chegando até seu pulso, onde havia um relógio. A intenção era chegar à sua mão e apertá-la forte, a fim de dissipar o leve tremor que eu ainda sentia. E aí que a coisa começou meio que a desandar...

Ao segurar seu pulso, havia uma firmeza logo abaixo, em sua mão, sinal de que segurava algo. Ao olhar para baixo, vi que era uma latinha de cerveja. Não que eu fosse reclamar, eu só achei estranho. Só isso.

– O quê?

Ele soou meio exasperado, porém notou quando o soltei. O que notou, não sei dizer.

– Nada.

– Quer dizer que você pode beber com ele e eu não?

Vinícius disparou, apontou com a cabeça em direção da mesa logo atrás de nós onde anteriormente eu estava sentada com Lucas e, desse jeito, seu aspecto mudou para rígido num piscar de olhos. Esqueci como ele pode ser bem ciumento às vezes. Ou como ele consegue duvidar fácil ante algumas “evidências”. Rio sem prazer do mal entendido que se formava ali. Eu estava disposta a resolvê-lo no mesmo segundo; no entanto, Vini revela o que era a chateação que ele guardava:

– Ah, você ri. Eu passo todos esses dias sem notícias suas, mal conseguindo falar com você, pensando sobre o que você estaria passando e te encontro tomando cerveja com esse cara? Sozinha, numa festa com ele?

– Hey, você que apareceu do nada e tá vendo tudo errado.

– Quer dizer que se eu chegasse amanhã como previsto, você ia fingir que nada tinha acontecido. É, me sinto muito melhor agora.

Doeu um pouco, mas preferi me defender de prontidão a arrumar maiores confusões pela descrença dele. Não ia deixar que sua ira fosse minha ira também, não quando esse momento deveria ser nosso.

– E nada aconteceu. Por que você sempre ach...

– Eu sei do beijo, tá?

Soturno.

Foi isso mesmo que ouvi?

A música da festa corria solta nas alturas em diversas batidas e ritmos, badalava os corpos de 99% de quem estava no local e, lá na nossa bolha, éramos um local à parte, que ouvia, sentia a festa, mas não fazia parte dela. Eu o ouvia perfeitamente, mas com essa eu seriamente me perguntei se estava sofrendo interrupção sonora da festa, porque eu não conseguia imaginar de onde ele teria tirado esse “argumento” de que eu beijei alguém. Em concordância ao que ele pronunciara, ele se mostrava nervoso por achar que o estava enganando. Como ele poderia pensar isso? Céus!

– O q...? Como? Que beijo? Do que você tá falando? Da onde você tirou essa história? Eu não beijei ninguém.

– Ah, não, “cariño”? Não importa como eu soube.

Ele acha que eu beijei o Eric? Mas que porra é essa? De onde tá vindo isso?

Só pode ter sido de uma pessoa.

Eu-não-acredito.

– Olha, para de ficar pegando informação errada com meu irmão. Quando eu achava que aquela coisa estava entrando nos eixos, ele me joga essa outra bomba. E não me chama de “cariño”, eu odeio.

– Por que, “cariño”, não é como seu amiguinho fala?

Eu não gostava desse Vini. Entrecerrei os olhos, senti a mandíbula trincar do tanto que uma raiva me dominou. Ódio, ele conseguiu me fazer odiá-lo nesse segundo. Por que toda vez eu saía como a errada? O que é isso de as pessoas sempre me culparem? Eu canso, oras. Contudo, não desisto de me defender.

– Quantas você tomou pra virar esse estúpido que está sendo agora, hein? O que mais você já tomou? Está tão alto que não entende o que eu digo? Porque eu não estava tomando cerveja, eu não bebo. Se verificar minha latinha verá que nela contém suco de uva, que eu já ia explicar antes de você pensar besteira. Mas você quis explodir primeiro, não? Pois bem, EU explodo agora. Ah, e sabe quem me chamava de “cariño”? O Eric. Ele fazia espanhol e eu inglês no ensino médio. Você tá acompanhando o que estou dizendo ou o álcool te afetou o bastante? Ou diria pelo ciúme irracional?

É, meu amigo, por ESSA você não esperava, né?

Pois bem, pensei, lide com essa..

– Licença, AGORA eu me retiro. Você conseguiu de fato me aborrecer.

Nem dei chances para ele responder algo, saí batido, bufando de raiva. Não foi nada como eu imaginei. Ele pediu essa reação, oras! Ao longe ouvi que gritava, se pondo sobre a alta música que então tomava o espaço entre nós. “Espera, Milena, espera” ele dizia.

Espera o quê? Ele me acusar de novo? Ele dizer que se arrepende? Que se dane!

Trombei em algumas pessoas enquanto serpenteava a fim de encontrar a saída. Aquele lugar nunca pareceu tão grande quanto minha vontade de sair de lá. Não sabia por que de primeira, mas havia uma necessidade grande solicitada pelo meu corpo de respirar, e tinha que ser fora dali.

Quando os vencedores da batalha de dança entraram de vez pela portaria e vi minha saída, vi também que teria que esperar boa parte deles passarem para que eu pudesse ir embora, porque eles simplesmente explodiram para entrar, pulando, urrando de felicidade. Nesse embaralho, minha mente meio que surtava. Beijo, que beijo? Como eu teria beijado o Eric? E como ele foi desenterrar essa do “cariño”? Eu só mencionei uma vez! E ainda foi sem querer!

Parecia que eu estava no Center novamente, fugindo de Vinícius. Só que dessa vez não eram carros que me impediam de correr dali, eram as pessoas, as milhares que de repente resolveram surgir e entrar todas de uma vez na hora que eu mais precisava sair. Então percebi o que era tanto a vontade de respirar: era um choro contido que estava implodindo no peito no meio de todas essas pessoas alegres.


Trilha citada/indicada: Rihanna – Where Have You Been (Hardwell Radio Edit)



http://www.youtube.com/watch?v=df7EuXkHgLg



Eu não via mais Vinícius, ali estava escuro, estava abarrotado. Não ouvia sua voz, nem seus gritos, se é que ele ainda gritava, se é que ainda me procurava. O escuro se contrastava às luzes que se espalhavam, de forma que os rostos de quem eu esbarrava, tropeçava, me segurava, eu não os via direito. Parecia que estava nadando para a superfície e nada que eu chegar lá, me afogava aos poucos com o ar ou falta dele. Era uma prisão, era um desespero.



O que ouvi na verdade foi a Rihanna numa batida meio pesada de eletrônico, que alvoroçou ainda mais a entrada, e levou todos à loucura. Bem, eu estava louca também. Me sentia péssima e aquele alvoroço todo me dava uma espécie de claustrofobia, uma tontura que me fez oscilar como se fosse cair. E então eu me vi livre, do lado de fora da boate, onde a zoada diminuiu consideravelmente e um vento frio me abraçou o corpo. Ou foi o segurança? Um segurança me segurou no ombro, perguntou algo. Eu devia estar péssima mesmo.


E ouvi meu nome. Como o segurança sabia meu nome?

Espera, eu conheço essa voz!

Procurei, cacei a fonte da voz que me chamava numa... cólera? Cólera eu que detinha, ora merda. Ele não tem direito algum de ser um exasperado se quem estava mal era eu. Logo o vi, estava a norte, perto de seu carro, conversando com algumas pessoas. Não vi quem eram, porque... porque o que era escuro virou vermelho pra mim.

Ah, eu vou MATAR o Murilo. O que ele anda dizendo para o Vini? Que bando de informação furada é essa? Puta merda, olha em quem o sujeito vai dar crédito! Não já nos bastou a confusão sobre o Eric? A ira me brotava ali, na frente de todo mundo. Me equilibrei, pisei forte, deixei o tal segurança aos protestos, eu ia bater de frente com meu irmão. Não era isso que ele queria, que eu reagisse?

E ele veio ao meu encontro, como se estivesse preocupado. Bufei ainda mais.

Quando chegou a minha frente, eu me segurei para não partir para cima dele. Também não estava ali para ceninha, mas que ele merecia ser agredido, isso ele merecia.

– O que você acha que tá fazendo, hein?

– Hey, o que foi?

Empurrei com força, batendo no seu peito rígido. Ele era forte, mas nada que impedisse minha raiva de atacá-lo. De repente essa fúria que subia dizia ser extremamente necessário eu infligir minha dor nele.

– O que foi? O quE FOI? COMO ASSIM, O QUE FOI? EU QUE PERGUNTO QUE PORRA É ESSA QUE VOCÊ ANDA FALANDO DE MIM!

– Eu? COMO ASSIM EU?

Disparate, é isso, dis-pa-ra-te. Deslavado.

– NÃO SE FAÇA DE IDIOTA, MURILO. SÓ TÁ PIORANDO AS COISAS.

Eu já havia entendido.

A tal hora que Flávia disse que ele saiu, sumiu, foi por causa de Vinícius. Tudo bem até aí, mas falar mal de mim? Plantas histórias na cabeça dele? O que ele esperava conseguir com isso? Que eu achasse a coisa mais linda?

– Eu só o ajudei a chegar aqui. O que aconteceu? Me diz.

Ri sem humor.

– O QUE ACONTECEU? ACONTECEU QUE EU TE ODEIO MAIS AGORA!

Até umas horas atrás eu estava considerando estender uma trégua a meu irmão, de dar uma entrada e ver o que dava para fazer ante as burrices dele. Quer dizer, eu estava comprando aquilo tudo dele penoso, preocupado, triste... Aí ele foi mais idiota, fez mais merda e não tem coração que lhe aguente. Eu realmente achei que ele estava mal, e se estava, que ficasse pior, ele merecia.

Já estava me danando para cena que fazíamos, ali na parcial luz do poste no estacionamento da frente. Parti novamente para cima dele, só que Murilo me segurou pelos pulsos, impedindo-me de bater. Medíamos força um com o outro, eu de lhe atacar, ele de se defender, até que eu o larguei. Só fui ouvir que nos chamávamos quando tentaram se meter entre a gente. Um segurança avançou, forçou uma separação. Flávia gritava no pé do meu ouvido, que aquele ser era meu irmão, que parasse e me acalmasse.

Estranho como as pessoas pedem calma a quem está num estado alto de raiva.

Não me sentia bem com nada. Quis me afastar, fugir, mas quanto mais eu ia para trás, Murilo me chamava e, atônito, se perdia no que tentava falar, que de final eu não entendi bulhufas. Primando pelo controle, mesmo alucinada numa respiração pesada e esganiçada, eu caminhei para longe. Nem que eu fosse voltar a pé pra casa, distância de tudo era meu desejo. Dessa vez o choro já não estava mais contido, somente silencioso.

Flávia foi ao meu amparo e gritou com meu irmão, para que se afastasse. Outro mais também estava conosco, percebi. E esse ser me abraçou, descansou sua força em mim coberta nele, fez “shh”, pediu-me calma. Desnorteada, pensei que poderia ser o Lucas. Não seria, porque o porte era diferente, além do perfume e... da voz. Lucas deveria estar trabalhando, de qualquer forma. Não era o Vinícius tampouco. Essa a voz não era distante de familiar... Eu a conhecia

– Gui?

GUI? GUIIIIII?

– Está tudo bem.

GUI. Ali. Nonsense.

Só me restou uma conclusão: minha cota estava gasta o bastante.

Porque poderiam desenterrar o corpo sumido do BIN LADEN no quintal do Satellites que eu não iria mais me surpreender naquela noite. Minha cota estava gasta MESMO.

Por essa sim, eu nunca esperaria.


~;~




Trilha indicada: Marie-mai - Sous Un Ciel Sombre




http://www.youtube.com/watch?v=kufZRR95_UA&feature=player_embedded


(02:05)

Sous un ciel sombre

Trop souvent sombre

Sombre

Trop souvent sombre

Sob um céu escuro

Muitas vezes escuro

Escuro

Muitas vezes escuro


Sorte é como uma força que transita pelo mundo, soprada ao aleatório.



Nunca fui de muitas sortes. Penso às vezes que deve ter muita gente nessa Terra pra pouca sorte caminhar junto. As que poderiam me acompanhar só optaram por não fazer. Ou o aleatório é tão aleatório que sou mais uma pessoa dentre desse todo, sou uma dos bilhões que ainda não teve um sopro desses. Se tive, foram muito pequenos para considerar que a sorte estava ao meu lado. O que tive foi por sempre lidar com as coisas do jeito que dava, e não foram fáceis.


Fiz minha própria sorte, fiz uma força para me sustentar, afinal, não dá para todo o sempre esperar que a boa vontade da roleta, dos dados, que seja, caia na minha vez. Disso veio meus altos e baixos com que aprendi, os extremos brincando de jogar de um lado para o outro. E como nada funciona isolado, os lucros e prejuízos, por mais que alguns não acreditem, estão sim entrelaçados.

Por ponderar isso que me pergunto, se só caio, cadê minha ladeira pra subir? Cadê meu lucro? Cadê o lado bom de tudo isso que tenho passado? Que irresponsabilidade é essa do universo? Não foi ele que quis que eu visse umas coisas? Pronto, vi, agora me passa meu troco, porque não dá pra ficar zerada desse jeito, já tive o bastante. Estou aqui, sorte, esperando por você. Tô nem aí se não gosta de mim, venha de qualquer forma, só venha porque estou cansada e sem saber o que fazer pra levantar da areia movediça.

Antes fosse só chamar.

Ironicamente, rio um sorriso triste por estar sentada na areia. Afundo meus pés nela ao tirar o calçado, sinto ao roçar nos sedimentos um atrito relaxante que arranha a pele, faz cócegas pelo modo que se deslocam pela força do vento. Um mínimo conforto pelo menos, enquanto minha respiração se restabelece. Meu choro tinha se esvaído ainda no carro, quieta, mínima, escorada no escuro à porta no banco de trás. Pensava só no quanto exausto meu cérebro ficava por martelar as mesmas questões, brigar e procurar defesas. Enquanto os postes da avenida passavam, minha indagação era se isso também passaria. Por mim, já podia.

No carro, sentia-me fora do corpo, observava o que a janela me mostrava por noite adentro. Quando a praia despontou ao longe, abri meus olhos mais atenta. Dei umas poucas palavras em ordem explícita para que se parasse o carro, eu queria descer. Sabia que Flávia, à dianteira do meu amigo Gui que dirigia por nós, ia me impedir, então insisti com mais firmeza até que o carro encostou ao calçadão pouco movimentado. Por ali a orla era calma para o horário, a agitação das pessoas ficava mais à frente pelos bares. Meu vestido esvoaçou logo no primeiro pé que coloquei para fora, quase levou meu cardigã também (visualizar: http://migre.me/b78Pa, sem os óculos).

Meus passos errantes na praia deserta, esta banhada de luar obscuro da lua nova acima e pelas águas do mar abaixo, se desfaziam em terra por cada um dado afundar-se. Me incomodou de certa maneira que me obrigou a remover as ankle boots. Além do mais, estava tão tensa que parecia tudo centrar nos meus tornozelos, resultando ser mais uma razão para as tirarem, buscar o máximo de conforto na fofa areia sob eles.

Venta sereno como só uma noite frienta de praia pode ser, não devastadora, mas constante e forte pela natureza. Havia me deixado cair sobre a terra num abafado encontro com o chão, para melhor me livrar dos calçados que tencionavam os pés e, pelo frio, foi fácil encolher-me num abraço a mim mesma. Estava longe de tudo e de todos, mesmo sabendo que mais atrás estavam meus amigos, cuidando de mim à distância.

Ainda sem entender como Gui havia aparecido na festa, nem como em seu porquê, minha intenção mesmo era vasculhar na mente uma forma de processar as informações novas. A materialização de Vinícius era parte da razão que me arrepiava os pelinhos do braço, sabia em meu íntimo que sim, do mesmo modo que sua presença devia significar algo mais que não se faz claro aos meus olhos ainda. Por que ele sempre acha o pior? Preciso sempre me provar?

Bom, de qualquer forma, não vou ficar parada chorando, nem remoendo o que me fazem. Passo a manga do cardigã no rosto para enxugar qualquer vestígio de que havia lágrimas descendo, respiro forte a fim de arejar o máximo que podia pelo nariz congestionado, me firmo mais determinada. É isso que você quer, universo, questiono olhando a lua nova no alto encoberta por umas nuvens, é isso, que eu me levante? Pois bem, eu o faço. Bato na roupa para que a areia saia, pego meu calçados, pego meu caminho de volta. Não sou de esperar a sorte vir mesmo, está na hora de refazer uma a meu estilo novamente... sozinha e determinada.

Nunca disse que seria fácil, não mesmo.


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Notas finais do capítulo

Capítulo um pouco duro, não?
Mas o Vinícius, hein, tbm não ajudou.

Trechinho do próximo? Ok:
"Eu vi o cidadão meio morto, caído encostado à parede, a cabeça pendente. Levei a mão à boca para conter um grito pelo que eu havia feito. Era ladrão, mas essa vida eu não tinha o direito de tirar. Que eu fiz? Senhor, matei um homem!"

Quê????????



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