Sou a Natalie, mas pode me chamar de Nat. Tenho 19 anos, sou estudante de teatro e música. Larguei a faculdade de medicina no primeiro ano e me dediquei ao meu sonho, que é ser uma atriz e cantora de grande sucesso, então agora faço faculdade de teatro. Tenho um teste para hoje, em um filme que pode dar um grande empurrão em minha carreira. Meus amigos, Matheus, Gabriel, Laura e Emily, me apoiam totalmente e querem que eu alcance meu sonho. Moro em um apartamento com a Emily e com a Laura, e os meninos no apartamento da frente.

                                                           * * *

Eu e as meninas estamos indo em direção a uma cafeteria perto de casa.

- Ai meninas, esse teste tá me deixando muito nervosa. Não consegui dormir hoje.

- Amiga, desencana. Você é uma ótima atriz e ótima cantora, vai se sair bem. – Falou Em. Ela tem 20 anos, e faz faculdade de arquitetura.

- Concordo com a Emily, Nat. Você vai arrasar nesse teste. – Falou Laura. Ela tem 20 também, (sou a mais nova da turma, todos já tem 20) e faz faculdade de biologia.

- Ai, só vocês pra me fazerem ficar menos nervosa.

Entramos nós três de braços dados na cafeteria e fomos para o balcão.

Com nossos pedidos já na mão, fomos para a nossa mesa de costume, no canto da cafeteria.

Enquanto tomamos nossos cafés, conversamos sobre vários assuntos como o meu teste, o namoro da Laura e a prova da Em.

- Mas mudando de assunto, Nat, você viu como o Miguel tem te olhando de uns tempos para cá? – Falou Laura.

Miguel era o companheiro de quarto de Matheus e Gabriel, apesar de ele não ser da nossa turma, éramos amigos.

- É verdade, ele tá afim de ti, amiga. – Falou Em.

- Não surta, gente, somos amigos, só isso.

- Natalie, não seja cega. Tá na cara que ele gosta de você, ele sempre vem atrás de mim na faculdade me perguntar sobre você. – Emily retrucou.

- Não estou cega, Emily. Estou falando a verdade, o Miguel não gosta de mim e ponto! Agora com licença, que eu estou com fome e vou comprar alguma coisa pra comer. Querem?

- Não. – Respondem as duas juntas.

Levanto-me e vou em direção ao balcão, para comprar alguns cookies. Estou voltando quando alguém cai em cima de mim, me fazendo cair no chão como suporte para o ser, que é pesado demais.

Olho para esse ser do diabo, que esta super pesado em cima de mim e não tem a capacidade de se levantar, mas quase tenho um ataque ao olhar naqueles olhos lindos desse ser, que apesar de ser pesado, é um tremendo gato. Pareço meio hipnotizada com ele, e ele comigo, por que até agora ninguém falou nada e ele não se levantou. Acho que ficamos ali, por segundos, minutos, horas, não sei dizer. Só sei que me perdi no meio daqueles olhos, que apesar de serem bem escuros, também são muito profundos.

- Ahn, Nat? Tá tudo bem aí? – Fala Emily.

De repente, sou tirada do transe e viro a cabeça para Emily. Ela e Laura estão olhando para nós dois no chão.

- Sim, tá tudo bem. Ahn, licença moço, mas você pode sair de cima de mim? – Pergunto para o garoto em cima de mim, que até agora não fez questão de sair de cima de mim.

- Ah, claro.

Ele se levanta e me oferece sua mão, eu aceito, e com uma puta força, ele me puxa pra cima.

- Desculpa ter caído em cima de você, é que eu estava no telefone e não prestei atenção. Ta tudo bem contigo? – Ele pergunta preocupado.

- Tá tudo ótimo. Qual seu nome?

- Leonardo e o seu?

- Natalie.

- Belo nome.

- Obrigada, o seu também é bonito.

- Valeu. Bom, eu tenho que ir, me desculpa de novo.

- Não foi nada.

E então ele se vira e vai embora. Volto-me para as meninas e elas estão me olhando com uma cara meio pervertida. Eu prevendo o que elas vão dizer já me adianto:

- Não surtem suas loucas. Eu mal o conheço, só sei o nome dele. Eu sei, ele é bonito, musculoso, gostoso... Enfim, um pedaço de mau caminho que vai saber por que apareceu no meu caminho, mas é bem provável que eu nunca mais veja ele, então se aquietem aí no seu canto.

- Jesus! Nós nem abrimos a boca pra falar nada! – Emily se defende.

- Mas aposto que estava pensando nisso!

- Aí já não posso dizer nada, porque eu estava mesmo pensando nisso.

Essa menina tem uma cara de pau, neh?!

Voltamos à mesa e ficamos lá conversando até cada uma ter que pegar seu caminho.

                              * * *

Estou na sala de espera. Tem somente eu e mais duas garotas aqui. Há também uma secretaria que digita furiosamente em seu teclado. Estou esperando para ser chamada para fazer o teste há uma hora e meia. Tinham umas dez garotas aqui quando cheguei, mas todas já fizeram seu teste e foram para casa. Agora sou só eu e essas duas garotas.

De repente, uma garota sai da sala e um homem, que aparenta ter uns 38 anos, aparece e chama:

- Natalie Parker.

Me levantei imediatamente e falei:

- Sou eu.

- Me siga, por favor.

Ele manteve a porta aberta, até eu passar e depois me guiou até uma sala em que tinha uma mesa com dois homens mais velhos, igual o homem que me chamou e entre os dois homens, tinha uma cadeira. O homem que me chamou (eu preciso perguntar o nome dele), se sentou na cadeira vaga que tinha na mesa, olhou alguns papeis, que eu acredito que era o meu currículo, e depois se virou pra mim e falou:

- Boa tarde Natalie, eu me chamo James, e esse daqui – Apontou para o homem em que estava a sua esquerda. – É o Thomas, e esse – Apontou o outro homem. – É o Samuel.

- Boa tarde para todos. – Eu falei enquanto sentava no banco que tinha na frente deles. Só não entendi o porquê de terem duas cadeiras, mas vai saber neh.

- Bom Natalie, você recebeu um pedaço do roteiro, certo? – Assenti com a cabeça. – Então, você vai fazer a cena que tem em seu roteiro. Você vai fazer o teste para um personagem secundário, certo?

- Sim.

- Então tudo bem, para você contracenar nós chamamos o ator que vai fazer o protagonista masculino do filme, tudo bem para você?

- Claro. – Agora entendi o porquê do outro banco.

- Então vamos começar. Leonardo venha! – Ele falou mexendo a mão num sinal de “venha” olhei para a direção aonde ele apontava a mão, e quase tive um treco ali mesmo.