Já fazia um tempo desde que eu me senti tão bem, tão livre como estava hoje. Como disse um grande trouxa “É melhor pedir perdão do que permissão”.

Eu Lily Luna Potter estava completamente bem comigo mesma.

Bem o suficiente para aguentar a aula de Defesa contra as artes das trevas, não que eu não gostasse dessa aula, mas bem, a matéria do quarto ano não era bem... Divertida.

Se bem que se defender de maldições seria bem útil daqui para frente, já que estava esperando Rose aparecer de supetão e dizer: “Hey sua vadia, como ousa? Avada Kedavra”.

Não necessariamente nessa ordem dos fatores, ela podia me matar primeiro e depois cuspir palavras... hã, pejorativas.

Eu amava Rose e estar gostando do namorado dela é a maior sacanagem que alguém poderia fazer com um amigo, mesmo que esse amigo esteja tramando coisas obscuras por ai.

Pensei em mandar uma carta para minha mãe e lhe dizer que finalmente estava apaixonada, como ela um dia se apaixonara pelo meu pai, mas não me pareceu uma boa ideia dizer “Olá mãe, estou gostando do namorado da minha prima, que por sinal é filho de um ex-inimigo de vocês, lembra do Malfoy? Então, ele mesmo.”.

Na melhor das hipóteses ela teria um infarto e na pior James apareceria por aqui com água benta e juraria na frente de todos que agora eu era uma pessoa impura e que deveria ser purificada.

Suspirei, fazer parte de uma família não era fácil.

– Eu estava me perguntando quando você entraria em modo automático. – A voz de Annie me despertou e eu a encarei de soslaio. – Parabéns, você aguentou até a última aula antes de entrar no mundo da lua.

Dei-lhe uma cotovela e ela riu baixo.

– Qual o problema que você tem com os pensadores? – Perguntei divertida com a careta que ela fez.

– Os pensadores impedem a pessoa de agir como se deve, Di-Lua.

– É por isso que você estava saindo do dormitório escondido para dar uns pegas com pessoas alheias a noite? – Perguntei irônica.

Ela corou na hora e seus olhos azuis se arregalaram.

– Como você sabe? – Perguntou nervosa.

– Acredite minha cara, os pensadores sempre sabem. - Respondi risonha.

– E por hoje é só, estão dispensados. – O professor de defesa contra as artes das trevas falou em voz alta e vários alunos saíram em disparada para fora da sala.

– Mas me fale sobre você, conversou com o grande amor da sua vida? – Perguntou ela fazendo uma voz teatral.

Eu revirei os olhos.

– Foi mais pra um monólogo. – Respondi lembrando a cena. – Mas acabamos com tudo isso antes que alguém se machucasse, foi melhor assim. – Suspirei.

– Então, por que ele está vindo pra cá com uma cara de quem vai te sequestrar? – Ela apontou para frente.

QUÊ?!

Mal consegui virar para olhar e me senti ser arrastada por ai com certa brutalidade.

~~~~

– EI! – Gritei socando o braço dele para que soltasse minha mão e parasse de me arrastar.

Merlin, as pessoas estavam nos encarando.

– Pare de gritar. – Reclamou ele apertando mais a minha mão. – Temos que conversar.

Preguei meus pés no chão e consegui fazer com que ele parasse por alguns segundos e puxei minha mão com brutalidade, eu não queria conversar e nem mesmo ouvir suas desculpas e o quanto ele gostava de Rose, isso eu já sabia, sempre soube.

– Não, não temos que conversar nada. – Disse meio agressiva e dei um passo involuntário para trás. – Eu já disse tudo o que tinha a dizer.

– Mas eu não disse. – Scorpius falou sério. – Me escute por bem ou me escute por mal.

Cruzei meus braços e arqueei as sobrancelhas o desafiando.

Scorpius deu de ombros e avançou sobre mim me tirando do chão e me jogando sobre seus ombros.

Gritei.

– O que pensa que está fazendo? – Perguntei exaltada. – Eu não sou um saco de batatas.

– Realmente, um saco de batatas é mais leve. – Respondeu ele enquanto andava.

O quê?

– ESTÁ ME CHAMANDO DE GORDA? ME PÕE NO CHÃO OU REZE PELA SUA VIDA.

O idiota deu uma gargalhada, bom saber que alguém estava se divertindo com a situação.

Minutos mais tarde ele ainda continuava sem me dizer para onde estávamos indo, mas subimos vários lances de escadas e ele nem ousava me por no chão, então só tive uma alternativa que era me render e ficar calada nos braços dos inimigos.

E que braços por sinal.

Decidi que se não podia descer, eu o faria pôr-me no chão.

– Hm, você tem uma bela bunda. – Disse dando uns tapas nela.

O que é? Uma mulher precisa aproveitar as chances quando tem uma.

– Se quiser vê-la sem roupa, é só pedir. – Ele disse com um tom malicioso que me fez ruborizar ficando da cor dos meus cabelos.

– Eeer, não obrigada. – Respondi rapidamente.

E ele finalmente me colocou no chão com cuidado e arrumei minhas vestes batendo levemente nelas. Olhei ao redor e reconheci a torre de astronomia. Uau, ele havia andando bastante e não parecia nem um pouco cansado.

Suspirei enquanto cruzava os braços tentando produzir a minha melhor cara de brava.

Ele arqueou a sobrancelha esquerda me encarando e eu só pude pensar o quanto ele ficava sexy fazendo aquela expressão de falsa dúvida.

– O que é? – Perguntei incomodada. – Me arrastou até aqui pra ficar me encarando?

– Vocês da sonserina não conseguem ser menos agressivos? – Perguntou ele relaxando a expressão.

– Não quando estamos na frente de vocês, qual é, temos orgulho. – Disse e percebi que ele sorriu minimamente diante da minha resposta.

Novamente o silêncio se instalou e ele parecia procurar as palavras certas para começar o assunto e isso pareceu levar toda a eternidade.

Limpei a garganta o instigando a começar a falar e ele suspirou.

– Rose e eu terminamos. – Ele disse rapidamente e minha boca se abriu em um perfeito “O”.

Eu deveria ter ficado feliz ou triste, mas minha mente me impedia de sentir qualquer coisa enquanto eu o via mordendo o lábio inferior.

Céus, meu reino por uma foto dele assim.

– Ela terminou com você por minha causa? Eu... Sinto muito.

– Não, eu terminei com ela. – Ele respondeu rapidamente como se tentasse me aliviar da culpa que iria me corroer mais pra frente. – Eu não fui sincero com nenhuma de vocês duas.

Abaixei o olhar e encarar meus sapatos pareceu muito mais divertido de repente.

Senti sua mão no meu queixo e gentilmente o ergueu fazendo com que eu o encarasse sem ter para onde fugir ou recuar. Ele estava tão próximo e em meu íntimo eu não queria que ele se afastasse.

– Há tanto tempo que eu venho querendo lhe falar isso Lily. - Sua voz saiu abafada e rouca. – Há tanto tempo que eu venho te observando, decorando seus gestos, seus hábitos, seus sorrisos, seus olhares. - Senti seu polegar passando delicadamente pelos meus lábios e senti cada lugar queimar por dentro e por fora. – Quando você se sentou do meu lado naquele dia, quase te supliquei para que não fosse embora.

– Scorpius.. – Sussurrei e ele fechou os olhos como se estivesse se deliciando com algo.

– Eu gosto... De quando você diz meu nome. – Ele sussurrou bem mais perto de mim, nossos corpos estavam quase grudados.

E eu não tinha forças pra me colocar contra.

Senti seus olhos percorrendo toda a minha face como se ele pudesse decorar cada mínimo detalhe e finalmente seus olhos pararam em meus lábios como se pudesse prever o sabor deles.

– Eu não sou uma boa pessoa Lily. – Ele disse com a voz rouca e os lábios rentes aos meus. – Eu me apaixonei pela irmã do meu melhor amigo.

Então finalmente seus lábios capturaram os meus com toda urgência do mundo e eu não me opus, nossos lábios se misturavam com fervor e voracidade enquanto ele explorava cada canto deles. Ele colou nossos corpos ainda mais entrelaçando seus braços na minha cintura e eu percorri sua nuca com as minhas mãos. Eu não conseguia pensar em nada, só em como minha boca queimava junto à dele e como meu corpo reagia involuntariamente enquanto sentia suas mãos em minha cintura.

Scorpius mordeu meu lábio inferior e eu gemi diante do gesto, o que o fez sorrir maroto e voltar a me beijar, dessa vez mais lentamente, mais apaixonado e eu sentia que o ar já me faltava, mas isso não importava mais, eu não queria me afastar, não queria que ele se afastasse.

Nossos lábios se separaram e ele colou sua testa com a minha respirando com dificuldade, ele era tão mais alto que eu, e bater em seus ombros já não parecia mais um problema pra mim, pois meu corpo se encaixou perfeitamente em seu abraço urgente.

Senti seus dedos em meu cabelo e o senti enrolar uma mecha em seu dedo indicador e leva-la aos lábios aplicando um beijo na mecha e depois a soltando em um perfeito cacho ruivo.

– Eu gosto deles. – Ele disse somente enquanto colocava uma parte do meu cabelo para trás da orelha e me obrigou novamente a encará-lo.

– Hm.. – Foi a única coisa que consegui reproduzir.

Eu de repente só queria me enterrar em um buraco qualquer e fugir do constrangimento.

Ele riu baixo diante da minha “resposta” e seus lábios foram até a minha orelha, me provocando arrepios por todo o corpo.

– E Lily.. – Ele sussurrou em meu ouvido. – A proposta de me ver sem roupa ainda está de pé. – Ele disse maroto e se afastou indo embora me deixando sozinha completamente vermelha e com as pernas bambas.

Óh Merlin, piedade de nós.