Death Note: Os Sucessores - 2 Temporada escrita por Nael


Capítulo 16
Cap.15: Especial - Histórias do Passado


Notas iniciais do capítulo

"A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente."
— Albert Einstein



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As Garotas Em Frente Aos Túmulos

Cemitério no Japão, alguns anos atrás.

O garoto de cabelos alvos se aproximou segurando uma única rosa azul do túmulo.

– Olá L. - ele depositou a flor. – Já faz tempo desde que estive aqui. O Japão é mesmo um país peculiar. Mesmo depois de tudo ele segue em frente como se nada tivesse acontecido. – ele se sentou ao seu modo na grama enrolando o cabelo. – Acho que no final ninguém se importa de fato, só estão preocupados com suas próprias vidas. Contanto que estejam a salvo não importa o que aconteça no mundo.

Ele olhou para o lado esquerdo onde alguns metros estava o túmulo da família Yagami. Light não foi enterrado junto ao pai, seu túmulo ficava afastado e a única coisa que o identificava eram as letras L.Y.

– Sendo assim temos confessar que Yagami foi um tanto humanitário. Achava que fazia aquilo tudo para o bem da humanidade. É ele foi um mero assassino, mas por trás de seus atos, até um certo ponto, havia um nobre sentimento. O de justiça, mesmo que da maneira errada. Nisso somos todos iguais.

Ele ficou em silêncio encarando a sepultura.

– Estou errado. Sei que estou. Se estivesse aqui diria algo contra a minha linha de pensamentos, algo óbvio, mas que eu não consigo ver. – ele suspirou cansado. – E toda vez que penso nisso... Sei que vou acabar fazendo besteira. Misa Amane dará a luz dentro de algumas semanas e essas crianças ainda vão reivindicar o passado delas em algum momento. Eu tento agir como você, mas sempre que tomo uma decisão penso que você faria algo diferente, teria outra opinião. Como você conseguia? Ser o L é uma maldição. É ter o mundo inteiro sobre você e ninguém em quem confiar, ninguém para conversar. Perdi todos. – ele se levantou com ar decepcionado. – E tudo o que resta para mim são túmulos e fantasmas daqueles que nem se quer ousei chamar de amigos. – ele se lembrou de Matt e Mello.

O vento soprou fazendo a rosa rolar até seus pés. O rapaz a pegou novamente e colocou num dos vasos onde jaziam buquês de flores mortas.

– Certo. Farei meu melhor. Espero não te decepcionar muito Lawliet. Adeus Detetive.

Ele começou a andar para a saída quando viu uma figura distante parada num túmulo isolado. Se escondeu em meio algumas sepulturas e viu a garota de cabelos escuros com os olhos lacrimejando colocar uma rosa vermelha no túmulo de Light.

– Light meu irmão... Você não era um assassino. Não pode ser. Você é meu irmão querido que sempre me ajudava com o dever de matemática. Sempre foi só um gênio entediado e incompreendido. Eu descobrirei a verdade e guardarei sua memória. – ela se virou e foi embora também.

Near saiu de seu esconderijo e encarou o túmulo.

– Que irônia.– ele riu de canto observado as letras iniciais grafadas em cor de cobre. – Acho que a vida é mesmo mais sarcástica do que eu pensava.

Ele ouviu passos e se virou rapidamente achando que Sayu havia voltado, mas se deparou com uma moça de cabelos claros e roupas azuis caminhando na direção do túmulo de Lawliet. Near ficou estático. Quem seria ela? Começou a ir na direção a sepultura também até se encontrarem.

– Veio visitar esse túmulo? – ela perguntou.

– Mais ou menos.

– Tem como mais ou menos visitar um túmulo? – ela brincou jogando o grande buquê de flores coloridas no rapaz. – Segure isso pra mim, sim?

– Ei, o que você pensa que...

– Então... – ela começou a tirar as flores mortas e murchas até que encontrou a rosa azul e a segurou se voltando para Near. – Como o Detetive L te ajudou? – eles se encararam.

– Como sabe disso?

– A identidade de L foi reveladas para muitas pessoas depois da sua morte. Entretanto... – ela colocou a flor dele num pequeno vaso ao lado e pegou seu buquê colorido e o colocado na frente. – Está é a primeira vez que visito o túmulo do meu irmão.

– O que? – Near se espantou. – Espere... Isso quer dizer que... Você é Lissana?

– Hum... E você se sabe disso deve ser Near. – ela estendeu a mão e ele formalmente a apertou. – Então finalmente nos encontramos, Novo L e bem aqui neste lugar onde dois grandes inimigos estão enterrados.

– Pois é. Que coincidência.

– Ah! Não, meu caro. Não existem coincidências. Apenas a ilusão delas. – ele ficou sem saber o que dizer. – Sabe, há uma loja de doces fabulosa aqui perto. Que tal uma torta de morango? – ele cerrou os olhos. – Não se preocupe tem jogos de dardos também. Venha. – ela saiu puxando-o pela mão. Algo que se tornaria um estranho hábito e que salvaria muitas vezes a vida daquele Detetive.

Mas essa é uma outra historia e terá de ser contada em outra ocasião.

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Gênios Merecem Um Descanso

Chovia naquela noite, não uma chuva forte e dilacerante, mas uma chuva insistente e preguiçosa que já açoitava Londres há três dias. O rapaz corria pela rua molhada, estava ensopado e escorregará tantas vezes que suas roupas outrora brancas estavam manchadas.

Dobrou a esquina e viu no final da rua a casa.

– Near. – a voz feminina veio gritando atrás. – Espere.

Ele nem se quer ouviu apenas continuou correndo até a porta que para seu desespero já tinha sido arrombada. Na sala estava o casal... Mortos. Cada um com um tiro preciso na cabeça.

– Está atrasado Detetive. – alguém descia as escadas às costas de Near. – Não há mais nada que... – o homem de sobretudo que carregava um revolver encarou o jovem a sua frente. – O que... Não. Você não é o L. Um pirralho sendo o maior detetive do mundo. Impossível.

– Poderia dizer o mesmo de você. – uma terceira pessoa disse atrás do homem apontando uma arma para sua cabeça. – Não matou pela primeira vez aos doze anos e o seu irmão mais velho?

– Solte a arma e se entregue. – disse Near. – Você não tem saída e ninguém mais para matar.

– Se engana detetive. – ele cerrou os olhos verdes. – Ainda falta um.

Ele chutou a moça que caiu para trás.

– Lisa. – Near gritou.

O homem saiu correndo e subiu as escadas, mas não antes de Lissana disparar alguns tiros e atingir seu braço.

– Você esta bem? – Near ajudou ela a se levantar. A moça pegou sua mão e saiu arrastando-o até a escada.

– Estou. Vamos.

No terraço da casa de três andares o homem estava relaxado com a cabeça pra trás sentindo a chuva. Quando os dois passaram pela porta de vidro ele levantou a arma pra eles, num movimento rápido a moça de cabelos agora castanhos fez o mesmo. O barulho das sirenes irrompeu pelo lugar.

– Está cercado. – disse Near. – Renda-se agora.

Ele soltou a arma no chão e chutou ate eles. Near a pegou e Lissana também abaixou um pouco a sua, mas mantendo guarda alta. Foi quando de repente o homem correu até a lateral e subiu no parapeito.

– Maurice. – Lissana ergueu a arma novamente.

– Me render? Isso é algo que nunca farei ainda mais para você, Detetive. – ele bateu uma espécie de continência e tombou para trás.

– Nããoo. – Near correu até ele. Chegou ao parapeito e segurou o sobretudo sendo puxado junto. Lissana o agarrou por trás puxando-o pela cintura. A vestimenta então se abriu e o homem despencou do terceiro andar do lado de trás da construção ao mesmo tempo em que um relâmpago rompeu no céu.

Não seria uma queda letal se lá embaixo não houve os metais das vigas de construção. Ali nos fundos estava sendo criado um ateliê já que a moradora era pintora de modo que tudo estava inacabado. Pregos e vigas de ferro estavam expostos que atravessando o corpo do homem.

Near se soltou de Lissana e correu até a beirada olhando o corpo totalmente perfurado e ensanguentado lá embaixo ao mesmo tempo em que os policiais invadiam a casa. Ele fechou o punho.

– Eu sinto muito. – ela se aproximou tocando o ombro dele que se esquivou para um lado. – Não dá pra salvar todo mundo Nate.

Ele se virou e a encarou. Ela não soube distinguir se era a chuva ou se ele realmente estava tentando não chorar, mas seus olhos estavam vermelhos e molhados.

– Eu falhei. Todo esse tempo eu só tenho falhado como L. – ele caiu de joelhos. – Quem eu quero enganar. Eu venci o Light, mas não consigo salvar ninguém. Tudo o que acontece com as pessoas ao meu redor é morrer e morrer. Do que adianta todo esse poder se não posso salvar ninguém. Mello... ele é que devia...

– Isso não é verdade. – ela se abaixou. – Sabe que fez muitas coisas boas, evitou mais mortes. Sei que gostava deles e realmente tentou, mas como disse não dá pra salvar todo mundo.

– PARE. – ele gritou. – Por favor, pare. – ele levantou o rosto e a encarou. – Não faça isso, não tente ser igual a mim. Pare de dizer coisas vazias e de agir indiferente a tudo isso porque...

– Às vezes ser frio e calculista não é o bastante? – ela sorriu. – Usar a cabeça, pensar como se tudo fosse um jogo de xadrez e sacrificar o que for preciso para a vitória não é a melhor opção?

– Eu... – aquilo era inaceitável. Ela estava lá para protegê-lo, não lhe dar lição de moral. Se bem que ela sempre lha dava os melhores conselhos. – Por que você tinha que fazer isso comigo? Não quis me tirar do cargo, então por que simplesmente não me deixou ser um jogador sem ligar para quem sacrifico?

– Porque aí você estaria a um passo de ser como o Kira. – ele ficou chocado. – Sentimentos são horríveis, mas também necessários. Se não sentisse tristeza nunca saberia apreciar a felicidade.

– Acontece que na verdade até eu tenho sentimentos, tá. Pronto, feliz? Admito, eu sinto e isso é doloroso. Há mais desvantagens do que vantagens nisso.

– Depende do ponto de vista. – ela o ergueu. – Se você age pela emoção e os sentimentos lhe faltará a razão para ponderar suas ações e você certamente falhará. É assim que surgem as pessoas prepotentes e loucas. Mas se você se guiar apenas pela razão faltara criatividade para achar uma saída, faltara bom senso e você começara a confundir o certo do errado, o necessário do fútil até que tudo se torne irrelevante. É assim que nascem as pessoas vazias e de qualquer forma você falha do mesmo jeito.

Ele arfou. Ainda segurava o sobretudo do homem que havia acabado de matar seus tios, ela o tirou das mãos dele e o guiou até um lugar coberto.

– Eu não sei se acredito em destino. Depois daquela bagunça com o Death Note, Deuses Da Morte, olhos de shinigami certamente há mais entre o céu e a terra do que pressupõe nossa vã filosofia. – ele voltou a falar calmamente. – Acho que no final das contas encontrar você naquele dia teve seus lados bons apesar de todos os inconvenientes que me faz passar.

Ela riu e policiais entraram no lugar.

– Obrigada.

– Estão bem? – perguntou o homem de uniforme.

– Sim. Apenas molhados. – ela respondeu.

– Esperem aqui em cima mais um pouco. Estamos terminando de averiguar tudo.

– Certo. – disse Near. – Lissana sendo assim eu tenho uma pergunta. – Ela o encarou pacificamente. Era raro ela perder o autocontrole, mas quando o fazia era assustador. Near descobriria isso mais tarde. – Por que não reivindica o cargo? Por que não se tornou o L? É cinco anos mais velha do que eu, sempre tem a resposta pra tudo, sabe lidar com as pessoas, pensa e fala exatamente como ele. Você seria um L perfeito. Todos te apoiariam.

– Se engana. – ela falou seria. – Eu não tenho autocontrole nem estômago o suficiente para isso. Apesar de tudo não consigo ver a saída quando estou diante de problemas como os que você enfrenta constantemente. Eu não saberia equilibrar a balança da razão e emoção e acabaria estragando tudo.

Ela se levantou e começou a caminhar até a porta. Ele resolveu acompanhá-la um pouco mais atrás.

– Além do mais não era isso que ele queria para mim. Acho que já estou ofendendo a memória do meu irmão o suficiente andando com você e me metendo nesses assuntos, mas assim como ele eu também tenho uma atração pelo perigo. – ela se virou para ele, novamente estavam sozinhos lá. – Então, faça jus ao titulo de L a parti de agora cabe a você manter o legado do meu irmão. Não permitirei que falhe.

Ela se aproximou dele.

– Eu serei seu braço direito em tudo o que precisar. Nunca estará sozinho enquanto tiver a mim. Vou mantê-lo em equilíbrio assim como Lawliet me ensinou.

Ele a encarou, a chuva começava a fraquejar.

– Então te direi as mesmas palavras que ele em disse quando descobri que ele era o L. Eu estava furiosa por ter me abandonado num internato por conta daquilo, mas depois entendi que era para minha própria proteção e de certo modo fiquei orgulhosa. Tudo aquilo começou simplesmente porque ele queria pegar o assassino dos nossos pais e de repente ele estava salvando milhares de famílias.

O rapaz a olhava fascinado e concentrado. Ela se calou por um momento e depois falou alto e claro:

– “Assim como a linha entre a lucidez e a loucura é tênue e caminham juntas razão e emoção não podem ser separadas. Você deve saber em que situação usá-las e sempre manter o equilíbrio. Assim, mesmo que tudo desmorone você encontrará uma saída usando a razão ao mesmo tempo em que saberá julgar o melhor caminho para seguir usando a emoção. Ser capaz de usar isso ao meu favor é o que faz de mim um bom Detetive, é isso que significa ser o L.”

– Muito bem. Entendo porque diz que não pode ocupar este cargo agora. – ele quebrou o silêncio. – Então eu serei o L e peço que me ajude a cumprir essa difícil tarefa. E prometo que...

Ela colocou o indicador os lábios dele fazendo-o calar.

– Shiii. Não. Hoje não dará a última palavra como sempre Detetive. – ela se aproximou deixando seus rostos tão próximos a ponto de sentirem um a respiração do outro. – Chega de tanto pensar. – ela terminou de se aproximar dele e ele enlaçou sua cintura.

Se Lawliet me visse agora certamente... Ora! Que se dane, Nate. Ela está certa. Chega de tanto pesar. Até um jogador como eu precisa de uma folga.

Sei que não vivi a vida segura que Lawliet tanto queria, mas, francamente, depois de tudo o que me disse tudo o que me ensinou... Como aquele antissocial do meu irmão esperava que eu simplesmente fosse uma boa garota vivendo a mentira de uma vida normal? Qual é o significado de viver se não para isso? Qual a graça de tantas dores, tristezas e sofrimento se não para aproveitar ao máximo os momentos prazerosos? Mesmo que isso me leve à ruína, mesmo que isso me mate eu não me importo. Nunca o temi, pelo contrário, sou fascinada pelo perigo.

E assim essa dupla surgiu. O Detetive L e a Olhos de Águia. Mas não durou muito, Lissana realmente não tinha vocação nem pretensão para ser o L. Chegou um momento em que ela não pode mais suportar, mas Near ao contrário estava melhor do que nunca. Graças a ela havia encontrado o equilíbrio e se tornado um Verdadeiro L.

Então era isso. Tinha que acabar formaram um bom time, mas era hora de cada um seguir sua vida. O perigo era fascinante, mas de repente pareceu tão pouco. Ela havia crescido confinada num internado então o perigo se tornou a única coisa que ela podia alcançar. Agora que era livre não havia mais necessidade de correr riscos para se sentir viva. Descobrira com Near que havia outros sentimentos que a faziam continuar vivendo, mas ele não estava disposto nem devia largar tudo por isso.

Assim chegou ao fim a dupla mais bem sucedida que existiu e o casal mais harmonioso e distinto que já se ouviu falar. Lissana temeu que sem ela Near voltasse a ser o racional vazio que era, mas tinha que confiar em seu trabalho, cabia a ele agora seguir sozinho. Por isso ficou muito feliz ao saber que ao invés de matar uma jovem ladra ele a acolheu em sua mansão disposto a lhe dar uma nova vida.

Mas essa é uma outra historia e deverá ser contada em outra ocasião.


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Notas finais do capítulo

"Arrepender-se do passado, aborrecer-se no presente, temer o futuro: assim é a vida. Só a morte, a quem está confiada a renovação sagrada das coisas, me promete a paz."
—Ugo Foscolo





Eu realmente não sei o que anda acontecendo comigo, estou bastante inspirada ultimamente. Pensei e cheguei a escrever historias paralelas à Fic, mas raramente as aperfeiçoou e posto.
Esta, no entanto, me cativou de uma maneira especial e como queria mesmo esclarecer sobre a saída do Near, a mulher misteriosa e Sayu se juntar aos Adoradores de Kira resolvi postar.
Espero que tenham gostado. Agora, retomemos ao presente...



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