A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 53
A chegada de Otávio




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Mesmo se eu fosse uma grande escritora e soubesse todas as palavras do mundo, não seria o suficiente para descrever o que viria a seguir.

Tudo começou quando fizemos a ultima ultrassonografia antes do parto, Otávio já estava bem encaixado, só ganhando peso e esperando para nascer. Nossa ansiedade em conhecê-lo se fez ainda mais presente.

Os cuidados da parte de Carlos Daniel se redobraram, ele sempre estava comigo quando estava em casa, e quando não estava me ligava a cada hora. Apesar de achar um pouco exagerado eu gostava de ser tratada assim por ele, e me sentia mais segura.

Mas foi em uma quarta feira que realmente soube como a maternidade é grandiosa.

Carlos Daniel se levantou e me beijou ternamente, depois tomou banho, e voltou ao quarto com uma toalha em sua cintura e outra em suas mãos que ele usava para enxugar os cabelos.

— O que foi meu amor? – perguntou notando o quanto eu o mirava.

— Estou apenas admirando o belo homem que tenho. – disse sorrindo ainda deitada entre os travesseiros, aquela reta final da gestação estava me deixando um pouco indisposta.

Carlos Daniel veio ate mim e se sentou na beirada da cama, ele inclinou seu corpo e tocou levemente seus lábios sobre os meus.

— Eu te amo senhora Bracho. – sussurrou antes de tomar posse de minha boca.

— Eu também te amo. – sorri assim que encerramos o beijo.

Carlos Daniel sorriu e foi se vestir.

— Lina, eu vou a fabrica agora de manha, mas volto para passar à tarde com você, - disse se sentando outra vez na beirada da cama e acariciando meu rosto – eu disse a Rodrigo que a partir de agora quero estar mais próximo a voce, e não vou a fabrica todos os dias.

— Tudo bem meu amor, - sorri emocionada e segurei sua mão – eu quero que esteja junto a mim.

Carlos Daniel me beijou mais uma vez, e depois de me deixar ainda mais aconchegada na nossa cama seguiu para fabrica.

Já fazia algum tempo que eu andava de um lado ao outro no quarto, despertei sentindo algumas contrações, por sorte eu havia tirado todas as minhas duvidas com doutora Márcia, eu sabia que aquilo era só o começo, e já havia sentido algumas dores alguns dias atrás, mas aquelas eram diferentes.

— Voce esta querendo conhecer a mamãe, não é Otavio? – disse levando minha mão ate minha barriga, notei que ela estava mais durinha, e meu coração palpitou ainda mais forte.

— Paulina... – vovó disse entrando no quarto e percebendo meus olhos marejados se preocupou – Esta sentindo alguma coisa minha filha?

— Vovó... – sorri de emoção – o Otavio quer nascer.

— Minha filha, - ela disse indo ate mim e segurando minha mão – já ligou para o Carlos Daniel? Ele me recomendou tanto para ficar de olho em voce, acho que esta sentindo eu o filho nascerá hoje.

— Eu ainda não liguei vovó... - disse apertando firme sua mão quando uma contração surgia, dessa vez um pouco mais forte.

— Fique calma minha filha, vai dar tudo certo. – ela disse me tranquilizando – Eu vou ligar para o Carlos Daniel e pedir para Lalinha levar as malas para o carro. Tenho certeza que ele vai querer levar você imediatamente para o hospital.

Assim me vi outra vez sozinha, as contrações ainda estavam distantes, mas toda vez que aquela onda de dor surgia eu curvava meu corpo e sentia minha respiração falhar.

— Calma Paulina... Calma... – dizia para mim mesma.

Vovó logo voltou para ficar comigo, cronometrávamos os intervalos entre as contrações que continuavam distantes, Carlos Daniel chegou assim que eu sentia mais uma.

— Lina... – ele correu ate mim, eu estava apoiada sobre a penteadeira com o corpo curvado para frente enquanto tentava respirar como vovó me orientava – vamos para o hospital meu amor, vai ficar tudo bem.

— Carlos Daniel, acho que ainda aguento esperar mais um pouco. – disse com a voz embargada, respirando profundamente – Doutora Márcia disse que é assim mesmo, e pode levar muitas horas.

— Não Paulina, eu não vou aguentar ver voce assim e não fazer nada, - ele disse me pegando em seus braços – vamos para o hospital.

— Lalinha já colocou as malas no carro Carlos Daniel, Pedro vai levar vocês, assim voce pode dar mais atenção a Paulina.

— Obrigado vovó. – Carlos Daniel agradeceu já saindo comigo em seus braços.

Durante todo o caminho ate o hospital eu senti algumas contrações, estavam mais intensas e demoradas, e a única coisa que conseguia fazer era segurar firmemente a mão de Carlos Daniel.

Chegamos no hospital e rapidamente fui levada para a sala de exames, Carlos Daniel andava de um lado ao outro bagunçando os cabelos, e quando eu sentia aquela onda de dor ele corria ate mim, me abraçava, acariciava minha barriga, pedia para Otavio não me fazer sentir tanta dor, e apesar das dores eu não conseguia não sorrir de seu nervosismo e preocupação, não demorou muito para doutora Márcia chegar, e foi com um pouco de relutância que Carlos Daniel concordou em esperar do lado de fora.

— Acho que Otavio esta mesmo querendo nascer. – doutora Márcia disse enquanto me examinava – voce esta com dilatação de 3 centímetros. Se continuar assim acho que nascera hoje mesmo.

Não sei qual foi minha reação naquele momento, senti uma espécie de alivio por saber que meu filho nasceria naquele dia, mas também não pude evitar que a ansiedade me dominasse, Carlos Daniel voltou para o quarto, e vê-lo foi maravilhoso, a partir de então as contrações só aumentaram, havia momentos que sentia meus braços e pernas tremerem, Carlos Daniel me apoiava e amparava, e eu me perguntava internamente se conseguiria aguentar a cada vez que a dor ficava cada vez mais intensa, mais forte, perdi a noção das horas, Carlos Daniel não saiu do meu lado nem mesmo para almoçar.

— Você esta indo muito bem meu amor. – ele disse quando me levantei e comecei a andar pelo quarto, as contrações estavam mais próximas e eu estava inquieta, nenhuma posição ajudava com o alivio das dores.

Outra vez doutora Márcia veio me examinar, 6 cm de dilatação.

— Voce esta indo muito bem meu amor, muito bem. – Carlos Daniel dizia me demonstrando tanto amor e carinho naquele momento que era só nosso, ele me massageava, me abraçava, me encorajava quando eu sentia que não conseguiria.

Minha respiração já estava cansada, eu já não sabia ao certo quando uma contração acabava e quando a outra começava, doutora Marcia me examinou pela ultima vez, finalmente estava na hora, me transferiram para a maca e me levaram para a sala de parto, Carlos Daniel apareceu antes que eu tivesse a oportunidade de perguntar por ele. Eu sentia as lagrimas escorrendo por minha face, ele segurou minha mão, e ficou ao meu lado, encontrar seu olhar naquele momento foi indescritível, seus olhos marejados me transmitindo tantos sentimentos, amor, orgulho, gratidão... Naquele momento eu sabia que conseguiria tudo se ele estivesse ao meu lado.

Tudo ficou ainda mais intenso, a dor, a ansiedade de Otavio nascer, a força que fazia para trazer meu filho ao mundo.

— Força meu amor, ele esta vindo... – Carlos Daniel dizia emocionado segurando firme em minha mão.

— Vamos Paulina, agora... – doutora Márcia falava quando sentia mais uma contração.

Eu juntei todas as forças que havia em mim, agarrei firme a mão de Carlos Daniel, e com um grito abafado e em meio as lagrimas, trouxe Otavio ao mundo.

Ouvir o som de seu choro foi a melhor sensação que já havia sentido, e quando o colocaram sobre meu peito, descobri que não havia nada que se comparasse aquele momento. Seu cabelinho preto como o de Carlos Daniel, seu corpinho tão pequeno, tão perfeito, tão lindo, não há nada no mundo capaz de traduzir o que senti naquele momento.

— Nosso filho meu amor, nosso garotão. – a voz de Carlos Daniel estava embargada, sua mascara molhada pelas insistentes lagrimas que escorriam de seus olhos.

A pediatra pegou nosso filho e meus olhos os seguiram, Carlos Daniel beijou minha testa e foi atrás deles.

— Parabéns Paulina, é um menino lindo. – doutora Márcia me parabenizou quando a sala ficou silenciosa, ficando apenas ela e mais duas enfermeiras.

Logo Carlos Daniel voltou com aquele pacotinho nos braços, os olhos úmidos e vermelhos carregados de emoção e carinho.

— Oi mamãe! – ele disse colocando nosso bebezinho em meu colo, só então pude observar cada pequeno detalhe dele, seu cabelinho ainda molhado grudado na cabeça, seu rostinho, o nariz, a boca, tudo perfeito, lindo. E aquele cheiro que impregnou em minha alma e coração.

Carlos Daniel nos observava com admiração, amor. Logo depois levaram Otavio, e eu fui transferida para o quarto, não demorou e trouxeram nosso filho outra vez, ele dormia todo tranquilinho, a pediatra nos disse que ele estava bem, saudável, e meu coração transbordou ainda mais de felicidade.

Eu poderia passar a vida toda apenas admirando aquele pequeno ser, cada detalhe dele já estava cravado em meu coração, e eu tinha certeza que levaria comigo por toda a vida.

— Lina, ele é tão lindo... – Carlos Daniel disse acariciando o pequeno rostinho de nosso bebe.

— Ele tem muito de voce Carlos Daniel, - disse contornando o rostinho dele com a ponta do dedo – a boca, o nariz, o cabelinho... Eu estou tão feliz meu amor.

— Eu também estou Paulina. – ele disse segurando meu queixo delicadamente e logo depois me beijando suavemente.

Não demorou muito para que uma enfermeira entrasse no quarto para me ajudar a com a primeira amamentação de Otavio, me senti nervosa e ansiosa com esse momento tão intimo e maternal com meu filhinho.

— As primeiras mamadas podem causar desconfortos, mas logo seu bebê aprenderá a pegar seu peito. – ela disse amavelmente enquanto me ajudava a colocar Otavio na posição mais adequada, Carlos Daniel estava sentado ao meu lado na cama e segurava delicadamente meus ombros.

Otavio pegou meu seio sem muita dificuldade, ele estava faminto, senti um pouco de dor quando ele começou a sugar, mas a emoção daquele momento com ele era maior do que qualquer outra coisa, o ter em meus braços e poder estar o amamentando com meu leite era uma experiência incrível, aquele contato tão próximo com ele me fez sentir-me em uma plenitude inimaginável.

Assim que ele dormiu Carlos Daniel o pegou e colocou com todo cuidado no pequeno berço ao lado da cama, e logo voltou a se sentar ao meu lado.

— Agora é a sua vez de descansar meu amor. – ele disse com um sorriso, e um brilho intenso no olhar.

— Já avisou a vovó? – perguntei segurando suas mãos entre as minhas.

— Ainda não Lina, - ele sorriu – vou esperar amanhecer, devem estar todos dormindo.

— Tem razão. – sorri cansada.

— Não imagina o quanto estou orgulhoso, - ele levou uma de minhas mãos ate os lábios e a beijou delicadamente – voce foi tão forte meu amor, e me deu o maior dos presentes.

— Ele é tão lindo. – disse sentindo meus olhos umedecerem.

— É sim meu amor, - ele sorriu e se inclinou para me beijar ternamente – é lindo, perfeito. Mas agora descanse também, eu vou ficar velando o sono de vocês dois.

Sorri emocionada e ele me beijou mais uma vez, logo adormeci, cansada, mas repleta de uma felicidade que nunca imaginei ser tão grande.

No dia seguinte recebemos visitas de nossa família, todos se encantaram com meu pequeno Otavio, e Lizete não escondeu a alegria de poder pegar seu irmãozinho no colo com a ajuda do pai. Depois de dois dias recebemos alta e finalmente voltamos para casa, Otavio era calmo, tranquilo, quase não chorava e dormia bem para um recém nascido. Nunca em minha vida me senti tão completa como quando me tornei mãe.


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