Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 29
O início de um longo... Longo voo.




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– Castiel... Castiel...

A voz que chamava por ele era feminina, doce e melodiosa.

– Bati! – Anunciou Samandriel sorridente.

Cass parecia um pouco distraído. Os chamados não cessavam... Talvez fosse melhor averiguar. O anjo olhou para o irmão de maneira apologética. Nem precisou dizer nada...

– Ahh, vai logo então, Castiel! Mas não demora que eu já vou começar a dar as cartas para a próxima rodada... – advertiu o outro anjo.

Castiel voou, seguindo o chamado da vovó. Encontrou a velha parada no meio da rua.

– Castiel! Até que enfim você veio, meu anjinho querido! A vovó estava preocupada... – Exclamou Hilary tascando um beijo na testa do rapaz quando este surgiu ao seu lado.

Cass sentiu-se ruborizar. Talvez tivesse sido muito severo com seus amigos humanos. Eles não eram tão ruins assim afinal...

– Desculpa vovó... Eu estava ocupado... – justificou-se. Apenas não explicou que sua ocupação era jogar cartas com Samandriel.

– Cass, será que você poderia consertar os pneus do Imapala? Eu preciso guardá-lo com cuidado, ou Dean me mata. Me fez prometer que tomaria conta do carro...

Foi só aí que o moreno reparou em Baby estacionada, com os pneus furados e vazios. E onde estava Dean? O anjo sentiu uma pontada de remorso e preocupação lhe atingirem de repente.

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Longe dali, Dean estava bem. Ou quase... Vestido de padre, rezando sem parar, viajava rumo à Cidade Maravilhosa. Segurava Samantha, que dormia pesadamente em seu colo, envolta em uma mantinha. Ao seu lado, estava Sam - de vestidinho rosa e cara de poucos amigos. Formavam um belo trio.

O que aqueles malucos estariam indo fazer no Rio de Janeiro? Aquele parecia ser o tópico mais discutido dentro do Boeing 737 que voava há quilômetros de distância acima do nível do mar. Os outros passageiros não conseguiam deixar de comentar e cochichar uns nos ouvidos dos outros. Talvez já estivessem prontos para o Carnaval? Uma teoria improvável, já que era pleno Agosto...

Alguns afirmavam que Sam devia estar escondendo drogas na calcinha. Outros especulavam que a batina de Dean era uma farsa, e que os rapazes eram um casal gay... Essa teoria ficou ainda mais popular depois que a turbulência no avião começou. O louro, apavorado, escalou o colo do irmão, sem desgrudar da pequena Samantha um só segundo.

– Socorro! Socorro! – Berrava o rapaz, apavorado.

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– O que houve com o carro? Dean está bem? – perguntou Castiel aflito.

– Não foi nada, Cass. – respondeu a mulher, apressada. Não tinha tempo naquele momento para contar ao anjo toda a história.

Como assim “não foi nada”? Seu melhor amigo nunca se separava do carro... Haveria de ter tido algum motivo grave para que abandonasse o Impala naquele estado.

– Mas e o Dean, vovó? Onde está ele? – insistiu moreno, preocupado, enquanto usava seus poderes para consertar os pneus.

– Ele, Sam e Samantha viajaram para o Rio. Estão bem... – respondeu a vovó. - Só faz logo o que estou te pedindo, por favor... Estou atrasada para o clube do livro! – Insistiu Hilary impaciente, olhando o relógio.

Viajaram para o Rio de Janeiro? Para quê? Os Winchesters não eram de viajar... Muito menos para fora do país...

– Foram fazer o quê no Brasil? – perguntou confuso.

Os pneus estavam agora sem furos e cheiinhos. A vovó deu mais um beijo em Castiel. Era ótimo tê-lo de volta... Talvez fosse melhor não preocupá-lo sem necessidade... Os Winchesters haveriam de estar bem, e ela estava mesmo bastante atrasada agora...

– Foram para o Carnaval, querido. – Disse Hilary sem demora, sem suspeitar que a popular festa era celebrada em fevereiro ou março no Brasil. Pulou para dentro do carro acenando um adeus.

Castiel ficou confuso. Carnaval? Já tinha ouvido falar... Era quando os humanos colocavam fantasias e iam se divertir e beber... Será que era para isso que Sam e Dean chamaram por ele tão insistentemente? Bem... Tarde demais... Ele não podia ter certeza absoluta. Cabisbaixo, Castiel deu um último adeus à vovó, que partiu cantando os recém consertados pneus de Baby.

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– Dean, para com isso! Você está puxando a minha saia! – reclamou Sam, tentando cobrir as coxas novamente com o tecido rosa.

– Que se dane a sua saia, Sam! Não vê que estamos em perigo? – Respondeu o louro com a voz trêmula.

Sam olhou envergonhado para os demais passageiros que observavam os dois com mórbida curiosidade. Tentou empurrar Dean para a sua poltrona, e estava quase conseguindo quando uma trepidação mais forte veio atrapalhar.

– Socorro! – Gritou o Winchester mais velho a plenos pulmões, enquanto agarrava o irmão com mais força. – Já que vamos morrer, que estejamos todos juntos: Eu, você e Samanthinha!

Samanthinha? Esse era o nome da boneca? Aqueles dois eram fugitivos do hospício... Parecia ser a única explicação. Apesar do aviso para permanecerem sentados, uma aeromoça seguiu em direção à gritaria. A situação já tinha saído do controle fazia tempo...

– Errrr... Sr. Padre... Por favor... Volte para a sua poltrona e afivele o cinto. Não há motivo para pânico. – Pediu a mulher, educadamente.

Mas Dean não deu ouvidos à comissária. Continuou à gritaria, dessa vez chamando por Castiel. Impressionantemente Samantha não acordou. A pequena Bicudin tinha o sono muito pesado...

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– O que foi dessa vez? Uma aranha ou um salto quebrado? – perguntou Samandriel com deboche.

Castiel tinha acabado de voltar ao paraíso, e sentou, desanimado, para mais uma entediante partida de baralho. Deu de ombros. Tudo bem que a vovó pedira um favor... Mas Samandriel estava enganado... Seus amigos não eram frescos, que tinham medo de insetos, e só chamavam para pedir favores... Eles eram caras bacanas. Tinham até tentado chamá-lo para se divertir com eles no Carnaval carioca.

Suspirou. Estava conformado a continuar o jogo quando ouviu gritarem seu nome. O chamado de Dean chegou como uma surpresa agradável. Dessa vez ele não deixaria de respondê-lo...

– Desculpa, Samandriel, mas tenho que ir... É Carnaval no Rio! – o anjo falou apressado, sem maiores explicações, com um sorriso no rosto.

– Carnaval em agosto? – Samandriel perguntou incrédulo. Mas Cass já estava longe dali...

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– Castiel!!! Castiel!!! – Berrava o louro.

Castiel apareceu, mas como todos os olhares estavam voltados para Sam e Dean, ninguém notou o passageiro de sobretudo que surgiu do nada.

– Quem é Castiel? – perguntou a aeromoça, curiosa.

Cass sorria de uma orelha a outra. Seus amigos estavam mesmo indo para o Carnaval. As fantasias engraçadas que usavam não lhes deixava enganar! Iria pedir para Dean ajudá-lo a encontrar uma roupa bem divertida para usar na festa também!

– Cass! – berrou o ex-caçador, aliviado e surpreso, ao ver que seu amigo alado finalmente estava ali para socorrê-lo.

– Estou aqui, Dean! Desculpa não ter aparecido antes... Eu estava muito ocupado... Muito afazeres... – o anjo tentou justificar, sem graça.

– Chega de blá blá blá, Cass! Nós estamos correndo perigo de vida!!! O avião está caindo!!! Faça alguma coisa, depressa!!! – berrou o louro, em pânico.

Como assim o avião estava caindo? Então Dean não o havia chamado para convidá-lo para uma festa no Brasil? O anjo olhou atordoado para o amigo. Antes que pudesse ter alguma reação, a aeromoça se dirigiu a ele.

– Senhor, por favor, volte para o seu assento! O Padre está um pouco nervoso com a turbulência, mas não há motivo algum para pânico... O avião não vai cair!

– Não vai cair? – Castiel parecia ainda não entender o que estava acontecendo.

A aeromoça olhou para Castiel e para Dean impaciente. O avião não ia cair, mas mesmo se fosse, não haveria nada que o homem de sobretudo pudesse fazer. Aqueles americanos eram mesmo muito esquisitos...

– Vocês não me chamaram para ir ao Carnaval? – perguntou Castiel decepcionado, ignorando os apelos da comissária.

– Não, Cass... Nós não estamos indo para o Carnaval... – respondeu Sam impaciente. De onde o anjo tirava ideias tão malucas? Agora além de usar vestido rosa ainda tinha que acalmar Dean e lidar com um anjo sem noção...

Castiel olhou de um irmão para o outro. Dean, vestido de padre, soltava gritinhos paniquentos sem motivo. Sam, de vestidinho rosa, tinha a cara de pau de mentir dizendo que não estavam indo para o Carnaval do Rio. Samandriel estivera com a razão o tempo todo... Aqueles dois não queriam sua companhia. Eram uns molengas que só sabiam fazer frescuras.

Sem dizer mais nada, o anjo se desmaterializou dali de repente. Por sorte, ninguém, além dos Winchesters, viu... Estavam agora todos com a atenção voltada para uma velhinha que gritava. Era uma mulher, baixinha, quase esquelética, e de pele bem morena. Sam calculou que tivesse entre 85 e 90 anos de idade.

– Socorro! Vamos todos morrer! – Berrava a criaturinha, em bom português, para desespero de sua acompanhante, uma mulher de meia idade, machona e corpulenta. Era inacreditável que som tão possante pudesse sair dos frágeis pulmões daquela vovozinha.

– Cale a boca, vó! – reclamou a neta com agressividade.

Sam, Dean e outros americanos que estavam no vôo, não entenderam as exatas palavras que a velha Clodoalda e sua neta Romilda falavam. Apesar disso, era claro o que estava acontecendo. Clodoalada estava apavorada. Tanto quanto Dean...

Aproveitando o momento de distração do irmão, Dean escalou seu colo. – Por que Cass foi embora? Ele não quis me salvar... – choramingou o louro escondendo o rosto nos ombros de Sammy.

Sam ia responder qualquer coisa, mas a berração da velha não o deixou falar.

– Ahhhhhh! Arghhhh! Ai meu Padim Padre Ciço! - guinchava a quase centenária brasileira.

Os olharam estavam divididos agora. O padre no colo do travesti era uma cena bizarra. Ainda mais segurando aquela bonequinha no colo... Mas Clodoalda tinha acabado de cuspir a dentadura e balançava os braços freneticamente.

Sam suspirou. Pelo menos não era o único ali pagando mico... De qualquer forma, aquele seria um longo... Longo voo...


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