“– Malfoy! – A voz me pegou de surpresa fazendo eu e Alvo virar para trás bruscamente.

– Lily? – Alvo perguntou confuso.

– Eu preciso falar com você! – Lily disse olhando para mim.”

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Verdades

Puxei Malfoy pelo pulso enquanto arrastava-o pelos enormes corredores de Hogwarts. Sentir sua pele em contato com a minha fazia minha mão queimar, de um modo bom, mas de certo modo não era o suficiente.

Estar fora por alguns dias me deu tempo para pensar em tudo. Eu, ele, Rose, nós. Tudo estava uma bagunça, Rose não estava sendo sincera, Malfoy não estava sendo sincero e o pior de tudo: Eu não estava sendo sincera.

Eu gostava dele.

E com muito custo consegui aceitar isso: Eu gostava do namorado da minha prima, que estava mancomunada com uma pessoa misteriosa para não perder Scorpius e eu estava de mão atadas, até aquele momento.

Annie estava certa, eu sou da Sonserina, eu sou orgulhosa, eu sou ambiciosa e quando alguém entrava no meu caminho por meios sujos só me fazia me sentir bem, meios sujos são nossas especialidades.

Eu não deixaria Rose roubar de mim algo que eu finalmente me propus a acreditar.

Eu passei a acreditar que poderia existir um nós.

“Pare de viver sob as sombras dela, você é mais do que isso!”

Scorpius tinha razão, eu posso ser mais do que ela, eu sou mais do que ela.

– Para onde está me levando Lily? – Scorpius perguntou e embora eu sentisse a dúvida em seu tom, ele não se mostrava contra estar sendo arrastado por ai comigo.

Eu não respondi, mas soltei seu pulso quando me vu sozinha em uma parte bem afastada no jardim, onde havia belas árvores, mas quase ninguém ousava ir ali e eu nunca quis saber o porquê.

Virei-me e encarei sua bela face e seus olhos azuis intensos que me encaravam avaliativos, como se procurassem alguma coisa que nem eu mesmo poderia saber.

– Por onde esteve? – Perguntou ele sem restrições. – Você não apareceu por dois dias seguidos.

Apenas continuei o encarando. Eu podia fazer aquilo? Eu gostava dele, mas ele gostava de mim?

– Sim. – Ele disse somente e eu me assustei. Como ele sabia o que eu estava pensando? – Você deve estar me odiando mais do que já odeia, não é mesmo?

Ri soprado.

– Sim, eu te odeio. – Disse friamente e vi uma pontada de dor em seus olhos. – E não vou me desculpar por isso, você virou minha vida de cabeça pra baixo, às coisas não eram assim quando eu somente odiava você a distancia, sua aproximação repentina, o modo de estar onde eu sempre estava, me salvar quando eu precisava, me deixaram completamente louca, culpada por sentir algo por você enquanto minha prima sofria a distância.

Scorpius abriu a pouca para falar, mas eu rapidamente o parei.

– Não fale nada, eu não quero ouvir o que você tem a dizer agora. – Disse e ele acatou fechando a boca e somente me encarando. – Suas palavras me machucaram, mas eu finalmente percebi, eu não vivi a sombra de Rose por ela ser inteligente, intelectual e tudo mais, eu vivi a sombra dela por você, desde a primeira vez que eu te vi no expresso, sabia que você seria meu maior problema, mas eu não pude evitar me aproximar. Então eu te odiei por ser aquilo que eu sem saber queria, mas jamais poderia ter e eu também não vou me desculpar por isso.

– Lily... – Meu nome foi soado como nunca havia sido antes, com tanta ternura que deixe-me deliciar com isso por alguns segundos.

– Se eu tiver que me desculpar que seja por isso.

Então o beijei. Meu primeiro ato impensado na vida, quando me permiti usar a emoção ao invés da razão.

Afastei-me da sensação magnífica de um simples selar de lábios que havia o deixado atônito, eu já sabia que ele não corresponderia por isso não me deixei abater quando seu olhar indecifrável me atravessou.

– Essa é minha verdade Scorpius.

Então simplesmente sai andando de cabeça erguida, deixando para trás um paralisado Malfoy. Eu não tinha arrependimento e nem mesmo vergonha, eu só precisava tentar e mostrar a mim mesma que não daria certo e o nós que eu acreditava já poderia desmoronar de minha mente. Eu não precisava da resposta dele, porque eu sou autossuficiente.

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– Scorpius? – Ouvi uma voz preocupada me chamar pela terceira vez, mas eu não queria responde-la, não queria distingui-la.

Eu só queria ter conseguido dizer alguma coisa, mas quando encontrei aqueles olhos tão fortes me encarando simplesmente a deixei ir embora, eu tinha tanto a dizer e deixei que só ela dissesse o que queria, me senti fraco diante da sua verdade, mas eu também tenho a minha verdade.

Abri os olhos e me desencostei da árvore que estive desde o jantar, não sabia por quanto tempo havia ficado lá, até que percebi que já tinha amanhecido. Se eu tivesse sido pego, ia tomar a maior detenção de todos os tempos.

– O que foi Rose? – Perguntei encarando a ruiva que um dia foi a minha melhor amiga e que agora já havia passado do termo complicado.

Eu nunca quis machucar Rose, ela era tão boa e me acolheu junto com Alvo quando ninguém mais quis e com eles eu aprendi muita coisa, mas as coisas desandaram e eu deixei fugir do meu controle.

– Você prometeu me encontrar ontem depois do jantar, mas sumiu com a Lily na frente de todos e só agora eu consegui encontra-lo. – Senti uma pontada de ciúmes em sua voz. – O que ela te falou que o deixou nesse estado deprimente?

Suspirei cansado.

– Rose, precisamos conversar. – Disse sério e a encarei com toda a seriedade, mesmo quando a senti desviar o olhar.

– Eu sei o que você vai falar Scorpius. – Disse ela. – E eu não sei se quero ouvir isso.

Segurei sua mão com firmeza e esse gesto a fez me encarar com tristeza.

– Não podemos mais continuar com essa farsa Rose. – Falei e ela apertou minha mão com força. – Naquela época estava tudo bem para mim, pois eu não gostava de ninguém e foi uma honra te ajudar a escapar daquele idiota que dava em cima de você, mas não posso mais fingir ser seu namorado... Eu encontrei alguém que eu goste.

– Lily? – Ela perguntou temerosa.

– Lily – Eu respondi com toda certeza do mundo.

Como isso havia acontecido?

Observar a irmã do meu melhor amigo havia começado com uma curiosidade besta, que havia se tornado uma diversão e se transformado em algo mais, e eu não precisei de nenhuma palavra dela para sentir que gostava dela.

Vê-la em ação era o bastante para mim, mesmo que me sentisse culpado por gostar de alguém dois anos mais nova.

Meu coração pegou fogo quando escutei suas palavras de ontem, tudo que eu queria era abraça-la e dizer tudo que eu sentia, mas eu fraquejei diante de seus majestosos olhos que me desafiavam.

– E se eu disser que o amo? – Rose perguntou e eu sorri tímido.

– Eu diria que também a amo, como a melhor amiga que você sempre foi. – Beijei sua testa e sorri. – Sinto muito Rose, essa é a minha escolha. – E sai.

Eu tinha coisas sérias a arrumar e eu precisava dizer a ela a minha verdade.