Fazendo Meu Filme 5 - O Casamento Da Fani escrita por Gabriela


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece, não é?
Estava meio insatisfeita com o capítulo, por isso demorei tanto. Nada que uma tarde num café comendo torta de camarão e tomando um latte não pudesse resolver. Resultado: mil e novecentas palavras!
Não vou me prolongar aqui, então aproveitem a leitura, ok? Vejo vocês lá embaixo!
—x-
Capítulo reescrito



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Fani

Estava num lugar muito claro e inteiramente branco, assim como o vestido longo que eu usava. Mas não estava realmente lá, eu me via, como se fosse um filme.

Aos poucos, o local aparecia: era um quarto de uma casa comum, onde havia um enorme espelho. Sem saber por que, fui me aproximando até estar em frente à ele. Notei que estava diferente, mais gordinha. A Fani do sonho nem um pouco abalada com isso.

A claridade dificultava um pouco minha visão do meu reflexo, mas quando eu fiquei de lado na frente do espelho, me vi com uma barriga enorme, talvez uns sete meses de gravidez. Fiquei meio confusa e saí pela porta, sendo levada a outro local.

Dessa vez, eu usava um vestido floral rodado até os joelhos, a barriga havia sumido. O lugar, por sua vez, era parecido com um campo, a grama verde levemente alta. O sol brilhava forte, mas não incomodava. Comecei a olhar em volta, até que um garotinho de mais ou menos três anos correu em minha direção.

“Mamãe!” ele gritou. Observei o meu ‘eu do sonho’ pegá-lo nos braços, girando-o no ar. Era simplesmente a criança mais adorável que eu já havia visto. Sorri de sua risada.

Avistei o Leo de longe, depois que coloquei o (que eu acreditava ser) meu filho no chão. Ele se aproximava com um sorriso no rosto e carregava em seu colo um garotinho de, acho, um ano e meio. Ao se aproximar, me deu um beijo casto nos lábios e o que eu achava também ser meu filho me estendeu seus pequenos e gorduchos bracinhos.

A Fani do sonho o pegou nos braços, cheirando seu cabelo e sentindo aquele tão familiar cheiro de bebê, o qual eu também senti. Esses eram meus filhos, era a minha família de contos de fadas com o Leo.

Uma lágrima desceu de seus/meus olhos e o Leo percebeu, limpando-a com o polegar.

“Qual o problema?” ele perguntou, sorrindo para mim. Cheguei mais perto para observar melhor a cena.

‘Nada, eu só estou muito feliz.” respondi.

“Tudo bem, devem ser seus hormônios, amor. A gravidez mexe com você.” ele disse, pondo a mão na minha barriga, o que eu, a ‘Fani observadora’, também senti.

Eu não havia percebido antes, tinha uma pequena, mas já visível, elevação. Senti uma grande emoção e eu podia jurar ouvir os batimentos cardíacos do bebê, que eu sabia, inexplicavelmente, ser uma menina. Era um terceiro filho com o Leo, o quão maravilhoso isso é?

Sorrindo e chorando ao mesmo tempo, a Fani do sonho deu um outro beijo no Leo, o que fez o filho mais velho reclamar e dizer “Eca!”. Eles se separaram rindo e se abaixaram, enchendo os rapazezinhos de beijos.

E então tudo tornou-se claro outra vez, até estar completamente branco, e eu acordei.

–X-

Um milhão. Um milhão de coisas passam pela minha cabeça naqueles segundos entre levantar a xícara e bebericar o café. Elas vão desde a fome na África ao meu sonho de ontem à noite.

Fiquei um pouco confusa, mas uma felicidade inexplicável me assaltou e eu voltei a dormir, pensando no futuro e no que poderia ser.

Olhei para meu marido, que bebericava seu café enquanto olhava a rua lá fora. Era o último dia e fazíamos o desjejum antes de irmos para o aeroporto e voltarmos para os EUA, a fim de voltarmos com as nossas obrigações.

Ali, sentados na mesa de um café qualquer nas ruas de Amsterdã, lembramos das nossas aventuras na cidade. A competição de tequila, por exemplo.

Com certeza uma das melhores lembranças (e uma das mais engraçadas também), a competição de tequila, como o nome já diz, tratava-se de beber o número máximo de doses e depois andar pela borda da piscina sem cair dentro dela. Aconteceu numa festa dada pelo hotel, então não tivemos problemas com nada.

O número estipulado no início foi de 20 doses, mas eu mais umas cinco pessoas conseguimos 23, então subiram para 30. O Leo, coitado, saiu na terceira dose. Ele não é muito fã de bebedeira e odeia a ressaca que vem no outro dia.

Eu continuei e consegui tomar 35 doses, mas caí na piscina, deixando o posto de campeã para Julie, uma americana com a qual fizemos amizade no dia, que bebeu 37 doses e não caiu na piscina.

É, parece que os homens de hoje em dia estão fracos para bebida.

Ainda naquela noite, segundo ele, eu entrei no quarto errado. Segundo ele, o elevador parou num andar abaixo do nosso e eu, tri-bêbada desci no andar errado. O Leo disse que tentava me levar de volta, mas aparentemente eu gosto de correr quando estou bêbada.

Enfim, ele disse que havia uma porta aberta em um dos quartos e eu fui entrando. “Sorte mesmo foi todo mundo estar de roupa dentro daquele quarto”, ele disse.

No dia seguinte, ele reconheceu o casal que estava hospedado e nos desculpamos com os hóspedes durante o café da manhã e ainda fizemos amizade. Elas eram muito simpáticas e não se prenderam muito no ocorrido, então passamos a conversar e descobrimos que elas se chamavam Emma e Lucy e haviam acabado de se casar na Irlanda, sua terra natal.

Nós conversamos por mais um tempinho e depois fomos embora, pois tínhamos de aproveitar, já que nosso voo seria no outro dia (hoje, no caso).

Isso tudo quem me falou foi o Leo, porque eu, como é de se imaginar, não lembro de nada disso.

– Está rindo de que? – ele perguntou, me despertando dos meus devaneios, e me fazendo perceber que eu ria sozinha com as lembranças, a xícara ainda no meio do caminho.

– Estava lembrando da festa da tequila – falei, bebericando meu café, que já começara a esfriar.

– Aquela em que você bebeu tanto que entrou no quarto errado? – ele perguntou, fazendo graça – Hum, não me lembro...

– Para! – eu reclamei, dando um tapa de brincadeira em seu braço.

Terminamos de comer e pagamos a conta, saindo em direção ao hotel para pegarmos nossas malas e irmos para o aeroporto. Era o fim da minha lua de mel, e eu mal podia esperar pelo nossos dias ‘normais’ de marido e mulher.

–X-

Acabávamos de chegar no aeroporto, estávamos voltando para casa. Havia sido muito boa a nossa estadia por aqui, mas a vida real nos aguardava. A memória do sonho desta noite ainda estava em minha mente, e vez ou outra eu me pegava pensando nele...

– Já estou sentindo falta desse lugar... – falei, suspirando, enquanto sentávamos nas cadeiras da sala de embarques, depois de termos passado pela alfândega e tudo mais.

– Mas a gente ainda nem embarcou, amor! – o Leo falou.

– Eu sei, mas eu vou sentir muita falta daqui.

Ele me abraçou, beijando meus cabelos e dizendo:

– A gente vai voltar, prometo.

– Promessa é dívida, hein?! - brinquei

Tempos depois, nosso voo foi anunciado. Fiz muxoxo, mas segui para o portão de embarque. No caminho de volta conversamos sobre nossas expectativas para quando voltássemos (coisas do tipo “Danilo-parar-de-ser-trouxa-e-pedir-logo-a-mão-da-Ana”).

Quando o cansaço cobrou e resolvi tirar um cochilo. Acordei com o Leo me balançando de leve, perguntando se eu queria algo, enquanto a aeromoça o comia com os olhos. Eu tinha acabado de acordar, mas deu muito bem para perceber ela se insinuando para ele, o que me deixou muito enciumada. Sorri forçadamente e respondi que aceitava o lanche.

Na hora de escolher a bebida pedi uma água com gás e ela fingiu que não ouviu. Estava com vontade de esganar aquela fulana, mas não fiz nada. E, para completar, o Leo com o jeito dele todo educado era só sorrisos para a dita cuja.

Fiz novamente o meu pedido e ela sorriu, cínica. Sorri de volta, como quem quer dizer ‘tira o olho que ele é meu’. O Leo, alheio à minha “marcação de território” e ao interesse da aeromoça nele, comia despreocupadamente seu sanduíche de peito de peru.

Eu sei, era meio infantil a minha atitude, mas ela estava de olho no MEU marido! O que vocês fariam no meu lugar?

Àquela altura, não tinha mais sono, então depois de comer peguei meu livro na minha bolsa e iniciei a leitura. O Leo, por sua vez, conectou os fones de ouvido e ficou assistindo o episódio aleatório de The Middle que estava passando na TV.

Mas, antes disso, ele falou, rindo:

– Que coisa feia, dona Fani.

– O que?

– Você com ciúmes da aeromoça.

– Eu não estava com ciúmes. – menti descaradamente.

– Ah, não?

– Leo, você está divagando! – Globo, me contrata! Sou ótima atriz!

– Vou fingir que acredito – ele disse, finalmente colocando os fones.

Uma comissária de bordo veio recolher o lixo e, graças aos céus, não era a atirada de antes. Ainda faltavam cerca de duas horas para a aterrissagem e eu não conseguia me concentrar na leitura (obrigada, criancinhas bagunceiras das poltronas de trás), então pus os fones de ouvido no dispositivo da poltrona e fiquei assistindo um episódio de The Big Bang Theory que passava, junto com o Leo.

Acabado o episódio, começou um documentário no qual eu não estava interessada, então troquei o canal, colocando em uma rádio qualquer, onde passava a música do Jason Mraz, Love Someone. Fiquei ouvindo a música, mas não sei dizer em que momento dela eu cochilei novamente.

–X-

Acordei me sentindo meio confusa, como se não soubesse onde estava. O Leo percebeu minha confusão e tirou os fones, me perguntando se tudo estava bem.

– Sim, está sim. Eu só estou meio grogue.

– Ah, sim. Isso ajuda? – ele disse, me dando um selinho.

– Sim, ajuda. Já estou bem acordada agora – falei, roubando-lhe outro beijo.

Encostei de novo minha cabeça em seu ombro e fiquei olhando para o nada, ouvindo uma música que eu não conhecia na rádio do avião, até dar a hora da aterrissagem.

–X-

What’s up, guys?¹ Como foi a viagem? Já temos bebezinhos a caminho? – falou a Tracy, enquanto o Christian rolava os olhos. Ela havia aprendido português, mas gostava de misturar os dois idiomas.

– Não acelera, Tracy! – o Leo reclamou - Acabamos de casar!

– Ela está assim desde que marcamos a data do casório – o Christian esclareceu

– Que notícia maravilhosa! Quando vai ser? – perguntei

– Quinze de setembro, quando as folhas do outono começarem a querer cair. – Tracy respondeu

– Boa escolha – o Leo elogiou

Thanks² – disse Tracy

Seguimos para o carro, que estava no estacionamento. Durante o percurso, perguntei:

– A Ana já voltou para Filadélfia?

Eles se entreolharam e depois a Tracy olhou para mim, com uma cara não muito boa.

– Ela e o Dan tiveram uma briga, ela está ficando lá no apartamento.

– Sério? – perguntei, surpresa - Sabia que ela estava um pouco insegura pelo fato de que o Danilo ainda não a tinha pedido em casamento, mas nunca imaginei que isso geraria uma briga entre eles.

Fiz uma nota mental de passar no meu antigo apartamento (o qual não tínhamos vendido) para checar como a minha amiga estava.

– Pois é – disse o Christian, enquanto ele e o Leo colocavam a bagagem no porta-malas.

– Vou tentar conversar com ele, ver o que está rolando – o Leo disse.

– Tudo bem – começou Chris, dando a partida no carro -, querem passar em algum lugar antes de irmos?

Eu e o Leo nos entreolhamos antes de dizer, em uníssono:

– Hard Rock!

–X-

¹Expressão em inglês para “E aí, gente?”, em tradução livre.

² Expressão informal em inglês que quer dizer “Obrigado”.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Criticas? Sugestões?
Espero que tenham gostado e aguardo ansiosamente por reviews! Não tenho data para o próximo, me esforçarei o máximo para que não demore, ok?
Beijos!

PS: Alguém já ouviu a música do Major Lazer, Lean On? Estou completamente viciada nela e em outra chamada Powerful, também do Major Lazer.



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