A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 28
Estranhas sensações




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A semana começou nublada, cidade do México estava fria e cinzenta.

Depois de passar uma semana inteira com Paula e Paola, eu voltei para meu apartamento, e só pensava em Carlos Daniel e o quanto sentia sua falta.

Meus dias foram preenchidos entre a fabrica, Paula, Paola e Lizete, eu visitava Lizete todos os dias.

— Estou voltando meu amor. - Carlos Daniel disse ao telefone fazendo um sorriso surgir em meus lábios, era sexta-feira a noite e eu havia acabado de chegar da fabrica.

— Estou morrendo de saudades. - disse alegre, finalmente ele voltaria, voltaria para mim.

— Também estou Paulina, com muitas saudades meu amor.

— Quando chega? - perguntei ansiosa.

— Bem, provavelmente eu chegue amnhã a noite.

— Eu vou te esperar meu amor. - afirmei.

— Irei direto para seu apartamento, - sua voz se tornou tensa - temos que conversar.

— Aconteceu alguma coisa Carlos Daniel? - perguntei preocupada.

— Não se preocupe Paulina, não aconteceu nada. Só peço que nunca se esqueça que te amo, te amo mais que tudo.

— Não vou me esquecer, - senti um tremor percorrer meu corpo - eu também te amo.

— Ate amanhã minha vida. - ele se despediu, sua voz transmitia medo - Não se esqueceça que te amo, te amo Paulina.

Os dias que havia passado na casa de Paula me ajudou a conhecer melhor Paola, nós estavamos nos dando bem, apesar de as vezes parecer que ela estava entediada e irritada com tudo, sempre estava comigo, me perguntando sobre a vida que levava na Espanha e o que fazia, ficávamos horas falando e tentando conhecer melhor a outra, pelo menos era o que eu pensava, que Paola queria me conhecer melhor.

O que me deixava confusa era Paula, a cada dia eu a notava mais distante e abatida, ela não estava triste, pelo contrario, dava para perceber a felicidade estampada em seu rosto, mas essa felicidade não escondia que alguma coisa a atormentava.

Sábado amanheceu ainda mais frio, não se via nada no céu além de nuvens, parecia que a qualquer momento uma tempestade cairia sobre a cidade.

Como sempre acontecia, Paula me ligou convidando para almoçar com ela e Paola, e como sempre eu aceitei. Não podia negar nada a Paula, não quando uma de suas filhas desapareceu aos cinco anos e a outra não parava em casa. Eu sabia que Paula queria aproveitar o máximo suas filhas.

Cheguei na mansão Montaner as dez da manha, Paula veio me receber com a mesma alegria de sempre. Paola ainda dormia.

***

— Sabe qual é o meu maior desejo minha filha? - ela me perguntou segurando minhas mãos e olhando diretamente em meus olhos.

Apenas sorri e a olhei com ternura incentivando-a a continuar.

— Que você me chame de mamãe, - ela sorriu com o pensamento distante, meu coração acelerou se sentindo culpado - como fazia quando era criança.

Eu queria chama-la de mãe, não sei porque, mas nos últimos dias sentia essa necessidade. Talvez o fato de Paola ter aparecido e de termos ficado tanto tempo juntas contribuiu para isso. Mas eu não conseguia, eu sentia medo, e durante alguns segundos apenas a fitei intensamente enquanto sentia meus olhos se encherem de lagrimas, eu realmente tinha medo.

— Me desculpe, - disse baixinho sentindo uma lagrima escapar de meus olhos - eu não consigo...

Paula me puxou para seus braços, e me abraçou fortemente, senti meu coração apertado e um nó crescer em minha garganta.

— Porque não consegue minha filha? - ela perguntou acariciando meus cabelos - Sou sua mãe, confie em mim.

— Eu confio, mas tenho medo de te perder também, como perdi minha mãe adotiva. - disse segurando um soluço.

Paula não disse nada, apenas me abraçou mais forte enquanto me acalentava, me senti novamente com cinco anos, protegida e amada em seus braços.

— Ora mais que cena mais comovente, - Paola disse com sua voz marcante enquanto descia as escadas - por acaso contou nosso segredinho para minha querida irmãzinha, mamãe?

— Segredo? - disse me afastando dos braços de Paula e enxugando meu rosto - Que segredo?

— Não é nada minha filha, - Paula disse com ternura deslizando as pontas dos dedos por minha face - sua irmã que as vezes brinca na hora errada. - ela lançou um olhar de reprovação para Paola.

— Mas porque vocês estão com essa cara de enterro? - Paola perguntou irônica, eu não entendia o porque dela estar agindo assim.

— Estávamos apenas conversando Paola, - Paula disse séria e me olhou - coisas de mãe e filha.

— Esqueceram que também faço parte da família? - perguntou.

— Tudo bem Paola, - Paula respirou fundo - estávamos falando da dificuldade de Paulina em me chamar de mãe.

— Isso é um tanto irônico. - Paola falou me olhando.

— Irônico? - perguntei.

— Você não chama a mulher que te deu a vida de mãe, mas Lizete te chama de mamãe com muita facilidade não acha? - notei um certo sarcasmo em sua voz.

— É diferente Paola, - respirei fundo - Lizete nunca teve uma mãe.

Paola engoliu seco e notei que seu corpo estremeceu, ela fechou os olhos e respirou fundo.

— E então Lina, quando volta seu amado "Carlos Daniel"? - me perguntou estendendo a ultima palavra.

— Ele volta hoje. - disse a olhando intrigada, ela falava tranquila.

— Ele viajou tão repentinamente, - seu riso ecoou pela casa enquanto ela se sentava a nossa frente - parece ate que esta fugindo de algo, ou de alguém...

— JA CHEGA PAOLA. - Paula disse seriamente a interrompendo.

— Calma mamãe, eu não disse nada. - mais uma vez seu riso preencheu a casa - Estou apenas querendo abrir os olhos da minha irmã querida.

— Paola chega. - Paula disse baixo enquanto se levantava, seus olhos a reprovavam e a fitava com decepção.

— Tudo bem mãezinha, - ela sorriu sem se abater - estava apenas brincando com Paulina.

— Tudo bem Paula, - disse segurando sua mão - não discutem por minha causa.

— Não estamos discutindo Paulina. - Paola ainda sorria - Não é verdade mamãe?

— Por favor Paola, sem mais brincadeirinhas desnecessárias. - Paula disse séria voltando a sentar ao meu lado.

— Como quiser querida mãezinha. - disse Paola sorrindo alegremente.

***

Poucas horas depois eu estava a caminho de meu apartamento, Carlos Daniel poderia chegar a qualquer momento e eu estava morrendo de saudades.

A chuva já começava a cair em alguns pontos da cidade.

— Já voltou senhorita Paulina? - Filó perguntou quando entrei na cozinha.

— Já sim Filó, - disse sorrindo enquanto beijava sua bochecha - mas o que a senhora ainda faz aqui? Não te disse que poderia ir pra sua casa? Vai cai uma tempestade pelo tempo que esta lá fora.

— Eu sei Paulina, mas como você disse que o seu namorado voltava hoje, eu quis ficar para preparar um jantar especial para vocês dois. - ela sorriu amavelmente - E também eu posso pegar um taxi depois.

— Filó você não existe, - a abracei e beijei mais uma vez sua face - o que eu faria sem você?

— Não sei Paulina. - ela sorriu - Mas agora vá descansar um pouco enquanto preparo o jantar de vocês.

— Hmm... eu posso te ajudar? - perguntei sorrindo - Uma vez Carlos Daniel cozinhou pra mim, quero ajudar a fazer alguma coisa pra ele.

— Se você quer mesmo, - ela sorriu - pode me ajudar sim. Mas você assim tão bonita e elegante sabe cozinhar?

— Bem, eu cozinho algumas coisinhas sim. - sorri enquanto pegava um avental.

— Então vamos fazer um jantar delicioso. - ela sorriu.

Filó era fantástica na cozinha, apesar de ser muito humilde conhecia diversos pratos, para aquela noite, prepararia um prato italiano, muito saboroso, e o cheiro já deixava bem claro isso.

— Paulina, acho melhor você ir tomar um banho agora, - ela disse tirando a colher que eu usava para mexer o molho - não quer que o seu Carlos Daniel chegue e encontre você cheirando a temperos.

— Tem razão Filó, - sorri retirando o avental - acho que daqui a pouco ele chega.

— Vá se arrumar tranquila que eu cuido de tudo aqui.

Fui em direção ao quarto, mas ao passar pela sala a campainha tocou.

— Pode deixar que eu atendo Filó. - gritei para Filó.

Eu tinha absoluta certeza que era Carlos Daniel, meu coração acelerou, respirei fundo e abri a porta com um imenso sorriso no rosto.

— Você? - disse surpresa enquanto o sorriso se desfazia lentamente.


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