From Another Angle - By Peeta Mellark escrita por Juliana Macedo


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá! Por gentileza, se puderem, deixe sua sugestão/elogio/crítica após ler o capítulo! Agradeço a compreensão.



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Por algum tempo, eu e Katniss permanecemos parados, observando aquela cena, que a princípio pareceu repugnante e como se estivéssemos refletindo nas palavras de Effie Trinket, afinal ela está certa, Haymitch é o nosso único ponto de referência no meio da arena. Como um acordo Katniss e eu pegamos os braços de Haymitch e o ajudamos a se erguer.

– Eu tropecei?- Haymitch pergunta - Cheiro ruim. - ele esfrega a mão no nariz, sujando todo o rosto de vômito.

– Vamos levá-lo para seu quarto. – digo. – Precisamos limpá-lo um pouco.

Nós seguimos para o quarto de Haymitch, meio que o conduzimos, meio que o carregamos. Para não sujar as roupas de cama limpa, o colocamos na banheira e abrimos o chuveiro, ele quase não nota.

– Está bom assim – digo. – Eu assumo de agora em diante.

Percebo uma sensação de alívio em Katniss, e não posso culpá-la, Haymitch não é nada educado, mas é fundamental se quero mantê-la viva.

– Tudo bem – ela diz. - Posso mandar alguém da Capital pra vir te ajudar.

– Não. Eu não quero eles aqui.

Dito isso ela sai do compartimento me deixando a sós com um bêbado, com a água caindo sobre seu rosto, o vômito sai e ele parece normal. Pego uma esponja e com a ajuda dele termino de limpar o que faltava. Não sei como fazê-lo parar de beber para se concentrar em nos ajudar, mesmo sabendo que ele não está ouvindo começo a falar com ele.

– Sempre me pergunto como você consegue ano após anos, ver dois adolescentes morrerem? – Haymitch balbucia algo, mas continuo a falar, tento pensar em algo que me deixa alegre – Desde pequeno sou muito bom em desenhar, você já viu os bolos da padaria do meu pai? – Não espero resposta. – Fui eu que os fiz, minha família é dona de uma padaria, você sabia? Claro que sim! Quem não sabe? Precisamos ajudar...

Haymitch balbucia algo e aponta para a cama, eu o ajudo a se secar e colocar roupas limpas, e o levo para deitar, então saio do seu compartimento.

Chegando ao meu quarto, deito na cama e fico pensando em tudo o que aconteceu até agora, não consigo parar de me perguntar se Katniss se lembra daquele dia em que queimei os pães de propósito e joguei pra ela, mas minha mente divaga e me pego pensando na minha casa, no meu pai trabalhando, em meus irmãos tendo que ficar em meu lugar e... naquela lágrima que minha mãe deixou escapar, mesmo brava o tempo todo ela me ama e pude perceber isso naquele momento, mesmo que, ela não tenha se referido a mim como vencedor dos Jogos, como poderia vencer se para isso ela teria que morrer. Não.

Acordo com a luz do sol entrando no compartimento, nem percebi quando peguei no sono. Me arrumo e vou para o vagão-restaurante, me sento a mesa e Haymitch chega logo em seguida com a cara inchada devido a noite anterior.

Começo a comer e pego algo que chamam de chocolate quente, é delicioso, o nome é apropriado, é quentinho. Acho que Haymitch percebe minha empolgação, pois está me olhando ou apenas está tentando lembrar quem o levou pra cama ontem. Pego alguns pãezinhos e quando os coloco na boca não consigo deixar de dizer como isso é bom.

– Nossa! Isso é maravilhoso, preciso aprender como fazer esses pães lá pra padaria. – digo.

Estou segurando o pão de uma forma engraçada e Haymitch ri alto do meu comentário, Effie Trinket já está com uma xícara de café e Katniss entra nessa hora, a olho meio constrangido,será que escutou o que eu disse?

Ela se senta à mesa conosco e começa a se servir, então pega um copo, percebo o que é e digo:

– Chamam isso de chocolate quente. É gostoso.

Todos estão comendo e mergulho pedaços de pão ao meu chocolate quente, que parece cada vez mais gostoso. Percebo que Haymitch a todo o momento adiciona um líquido ao seu suco, pelo aroma é bebida alcoólica, me irrito se ele continuar assim não teremos muitas chances de arrumar patrocinadores, já que ele está o tempo todo caindo bêbado.

– Então você é o encarregado de nos dar conselhos. – Katniss pergunta para Haymitch.

– Aí vai um pequeno conselho: mantenham-se vivos – Haymitch diz e começa a rir alto. Katniss me olha e estou bravo, ele ri dá nossa condição, estaremos entre os 24 participantes tentando sobreviver e ele só faz piada.

– Isso é muito engraçado – digo sem rir. Dou um golpe no copo que está em sua mão fazendo com que o líquido e o copo se esfacele no chão, ainda acrescento – Mas não para nós.

Haymitch pensa no que fiz por alguns segundos e então me acerta um soco no queixo, caio pra fora da cadeira, vejo que ele vai pegar a bebida novamente, mas Katniss pega uma faca e a crava entre a mão dele e a garrafa. Ele para.

– O que é isso afinal? – pergunta Haymitch. – Será que realmente peguei um par de lutadores esse ano?

Me levanto e pego um pouco de gelo para o queixo, assim que esfrego na marca avermelhada no queixo, Haymitch me interrompe.

– Não! – ele grita. – Deixa o hematoma aparecer. O público vai achar que você saiu no tapa com outro tributo antes mesmo de entrar na arena.

– Isso é contra as regras. – digo.

– Só se eles te pegarem. Esse hematoma mostra que você lutou e que não foi pego. Melhor ainda – Haymitch diz e se volta para Katniss. – Você consegue acertar alguma coisa com essa faca além da mesa?

Ela então pega a faca da mesa e atira entre a costura de dois painéis na parede, todos ficam realmente impressionados, até Haymitch parece que acordou.

– Fiquem os dois de pé. - Haymitch ordena. – Vocês não estão totalmente condenados. Parecem em forma. E assim que os estilistas entrarem em ação, vocês vão parecer atraentes.

Ninguém diz nada, pois sabemos que os tributos mais bonitos sempre contam com mais colaboradores.

– Muito bem, vou fazer um trato com vocês. Vocês não interferem na minha bebida e fico sóbrio o suficiente para ajudá-los – propõe Haymitch. – Mas vocês vão ter que fazer exatamente o que eu disser.

– Certo. – digo. Mesmo não parecendo um acordo muito justo.

– Logo chegaremos à estação e vocês serão levados aos estilistas e devem aceitar tudo o que eles fizerem com vocês, mesmo que não gostem. Depois conversaremos. – diz Haymitch e se volta para sua bebida.

Passamos por um longo túnel e depois de parecer interminável aquela escuridão, o compartimento é inundado por luz. Katniss e eu corremos para a janela e vemos a Capital, a cidade que governa Panem, as câmeras não mentiram a respeito de sua grandiosidade, com edifícios enormes, os carros passando pelas ruas, as pessoas andando na calçada com aquele estilo estranho parecido com o da Effie Trinket. As pessoas reconhecem o nosso trem e começam a acenar, retribuo os gestos e sorrio bastante. Quando chego à estação paro e percebo Katniss me encarando, dou de ombros.

– Quem sabe? Um deles pode ser rico. - digo.

Percebo algo se passar em seus olhos, talvez seja desprezo, ela não gosta de nada disso, mas não percebe que estou tentando nos manter vivos nesse lugar.


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