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Certo. Serei bem direta. Sabe que odeio enrolação. – ela se aproximou dele. – Você tem uma irmã Steve.

– O que? – ele se levantou da cadeira espantando, mas também parecia irritado. – Hã? Sophie do que você esta falando?

– Misa Amane teve um casal de gêmeos. – ela começou. – Entenda Steve eu só descobri tudo isso depois que você deixou o treinamento e...

– Isso foi há três anos! Você sabia disso há três anos e nunca se preocupou em me contar?

– Acontece que querendo ou não você é filho de Light Yagami e já se sente muito mal por causa disso. Então eu pensei que assim seria melhor...

– Melhor pra quem? Eu tenho um parente que não é um serial killer, que não é o Kira ou Segundo Kira e você esconde isso de mim? Com que direito? – ele alterava a voz e andava de um lado para o outro. – Pela primeira vez eu começo a ver que talvez isso não seja tão ruim, pela primeira vez talvez eu não odeie ser um Yagami.

– Steve pare de gritar um segundo e me escute. – ela continuava sentada e falava calmamente como se tudo aquilo fosse irrelevante. Mas a verdade é que só aparentava estar tranquila. Por dentro também sentia vontade de gritar.

– Não! Você não se importa com ninguém L. Como pude pensar que você seria diferente. Sabe o quanto eu desejava ter uma família e uma vida normal. E você me privou disso Sophie? – lá estava, a ira que só Yagami sentem, o lado mais sombrio de Steve, os olhos dele pareciam arder em chamas, enquanto os dela permaneciam frios como gelo. Era difícil acreditar que pessoas tão diferentes como eles pudessem se dar tão bem.

– Sim. Escondi isso porque eu tinha minhas suspeitas assim como muitos tem sobre você.

– Hã?

– Você quer a verdade. Pois muito bem te darei a dura verdade. – ela se levantou e caminhou para perto dele. Tinha as sobrancelhas cerradas e a expressão muito séria e ao mesmo tempo triste. – Sua irmã se chama Maisy Takeshi e tem razão ela não é o Kira nem o Segundo Kira. Pelo contrário, ela é que é o Novo Kira.

Scott deu um passo para trás, apesar de ser bem mais alto que Sophie sentia-se minúsculo e parecia que ela poderia acabar com ele só com seu olhar severo e suas palavras amargas. Isso tudo tem que ser mentira.

– A garota que tentou te matar e você por sua vez está jurando de morte é a sua irmã.

Ele caiu sentado numa das cadeiras, Sophie permanecia em pé e o encarava.

Eu... atirei na minha irmã?

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Annie explicou aos policiais sobre o Death Note. Alguns claro estavam incrédulos e riram da cara dela, mas com a chegada de Mogi e Aizawa que confirmavam a historia e mostravam provas de que tudo escrito no caderno preto era verdade eles começavam a cogitar tudo aquilo.

Annie não sabia o que Sophie pretendia fazer depois e por que mandou ela telefonar para a TV Sakura então foi procurar por ela. Seguiu pelo corredor até a sala de reunião. Ia abrir uma das portas duplas quando a maçaneta girou e ela viu Scott.

– Steve espere. – Sophie disse um tanto exaltada e caminhou rápido na direção dele.

Scott se virou e ela parou.

– Já chega. – ele disse, mas não irritado ou bravo parecia mais exausto e triste abaixando a cabeça. – Você realmente merece ser o L, mas não porque é brilhante e sim porque você e Near são farinha do mesmo saco. – ele então levantou a cabeça e a encarou. – São apenas mentirosos.

– O que houve? – Annie que não entendia nada fez ele entrar de novo e puxou a porta.

– Nada. Só estou de... Espere. Você não sabia disso, sabia Annie?

– Hã?

– Da Maisy, de Kira, da minha irmã.

Ela olhou para Sophie que com uma troca de olhar rápido deu a entender que ela devia mentir.

– O que? Como assim.... Do... Do que você tá falando? Gritando essas coisas ridículas assim aqui... – ela foi bastante convincente, mas Scott também havia aprendido um pouco sobre ler as pessoas.

– Nem tente. Já percebi. Vocês duas mentiram pra mim. As pessoas que eu mais gosto e achei que podia confiar foram as primeiras a mentir pra mim.

– Ei. No final das contas Sophie estava certa. – Annie começou irritada, era a mais velha e volta e meia dava lição de moral nos dois. – Ela é o Kira. Protegemos você. Se tivesse algum contato com ela, se ao menos soubesse que ela é sua irmã a essa altura estaria preso com cúmplice isso se não fosse o acusado. Porque acredite ela não deve se importar nada com você.

Scott como sempre ficou surpreso e sem reação diante das palavras dela.

– E se você se aproximar dela ela não medirá esforços para te culpar ou te usar, aliás você também é filho do Light. Acha mesmo que as pessoas confiariam em você se não fosse pela Sophie. – ela se aproximou zangada. – No final das contas ela só te escondeu a verdade pra te proteger, para que você pudesse ao menos ter uma vida normal. Tanto é que da última vez te contamos sobre seus pais.

Ela fez uma pausa, o silêncio pairou no ar e ninguém ousou rompê-lo.

– Você devia ser mais grato. – Annie disse calma. – Near nunca faria algo assim. Ele jogaria a verdade na sua cara como se fosse um dardo ou te esconderia tudo só por seus motivos egoístas. Ele não pensaria no seu bem estar como a gente.

Eles se encararam. Scott suspirou sem saber o que dizer pegou seu casaco no encosto da cadeira e saiu furioso batendo a porta.

– Por que resolveu contar tudo logo agora? – ela perguntou a Sophie que voltou a se sentar abatida na cadeira.

– Se adiasse mais a reação dele poderia ser pior ou talvez soubesse pela Maisy.

– Sophie você não tem medo do que ele pode fazer agora? Não tem medo... Do Steve?

– Do que você está falando? Por que teria? Como você disse uma vez somos uma família.

– Sim, mas isso foi antes de... Ah, desde sempre ele parecia ter algo sombrio e depois que descobrimos que ele era filho do Yagami parece que ele só me assusta mais. As vezes não sei se devemos confiar nele. Até porque agora tem a Maisy que é a verdadeira família dele.

– Entendo. Mas eu vou corre o risco e pagar pra ver. Afinal todos temos lados sombrios, não concorda? – ela engoliu a seco sem ter como responder. – O que você queria Annie?

– Ah! Sim. – ela se sentou perto dela. – O que você planeja com a TV Sakura?

– É mesmo. Meu plano. Quase me esqueci. – ela voltou ao seu estado normal de detetive. – Os pais de Maisy acabaram de ir à polícia informando o desaparecimento da filha que estava sob os cuidados de uma enfermeira já conhecida da família que também está desaparecida.

– É mesmo, cuidei o Masao uma vez. Mas sendo assim... Sou a principal suspeita de talvez ter sequestrado a garota.

– Sim. Mas não se preocupe. Não será presa. Vou aproveitar essa situação e encurralá-la. – ela esboçou um sorriso. – Vou divulgar em todas as emissoras fotos dela e dizer que está desaparecida, que pode ter sido sequestrada por uma sociopata.

– Entendi. Assim quem a ver vai achar que ela está em perigo e ligar para polícia.

– Isso. E se ela tentar fugir, justificar ou qualquer coisa do tipo vão achar que ela está com medo, sendo ameaçada e farão de tudo para levá-la até seus pais.

– É um grande plano. – Annie se levantou sorrindo. – E eu passei de ladra a sociopata. – ela se encaminhou para a porta. – Ah! E quanto ao Steve?

– Por ora nenhum membro da investigação pode sair desse prédio sem minha autorização.

– Certo. Vou por tudo em prática. O Mogi e Aizawa chegaram. Acho que você devia ir falar com os outros policiais sobre o Death Note.

– Irei fazer isso, estou apenas aguardando uma encomenda.

– Ok. Ainda vai precisar de mim porque sabe... Eu tenho uma vida que demorei muito para construir. – ela olhou para a garota, sua única e verdadeira amiga. Ela e Steve eram as únicas pessoas que sabiam grande parta da verdade sobre seu passado.

– Tudo bem. Posso me virar sozinha. Só fique sob minha custódia até essa história de sequestro passar. Senão será presa.

– Tá. – ela fez menção de sair, mas parou no meio do caminho.

A briga com Steve, o olhar da garota... A verdade é que ela nunca pensou em como ela ficaria antes de abandonar a Mansão, de deixar o cargo para ela, nunca pensou que Sophie pudesse ter fraquezas. Mesmo abatida a garota sempre foi tão forte, ela Annie entendia melhor do que ninguém a necessidade de permanecer firme e o quanto isso ajudava a moldar uma pessoa, porém como amiga de Sophie, como alguém obrigada a lidar com horrores desde criança... E ainda sim foi muito grata pela ajuda e compaixão que recebeu de Reije.

Já virara as costas e correra uma vez no passado, mas acabou tendo que se envolver em problema de novo¹ e novamente ao fim deixou Sophie sozinha. O inimigo agora era Kira, que também era irmã de Steve... Sophie podia lidar com aquilo sozinha? Ela sabia que sim. Mas sabia também que Sophie se esforçara para ajudá-la a manter sua vida normal e seus irmãos seguro. Achava que ficar afastada era um meio de manter isso, um agradecimento...

– Não. Não farei isso Sophie. Não virarei as costas pra você. – ela encarou a garota com determinação. – Eu faço de tudo pra não entrar numa briga, mas quando entro é pra vencer. Conte comigo. – e dito isso a ruiva saiu da sala deixando Sophie sozinha com seus pensamentos que de fato se tranquilizaram um pouco por saber que tinha a moça ao seu lado.

A conversa com Steve foi ruim, mas até certo ponto foi como planejei. O problema é que agora não posso prever uma jogada precisa por conta dele e suas futuras ações.

Em todo caso ele não pode sair daqui e nem seria idiota o bastante para fazer isso, então devo me concentrar em Maisy. Ela tem sido muito astuta, tem me evitado. Mas agora eu tenho a vantagem.

Você conseguiu fugir de mim por um bom tempo Kira, mas vamos ver como você se sai sem o caderno e tendo toda a população japonesa atrás de você. Xeque!