Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 5
Aventuras na cafeteria




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Sam estava cansado. Fora algumas rápidas paradas para comprar sanduíches e ir ao banheiro, não havia largado seu posto de motorista. Dean dizia ainda não se sentir bem, e dessa forma, recusava-se a pegar no volante. O irmão mais velho permanecia dormindo abraçado ao seu ursinho de pelúcia, como uma criança pequena. Sam já tinha resolvido não mais se importar com isso.

O sol estava nascendo, e só então Sam se deu conta de que passara a noite dirigindo. Bocejou. Talvez fosse uma boa ideia parar e tomar um café-da-manhã decente.

– Sammy? O que foi? – Dean perguntou despertando do sono, assim que o irmão estacionou em frente a uma lanchonete de beira de estrada.

– Vou dar uma parada. Vamos comer? Estou exausto... – ele respondeu.

Dean assentiu. Enrolou o ursinho com cuidado nos braços e saiu do carro com ele no colo, como se fosse um bebê. Sam franziu o senho. Toda parada era a mesma coisa: Dean se recusava a largar o brinquedo, nem por alguns minutos. Sam já estava ficando envergonhado com o comportamento do irmão. Era impossível não chamar a atenção das pessoas desavisadas...

– Dean, deixa esse urso no carro, por favor... Ninguém vai roubá-lo, eu juro!

Dean não sabia como argumentar. Não havia argumentos razoáveis.

– Não! eu quero ficar com o meu ursinho... – ele respondeu, segurando o brinquedo contra o peito.

Sam estava muito cansado. Bateu a porta do Impala com força. Dean só podia estar “tirando uma” com a cara dele...

– Tudo bem, vou fingir que nem te conheço... – Sam responder entre dentes. Dean deu de ombros.

– Pelo menos cobre ele melhor... – Sam então sugeriu um pouco antes de colocarem os pés no estabelecimento. Com sorte pensariam se tratar de um bebê recém-nascido.

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Dean entrou na lanchonete e olhou ao redor. Pessoas altas, baixas, gordas, magras, brancas e pretas sorriam sadicamente engolindo ovos de todos os tipos. Sentiu-se enjoado com a cena. Sam viu o olhar de desgosto que o irmão lançou a um garotinho que se deliciava com uma porção de ovos com salsicha.

– Ainda enjoado? – perguntou

Dean balançou a cabeça afirmativamente e escolheu uma mesa bem afastada. Só assim não teria que presenciar a cena grotesca de pessoas devorando lindos e indefesos ovinhos.

– Bom dia, rapazes – cumprimentou a garçonete – Já sabem o que vão pedir?

– Eu vou querer um bagel com cream cheese e salmão defumado, uma panqueca com morangos e creme, e um suco de laranja grande – Sam pediu. Estava esfomeado.

– E você, papai? – ela disse carinhosamente, contemplando o embrulhinho no colo do caçador.

Dean corou. Gostava de ser chamado assim.

– Não sei ainda... Ele disse estudando o cardápio.

– Posso lhe sugerir o prato especial da casa? Duas panquecas, bacon, ovos mexidos...

Antes da moça acabar a frase, Sam a interrompeu, notando o quanto seu irmão parecia enojado. Pelo jeito ele havia mesmo desenvolvido uma terrível aversão a ovos...

– Ahh, nem fale em ovo perto dele. Ele odeia ovo!

“Ele odeia ovo”. Dean estremeceu. Dizem que as crianças ouvem de dentro da barriga das mães... Aquela frase não soou adequada, poderia ferir os sentimentos de seu filho.

– Eu não odeio ovos!!! – Dean vociferou aflito, trazendo o ursinho para mais perto de si.

Sam e a garçonete assustaram-se com a manifestação alarmada do louro. Entreolharam-se.

– Vai querer o ovinho mexido então? – a moça perguntou sem jeito.

– Não, eu não gosto de comer ovos!

Sam e a moça olharam para ele novamente interrogativos. Não estavam entendendo mais nada. Gostar de ovos e gostar e comer ovos não era a mesma coisa?

– Afinal, você gosta ou não gosta de ovo? – perguntou Sam.

– Claro que gosto, principalmente dos branquinhos – Lembrou de seu filho e sorriu. Estava com saudade de vê-lo, pois agora vivia escondido dentro do urso de pelúcia. Acariciou a barriguinha do urso e prosseguiu seu discurso.

– Eu adoro ovinhos bem branquinhos, com a casquinha bem lisinha. Acho a forma oval tão linda... Os ovos são criaturinhas realmente amáveis.

Sob o olhar estupefato da garçonete e de seu irmão, concluiu:

– Então eu não como ovos exatamente porque gosto deles!

Sam sorriu sem graça para a pobre moça que olhava para Dean espantada. Era a primeira vez que um defensor de ovos se manifestava naquele estabelecimento.

– Pode trazer o mesmo que eu pedi para ele também... – o Winchester mais novo pediu, doido para que a garçonete se afastasse. Estava com vergonha já.

Assim que a moça saiu, ele fitou o irmão com um misto de desgosto e preocupação.

– Que discurso doido foi esse? – ele perguntou incrédulo.

Dean não respondeu e Sam continuou:

– Cara, fala sério... Você está doido assim mesmo ou está tentando me assustar? Por que se está tentando me assustar, está conseguindo...

Dean notou o quanto seu irmão estava nervoso. Aquele discurso todo parecera insano, mas ele teve que dizer aquilo para não ferir os sentimentos do bebê. Agora ele precisava arranjar uma boa desculpa para evitar ser enviado para o hospício mais próximo.

– Sammy, eu estava refletindo, e resolvi virar vegan... Ele negócio de comer animais, leite, ovos... Isso não está certo... O animais são lindos, assim como todos os produtos derivados deles.

Sam já havia pensado em virar vegan antes, mas nunca esperaria isso de Dean. Talvez seu irmão não fosse mais o carnívoro selvagem que conhecera... O Winchester mais novo suspirou.

– É sério?

– Seríssimo... Eu andei lendo umas coisas, sobre o quanto os animais sofrem...

– Certo... – respondeu Sam. Fechou os olhos. Tudo o que ele queria era um colchão macio e um pouco de tranquilidade. Se Dean queria ser vegan, o problema era dele.

Pouco tempo depois a garçonete chegou com a comida.

– Aqui está – ela disse – Bagels com cream cheese e salmão defumado, panquecas com morangos e creme e suco de laranja. Para dois!

Assim que ela se afastou, Sam lançou um olhar pesaroso ao irmão.

– Você devia ter me avisado antes, Dean... Toma, pode ficar com os meus morangos também – o mais novo disse se apoderando de toda a comida, exceto as frutas.

– Eu vou comer só morangos? – Dean perguntou desesperado.

– Ué, você não é vegan? – Sam agora estava se divertindo. Era a sua vingança... Quem mandou Dean enlouquecer...

Enquanto Sam devorava panquecas e bagels, Dean mastigava os moranguinhos tristemente e bebia suco de laranja. Acabaram de comer e ele ainda estava com fome.

Sam, agora de barriga cheia, sentia-se ainda mais cansado. Pediu a conta.

– Qual será a forma de pagamento, senhor?

– Cartão de crédito – respondeu o caçador.

– É cartão? Pode pagar no balcão, por favor?

Sam assentiu. Olhou para a fila de pessoas que se aglomeravam perto do balcão para pagar. Não entendia com um lugar tão simples podia estar tão cheio. Estava morrendo de preguiça.

– Dean, vai lá pagar, por favor... – pediu ele.

Dean não respondeu, não estava prestando a menor atenção. Sentiu uma batidinha vindo da barriguinha do urso. Era seu filho se manifestando...

– Vamos tirar na sorte então... – sugeriu Sam. – Pedra, papel ou tesoura... – Sam sabia que a vitória era certa. Dean sempre colocava tesoura.

O Winchester mais velho nem mesmo sabia para que estava jogando. Tudo o que sabia era que seu bebê estava dando chutinhos. Sorriu abestalhado e fez uma tesoura com as mãos. Sam e sua pedra saíram-se vencedores.

– Ganhei! – Disse Sam. – Agora vai lá, Dean.

Chutinhos... A manifestação da vida dentro de seu ovo querido. Os olhos de Dean encheram-se de lágrimas. Quanta emoção...

– Dean... – Sam assombrou-se – Você está chorando?

Ele não precisou responder. A lágrima que rolou sobre sua face respondeu por ele.

– Que porra, Dean... Agora deu pra conseguir tudo na base do choro?! Pode ficar aí sentadinho no bem bom que eu vou lá entrar na fila. – Sam saiu zangado, batendo o pé. Entrou no final da fila e esperou impaciente.

Do que Sammy estava reclamando agora? Dean nem sabia ao certo... Com os olhos ainda marejados, levantou-se e começou a ninar o ursinho carinhosamente. O bebê estava agitado.

“Nana neném, que a cuca vem pegar...” – O caçador cantarolou baixinho balançando o ursinho suavemente. Chamou a atenção de todas as mulheres do recinto. O que um homem absolutamente lindo estava fazendo sozinho ninando um bebê? Talvez ele quisesse matar todas elas do coração...

Molly, que era cheia de si, tomou coragem e foi até ele. Queria ficar com aquele homem a qualquer custo.

– Seu filho? – ela perguntou.

Dean olhou para ela, desviando seus olhos do embrulhinho em seu colo.

– É... – respondeu.

– Essa criança tem uma mãe muito sortuda... – disse a moça sorrindo e balançando a cabeleira negra.

– Ah não... A mãe morreu... – Dean respondeu sincero.

– Ahhh... Sinto muito... – Disse Molly, quase tendo um infarte fulminante. Como podia ser assim tão sortuda? Aquela gostosura estava no papo!

– Tudo bem... – respondeu Dean. Quase escapou de seus lábios que ele mesmo a tinha matado, mas conseguiu guardar a informação para si.

A moça pegou uma salsicha e começou a mordiscar de forma insinuante. Dean, que não estava no clima para romance, apenas desejou devorar aquele suculento pedaço de carne. Sua barriga roncou de fome.

– Quer um pedaço? – Ela ofereceu.

Dean olhou para a fila, se certificando que Sam estava distraído. Agarrou a salsinha toda com as mãos e devorou-a sem pensar duas vezes. Molly até se assustou.

– Nossa, que apetite! – Exclamou ela. Será que ele era assim tão voraz na cama? Molly estava quase subindo pelas paredes.

A cena chamou a atenção de um rapaz muito gay, chamado Raul, que estava ali por perto e achou Dean maravilhoso.

– Você gosta de linguiça, meu querido? – ele perguntou ao caçador.

Dean estava com muita fome para se importar com insinuações. Balançou a cabeça veementemente e foi agraciado com uma prato cheinho delas.

Molly ficou enraivecida. O que aquela bicha louca estava fazendo se oferecendo para o seu loirão?

– Não coma essas porcarias, eu posso te oferecer algo muito melhor... – ela disse.

Foi difícil entender a resposta do rapaz, que falou com a boca lotada de linguiças:

– Então oferece rápido, antes que o meu irmão chegue!


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