Já houveram messias e salvadores deste mundo em apodrecimento. Eram pessoas nobres, com ideais nobres, mas que pretendiam mudar tudo e todos apenas expondo seus ideais. Alguns deles foram líderes religiosos, outros escritores, etc. O que todos eles tinham em comum? O fracasso. A inexistência de mudanças no mal cinza. No final, tudo que eles conseguiram ter foi um espaço na História ou algumas mudanças, mas jamais mudanças em relação ao Mal.

E Naruto adoraria mudar o mundo para honrar todos aqueles que não o fizeram. Mas a única forma concreta e real de mudar o mundo era mudar as pessoas, pois eram elas que formavam o sistema de coisas, eram elas que formavam a Civilização e todo o Mal, afinal, este é um conceito humano, Bem e Mal não existiriam se a Humanidade não existisse. No final, a causa do mundo cinzento era humana.

Uma coisa que intrigava Naruto era, de fato, a garota de seu sonho. Ele não sabia como ela se chamava, nem se ela possuía um nome, mas alguma parte do coração do mesmo sabia que ela não podia ser fruto da sua imaginação. Ela era, simplesmente, a idealização do que deveria ser uma mulher do Mundo Ideal, oposto ao Mundo Cinza.

E foi com esse tipo de pensamento em mente que Naruto levantou-se na manhã, acordado pelo o seu despertador, para ir até a escola ter mais um dia de sempre. Já haviam se passado dois dias desde o sonho com a linda de olhos perolados e ele já estava se conformando com a ideia de nunca mais vê-la, de nunca poder explicar-lhe o porquê do mundo estar cinza e cheio de abominações.

Ele fez sua higiene matinal naturalmente e tomou um banho. A água quente o confortava, ele queria poder passar a eternidade ali, mas não seria possível, obviamente. Ele fechou os olhos, pensando na delicadeza e docilidade da garota de seu tão precioso sonho. Qualquer homem se sentiria incapaz de atacá-la depois de fitar os seus olhos e ouvir a sua suave voz. Mesmo que no sonho tal voz estivesse repleta de desespero. Ele não queria sonhar com ela desesperada, queria apenas ter visto e, um dia, poder ver, um terno sorriso em seus lábios;

Ele finalmente saiu do curto banho, se enxugando com a toalha e indo para o quarto vestir suas roupas. Seu uniforme, no caso. E o dia ele já conseguia prever, seria igual a muitos outros: sua única companhia seria a Haruno e ele passaria o horário da recreação e da volta para casa a ouvindo tagarelar, enquanto ele tentaria terminar de ler o seu bendito livro.

Naruto, após vestir-se, pegou o seu livro de fábula, para ir lendo-o. E assim ele foi indo, preparando-se para encontrar a rosada a qualquer momento, já que ela seguia o mesmo caminho que ele para a escola. E assim se deu.

- NARUTOOOO!!!!! - ela gritou, correndo até ele.

Naruto fora forçado a terminar a leitura de seu livro para encarar a rosada. Ela era realmente muito bonita, embora não fizesse o tipo dele. Na verdade, nenhuma mulher que ele conhecia fazia, exceto a bela graciosa de seu sonho.

- Ah, oi de novo, Sakura - ele diz, normalmente. E então ele percebeu que deveria ler o seu livro em casa na próxima vez, porque tal coisa não seria possível com Sakura por perto.

- Por Deus... ainda com esse mal-humor? - Sakura diz, fingindo estar entediada. Naruto apenas revira os olhos.

- Bem, vamos logo, senão vamos nos atrasar - ele diz, enfim, começando a andar.

- Ei, espere! - Sakura o segue.

E, por mais clichê que isso seja, o dia de aula foi normal. Os professores, sempre desejando estar em outro lugar, lecionavam suas matérias, a maioria dos alunos prestava atenção, outros não faziam nada na sala de aula e eram advertidos. Naruto tentava descobrir o que aconteceria em seu livro, tentando o ler escondido de todos. Alguns achavam que Naruto era gay, por não mostrar interesse em garotas e por ler livros "de menininha".

Naruto só percebe algo um tanto curioso quando esse algo acontece: algo cai de seu livro. Ninguém pareceu notar, claro, nem mesmo os professores, mesmo com o ruído do objeto caindo no chão. O loiro, curioso, se agacha levemente para pegar o objeto, mas notou que ele caíra perto da carteira ao lado. Uma mão pega o objeto antes dele, Naruto levantou o ponto de visão para perceber quem era.

- Ah, você deixou cair isso, perdedor - diz o garoto, em voz baixa. Era Uchiha Sasuke, o garoto mais popular de toda a escola.

Sasuke era excelente nos estudos, nos esportes, com garotas e com amizades. A típica pessoa que todos gostam. Todos, menos Naruto, que o via como qualquer outro do mundo cinzento. Sasuke possuía uma pele alva, olhos cor de ônix e cabelos escuros, incrivelmente arrepiados para trás. E um sorriso um tanto zombeteiro no rosto, em cima de Naruto. Uma coisa que Naruto detestava, Sasuke também não ia com a cara do loiro e sempre tentava subjugá-lo, com ações como esse sorriso. Aquilo o irritava profundamente.

Sasuke estendeu o pequeno objeto para Naruto, que o pegou das mãos do moreno. E então ele se espantou - era uma chave dourada! Sim, uma chave. Mas jamais houvera uma chave como aquela naquele livro, se houvesse, ele, Naruto, já teria percebido. Era uma daquelas chaves antigas, que atualmente só abriria uma porta de uma casa antiga. Mas o livro que ele lia também era antigo e usado, talvez o dono antigo tivesse deixado o pertence entre as páginas, mas mesmo assim...

- Ah, obrigado, Sasuke - diz Naruto, normalmente. Indo sentar-se na sua carteira, com o objeto em mãos.

Durante a recreação, Naruto pôde ler o seu livro, já que Sakura estava com suas amigas Tenten e Ino, ela mesma, Sakura, se desculpou antes com Naruto por não poder ficar com ele no recreio. Não que Naruto se importasse, mas ele se surpreendeu com a aparente consideração da amiga de infância. Naruto não conseguiu se concentrar no livro, na história que ele contava, ele estava demasiadamente interessado pela a chave. Era antiga e dourada, mas não sabia dizer se era de ouro.

Aquele objeto o atraíra.

Naruto, o jovem Uzumaki, acabou indo para casa com Sakura, mas se mantinha em silêncio. Sakura, como sempre, tagarelava, mas aquilo não era importante. No final, ambos se separaram para seguirem os caminhos de suas respectivas casas. Naruto estava sozinho e só queria chegar logo e dormir, como fazia sempre, era sua rotina, afinal. E assim ele chegou, fechando a porta do quarto e se jogando na cama, com a chave em mãos.

E dormiu. Com a mente confusa, dormiu.

O Uzumaki começou a ouvir um ruído estranho em sua cabeça, mas era familiar... ele o ouvira antes naquele sonho! Naruto se viu sonolento, caminhando por uma densa floresta, verde, mas encantadora. Havia um brilho especial nela, ele podia olhar para o céu e ver um misto de cores... dourado, azul, vermelho... todas as cores com um brilho encantador, não como um arco-íris, mas era algo diferente. E ele caminhou por horas, sem sentir cansaço, e quanto mais ele caminhava, menos sonolento e letárgico o seu corpo se tornava.

E o ruído em sua cabeça se tornava mais forte. Quando ele se tornou ensurdecedor, Naruto pôde ver um riacho. E, em frente a visão do riacho, uma grossa porta de madeira, sem nada escrito. Ele, o loiro Uzumaki, intuitivamente se aproximou da porta, e notou que ainda tinha a chave em mãos. Ele então percebeu tudo e encaixou a chave na fechadura, a girando e abrindo a porta.

De dentro da porta, vinha uma luz, Naruto, como já havia ido até ali, não tinha escolha e atravessou a porta, indo de encontro com o brilho branco que quase o cegava.

A luz terna atingiu o seu corpo... era quente e agradável e, principalmente, o fazia se sentir vivo.