Mantendo O Equilíbrio - Terceira Temporada escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 25
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Olha quem deu as caras!
*cara de surpresa*



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POR ESSA EU NÃO ESPERAVA.

Não esperava passar a tarde toda ouvindo “Party Rock Anthem” do LMFAO e ‘Where Have You Been” da Rihanna devido à apresentação que grupos fariam por causa de uma aposta de break dance e jump style. Eu passei uma tarde com eles e já enjoei das músicas, imagina quem treinou todo esse tempo – também né, elas se repetiram incontáveis vezes, assisti os dois ensaios. Pensei que devia rolar muito dinheiro para o vencedor, mas, ao que me disseram, tá valendo é a moral na pista. Essa moral TEM que valer, porque olha, isso não é fácil não. Não falo só pelas músicas, mas pelos passos bruscos e rápidos que som exigia de todos os dançarinos.

Também não esperava por umas cantadas pedreiragem quando cheguei na festa de apresentação dos grupos. Me dispersei de Flávia que queria acompanhar os grupos junto com Murilo que acabou entrando para a organização de última – uns amigos e conhecidos tinham entrado na empreitada e claro que meu irmão não perderia a cena. Mais uma razão para eu caminhar com Lucas para o lado de dentro da festa, já que as apresentações iriam ocorrer na entrada do estabelecimento, Satellites.

Logo ele subiria para seu posto de Dj. Enquanto isso, Luke fazia uma média pela mesa. Seu serviço começaria 22h, enquanto que a apresentação dos grupos ia rolar umas 21h30. Ele disse que não iria ver também, só não disse por que. Não que eu pudesse exigir isso dele, se eu mesma também não havia dito meu por quê.

Ainda faltava uma hora para iniciar seu serviço quando nos sentamos na mesa só observando os outros funcionários andarem de um lado para o outro. Já havia gente por ali, música tocava alto pelo automático e alguns dançavam. Ao sentar na cadeira depois de deixar meu irmão e Flávia na entrada, eu resmunguei para Lucas sobre o efeito daquelas músicas da aposta dos grupos locais:

- Se eu ouvir mais uma vez “Party Rock is in the house toniiiiiight” ou “Wheeeeeeeere have you been… all my life?”, eu não sei o que faço. Estou em fuso por overdose.

- Isso porque você só viu o ensaio final. A propósito, sua voz é legal. Já pensou em cantar?

É, eu mencionei cada uma de acordo com a melodia e refrão. Pra enfatizar o trauma que cada uma estava fazendo no meu cérebro, óbvio.

- Valeu. Mas se eu cantasse, Rihanna estaria fora do repertório depois dessa.

- Só por isso, quando eu subir pro meu posto, vou tocá-las especialmente para você, não importando qual grupo tenha sido o ganhador.

- Malvado. Já não me bastam elas na minha cabeça?

- Nops. Têm que estar vivas no seu ouvido.

Me fingi de chateada e levantei. Ele sabia que era encenação. De qualquer forma, fui até ao banheiro, que, a propósito, estava lotado. Se falassem depois que calças realmente estavam voando ali, eu não desmentiria porque estava vendo-as voar. Literalmente. Isso sem mencionar de toda a falação de pessoas nervosas que tinha no recinto reduzido. Não havia camarim para todas as pessoas que iriam se apresentar, então se arrumar no banheiro foi o jeito.

Isso me disse Flávia, que me achou perdida lá dentro. Eu só queria tirar um cílio que tinha entrado nos meus olhos e não tinha como fazer isso no escuro da festa. O troço estava me incomodando. Não seria educado ficar “futucando” meu olho por lá se o cílio, ou o cisco, sei lá, não saísse. Capaz de sair meu rímel, e não o bendito. De qualquer forma, precisava de um local com luz e espelho.

Quando consegui um espaço de espelho no banheiro, Flávia ficou ao meu lado comentando que estava torcendo para o grupo que, parcialmente, ali estava se arrumando, grupo da música da Rihanna. Umas garotas ajeitavam o cabelo, outras os tênis, blusas, calças. Estava um desespero só entre elas. Se apresentar assim deve ser um desespero mesmo. Imagina o que não estava rolando no banheiro dos homens. Foi o que comentei com Flávia. O que ela me retrucou não soou suspeito numa primeira vez, foi fazer seu sentido só muito mais tarde:

- Seu irmão sumiu... disse que ia resolver uma coisa e até então nada. É bom ele voltar logo, porque vai começar jájá e ele combinou de ajudar a equipe de gravação. Tem certeza, Mi, que você não quer ver? Vai ser tão legal!

Tudo bem, confesso que a primeira coisa que pensei diante da informação foi “é melhor ele não ter se metido com nenhuma outra mulher, senão eu mesma dou um jeito nele”. Tinha percebido uns olhares enviesados dele umas outras noites, além dele ter ficado de conversinha suspeita com umas meninas. Aff, homens. Ele que não se atrevesse a ser cachorro com a Aline.

Minha amiga Flávia estava tão animada que me distraiu fácil.

- Valeu, Flá, mas não. Não tô muito a fim na verdade.

CLARO que eu não ia dizer pra todas aquelas pessoas do grupo da Rihanna em peso ali no banheiro que eu não aguentava mais a música. Linchada seria pouco. Ainda mais com todas ali muito nervosas, eu as via através do espelho. Consegui tirar o cílio – era realmente um cílio – do meu olho, para alegria deste que já lacrimejava, e saí dando boa sorte.

Desse caminho, do banheiro para a mesa onde havia deixado o Luke, que começou o inconveniente: o de cantadas. Eu tive que passar por toda a pista, então quem estava por lá dançando, teve que me dar passagem, pois, apesar de não ter tanta gente, lá era bem escuro e a fumaça de gelo seco não ajudava muita coisa. A primeira cantada foi de um carinha que segurava uma latinha de cerveja, era meio alto e não era de se jogar fora pelo que consegui captar dele, me viu passar e saiu me seguindo. Ao sentir que ele estava muito próximo a mim, virei-me de vez e tratei de encará-lo:

- O que é?

- Gatinha, tá interessada em um comercial Colgate comigo? Sabe, rola mais que sorrisos.  

- Nem pagando um cachê triplo.

Uns caras mais atrás riram e o tal se retirou com as mãos pra cima, rendido. Uma garota passou ao meu lado com um short bem colado (e olha que estava meio frio lá dentro), ele a seguiu prontamente. Ainda bem. Só que felicidade dura pouco, né? Logo apareceu outro com quem sem querer topei, o pouco que tinha de salto deslizou em algo e quase caí por cima do tal cara. Era só um pouco mais alto que eu e tinha um perfume bem forte, que me incomodou as narinas.

Pedi desculpas e ele disse que desculpava... com uma condição. “Fazer um menino”, pois a mãe dele estava exigindo “netos” já. Respondi que eu não era a pessoa mais indicada para o cargo, a começar pelo fato de que eu tinha minha sogra. Não tinha mais vaga para esse posto e saí de lá antes que ele pudesse responder.

Ao me aproximar da mesa, chego fazendo logo graça. Sabia que poderia falar abertamente com Luke, que não iria me exigir nada ou se meteria a brigar com aqueles cidadãos que me cantaram. Ao contrário de outros...

- A pedreiragem já foi mais engraçada. O que está havendo com os homens? Falta de criatividade?

- Epa, também não generaliza. Primeiro tropece em mim pra cair em tentação, sua linda.

Gargalho com sua tentativa. Ele soltou todo um charme, voz suave e de conquista para me convencer. Não foi tão ruim, no final das contas. Estava melhorando o status dos homens.

- Tá, essa não foi terrível. Foi... “ouvível”.

- Obrigado, eu acho.

Foi então que observei Luke de cerveja na mão. Latinha. Não que eu não esperasse por isso, mas ele logo ia assumir a cabine de Dj e trabalhar. Isso não devia ser tipo... proibido? A luz de onde estávamos era baixa, não exatamente escura, então ele podia ver bem que eu estava encarando a latinha em suas mãos. Ele deve ter percebido minha expressão confusa.

- Ah, não é cerveja, garanto. Eu não trabalho por força de bebida. Se é que se pode dizer que bebida alcóolica cede alguma força para trabalhar...

- Eu não estou julgando.

- É água.

Ele bem nota minha cara de quem não entendeu. Retoma a vez para se explicar, acompanhado de uma risadinha e ar sábio:

- É bom para os negócios, sabe? Eu só seguro a lata como se estivesse bebendo e as pessoas ao me verem, consomem mais. Isso foi pesquisado e comprovado, sabia? Estranho, eu sei. Mas funciona. Eu coloco água, refrigerante, às vezes até suco. Foi ideia do meu chefe. Ele tem umas estratégias meio malucas...

- É, tô vendo.

- Então, quer fazer propaganda enganosa comigo? Meu chefe pode gostar.

- Se é para o bem da humanidade...

Luke sai da mesa e não demora muito retorna com uma latinha para mim. Nesse curto tempo vi quando as meninas saíram do banheiro pela tangente e acenei para minha amiga. Ela estava tão animada que preferi deixá-la com aquelas pessoas, quando terminasse tudo iria procurá-la para aproveitar a pista. As coisas estavam indo bem pela noite enquanto conversava com Luke. Algumas pessoas passavam por nós e nos cumprimentavam, acenavam com suas latinhas e, eu e ele, tacávamos a rir da suposta propaganda enganosa que fazíamos, numa piadinha interna. Na minha latinha tinha era suco de uva, enquanto ele permanecia na água. Sim, eu comprovei, era água.

Nisso, dado um tempo durante uma conversa, percebi que Luke estava olhando muito para o lado. Preferi não questionar, esperei que ele dissesse alguma coisa. E ele disse, um tempo depois:

- Lena, como eram os caras que você tinha falado que tinham te cantado?

- Por quê?

- Não olha agora, mas tem um cara numa mesa sozinho às 3h* te encarando.

*código de localização/orientação baseado na orientação do relógio de ponteiros. Três horas significa que está ao leste, na mesma direção deles.

- Tem certeza que é comigo?

- Aham.

Uia, arrumei stalker agora, brinquei em mente. Não me virei para ver o cidadão, tomei mais um gole de minha “bebida” e fingi que não estava curiosa. Que eu tava, eu tava sim. Só evitei bater perna debaixo da mesa e, para mostrar um estado relax, mexi no meu cabelo, jogando-o um pouco durante a conversa que continuava. Luke permaneceu na dele, debruçado sobre a mesa oval, olhava discretamente para o lado e até acenava para alguém por ali. Bom, na verdade, eu não sabia se havia de fato alguém para quem ele acenava. 

- E aí, faltam quantos minutos?

- Entro em 15 minutos. Mas posso enrolar mais. E você?

- Eu o quê?

- Vai ou não vai olhar o tal cara? Qualquer problema, posso chamar a segurança.

Dei de ombros e fui inventar de olhar.

Só pra prender a respiração e me sentir parar no tempo. E engolir a seco.

Por ali onde estávamos, perto do bar, a luz era baixa, mas não exatamente escura. Quer dizer, você via as pessoas e dava para reconhecê-las, diferentemente da área da pista, como percebi uns minutos atrás. Só que de primeira eu achei que estava vendo coisas no escuro. Digo, uma pessoa em particular.

Solto a respiração que prendia porque precisava deixar aquele ar sair e outro entrar. Era a lei da natureza, eu não podia prender para sempre, por mais que fosse impelida. Contudo, mesmo com ar entrando e saindo devagar, o espanto ainda estava ali, me fazendo estátua na cadeira. Comecei a me sentir estranha. O ritmo trance light que tocava desde a hora que cheguei ficou ao fundo como uma lírica melodia que nesses segundos de reconhecimento tinha uma batida lenta e, ao mesmo tempo, rápida.

Queria acreditar que era a velocidade da música que interferia nas batidas do meu coração. Mas eu não poderia atribuir a ela o motivo de um leve tremor me pegar e minhas mãos ficarem um pouco suadas. Também não poderia dizer que era a condensação do ar gelado se fazendo na superfície da latinha que eu segurava. Só... não era. Era ele.

Não tenho ideia de como meu aspecto se apresenta. E o que eu via no rosto de Vinícius, não muito longe e entre as pessoas que passavam por nós, tampouco poderia decifrar sua expressão. Só sei que ele a sustentou assim como me direcionava seu olhar, forte e decidido, sem desviar-se enquanto as pessoas passavam. Nem quando ele piscava, ele perdia foco. Mas eu perdi. Eu quebrei o meu contato sentindo-o ainda o seu queimar-me como um laser dando sinal de que ele não desviaria.

Eu só afastei o olhar porque Lucas me tocou na mão sobre a mesa. Com semblante preocupado e confuso, ele me fez uma pergunta silenciosa com a cabeça, abaixando-a para que eu dissesse algo. E nada saía! Eu cheguei a abrir a boca, e nada consegui pronunciar. Eu abri para começar a falar algo, mas logo a fechei. E retomei àquela conexão com Vinícius. Um frio me cobriu quando isso aconteceu, em contraste com um queimar no meu estômago. Era ansiedade e surpresa, reconheci aos poucos.

Ele estava sim sozinho à mesa, sua cabeça estava apoiada no encontro de suas mãos e ele não se mexia. No máximo, piscava. Meu Deus! Será que eu pensei tanto, mas tanto nele nas últimas horas que, assim, simplesmente, eu estou vendo coisas? Como assim o Vinícius está aqui? Não é possível! É?

Como ele chegou aqui? Ele não me falou nada!

Ok, talvez eu não tenha lhe dado espaço para uma informação dessas.

Mas isso não justifica! Mesmo que ele seguisse nosso antigo plano de semanas atrás, ele não chegaria na segunda-feira, e sim na terça. Hoje é segunda, o feriado de Natal foi ontem. A viagem que ele conseguiu marcar foi de terça-feira, pois não havia vagas nos ônibus. Então ele veio de quê? De jegue? Ele não viria de carro, viria? Sozinho?

Não é um truque “generoso” de minha mente. Sei por que quem o viu primeiro foi Lucas e Lucas não o conhece para começar a ver miragens. É assim que “acredito” ser meu Vini, sentado a uns poucos metros. Meu Vini. Na minha cidade. Perto da minha mesa. Ainda intrigada, Lucas me obriga a sair dos devaneios de novo ao chamar-me a atenção, puxando dessa vez minha mão, mostrando-se mais sério:

- Lena, quem é esse cara? Você o conhece? Tá me deixando preocupado. Lena, tá me ouvindo? Hey, Lena? Preciso chamar os caras da segurança? Lena, responde.

- Hã?

- Você está bem?

- Num sei...

- Esse cara já te fez algum mal? Reconhece ele de algum lugar?

Mal? Mal mesmo ele nunca me fez. Não diretamente. Só por acaso tomou o lado do meu irmão e tramou e me fez de boba com um segredo que eu consegui descobrir. Praticamente desde então temos brigado, salvo por algumas conversas. Ele não sabe no que implicou fazer o que ele fez, acobertar o que acobertou. Desde então ele tem insistido numa defesa, enquanto eu prefiro insistir numa pausa. Fora isso...

Olho para aquela sobrancelha baixa de Lucas e me forço a respondê-lo, para o bem de todos esclarecer aquilo e não deixá-lo no vácuo:

- S-sim.

- Sim ele te machucou ou sim você o reconhece?

Lucas não deixa o seu lado sério e preocupado. Suspiro e dou um breve sorriso sem muita vontade. A verdade é que queria que Murilo fosse assim, de perguntar primeiro, averiguar as coisas, antes de sair achando que tá caindo o mundo e precisa me salvar. Por que ele não me dá esse tipo de segurança que Lucas me passa?

Apoio a minha mão na sua que está ainda segurando a minha outra e me reconforto. Eu sei que por essas mínimas perguntas que ele faria qualquer coisa para me ver bem. E acho que é assim que eu consigo abrir a boca direito, porque não me sinto obrigada a falar o que está acontecendo:

- O nome dele é Vinícius... nós brigamos faz uns dias. Ele...

- Ele...?

- Ele é meu namorado. Não precisa chamar a segurança.

- Sério? Digo, tem certeza?

Vejo que ele meio que se surpreende. Talvez porque ninguém tenha mencionado sobre os meus relacionamentos. Eu mesma não fui específica quanto a isso, nem na véspera do Natal quando conversamos. Me sinto bem pelo o jeito que ele recebe a informação. Só porque ficou surpreso, não quer dizer que teve de perder a calma. Sonho por um dia Murilo ser assim.

- Sim. Não se preocupe.

Ele baixa um pouco da guarda e praticamente ouço um silvo de alívio sair dele. O que chega a ser engraçado. Ele se ajeita na sua cadeira e fica mais ereto. Vejo que ele desvia o olhar para lá de novo e puxa sua mão das minhas antes de voltar a me encarar. Eu sei que Vini está lá, que nos observa, mas não volto a olhá-lo, não agora. É estranho. O impulso de levantar e ir para seus braços, apertá-lo como nunca, respirar seu perfume, brincar com seus fios, ouvir sua risada... tudo me é encoberto por receio.

Com uma voz relativamente baixa conquanto nós estávamos conversando, Lucas usa um tom de “só pra me certificar” quando me pergunta se quero falar sobre o assunto. E eu aponto para cima, para seu posto de Dj logo atrás dele, que logo iria começar. Ainda me sinto temorosa de encarar o que logo terei de encarar.

- Você está quase para subir.

- Não me importo se você precisar. Mas se quer falar com ele, não precisa me expulsar, viu? Não esqueça que eu ainda tenho o poder sobre as músicas. Posso tocar Rihanna por tooooda uma noite. E “Where Have You Been” em vários ritmos eletrônicos.

Viu? Isso que é segurança. Palhaço também. Isso dissipa um pouco de meu nervosismo, tanto que afrouxo um pouco o aperto que eu dava na minha latinha que percebi estar segurando. Antes que eu possa retrucar algo, ele prossegue:

- Olha, tenho um repertório grande. Melhor você emburrada comigo que com essa carinha aí. Eu não falei nada, mas percebi uma inquietação sua esses dias. Até pensei que tinha brigado com seu irmão, então os vi juntos ontem e não me pareceu tão mal. Pelo jeito foi essa briga aí com Vinícius, não?

Acho que fui pega. No entanto, vindo de Lucas, eu não me sinto mal. Não exatamente, quer dizer. Ele é tipo um estranho com quem a gente quer abrir o caderno e folhear a vida de tão bom que é conversar com ele. Só que ele não é um estranho, tampouco um “bff”. Ele é um meio-termo. E sei que ele sente da mesma forma comigo. Por isso eu confesso, um pouco de meus problemas fluem de minha boca.

- Mais ou menos. Eu briguei com os dois. As coisas estão meio estranhas entre a gente. Não foi só pela Rihanna que eu quis ficar de fora daquela arrumação.

- Se isso te consola, eu também estava fugindo...

Um sorrisinho sem graça aponta na linha de sua boca antes de ele tomar mais um pouco de sua latinha. Inclino a cabeça e... o que ele quer dizer com isso?

- Como assim?

- Bom...

Ele hesita, toma mais outro gole de sua latinha e parece sem-jeito. Cruza os braços, respira fundo e... lá estou eu como o meio-termo dele, ouvindo um pouco de seus dramas também. Era bom para meu nervosismo.

- Tem uma garota...

- Hum.

- O nome dela é Megan.

- Huuuum. Lembro dela no ensaio. Boa escolha.

- É, eu meio que ia para os ensaios só para vê-la.

Que fofo. Eu só fui em um, mas posso visualizá-lo no banco perto do espelho do salão de treinos como sentamos junto com Flávia nessa tarde. A tal garota era uma das principais que reforçava sempre a coreografia da Rihanna. Ela tem muita presença no que faz. Tanta que isso talvez tenha puxado atenção que eu não vi nada suspeito vindo de Lucas. Não é qualquer um que consegue essa proeza. Mas se ele gosta mesmo dela...

- E porque não foi ver a apresentação de hoje?

- Não dá para ficar sondando ela toda hora, sabe. As pessoas podem desconfiar.

- Esperto. E discreto. Te admiro, viu. Nem um milhão de anos meu irmão chega nesse patamar. Nem pra ser inteligente ele consegue muita coisa, imagine isso. Ele se entrega fácil.

- Aham. Foi mais ou menos com ele que eu matei a charada de que havia algo estranho entre vocês. Teu irmão dá muito na cara.

Rimos brevemente, apesar de eu ainda estar tensa. Por isso tento manter o ritmo, para não dar na cara tanto quanto eu já dei. Já me basta o Murilo.

- Nem me fala. Mas, essa Megan, você já... investiu?

- Investimento difícil. Ela terminou com o namorado faz umas duas semanas. A mãe dela adora o cara. E meio que não gosta de mim. A história é meio grande, sabe. E eu tenho que ir trabalhar que está na minha hora. Só te digo uma coisa.

Lucas caça uma caneta, acha um piloto na sua calça e puxa minha mão esquerda. Escreve algo nela que faz cócegas ao sentir o pincel formar letras na palma. Não estava tão escuro no final das contas.

- Lembrei dessa música. Procure pela letra dela. Talvez isso te ajude, no que quer que esteja acontecendo com vocês. Quero te ver bem.

Ele guarda o pincel e se levanta.

- Também quero te ver bem. Só por isso concedo você tocar Rihanna hoje. Sei que não é por mim. Obrigada, por tudo.

- De nada. Tchau. E não esquece de procurar a letra. Espero ter acertado.

Ele se despede e... acho que é hora de eu encarar de uma vez por todas. 


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Notas finais do capítulo

HAHAHA sou má de cortar o capítulo bem aí?
Tem mais de "Por essa eu não esperava" no próximo.



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