Nova York, sábado 21 de Junho

O despertador ainda insistia em tocar inconvenientemente pela terceira vez, como todos os dias, em cima do criado mudo ao lado da minha cama. O toque não era nem um pouco discreto e por que diabos eu ainda não havia o desativado para não tocar mais? Com reprovação eu o lancei para longe, sentindo-me irritado por ter sido acordado ás nove e meia da manhã por um mísero relógio, sendo que fui dormir já quase cinco. Rolei lentamente na cama, coçando meus olhos e me deparei pelo caminho com uma loira deitada ao meu lado, enrolada até a cintura com os meus lençóis, e completamente nua.

Deus... O que mais eu havia aprontado agora na noite anterior ?

Minha cabeça latejou forte quando sussurrei pra mim mesmo e tentei me lembrar á que horas ontem eu a trouxe para meu apartamento. Rolei voluntariamente meus olhos do inicio ao fim, por todo o corpo da mulher. E por incrível que pareça, eu não a olhei com malícia. Mais suas pernas torneadas bem expostas pra mim, seria quase uma missão impossível de eu não olhar. Admirando-a em silêncio por mais alguns segundos, conseguir observar ingenuamente que seus traços feminino era praticamente quase os mesmo da minha ex-esposa ou ex-noiva ... Eu não sabia ao certo a que palavra dá. Se é que um dia já fomos alguma coisa.

Balancei a cabeça em reprovação e levantei-me um pouco irritado. Não conseguia acreditar que eu ainda pensava naquela mulher, depois de tudo o que fez. Será que mesmo depois de quase a ano sem vê-la e tudo mais, eu nunca a esqueceria ?

Joguei água gelada no meu rosto e sustentei-me com as mãos na pia do banheiro. Coloquei uma cueca box preta e deixei de canto o fino lençol branco que cobria minha nudez. Eu ainda não entendia muito bem do o por quê que Elena me deixou implantado como um babaca naquela igreja a esperando para nos casar, trocando-me por um outro homem. Na verdade talvez, eu nunca irei entender isso.

Se já não bastasse ter perdido meus pais quando criança, para um terrível acidente de carro, e grandes traumas que tenho, Elena ainda teve coragem de fazer isso comigo. Bem que todos me alertavam sobre ela e eu apenas os ignoravam. Grande idiota eu era apaixonado por ela. Mas pelo menos eu ainda tinha a minha irmã Alice e os meus tios por parte de pai, que nos acolheu quando soube do ocorrido e fizeram para nos dois, o papel de mãe e pai presentes para todas as horas.

Sequei meu rosto e voltei para o quarto no intuito de acordar a mulher que eu mal sabia seu nome e muito menos me lembrava do que aconteceu entre nos dois na noite anterior. Claro que, eu já imaginava muito bem o que fizemos, só não me lembrava totalmente. Sem pouco me importar em ter cuidado com ela, eu a chamei duas vezes e logo fui retirando de cima da mesa as garrafas de cerveja que tomamos e limpando os cigarros jogados ao chão.

Eu não era um fumante compulsivo. Só fumava ás vezes e por diversão. Isso era o que eu falava.

Abrir um pouco as janelas do quarto e voltei a chama-la pela terceira e última vez. Quando ela acordou tentou me levar pra cama novamente e pouco se importou com sua nudez. E eu apenas a ignorei, retirando seus braços de mim e se afastando. Será que ela não se mancava que eu não iria pra cama com ela de novo ?

–Olha é ... – A olhei em cima á baixo tentando se lembrar de algum nome parecido com ela – Ah que seja. Só digo uma coisa : Não vai acontecer mais nada entre a gente, ok ? E o que aconteceu ontem, foi bom, mais esquece. E eu acho melhor você ir logo, antes que alguém chegue.

Segui para a cozinha a deixando se vestir e pude ouvir um resmungo logo atrás. Marquei uns cinco minutos do relógio, o tempo suficiente para ela ficar pronta e comecei a preparar uma vitamina.

–Não vai me dá pelo menos o dinheiro do táxi ? – Perguntou parada á minha frente de braços cruzados e já vestida. Ela usava um vestido vermelho e muito curto, que marcava bem suas curvas e um salto alto preto – Ou pensa que eu vou embora a pé ? E de salto ainda ?

–Ah claro ! – Respondi rolando os olhos e pegando minha carteira em cima do balcão ao lado. Retirei duas notas de cem e entreguei pra ela – Acho que isso já dá para pegar dois táxi.

–Hmn ... – Resmungou dando as costas e seguindo para a porta. Ela me olhou por inteiro e bateu o pé para chamar minha atenção. O estalo do salto ao piso me fez olhar pra ela em dúvida – Não vai abrir a porta ?

Larguei a faca em cima da mesa e avancei até ela. Abrir a porta e a fitei – Está bom agora ? – Perguntei com um sorriso irônico nos lábios.

–Sinceramente você é o pior homem que eu já dormi em toda á minha vida. Essa é a verdade – Falou antes de por sua pequena bolsa de lado e saiu praticamente cuspindo fogo. Pude ouvir ainda o barulho do salto dela estalando nos piso e ignorei fechando a porta.

O quê ela queria ? Que eu a recebesse com carícias e um bom café da manhã, quando acordasse ? Não ! Mil vezes não !

Desde que Elena me deixou, eu prometi a mim mesmo que nunca mais eu pagaria de apaixonado pra alguém e só dormiria com uma mulher sem compromisso. Nada de ser apegar em alguém. E que novas regras eu teria que mudar em minha vida.

A única coisa da qual eu deveria mesmo dá valor e me apegar realmente, é o meu trabalho, minha paixão pela música, o meu estúdio no centro da cidade.

–Edward ! – Ouvi um grito fino do outro lado me chamar antes que a porta se fechasse totalmente.

–Oi... É hãn... Alice ?! – Falei surpreso e abrir a porta pra ela.

–Eu mesma maninho, em carne e osso – Riu me abraçando – Está esperando alguém ? Eu posso ir embora e voltar outra hora...

–Sempre engraçada né Alice. Não estou esperando ninguém não... Agora senta aí e me fala, qual o motivo da visita ?

–Qual o motivo ? Você ainda pergunta isso Edward Cullen ? – Gritou – Ontem foi o seu aniversário e sabe o que você fez ? Não deu as caras lá em casa e ficou a tia Beth e Richard preocupados. Sabe Deus lá a onde você se enfiou !

–Desnecessário isso – Falei puxando uma cadeira – Vocês sabem muito bem que eu odeio comemorar aniversário, e você mais do ninguém sabe o motivo. Achei que tinha sido bem claro na sexta que não queria nada.

–Pare com isso Edward ! Ia ser só um bolo entre família e pronto.

–Mais mesmo assim eu não gosto e chega desse assunto – Soletrei dando de ombros – Pode deixar que depois eu ligo pro meu tio e peço desculpa.

–Certo... Mais agora me diz, como comemorou ontem ? – Perguntou sorridente e toda curiosa.

Abaixei minha cabeça rindo de lado e um pouco constrangido em falar da minha noite. O que contaria a ela ? Que passei á noite comemorando meu aniversário transando ?

Com certeza ela enlouqueceria, por que desde que Elena se foi, Alice nunca mais me viu com uma mulher ou soube que eu voltei a me divertir. Claro que ela deveria desconfiar mais não me perguntava.

–Ah Alice... Você sabe... – Gaguejei e me levantei.

–OMG ! Não acredito que aconteceu o que eu estou pensando ! – Seguiu-me até a cozinha – Até que fim Edward ! Achei que você nunca mais fosse pegar uma mulher, desde... Uh, você sabe...

–Isso Alice, explana mesmo. O jornal fica logo ali na frente ok ? Parece até que eu deixei de ser um virgem.

–Vou ignorar isso só por que estou muito feliz por você – Mostrou a língua – Então isso explica né a sua cara de ressaca e a bagunça nessa casa.

–Quer arrumar pra mim ? Tenho certeza que Dora vai te agradecer segunda-feira – Rolei os olhos e fui para o meu quarto.

Vesti uma blusa por baixo de uma jaqueta e uma calça jeans. Calcei meus sapatos e por fim tomei minha vitamina. Que por sinal já estava pronta fazia á tempo.

–Vai trabalhar em pleno domingo ? – Alice apareceu na porta comendo uma torrada.

–Não iria mais agora decidir ir. Não tenho nada pra fazer aqui mesmo e no estúdio eu já tenho, bastante coisa por sinal. E você ?

–Eu o quê ?

–Como vai seu namoro com aquele carinha da faculdade ? – Peguei meu celular e as chaves – Qual era o seu nome mesmo ?

–Ah, mudamos de assunto agora ?

–Sim. Qual é a graça ficar falando só de mim ? – Perguntei.

–Terminamos faz tempo, Eddie. Você sabe, eu não curto ficar presa em alguém... E ele beijava muito mal – Fez careta.

–Hmn... E meus tios não falaram nada dessa sua fase... Pega e larga ?

–Nossa que frase mais brega – Riu alto – E sim, mas só o tio Richard que não gostou muito... Ele é muito ciumento e protetor comigo.

–Quer o seu bem – A corrigir – Como eu.

Peguei algumas pastas e logo saímos. Pelo caminho quase todo, nos dois fomos conversando dentro do carro e quando Alice recebeu um telefonema de sua amiga, eu a deixei perto de um shopping. Como se eu já não estivesse acostumado com isso. Parei em frente á minha lanchonete preferida de Nova York – a melhor que já entrei até hoje e mesmo que só foram poucas vezes que comi lá -, e decidir entrar para comer algo ou levar para o estúdio. Ali vendia o melhor café do mundo e lotava na maioria das vezes. Pelo menos aconteceu na minha segunda última vez. Um bom lugar para relaxar e ler um bom livro.