Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 31
Palhaço no comando




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– Samandriel, você já foi ao Carnaval alguma vez? – perguntou Castiel.

Samandriel suspirou. Seu irmão andava pensativo e um tanto melancólico desde que voltara de seu último encontro com os humanos.

– Não.

– E nunca teve vontade de ir?

– Não. – respondeu o outro secamente, tentando cortar a conversa. – Joga logo, Cass. É sua vez!

Castiel lançou uma carta qualquer à mesa, mal conseguindo prestar atenção ao jogo. Talvez Sam, Dean e Samanthinha já tivessem até chegado no Rio. Deviam estar se divertindo a valer... Por que ninguém lembrava de convidá-lo para se divertir também? Ou talvez lembrassem, mas fizessem questão de não tê-lo por perto em momentos de descontração... Mas por que? Só porque era um anjo? Vai ver achavam-no sério demais... Castiel suspirou.

– Castiel... O que houve com você? – Samandriel finalmente perguntou. Ele tentara ignorar, mas seu irmão definitivamente parecia precisar de ajuda.

– Eu queria ir ao Carnaval... – disse o moreno, tristemente.

– Mas o Carnaval é em fevereiro... – respondeu Samandriel confuso.

– Não é não... Meus amigos estão indo agora...

Só se fosse Carnaval fora de época... Bem, ele não estava prendendo ninguém ali... Se Castiel quisesse parar de jogar para se divertir com os humanos, tudo bem... Ela não ficaria ofendido.

– Pode ir, Cass... Eu chamo Gabriel para jogar comigo...

Castiel suspirou pesadamente.

– Eles não me convidaram... E eu não quero ir assim, de penetra. Tenho o meu orgulho...

Samandriel virou os olhos. Os problemas de seu irmão eram tão mundanos... Por que ele se importava tanto com o que os humanos iam pensar?

– Então convida outro amigo para ir com você... – concluiu o anjo.

Os olhinhos de Castiel se ascenderam.

– Você vai comigo, Samandriel?

– Não! – espantou-se o louro. Não gostava de se misturar com os mortais. – Convide um humano. Você conhece vários deles, não é?

Castiel ficou pensativo. Samandriel estava certo... Sam, Dean e Samantha já tinham partido, mas talvez ele pudesse chamar a vovó para ir com ele. Assim se encontrariam todos no Carnaval! O anjo abriu um largo sorriso. Vai ver não lhe convidaram antes achando que não gostava de festas...

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– Socorro! Um palhaço! Horroroso!! – Berrava Sam, se encolhendo todo no colo de Maurice.

– Calma, fofa! Eu não vou deixar o palhacinho te pegar!

O bigodudo aproveitou para enfiar a mão da bunda de Sam. Que gostosinho ele era... Sorriu. Estava com sorte... Não sabia a que palhaço o travesti se referia, mas era agradecido a ele. Devia ser algum imbecil fantasiado... Os gays mais afeminados, como o belo de vestidinho rosa em seu colo, as vezes eram exageradamente frescos...

Maurice estava muito entretido apalpando o apavorado Sam para reparar no alvoroço que o tal palhacinho sem importância provocara. Perto dali, uma confusão já estava formada. Várias pessoas haviam visto o palhaço assassino, que, apesar de pequeno, era muito assustador. A Bicudin, sem entender o porquê de tantos gritos, já havia se escondido de novo. Até o titio Sam não parava de berrar... Vai ver dera para fazer escândalos depois que virou mulher.

– Ahhh! Palhaço! Socorro! – Gritava a comissária Maria. Já tinha esquecido de manter as aparências. Os passageiros já sabiam da velha defunta e do serzinho do mal que surgira do nada, todo sujo de sangue.

Alguns homens valentes levantaram-se de suas poltronas e foram a procura do palhaço, enquanto outros, apavorados, se encolhiam em suas poltronas.

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– Vovó!

– Cass? que surpresa! – exclamou Hilary ao ver seu anjinho predileto surgir do nada ao seu lado.

– Eu vim ter convidar para ir ao Carnaval comigo... Vamos?

– Carnaval, querido? – surpreendeu-se a velha.

– É... Vamos nos fantasiar e nos divertir! Lá no Rio de Janeiro... Vamos?

Hilary ficou pensativa. De onde Castiel tinha tirado aquela ideia? Em seguida se lembrou que ela mesma lhe havia dito que os Winchesters tinham ido para o Brasil aproveitar o evento... Pobre anjinho, provavelmente só queria se divertir também...

– E então, vovó? Vamos? – insistiu o rapaz, esperando ansioso por uma resposta.

A velha ponderou. Estava mesmo precisando de umas férias... E ela nem precisaria enfrentar horas em uma poltrona desconfortável de avião... Depois, quem sabe, poderiam encontrar Sam , Dean e Samanthinha e ver se estavam bem.

– Claro! Vamos sim, querido!

Hilary se arrumou rapidinho e empacotou algumas roupas em uma maleta pequena. Já estava se preparando para ser “zapeada” para o Brasil quando foi novamente surpreendida por Castiel.

– E a gente vai se fantasiar de que, vovó?

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Samanthinha estava assustada. Pessoas gritavam e corriam para todos os lados. Ela precisava achar Mama Dean para protegê-la, mas não tinha mais a menor ideia de onde ficava seu assento.

Corajosamente, a pequena Bicudin resolveu sair novamente de seu esconderijo e correr pelo corredor do avião.

– Ahhhhhh! – Berrou uma mulher. – Ali! O monstro!!!

Todos começaram a gritar e levantaram-se de seus assentos. Foi uma correria geral. Algumas pessoas jogaram seus laptops na tentativa de atingir o palhacinho macabro, mas erraram o alvo vergonhosamente.

Apavorada Samanthinha correu o mais depressa que pode, e acabou se enfiando por uma porta. Lá dentro, encontrou dois homens uniformizados, que pareciam compenetrados brincando com uns botões coloridos.

– Tio? – chamou a criança, já começando a chorar. Precisava de ajuda no meio daquele caos.

Os dois homens viraram-se para ela. O que viram foi o que parecia um palhaço de pano, com o adicional de um enorme e choroso bico. Ainda por cima sujo de sangue...

O piloto apenas suspirou, e desmaiou em seguida. Nunca tinha visto nada tão assustador.

– Ca... Ca... calma... S... Seu.. Pa... Palhaço. – gaguejou o co-piloto. – Co.. Coma ele se quiser! – disse apontando para o colega. - Mas me deixe passaaaaar! – berrou por fim, fugindo depressa da cabine. Foi direto para o banheiro e se trancou por lá. O piloto automático que desse conta do recado.

Será que o homem tinha morrido? Samanthinha não sabia, mas nem ligou. Ela não queria mais comer, só pensava agora em encontrar a mãe... Pensou em sair da cabine, seguindo o tio de uniforme, mas a gritaria e confusão eram enormes do outro lado da porta.

O que será que eram aquele botões? A criança resolveu averiguar, curiosa. Começou a mexer em tudo. O avião começou a trepidar violentamente.

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– Eu gostei dessa roupa amarela! – exclamou Castiel sorrindo.

– Pikachu? Tem certeza, Cass?

O anjo balançou a cabeça afirmativamente, sorrindo.

Hilary ia perguntar se Castiel sabia quem era Pikachu, mas desistiu. O anjo não sabia nem quem era o super-homem... Se ele quisesse ir vestido de Pikachu, que assim fosse... Para ela, escolheu uma discreta fantasia de camponesa.

Assim que saíram da loja, Castiel já estava enfiado na fantasia, chamando a atenção de todos os passantes. Mas o anjinho estava feliz da vida e era isso que importava.

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– Ahhhh! Socorro! O avião vai cair! Palhaço sanguinário! – gritavam todos alvoroçados.

Maurice era um dos mais calmos. Já estava agora a par da situação... O avião balançava horrorosamente, e tinham um assassino a bordo. Mas já que não havia nada a fazer... Pretendia aproveitar aquele momento da melhor maneira possível.

– Pare de gritar, boneca... Não vai te levar a nada! Que tal um beijinho?

– Nãããão! – protestou Sam, ao ver o bigodudo fazer biquinho. Pensou em fugir do colo do homem, mas estava com muito medo. – Dean! Dean! – berrou ele a plenos pulmões. Precisava do irmão ao seu lado.

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Sam estava chamando por ele? Dean se remexeu sonolento. O chão estava chacoalhando... Seria um terremoto? O rapaz abriu os olhos de vagar.

Pessoas gritavam e corriam para todos os lados. Um velho desdentado chorava arreganhando uma bocarra banguela. Uma gorda gritava e agarrava um rapaz franzino, que parecia estar sufocando, sem ar. Era tudo tão engraçado... Dean abriu um enorme sorriso.

– Dean! Dean!

Sim, definitivamente era Sam quem o chamava, a distância... Onde estaria o irmão? Não estava ao seu lado... E Samanthinha? Talvez fosse melhor averiguar...

O louro levantou cambaleante. A tonteira que sentiu associada ao balanço brusco do avião o fez ir direto no chão. Assim que se viu tombar, Dean caiu na gargalhada. Se uma pessoa comum caindo no chão já era engraçado, um padre então, era hilário.

Dean levantou-se segurando nas pessoas e nas poltronas, já sem fôlego de tanto rir.

– Está rindo de quê, ô maluco? – perguntou uma mulher mau humorada. - Que padre mais urubulino... – reclamou entre dentes.

O ex-caçador nem ligou. Seguiu em direção aos chamados de Sam. Encontrou o irmão sentado no colo de um bigodudo, e gritando muito.

– Hahahahahahahahahah. Kakakakakakak. Huahuahuahuahuahua! – gargalhou o louro.

– Dean?

– Hahahahahahahahahah. Kakakakakakak. Huahuahuahuahuahua!

– Pare de rir! Tem um palhaço assassino no avião! Estamos em perigo! – o moreno franziu o cenho irritado.

– Mas você está no colo do bigodudo! Hahahahahahahahahah. Kakakakakakak. Huahuahuahuahuahua! E está de vestidinho rosa! Hahahahahahahahahah. Kakakakakakak. Huahuahuahuahuahua!

Sam foi ficando vermelho de raiva. Seu irmão com certeza estava fora de si.

– Onde está Samantha?

– Não sei... – respondeu Dean. – pensei que estivesse com você...

Em qualquer outra ocasião, Mama Dean teria se apavorado, mas estava drogado demais para se importar. Tudo parecia muito engraçado a seus olhos.

O avião chacoalhou com força, jogando o Winchester mais velho novamente no chão. Sam, nervoso, puxou o irmão para cima.

– Quem é o padre? – perguntou Maurice curioso, e já lambendo os beiços.

Sam então apresentou seu irmão. Maurice foi logo arranjando um cantinho para o louro ficar. Aproveitou para passar a mão no padre, que, apenas ria bobamente.

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Enquanto isso Samanthinha distraia-se mexendo com os butõezinhos. Já que estavam todos loucos, era melhor que ficasse quietinha brincando mesmo... Apertou tudo o que achou pela frente.

De repente o avião começou a perder altura, acelerando de maneira assustadora em direção ao oceano. Mais uma vez foi pânico geral.

A comissária Maria correu até a cabine do piloto para saber o que estava havendo. Apavorada, avistou o comandante no chão e o palhacinho pilotando o avião. Começou a chorar em desespero, mas talvez devesse fazer seu trabalho.

– Senhores – disse chorando, no alto falante. – Sinto dizer-lhes que estamos perdendo altura. O avião está indo em direção ao oceano. E o pior de tudo... – a mulher soltou um soluço alto. – é o palhaço quem está no comando da aeronave...

Mais gritos, choros e desmaios. Apenas Dean riu. Onde já se viu um palhaço pilotando o avião? Aquilo era muito engraçado...

– Castiel! Cass! Pelo amor de Deas! – implorava Sam.

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Maurice, conformando-se em aproveitar seus últimos minutos de vida, apalpava a bunda dos dois irmãos. Soltou um gritinho de susto quando um Pikachu gigante surgiu do nada diante de seus olhos.


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