Forks – 22 de fevereiro de 2012, 1:45 a.m.

O tempo estava chuvoso, e os ventos pareciam cada vez mais fortes em Forks. Alice, Rosalie e Angela não aguentavam mais esperar por Caroline. O fracasso da noite de pijama das garotas já estava explicito depois que Carol estava três horas atrasada e não atendia o celular. Elas sabiam o quanto Carol gostava de fazer brincadeiras e surpreende-las, mas dessa vez isso estava indo longe demais.
– Rose, você sabe que a Carol iria se encontrar com ele e depois viria para cá. Você viu o que a Sra. Volturi disse, ela não iria voltar para casa hoje! – Angela falava enquanto olhava fixamente a rua escura pela janela.
– Ela deve passar a noite com ele Angel. Venha dormir, amanhã ela inventará alguma desculpa porque não nos avisou. – Rosalie deitou em um dos colchões espalhados pela sala.
– O que eu não entendo é porque ela terminaria com ele hoje. Os dois se amam tanto. Mas Carol esta esquisita desde que voltou da França. Ela disse que precisamos sair com homens mais velhos! Coitado do meu irmão. – Alice também se deitou.
– Exatamente. E como ela estava tão decidida a terminar, não dormiria com ele. – Angela continuava olhando pela janela – Estou preocupada meninas!
– Angel eu tenho certeza que amanhã ela inventará alguma desculpa. Vocês conhecem Caroline Volturi, ela sempre nos surpreende! Venha logo, se não amanhã você não irá acordar.
– Ótimo, mais uma noite de pijama que Carol não vem. – Alice falou irritada – Boa noite garotas!
– Boa noite Rose e Ali. – Angela respondeu ainda olhando pela janela que não mostrava sinal algum de Caroline.

Depois de esperar mais algum tempo por Carol, Angela deitou-se e adormeceu tentando entender porque a amiga gostava tanto de desaparecer sem dar noticias. A noite pareceu curta, quando as três garotas foram acordadas por Chelsea Hale, mãe de Rosalie e Jasper.
– Bom dia meninas!
– Bom dia mãe. – Rose se aproximou dando um beijo no rosto de Chelsea – Carol não apareceu ontem à noite.
– O que não é nenhuma novidade não é Sra. Hale? – Alice sorriu ao sentar-se na bancada pegando uma xicara de café.
– Ela deve ter dormido na casa do seu irmão Ali – Angela disse cabisbaixa, ela estava cansada de mentir por Caroline.
– A mãe dela sabe disso? – Chelsea arqueou as sobrancelhas e as três meninas se entreolharam. – Bom eu tenho que ir, boa aula para vocês!
Chelsea era médica no hospital de Forks, e trabalhava junto com a mãe de Caroline, o que significava que Carol teria problemas mais tarde em casa se não explicasse o motivo pelo qual tinha desaparecido na noite anterior, mas isso não era novidade para a garota que sempre conseguia driblar seus pais com mentiras absurdas.

O Colégio Forks High School, é o típico colégio americano onde é dividido entre os populares, como as lideres de torcida e os jogadores de futebol, e os não populares, que passam despercebidos aos longos dos anos. Caroline, Alice, Rosalie e Angela são as garotas mais populares do colégio, participando das líderes de torcidas e namorando jogadores de futebol. Angela e Alice namoram Ben e Jasper, respectivamente. Caroline é a chefe das líderes de torcida e namorava até a noite passada o garoto mais bonito da escola e talvez da cidade, Edward Cullen, que também é o capitão da equipe de futebol, e irmão de Alice e Emmett. Já Rosalie prefere experimentar um garoto a cada semana, por ser uma garota maravilhosa não tinha problemas em arrumar candidatos, mas Emmett nutria uma paixão avassaladora pela loira. Mas, aquele dia não seria apenas um dia comum no Colégio Forks High School, Caroline não apareceu, e nem nos dias seguintes.

Londres – 05 de novembro de 2012, 3:00 p.m.

Isabella abriu os olhos ainda com dificuldade. Sua cabeça estava doendo, e tentava entender onde estava. “Aquilo era um hospital?”, ela se perguntou mentalmente. Tudo parecia calmo e tranquilo, mas qualquer movimento que tentava realizar, uma dor imensa invadia seu corpo. "O que estava fazendo ali?"
– Isabella? Você está me ouvindo? – Dr. Peter perguntou.
A garota dos longos cabelos castanhos e incríveis olhos verdes tentou abrir a boca para respondê-lo, mas era uma tarefa difícil.
– Apenas aperte minha mão uma vez para sim e duas para não quando eu lhe fizer as perguntas, ok? – Dr. Peter segurou a mão delicada da garota e ela apertou uma vez mostrando que havia compreendido.
– Você está em um hospital. Lembra-se por quê?
Isabella apertou duas vezes a mão do médico.

A recuperação de Bella parecia estar cada dia mais fácil de ser alcançada ao longo dos dias. No começo a linda garota dos olhos verdes ainda parecia em choque quando a psicologa lhe contou sobre o acidente e sobre sua vida. A pobre garota não conseguia se lembrar de nada, não existiam lembranças em sua mente, apenas um vazio. Em alguns momentos aquilo era extremamente doloroso, pois não conseguia se quer sentir algum sentimento ou dor pela perda do seu pai. Mas por outro lado, era a chance de conseguir superar rapidamente e recomeçar uma nova vida, pois pelo que a psicologa havia lhe contado, sua mãe tinha morrido enquanto ela ainda era um bebê, e com a morte de seus pais, só sobravam seus tios maternos vivos, no qual ela nunca tinha tido nenhum contato, já que eles moravam do outro lado do oceano. E sobre seu pai, haviam lhe contado que ele era um importante empresário na Europa, e que sua herança garantiria uma vida de luxo até quando estivesse viva. Já os tios, Meredith e John Hollins estiveram presentes no hospital todos os dias que Bella esteve internada, mas por exigência da garota eles ainda não tinham se encontrado, estavam aguardando ela estar pronta para encara-los.
– Como está se sentindo hoje Bella? – Dr. Trevis perguntou enquanto aguardava a garota se sentar.
– Os sonhos. Eles parecem dizer alguma coisa Dr. Trevis! – ela respondeu
– Me conte sobre o ultimo.
– Eu estou correndo em uma rua escura. Mas meus cabelos estão mais claros, talvez eu esteja loira, não sei, está muito escuro. Alguém me segura pelo braço dizendo que eu não posso mais jogar com as pessoas, eu não reconheço a voz. Tudo some. Água, muita água. Como se eu tivesse no fundo de uma piscina, mas tudo ainda permanece escuro. E voz irreconhecível aparece novamente dizendo que não era para eu estar lá.
– Alguma coisa mais Srta. Swan?
– Não. Eu sempre acordo na hora da água, eu sinto que estou afogando.
– Isso pode ser uma influencia do acidente. Mas e sobre ele? Alguma lembrança? Consegue se lembrar de algo que possa explicar quem te tirou do carro?
– Não. É como se eu tivesse nascido novamente no hospital – os olhos verdes da garota encheram de água.
– Não chore Bella. Tudo ficará bem! – Dr. Trevis se aproximou da garota – Posso pedir para eles entrarem? Estão ansiosos para conhecer você. Estiveram todos esses dias esperando por você querer recebe-los! Acho que já esta na hora.
– Eles estão aqui? – Isabella perguntou curiosa, tentando conter algumas lágrimas que caiam sobre suas bochechas rosadas.
– Sim. E amanhã você já poderá ir embora. Você é uma garota maravilhosa, tem muita vida pela frente. Sei que é difícil recomeçar depois de tudo, mas dê uma chance a eles.

A garota assentiu com a cabeça, surpreendendo o médico. Isabella se levantou e foi até o espelho enquanto aguardava os tios entrarem naquela sala. Seus cabelos não estavam mais sedosos e brilhantes, embaixo dos seus olhos havia olheiras imensas e sua pele estava sem vida. Ela não conseguia lembrar-se de um momento se quer da sua vida, sua memória parecia apagada e vazia.

Assim que entraram no quarto de Bella, Meredith e John não conseguiam encarar a sobrinha com outra cara a não ser de espanto. Como a garota poderia ser tão parecida com Caroline Volturi? Se os lisos cabelos castanhos com apenas cachos em suas pontas, herdados da irmã de Meredith, fossem substituídos por um liso dourado, e os olhos verdes penetrantes por azuis escuros, poderia dizer que ela era Caroline Volturi.
– Você teve a mesma sensação? – Meredith perguntou ao saírem do hospital.
– Caroline Volturi. – John ainda tentava acreditar no que havia visto.
– Elas são idênticas. – Meredith disse perplexa – Isso não pode ser possível!
– Por enquanto Bella não precisa de mais problemas em sua vida Meredith.
– Mas não podemos ir embora de Forks!
– Eu sei. Mas tentaremos mantê-la longe dessa história o tempo que pudermos. E depois as pessoas se acostumarão.

Forks – 21 de fevereiro de 2013, 6:15 p.m.

Bella tomava seu banho um pouco mais animada naquela noite. Amanhã começaria suas aulas e ela estava feliz por recomeçar sua vida. Nos últimos meses tudo tinha sido tão difícil, que chegou a acreditar que nunca iria superar a perda da memória. Uma semana depois de sair do hospital em Londres, Meredith e John informaram que a garota se mudaria para Forks junto com eles para recomeçar a vida. No inicio aquilo parecia algo terrivelmente doloroso e impossível de lidar, mas afinal ela não se lembrava nada de Londres, então não seria tão ruim. E seus sonhos, que de alguma forma continuavam sempre acabando do mesmo jeito, dizia para a garota que ela encontraria suas respostas naquela pequena cidade norte-americana. E talvez, ela se sentia uma tola ao pensar nisso, mas achava que encontraria respostas para o acidente de seu pai e tinha esperanças em recuperar sua memoria. Por isso aceitou a partida para os Estados Unidos sem reclamar, deixando o vazio para trás sem mesmo sentir nada. Meredith e John estavam casados há dezesseis anos, e tentavam ter um filho há oito, então a repentina chegada de Bella havia transformado completamente a vida do casal. O problema maior, estava em esconde-la desde que haviam chegado a Forks, para evitar constrangimento para a garota não queriam que a garota pudesse ser confundida com Caroline Volturi, que estava desaparecida há quase um ano. Isabella nunca havia entendido porque ficara em Nova York esse tempo todo com Meredith, chegando a Forks somente há dois dias, mas a tia dizia que queria passar um tempo ao lado da sobrinha, porém ela apenas queria atrasar a chegada de Bella na pequena cidade. Já John havia ido para Forks trabalhar em busca de uma solução para a chegada da sobrinha, pois ele trabalhava no departamento de policia de Forks, e junto com Eleazer, era responsável pela investigação sobre o caso de Caroline Volturi, mas cada vez que pareciam chegar perto do suspeito pelo desaparecimento, já que nenhum corpo ainda havia sido encontrado, as pistas desapareciam, deixando John sem o que fazer quando Meredith e Bella voltaram de Nova York.
– Até o final da semana contaremos para ela. – Meredith sentou-se ao lado de John enquanto aguardava Bella tomar banho.
– Se alguém no colégio não contar antes. – John estava preocupado.
– Acho que estarão em choque demais para contar algo. Todos vão se lembrar dela. E Edward Cullen estará lá, você não pode deixar aquele maluco se aproximar da Bella.
– Ficarei de olho naquele rapaz Meredith. Se depender de mim ele jamais chegará perto da Bells.
– Quem tio John? – Bella perguntou descendo as escadas.
Os cabelos castanhos estavam sedosos e brilhantes novamente. A pele branca estava mais viva, e as bochechas rosadas completavam um lindo sorriso que estava presente naquela garota cheia de vida novamente.
– Nenhum garoto insolente da Forks School minha querida. – John sorriu para a sobrinha.
– Olhe só tia Meredith, olhe o tio ciumento que você foi me arrumar.
– Vejo que está com um bom humor esta noite Bella. – Meredith sorriu puxando a garota para sentar ao seu lado.
– Estou animada para amanhã tia. Algo me diz que não será apenas um recomeço! – Bella sorria – Tia, posso te pedir um favor?
– É claro minha querida. – Meredith colocou a mão sobre o rosto de Bella – Você sabe que pode me pedir qualquer coisa.
– Posso ir até aquela lanchonete que vimos ontem à noite? Não é muito longe e eu queria andar um pouco sozinha. Vocês ainda não deixaram eu me acostumar com a cidade e não quero parecer uma estranha amanhã no colégio.
Meredith lançou um olhar assustado para John.
– Deixe-a ir Meredith. Não é muito longe, e Bella estará em casa em uma hora. – John sorriu para a sobrinha ao vê-la concordando com a cabeça.
– Sim tia. Em uma hora eu estarei de volta! Só comerei alguma coisa e volto para casa.
– Tudo bem Bells. Pegue o meu carro, compraremos um para você na próxima semana.
– Obrigada gente! – Bella sorriu e pulou sobre os tios dando beijos em seus rostos – Estarei com meu celular, mas prometo voltar em uma hora.

Bella estava radiante com a possibilidade de andar sozinha pelas ruas de Forks, já que Meredith e John não a deixava sozinha de jeito nenhum, mas agora ela queria recomeçar, e para isso tinha que tentar ser mais independente. Estacionou o carro na rua ao lado da lanchonete que parecia estar cheia naquela noite, tinha esperanças de encontrar pessoas da sua idade, quem sabe até seus colegas de escola? Ali ela poderia ser ela mesma, esquecendo-se da sua falta de memória e do terrível acidente com seu pai.

Bella entrou na lanchonete ajeitando os cabelos, o lugar estava realmente cheio e havia uma turma de garotos e garotas gritando animadamente, mas todos se calaram ao vê-la. O silêncio predominou naquela mesa enquanto observavam a jovem garota incrivelmente bonita ir até o balcão.
– Vocês estão vendo isso? – Rosalie perguntou olhando assustada
– Eu não posso acreditar! – Angela colocou a mão sobre a boca
– Eu acho que bebi demais. – Emmett olhou para o seu copo de cerveja vazio.

Alice se levantou da mesa, olhando assustada para a garota que estava alguns passos a sua frente. Mas parou no instante que a porta da lanchonete abriu novamente, e o garoto de cabelos acobreados totalmente bagunçados e olhos castanhos, com a pele bronzeada entrou no lugar. Seu coração gelou e seus punhos se fecharam, era Edward Cullen, seu irmão, e assassino de sua melhor amiga.

Bella estava distraída olhando o cardápio, enquanto resolvia sobre seu pedido, ainda fascinada pela pequena e confortável lanchonete. Mas um barulho na porta chamou sua atenção, e seus olhos encontraram dois olhos castanhos claros a encarando de maneira assustadora, poderia jurar que o garoto sexy e sedutor a mataria apenas com aquele olhar, então a garota se arrepiou e sentiu insegura e desconfortável pela primeira vez. Mas mesmo dominada pelo medo, parecia reconhecê-lo de algum lugar. “Será que ele já tinha ido a Londres?”, ela se perguntava. Mas por que tinha que não se lembrar de nada? O estranho é que o garoto lindo e assustador parecia familiar.

Edward olhava para ela como se fosse um predador diante sua presa, um assassino diante sua vitima. “Era ela.” Ele repetia para si. O único amor de sua vida, tirado de sua vida de forma dolorosa e inaceitável estava viva? Os cabelos castanhos e os olhos verdes penetrantes desfaziam sua esperança de que estivesse encontrado novamente sua amada. A garota sorriu para ele, mesmo parecendo nervosa e assustada. Edward continuava a encarando, e se Caroline tivesse mudado a cor dos cabelos? E se estivesse com lentes de contato? Sabia como sua Carol gostava de surpreender a todos. Sem pensar duas vezes ele caminhou rapidamente até a garota que olhava assustada para ele, e sorria de forma nervosa.

– Carol? – ele perguntou segurando firme o braço da garota.