Coração Assombrado escrita por Mrs Crowesdell


Capítulo 7
Capítulo 7




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Passei o resto da semana assim: Acordo, choro, escola, seguro o choro quando o vejo, volto para casa e fico lembrando das coisas que me disse. E choro mais. Foi assim todos dos dias.

Mas já não aguentava mais. Queria acabar com aquela maldita distância de algum jeito. Qualquer jeito. O problema era: Como? Não tenho coragem para fazer um exorcismo sozinha.

Minha mãe já estava quase me batendo por eu continuar afirmando que não era amor. Agora sabia o quão errada estava. Na verdade eu sabia que era, sim, amor, só não queria assumir nem para mim mesma nem para ninguém.

Outra coisa que me desconfortava era não saber o que ele sentia em relação a mim.

Será que só me queria longe? Será que não dói nada nele? Será que me ama tam... Não!... Por favor, não...

Qualquer coisa relacionada a ele me fazia chorar. Ou melhor: qualquer coisa me fazia lembrar ele – E aquela vadia da Lina – e chorar.

Sentia me com vontade de me matar por ser tão teimosa, por não assumir logo que era amor!

Que merda! Por que, senhor, por quê me faz sofrer tanto?!

Estava com raiva de mim mesma por ser tão idiota. Resolvi tentar esquecer de novo. Era o melhor a se fazer.

Então por que...?

Por que é amor, sua idiota” - Uma voz falava na minha cabeça além da minha. Mas era muito igual a minha. Sintia que era uma “outra eu” falando. Uma “outra eu” mais sábia.

Não! Não pode ser

O que impede de ser?”

. . . Apenas...

4 dias? Por que não assume logo? É tão fácil.”

Não é, não

Claro que é. Você que dificulta as coisas. Vai, é só falar...”

Eu...

Eu... o que? Por acaso tem medo?”

Não tenho medo!

Medrosa - Aquela palavra me fez lacrimejar – Se não tem medo por que hesita?”

Eu o amo – Dessa vez estava chorando sim, mas com um pequenino sorriso por finalmente ter conseguido.

Repete.”

Eu o amo. Amo o Luccas!

Repete!”

EU AMO O LUCCAS!

Ok. Já deu”

Num impulso pulei da cama e quando vi eu já estava vestida com um sobretudo vinho de algodão, uma calça legging preta parecendo couro e uma uncleboot diante do meu espelho do lado da porta. – Esses dias estavam muito frios depois da chuva - Limpei as lágrimas, dei um pequeno sorriso e sai.

Não sabia direito o que eu estava fazendo na verdade. Foi por puro impulso de querer vê-lo e estar com ele que eu estava saindo ao seu encontro. Não sei onde ele estava, como estava, com quem estava mas mesmo assim continuei descendo os dois lances de escada da minha casa correndo para porta de trás a batendo atrás de mim, sem guarda-chuva mesmo saí andando quase correndo sobre o tempo feio que ameaçava a chover.

Corri não sei por quanto tempo e nem sei por onde direito. Mas sempre ainda com a coragem e com a motivação de convencer Luccas que podíamos vencer Lina juntos se quiséssemos. Só dependia de nós. Principalmente dele, porque por mim... eu topo!

Só espero que quando o encontre essa minha coragem subta não acabe... eh... subitamente

Ainda estava com um pequeno sorriso no rosto mesmo cansada de correr. Também, é, eu fui uma idiota; eu achei mesmo que acharia ele facilmente na rua? Cara, ele podia estar em qualquer lugar da cidade.

Juro que estava quase desistindo quando o vi. Luccas, parado, esperando o sinal de pedestre abrir, segurando umas sacolas plásticas. Provavelmente tinha ido ao mercado.

Acho que fiquei mais feliz pela coragem subta não ter sumido do que por vê-lo. Corri, ao encontro dele.

Mas o sinal abriu e ele caminhou. Meu sorriso desapareceu mesmo que ele estivesse andando lentamente eu ainda estava um pouco distante dele... tá, eu estava em longe dele. Começou a me subir uma preocupação, mas não parei de correr. As pessoas esbarravam em mim com força, me atrasando mais, mas quando cheguei no sinal não me contive.

- Luccas! - Gritei ao meu máximo e ele me correspondeu virando-se assustado com os olhos arregalados.

- Deborah! - Foi a ultima coisa que ouvi antes de acordar no hospital.

Quando acordei meio zonza pude ver as paredes brancas e alguns aparelhos ao meu lado, a luz era fraca por causa das cortinas atrapalharem a claridade do lado de fora entrar, mas isso era bom que não doía minhas vistas. Estava deitada em uma cama de hospital – Obvio – e pude ver uma figura de casaco preto se levantando de uma cadeira na minha diagonal direita e só quando se aproximou de mim, vindo ao meu lado percebi que era um homem. Permaneci deitada por ainda estar tonta

- Deborah, sua louca.

- Luc...? - Minha vista ainda estava embaçada, mas reconheci sua voz. Afinal, quem mais teria uma voz deliciosa como aquela?

- Você é mesmo muito retardada, lerda e... - ele deu um meio sorriso alisando minha bochecha – medrosa.

- Por que... o que aconteceu direito? - Estava começando a melhorar e me recordar mais das coisas. Tudo estava ficando mais claro na minha mente.

- Você foi atropelada, mas não chegou a sofrer muitos danos. Quebrou o braço, bateu com o abdome e a cabeça. - Bem que senti um peso na... Ah, por isso essa faixa na cabeça.

- Falou que nem um medico agora. - Dei um sorriso triste.

- Tô treinando para quando eu for me formar. Afinal passo em medicina fácil, fácil.

- Aham, claro. - debochei esticando meu corpo para cima, escorando na cabeceira da cama.

- Iii, está duvidando de minhas habilidades? - tive que rir do jeito que ele falou. Ele se debruçou um pouco em cima de mim e completou me olhando nos olhos. - Posso te curar aqui e agora, quer ver? - Nossos rostos estavam perto demais, podia sentir sua respiração um pouco acelerada e quente. - Fiquei preocupado. O você é louca ou o quê, se tacando na frente daquele carro? - Em falar com preocupação... Espera, o sinal não estava aberto para pedestres?!

- O que você está fazendo? - Botei a mão no peito dele e o afastei. Meu senso de estraga prazer tinha voltado

- Te dando um beijo de despedida.

- Despedida?

- É. Te trouxe no hospital mas é só isso. Vamos voltar a nossa distância normal. - Normal? É, tem razão que eu nunca notei ele por 2 anos mas... normal?

- Foi por isso que eu corri na sua direção. - Continuei séria – Quero falar com você sobre...

- Ah, não. De novo não. Não desistiu mesmo?

- Tinha pensando realmente em desistir, mas achei que... não sente nada?! - Tinha me irritado um pouco. - Eu sei que nunca te dei atenção nem sabia que você existia, mas eu gosto mesmo de você. - Enrubesci um pouco. - E tô sofrendo por causa dessa... distância. Sei que parece o melhor a se fazer e compreendo...

- Se realmente entende então sabe que nós não podemos fazer nada.

- Claro que podemos! Só basta querermos. – Ele deu uma risada de deboche

- Querer? Não acho que só querendo acabar com ela vá nos ajudar. - Dei um sorrisinho

- Você acabou de dizer “nos ajudar” - Ele enrubesceu – Tenho uma impressão que podemos nos livrar dela se fizermos isso juntos. E acabarmos com essa merda de distancia. Minha mãe... ela, eu não sabia, mas ela me disse que viu a Lina ent...

- Ela viu?! Não me diga que ela também é...

- Uma mediadora. Podemos pedir ajuda dela, tenho certeza de que nos ajudaria! - Ele riu, mas deixou reinar um silêncio por alguns segundos. - ...Por favor. - O olhei com olhinhos de gato e ele retribuiu com um olhar de analista.

- Então... que se foda a Lina? - Ele se aproximou mais novamente

- É. - Ele apoiou uma mão na parede e a outra na cabeceira da cama me deixando entre seus braços. Acabei por dar um sorriso bem largo

- E que se foda a distancia?

- É...que se fo... - Só mais um pouco e os nossos narizes iriam se encontrar. Já estava sentindo a respiração dele quente e pesada. Só mais um pouco e iriamos entrelaçar nossos lábios, se a enfermeira não chegasse junto com a minha mãe e meu pai.

- Oh, você já... acordou. - A enfermeira falou pausadamente quando nos viu recuar envermelhados.

Meus pais podiam me dar o maior esporro de toda minha vida, mas os únicos pensamentos que rondavam na minha mente, enquanto o Luccas permanecia ao meu lado eram:

Até que... não foi tão difícil.

Quando é que ninguém vai chegar para interromper nosso beijo?!

- Luccas. Muito obrigada mesmo por ter trazido ela aqui. - Falou minha mãe parecendo meia desesperada. - Você está se sentindo bem, filhota? - Filhota?

- O quê vocês dois estavam fazendo aqui antes, eim? Luccas, obrigado, mas já pode ir. - Esse é o meu pai. Sempre se preocupando com a saúde da filha.

Ficamos conversando ali por algum tempo. Luccas até pareceu esquecer da sua psicótica namorada. Estávamos conversando rindo, mesmo eu estando numa cama toda ferrada – eu, não a cama – estava bem. Não doía muito. Só meu braço quebrado estava me agoniando bastante.

Era um alívio saber que eu e o Luccas tínhamos voltado a nos falar. Mesmo que depois disso tenhamos... eh... como posso falar?...

Bem, voltei a escola e todos ficaram se perguntando o por quê do meu gesso. Ok, foram só a Vivian e a Layla que fizeram um monte de perguntas, mas dava pra ver as caras de curiosos das outras pessoas. Afinal, me envolvi com o Luccas, que supostamente era um maluco, e voltei de braço quebrado. Aposto que a maioria das pessoas pensaram que ele tinha feito algo comigo.

Voltei a minha conversa normal com o Luccas, só era um pouco ruim dividir o recreio entre ele e as meninas, mas felizmente teve um intervalo que foi diferente: O inicio da nossa rebelião contra a distância criada por nós mesmos e o inicio de acontecimentos bem tensos. Na verdade, as coisas tensas começaram... no 1º dia de aula, quando eu disse “oi”. Pronto, uma palavra e tudo muda.

- As olimpíadas da escola estão chegando. - Vivian disse enquanto íamos para a ponte.

- É. Vão entrar para algum esporte?

- Me suar por nada? Tá maluca? - Layla

- Não pense assim; pense: Exercício físico para ficar com o corpinho em forma – Falou Vivian rebolando mostrando suas curvas. Tivemos que rir. - E não é por nada, vale ponto.

- Então você se inscreveu em alguma coisa? - Perguntei a ela.

- Não, mas pretendo. E uma coisa fora do assunto... - ela mandou um olhar malicioso para mim – Como vão as coisas com o Luccas Meducci? - Dei um risinho, olhando para baixo, envergonhada.

- Boas.

- É verdade, vocês voltaram a se falar nesse final de semana, né.

- Huum, saiu com ele no final de semana... - Vivian sendo idiota

- Nada a ver, Vivian!

- Por que não o chama no recreio? - Layla perguntou. E eu já tentei o chamar para ficar conosco, mas ele sempre recusava, com medo da Lina. Mas não creio que ela apareça aqui no meio dessa gente.

- Ele alega que é tímido. - Menti

- Sério? No 9º ano não parecia...

- E além do mais. Vocês não achavam ele maluco? Como podem querer que ele venha com a gente...

- Ei! Auto lá, mocinha! - Quê?! Layla completou:

- Nós não falamos nada sobre ele ficar com a gente.

- Mas vocês acabaram...

- Não, não, não. Você entendeu errado... - Vivian

- Falamos para você chamar ele. Você, entendeu? Você. Afinal, atualmente é a única que fala com ele – Húm, isso não é verdade. Tem a namorada psicótica dele: A “Lina-louca”. Haha, ainda rio disso.

- Ah, mas ele é muito maneiro. Caso ao contrario não estaria falando com ele.

- Caso ao contrario não estaria gamadinha nele. - Dei um tapa de leve em Vivian, mas estávamos rindo e eu levemente ruborizada. Dei uma olhada de longe para ele ainda com o sorriso no rosto. Ele estava encostado na parede de frente a ponte, ao lado do riacho, com uma perna dobrada e a outra esticada. Nós estávamos relativamente perto.

Notei que ele deu uma leve olhada por cima do seu lanche e fixou os olhos em mim e deu um meio sorriso. Aquele meio sorriso.

Não sei o que amo mais: Ele ou aquele sorriso dele.

Subitamente peguei a mão de quem estava ao meu lado, que era a Layla, e saí arrastando dando a volta na ponte e indo em direção a ele.

- Deb! Deb, Deborah! Me larga!

- Por que o medo? Ele não morde. - Eu acho. Ela estava tentando resistir, mas consegui faze-la chegar até lá e enquanto “caminhávamos” ele ficou nos encarando com se achasse aquilo bem estranho. Bom, qualquer pessoa acharia aquilo estranho. Vivian nos seguia quieta, eu acho, porque não consegui ouvir nada vindo dela, então... - Oi Luccas. - Disse animada. - Essa é a Layla que eu te falo. - Layla chegou mais perto de mim e sussurrou no meu ouvido:

- Você fala de mim para ele? - Ela deu um sorriso tímido e ele apenas arqueou uma sobrancelha.

- Oi. - Disse ele.

- E essa é a Vivian.

- Olá. - Vivian foi mais energética. Deu um sorriso mais aberto e um tchauzinho rápido.

- Bem, Luccas, você se inscreveu em alguma coisa para as olimpíadas? - Perguntei normalmente, mas ele arregalou os olhos e disse entre os dentes:

- Não. Você sabe que eu não posso.

- Não...? Ah, ata. - Anta. Tinha esquecido da distância dele com a sociedade por causa da Lina. Essa barreira estava começando a ceder então pensei que não teria problema. Só que lembrei que a Lina disse que não se foi totalmente... Droga!

Merda de Lina! Nem parece que o ama! Ah se fosse eu a assombra-lo...

Ele me olhou como se tivesse esquecido que elas estavam ali – mas não esqueceu – e completou:

- E você?

- Eu não, mas pretendo.

- Sério? Perdeu o medo de altura, de bola, de água, de terra, de rede...?

- Não! Quer dizer, eu não tenho medo! - ...Não dessas coisas.

- Não, que isso, imagina. - Ouvi Vivian e Layla caindo na gargalhada com o deboche dele.

- Ele tem razão, – disse Layla entre risos – você tem medo de tudo, como vai participar de alguma coisa?!

- Vive se escondendo lá atrás na quadra e no campo, - Mais risos vindo de Vivian. - sempre corre das bolas...!

- É só no queimado, para não ser queimada, oras!

- Aham, claro. - Disse ele me encarando rindo. Ele realmente se diverte com a minha desgraça. Eu também o encarava tentando ficar séria, mas acho que não estava adiantando.

- Ridículo.

- Medrosa. - Ele ainda estava me fitando com aquele sorriso.

- Ah, vão logo pra capela, pelo amor de Deus. - Disse Vivian

- Quê?! Que capela? - Eu disse virando para ela rapidamente

- …Com ela? - Ele apenas riu, Layla e a Vivian também.

- Parece que você não escapa das zoações mesmo, Deb. - Virei a cara para o lado empinando o nariz com os braços cruzados. Quando olhei melhor, ao longo pude ver de longe Erick me chamando.

- Com licença – Comecei a andar em direção a ele.

- Ii, ta fugindo? - Layla

- Deve estar com medo da gente também. - Ele disse e os deixei rindo.

Erick estava perto de uma das árvores do pátio, aquelas que falei que quando ventava voava um monte de pétalas rosas. É lindo. Seria mais se fosse em um campo florido mas tudo bem, a gente se contentava com o que tinha. Outra coisa linda que eu sempre quis ver era a neve caindo. Já que estava fazendo um tempo tão frio achei que esse dia estava próximo. E realmente estava. Só que não vi a neve como pensei que viria.

Bem, estou fugindo, novamente, do assunto. Continuando: Quando me aproximava de Erick coloquei minhas mãos no bolso do casaco - estava um barulho do capeta mas mesmo assim falei meio baixo.

- O que foi?

- Está de novo com ele?

- Ah, de novo isso. Olha... - Ele me interrompeu pegando o meu braço brutalmente pelo cotovelo. - Ai!

- Escuta. - Me puxou pra mais perto. - Não quero mais você metida com ele.

- Ii, ta se achando meu pai, é? Você não manda em mim não e ao contrario de você ele não parece louco.

- Eu sei que ele não é louco. - Co-como?! - É difícil explicar para você, mas é perigoso ficar perto dele. - Eu sabia muito bem disso. Mesmo assim, não conseguia me manter afastada.

- Eu sei que é, até ele já tentou me afastar... - até a Lina tentou me afastar...

- Obvio, é a coisa mais sensata a se fazer quando uma pessoa é... estranha. - Estranha? Espera...!

- Vem cá, como você sabe que ele não é louco?

- Eu já disse, é difícil de explicar...

- Você também é mediador?

- Não vejo outros espíritos, só ela. Acho que é por termos uma ligação

- Uma ligação? Não era você o namorado dela.

- Ainda bem; Deus me livre! Nunca na minha vida eu namoraria minha irmã! Isso seria... – WHAT?!

- E-espera! Repete! Sua irmã.. A Lina?!

- Não reparou a semelhança? - Tenho que concordar com o Luccas, eu sou uma lerda.

- Eu nunca... reparei.

- Nunca repara em nada fora do seu mundinho. Mas... você é?

- Sou o que?

- Mediadora.

- Sou uma falsa mediadora.

- Se você pode vê-la, a Lina, sabe que é melhor se manter longe. Não embarque nessa, por favor. Estava tão feliz que vocês tinham se afastado.

- Eu já conversei com ele, não vamos mais nos separar. Disse que iriamos nos livrar da Lina Juntos! - Dei um pequeno sorriso esperançoso... - Se quiser pode nos ajudar!

- Nem pensar! - Mas minha esperança acabou.

- Então, não se meta! - Fitei-o nos olhos e ele estreitou os dele.

- Me meto sim, e se for para te proteger...

- Me proteger?! O que está acontecendo com vocês? Por que querem tanto me proteger?! Assumo que tenho um pouco de medo da Lina com aquela faca demoníaca, mas sem ela eu posso cuidar dela sozinha.

- Espera, o Luccas também está te protegendo? - Corei um pouco ao ouvi-lo dizer isso e abaixei a cabeça.

- Sim, afinal ele não quer que ninguém se machuque. - Pude ouvir uma risada de deboche vindo de cima de mim, então levantei minha cara para ele e perguntei: - O que foi? Por que esta rindo? Qual a … - Olhei na direção em que ele olhava com aquele sorriso malicioso e puder ver que encarava Luccas e as garotas. Quando podia, Luccas olhava com um olhar frio para nós. Virei-me para Erick. Dava para ver os raios saindo do olhar deles. – O que está fazendo?!

- Eu que pergunto. O que está fazendo levando suas amigas para perto dele? Você poder ver, sentir e falar com a Lina é uma coisa mas elas não podem se defender sozinhas contra o nada. - Fiquei um pouco pensativa mas respondi.

- Você não respondeu minha pergunta! E pode ter certeza que... - Eu o continuei o encarando com raiva, mas ele nem se quer me dava atenção então levei um susto quando ele virou rápido para mim e me puxou mais para perto e me beijou. Com a outra mão livre Pegou meu rosto e a outra soltou meu braço e segurou minha cintura me prendendo.

Não queria aquele beijo, fiquei lutando para me soltar, mas ele era forte, por mais que eu me debatesse ele não me soltava e forçava a entrada da sua língua na minha boca. Quando estava para desistir sentindo minhas forças e meu folego indo embora, senti algo o afastando de mim.

Abri os olhos surpresa e vi que Erick não estava mais na minha frente e sim ao meu lado esfregando a bochecha. Olhei para o outro lado e vi Luccas de um jeito que eu nunca tinha visto.

Dava para ver a raiva nos olhos de Luccas e o punho de sua mão estava vermelho. Percebi que o que afastara Erick de mim foi um soco de Luccas.

- Isso doeu, cara. - Falou Erick ainda esfregando a bochecha, mas já se recompondo com um sorriso malicioso.

- Se você continuar com isso vai doer ainda mais.

- Ah é? Me mostra como?! - Erick disse com tom de deboche. Interrompi os dois me pondo no meio. A essa hora todos do pátio estavam olhando para nós.

Cadê os professores, diretores, coordenadores, inspetores dessa escola quando a gente precisa?!

- Ei, ei! Calma aí gente! O que deu em vocês dois?! Ficaram loucos?!

- Ele, Deborah, é louco de verdade se esqueceu? - O que ele esta dizendo? Ele disse que sabia que o Luc... Luccas não era louco. Talvez não queira falar para o pátio todo que vê a Lina. É, só pode ser isso. - Mas eu não, eu sempre fui apaixonado por você – Oi?...

- O que? - Ele tirou os olhos raivosos de cima de Luccas e me encarou. Não com o mesmo olhar, parecia mas calmo. Parecia

- Desde que entrei na escola nunca mais tirei os olhos de você. Quando nas poucas vezes que nos falamos me segurava para não te agarrar. Mas hoje, não aguentei. - Ele tocou meu rosto com as pontas dos dedos de leve. Estava tão incrédula que nem me movi. - Quando soube que você estava andando com esse carinha aí....

- É mentira! - Luccas interrompeu. - Ele está fazendo isso só para botar ciúme em mim!

- E consegui? - Agora nós olhávamos para Luccas vermelho como nunca. Não sei se era de vergonha ou de raiva.

- E-eu... ele também fez isso para te afastar de mim! - Erick arregalou os olhos com um sorriso de canto tímido.

- Ué?! Não era isso que você queria?!- Erick disse enquanto sentia duas pessoas me puxando pelos braços. Eram Layla e Vivian.

- Amiga, - Disse Vivian baixinho enquanto os garotos discutiam – anda, sai da aí. Você tá no meio do fogo cruzado. Vai acabar se machucando. - Eu ainda não tinha fechado a boca nem piscado, olhei para elas e me toquei.

- Não. Espera!... - Me livrei das duas, soltando meus braços, virei para Luccas e disse: - Luccas, para com isso. Vocês dois, parem com isso agora, por favor. Olhem em volta... - continuei baixinho. - depois discutimos isso em outro lugar.

- Está o acobertando? - Luccas me fitou com um olhar frio.

- Quê? Não! Luc...

- Então nos deixe resolver isso aqui e agora.

- Concordo. - Erick interferiu. Sentia um briga feia vindo.

- Vocês dois! Chega! - Explodi. - Erick, deixa eu e o Luccas em paz. Luccas, esquece isso, foi só um beijo.

- Só um beijo?! - Luccas me olhou com raiva, irado, bravo, e todas as definições de 'ele-não-está-de-bom-humor' possíveis. - Você gostou?! Gostou de tê-lo beijado?!

- Nã-nã... - Admito que estava com um medinho dele agora. Luccas nunca tinha falado assim comigo. Nunca o tinha visto desse jeito.

- Parecia que você estava lutando contra ele.

- Só no início, depois ela gamou. - Luccas rosnou ou ouvir as palavras de Erick e partiu para cima. Encostei em seu peito a centímetros de um acertar a cara do outro. Por que ninguém impede essa briga?!

- Luccas, por favor! Esquece isso! - Apertei meu rosto contra seu peito, tetando impedir das lágrimas rolarem. Lágrimas de frustração. O abracei mais forte pela cintura. - Por favor, já chega! Do mesmo jeito que você não quer que eu me machuque não quero que você saia machucado! Me ouve!

- Estou ouvindo. - Não olhei em seu rosto pois continuei o abraçando, tentando soluçar baixo, mas senti seus músculos ainda tensos, só que um pouaoc mais controlados. Ele pegou nos meus ombros e me obrigou a encara-lo. Seu olhar me feria. Não tinha ternura. - Você gosta dele? - Arregalei os olhos. Estava tentando protege-lo e ainda assim ele acha que eu gosto do Erick?! Para piorar a situação ele interpretou minha reação com um sim e foi embora.

Bem na hora o sinal bate. Sabia que quando voltássemos para sala o clima ia ficar tenso.

E estava certa. Estava mais que tenso. Estava não pesado que eu nem consegui respirar direito.

Por que ele não conseguiu entender minha ação? E por que, afinal, o Luccas deu um soco no Erick? Se ele quisesse me afastar dele, não era preciso uma agressão! A não ser que... pelo mesmo motivo que ele ficou com raiva... “ciúme”... – fiquei vermelha pensando na resposta - Será? Não, ele não... será?


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