From Another Angle - By Peeta Mellark escrita por Juliana Macedo


Capítulo 5
Capítulo 5




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Assim que chegamos a Capital, fomos separados, cada um foi levado a uma sala para a preparação, já na sala estou um tanto nervoso com a ideia do que podem fazer comigo, se eles quiserem podem me deixar com aquele estilo engraçado da Capital. Brrr.

Sou recebido por um trio que possuem um estilo engraçado, falam tão rápido que nem consigo decorar seus nomes. Um parece com uma espécie de ser de outro mundo, com seus cabelos arrepiados da cor verde, a roupa parece ser padrão para o trabalho que realizaram, mas cada um se difere na cor e no modo como se maquiam, só espero não ficar dessa forma no fim.

Mandaram-me tirar a roupa e me deitaram numa maca, começam a trabalhar nos meus pés, mãos, cabelo e rosto, consigo ouvir o que eles dizem, mas parecem que nem se importam comigo, pior que falam sobre mim, coisas como: Até que enfim um rosto bom! Ou Nosso trabalho está mais fácil este ano! Ou como uma delas, Nossa que lindo!

Me sinto desconfortável com a situação, e feliz por me acharem bonito, mas queria que outra pessoa estivesse pronunciando essas palavras, gostaria que a vida fosse mais fácil para ambos, e não estivéssemos nessa situação, mas... Eles passam uma cera no meu rosto e tiram um pouco de barba que estava crescendo, nem me avisam o quanto arde, mas me mantenho firme, logo depois me lavam e estou pronto para conhecer a estilista.

Me sento na maca e espero alguns minutos. Uma mulher entra com um estilo engraçado, mas ela parece mais séria e mais amigável, decido que gosto dela.

- Olá me chamo Portia! – ela percebe meu desconforto e continua. – Pode vestir seu roupão. Iremos vestir seu traje e ficará lindo para a cerimônia de abertura. Siga-me!

Eu a acompanho até uma sala de estar que contém dois sofás grandes frente a frente com uma mesinha no centro. Três paredes estão vazias e a quarta é feita totalmente de vidro, percebo a claridade lá fora, não consigo deixar de se perguntar o que está havendo lá no distrito. Portia me pede para se sentar e aperta um botão fazendo com que o almoço apareça. Nos servimos de frango, uma espécie de caldo e de sobremesa, pudim.

- Prazer sou Peeta, mas já deve saber disso. – digo para quebrar o gelo. – Você é nova por aqui? – pergunto, pois pelo que vi das outras edições sempre há os mesmos estilistas, raramente a Capital muda. E ela me parece bem mais nova que alguns daqueles que já vi.

- Sim. – ela dá uma risada – Este ano eu e Cinna, estilista da sua amiga Katniss, pedimos para que ficássemos com o distrito 12. Esperamos fazer algo diferente este ano, e nós decidimos vesti-los com algo que se completem. Como sabe vocês devem refletir o seu distrito.

Essa parte que me preocupa, na maioria das vezes somos mandados como mineiros, já que nosso distrito é responsável por minérios, mas muitas vezes os estilistas acham que os uniformes dos mineiros são simples demais e fazem roupas que não tem nada a ver, uma vez dois tributos desfilaram nus e cobertos por pó preto, para lembrar carvão, até estremeço com a ideia.

- Pode ficar despreocupado Peeta. – Portia diz. – Este ano pensamos que os trajes de mineiros são muito ultrapassados, mas focamos no carvão, mais especificamente em o que fazemos com ele. Nós percebemos que nosso trabalho é torna-los inesquecíveis, e faremos isso! – ela diz com um sorriso no rosto.

Assim parece melhor, mas pensando bem, nós queimamos o carvão. Será que vão me transformar em uma fogueira viva? Torço para que não.

Visto-me com uma peça única preta que vai do meu tornozelo até o pescoço, um pouco apertada para o meu gosto, é uma roupa completamente diferente da que estou acostumado a ver com os tributos na cerimônia, mas não é feia, de jeito nenhum. Calcei botas de couro bem engraxadas, os cadarços vão até os joelhos. Mas havia uma espécie de pelerine esvoaçante nas cores laranja, amarelo e vermelho. Portia disse que planeja ilumina-los com fogo, eu até estremeço. Mantiveram meus cabelos conforme estavam levemente penteados para trás.

- Está lindo! – ela diz. – Parece que nasceu pra usar isso.

Em seguida, vamos para o nível inferior do Centro de Transformação, que é mais um estábulo, Portia e a equipe que me preparou no início me seguem, agora eles parecem animados e excitados, dizem que irei causar uma boa impressão.

Estou um tanto nervoso, mas assim que vejo Katniss, me acalmo um pouco. Ela está exatamente igual a mim. Somos levados para a nossa carruagem, os cavalos são negros como carvão e são bem treinados, pois não precisam de rédeas. Portia e Cinna se afastam para discutir os últimos detalhes.

- O que você acha desse fogo? – Katniss sussurra.

- Arranco seu pelerine se você arrancar o meu. – digo ainda nervoso com a ideia da tocha-humana.

- Combinado. – ela diz. – Eu sei que prometemos a Haymitch que faríamos exatamente o que eles disserem, mas acho que ele não considerou essa situação.

- Aliás, onde está Haymitch? Não é função dele nos proteger desse tipo de coisa? – questiono.

- Com todo aquele álcool no corpo dele, não é aconselhável que fique perto do fogo. – ela diz.

Não consigo me controlar depois desse comentário, começo a rir e quando percebo, estamos os dois dando altas gargalhadas.

A música de abertura começa, o enorme portão é aberto, revelando ruas apinhadas de gente, a viagem dura cerca de vinte minutos e terá fim no Círculo da Cidade, onde nos darão as boas-vindas e nos levaram ao Centro de Treinamento que será nossa “casa” antes que os Jogos comecem.

A carruagem do distrito 1 parte, em seguida a do distrito 2 e quando me dou conta já estamos quase no portão, quando a carruagem do distrito 11 está passando, nossos estilistas aparecem e acendem o fogo em nossas roupas, estou com medo, ainda com a ideia de virar uma tocha-humana, mas quando percebo que não queima, me acalmo. Os últimos conselhos são dados.

- Lembrem-se cabeças erguidas. Sorrisos. Vão adorar vocês! – Cinna diz.

Antes de sairmos, Cinna grita algo quando Katniss pergunta:

- O que ele disse?

A olho fixamente e percebo que ela está magnífica, simplesmente linda, parece que as chamas se espelham no espírito dela, como se fosse feita para aquilo.

- Acho que ele quer que fiquemos de mãos dadas. – respondo.

Pego sua mão e olho para Cinna esperando uma confirmação, que vem de imediato. Quando percebo estamos saindo para a rua, a multidão começa a gritar. Passado o susto inicial, começo a receber mensagens de incentivo da multidão, me sinto seguro ao lado de Katniss, nada pode tirar este momento único. Olho para um telão e vejo nossos rostos estampados na tela, estamos deslumbrantes. Aceno para a multidão e vejo que algumas garotas vão à loucura, sorrio e ganho confiança. Katniss faz o mesmo. Percebemos as demonstrações de carinho, certamente Portia acertou, estamos inesquecíveis. Será que algum patrocinador estará nos vendo?

Quando entramos na cidade, Katniss está apertando minha mão como se estivesse agarrada à beira de um precipício. Ela percebe a pressão que está fazendo e começa a soltá-la.

- Não, não me solte! – digo. – Por favor, posso cair desse troço a qualquer momento.

Isso é verdade, mas me sinto mais seguro quando estou segurando sua mão, é como se fossemos uma equipe, prefiro assim, ao invés de pensar em cada um por si.

- Tudo bem. – ela diz.

Chegamos ao Círculo da Cidade, as doze carruagens preenchem todo o círculo, nossos cavalos puxam a carruagem até a mansão do Presidente Snow e param.

O presidente nos dá as boas-vindas e percebo as câmeras ligadas gravando tudo e transmitindo ao vivo, cada tributo tradicionalmente aparece de vez em quando, mas percebo que estamos sendo mostrados mais do que o normal, conforme anoitece tirar os olhos de nossas chamas se torna uma tarefa difícil.

Desfilamos pela última vez e entramos no Centro de Treinamento, logo as portas se fecham e nossa equipe de preparação vem correndo para nos parabenizar e ajuda-nos a descer da carruagem e tirar os pelerines, percebo que todos a nossa volta estão nos olhando, não ligo. Minha atenção está voltada para Katniss, que ainda está grudada em mim, mesmo depois que descemos da carruagem, ela percebe e nos forçamos a abrir os dedos enrijecidos. Ambos massageando as mãos.

- Obrigado por continuar segurando minha mão. Estava ficando um pouco trêmulo lá em cima. – digo.

- Não parecia. – ela diz- Tenho certeza de que ninguém notou.

- Tenho certeza que ninguém notou nada além de você. – digo. – Você devia usar essas chamas com mais frequência, elas ficam muito bem em você – comento tímido, mas com um sorriso no rosto, não posso esconder minha felicidade.

Ela faz algo inesperado, fica nas pontas dos pés e beija meu rosto bem no hematoma que Haymitch deixou. E sorrio.


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Notas finais do capítulo

Comentários sempre me ajudam a melhorar e me incentivam a continuar. Dê sua opinião ou crítica, sempre é bom pra a construção da história. Ah, agradeço aos que me incentivam!