"Eu costumava dominar o mundo."

Ela estava cansada de ouvir os monótomos discursos de Louis. Não a levem a mal. Ela amava seu melhor amigo. Mas, quando se fica dois meses ouvindo-o falar sobre animes, The Big Bang Theory* e Panic! At The Disco**, isso enjoa. Por isso, quando atravessaram o imenso portão com uma placa, onde lia-se "Ottawa High School", Marina soltou um imenso suspiro de alívio.

– Chegamos. - Ele disse, arrumando seu cabelo escuro.

Ela iria responder. Claro, se não tivesse sido atacada por um bando de coisas rosas e loiras com cheiros de gloss de morango e perfume floral. Suas melhores amigas. Giovanna, Clarisse e Rachel.

– Anh... Olá, garotas. - Falou, tentando tirá-las de cima de si.

– Tenho tantas novidades pra te contar, Mari. Você não vai acreditar o que aconteceu nessas férias. - Raquel começara a falar, enquanto enrolava delicadamente seu dedo indicador em seu cabelo loiro.

– Eu que o diga. - Marina respondeu, de súbito.

– Anh, eu acho que eu já vou indo. - Louis disse, retirando-se. Ao que, como resposta, recebeu olhares de alegria das garotas.

Nenhuma dela gostava realmente dele. Fingiam condescendência, por Marina, é claro. Mas, não se davam ao trabalho de demonstrar que gostavam dele.

– Enfim, já tá sabendo? - Giovanna disse, extrovertida, como sempre.

– Do que?

– Um tal de Peter King mudou-se pra cá faz um mês. E, pelo que eu ouvi dizer, é um gato.

Marina suspirou. Cada ano, as garotas arrumavam um garoto para "supervisionar". Ela, como sempre, preferia ficar de fora. Mas era quase sempre impossível.

– Garotas... - Ela começara a dizer.

– Não comece com "Garotas..." - Raquel dissera, numa imitação perfeita da voz de Marina. - Esse ano você precisa arrumar um namorado. Você não se cansa de ser sozinha?

Elas começaram a caminhar adentrando o colégio.

– Eu não sou sozinha. - Marina protestou. - Eu tenho o Luke, e o Louis.

– Luke? O seu gato? Acho que ele não conta. - Giovanna dissera.

– E o Louis é um babaca metido a Geek. - Raquel falou, mexendo em seu Iphone.

Marina apenas suspirou. Não adiantaria discutir com Raquel e Giovanna. Elas sempre teriam um argumento. Então, virou-se para Clarisse, a mais calada do grupo, e disse:

– O que acha?

– Acho que estamos atrasadas por ficarmos esperando você. Vamos para a aula.

As garotas correram até a diretoria, pegaram os horários e verificaram. As primeiras aulas de Marina eram de Biologia, junto com Clarisse. As duas primeiras de Giovanna eram de Inglês. E a de Raquel, Artes.

– Ok. Vemo-nos no almoço, então. — E saíram.

Alguns minutos depois, enquanto andava pelos corredores, a caminho da sala de Biologia, Marina se pegou pensando no tal de Peter King. Ano passado o garoto que as garotas supervisionaram, Stephen Robson, simplesmente deu um fora em Giovanna, a quem, por votação, foi destinada a tarefa de “ficar” com o garoto, para ver se ele prestava para as outras. Uma coisa com a qual Marina era totalmente contra. As garotas ficaram uns dois meses consolando Giovanna, que, por sinal, era a mais dramática do grupo.

Ela não iria passar suas férias novamente presa no quarto de uma das meninas, estendendo lenços de papel e consolando-a, enquanto ela ensopava sua camiseta de lágrimas. Ela amava suas amigas, mas não aturava drama e frescuras desse tipo. Por isso que ela sempre aconselhava as garotas a deixar a “supervisão” para lá.

Mas nunca a escutavam. E dessa vez, não seria diferente.

Ao entrar em sua classe se deparou com Louis sentado ao chão, em um canto da sala. Estranho. Mas, mais estranho que isso era que ao redor de Louis, todo da classe gritavam “Coke no Geek”, repetidamente. Marina chegou mais perto e encontrou Harry, um encrenqueiro de marca maior, chutando intensamente Louis em seu estomago. E, depois, se deu conta da causa dos gritos. Um dos garotos que “seguiam” Harry onde quer que ele fosse, estava segurando uma Diet Coke acima da cabeça de Louis, ameaçando derrubá-la.

— O que pensam que estão fazendo? — Marina gritou, e todos viraram para encará-la.

— Anw, a namoradinha do Nerd veio defendê-lo? De novo, Marina? Não acha que está na hora dele aprender a se defender sozinho? — Harry disse, na sua melhor cara de deboche, e tom irônico.

— Não é você quem decide isso. — Uma voz, que vinha de trás de mim, falou.

Virei todo o meu corpo para ver, e me deparei com um garoto alto, branco feito papel, com incríveis olhos azuis, e um cabelo loiro, descolorido, que já começava a voltar a sua cor natural. O preto mais escuro que já havia visto.

— Quem é você? — Ouvi Harry dizer, desfazendo seu tom irônico.

— O cara que irá socar essa sua cara de metido se não soltá-lo. — O garoto falou.

Harry soltou Louis, que caiu arfando no chão, e olhou para o garoto com um olhar irritado no rosto.

— Venha em cima, garotão! — Harry disse, provocando o garoto.

O garoto avançou em Harry, e em minutos, a multidão havia se dispersado em grupos ao redor de Harry e do garoto, enquanto eu corri para Louis.

— Que merda foi essa, Lou?

— Eu só fiz pisar na sala. Acho que não gostam muito de mim, sabe, Mah?

— Você acha? — Falei, ajudando-o a levantar.

Vi que todos estavam gritando “Briga, Briga, Briga!” em uníssono. Comecei a gritar além dos alunos da sala.

— Será que dá pra vocês pararem um minuto com isso?

— Sim, será que dá para pararem com isso?

Virei-me para a nova voz, e lá estava o nosso carrasco. O Sr. Rillsh, nosso professor de Biologia.

— Sr. Harry Button, não é um bom recomeço, sim? Acho que terei que mandá-lo para a detenção, outra vez, logo no começo das aulas.

Harry bufou, e sorriu, indo sentar-se em algum lugar do fundo da sala, com sua trupe.

— E você, Sr. King? Não está me passando uma boa impressão, se quer saber. Detenção.

Não, espera. Aquele ela Peter King? O garoto franziu sua testa, e sentou-se na primeira carteira que viu na frente.

— Srta. Spontbell, porque não leva Louis para a enfermaria? Depois, pode encontrar-me em minha sala e me relatar o que aconteceu aqui. Sr. King, ajude-a.

Um Louis quase desacordado colocou um de seus braços no meu ombro, e o outro no ombro do King, enquanto carregávamos ele pela porta afora.