Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 27
Nunca xingue narizes angelicais




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Sam caminhava apressado em direção à escola para vigiar os monstros quando viu o Impala de seu irmão, inconfundível, se aproximando devagar. O rapaz notou um cano longo saindo para fora da janela. O que Dean estaria aprontando agora? Sem pensar duas vezes, ele fez sinal com os braços tentando ser visto. Deu certo. O louro se aproximou com o carro e parou.

– O que você está fazendo aqui, Sammy?

– Eu que te pergunto... – disse o moreno curioso. – O que é isso saindo para fora do carro?

– É uma aspirador de pó, não está vendo? – o rapaz então falou com um tom vitorioso na voz. – Estou recolhendo toda a névoa mágica de Percy com essa belezinha... – disse apontando para o cano do aspirador.

Sam estremeceu. Dean estava sendo um tanto irresponsável... O seu plano inicial era que os monstrinhos chegassem ao colégio pela manhã com seus pais, e, aos poucos, fossem sendo recepcionados e aceitos por lá. Muito diferente seria uma turma grande de crianças aparentemente normais tornando-se monstros de uma hora para a outra. Os funcionários do colégio teriam um infarte, e poderiam tornar-se violentos, ameaçando inclusive a integridade física das crianças...

– Não faça isso assim de qualquer jeito... – esbravejou o irmão caçula –o colégio está cheio de filhotes de monstro! Assim que a névoa deixar de cobri-los, serão vistos da maneira que são...

– E daí? – Dean deu de ombros.

– E daí que...

Antes que Sam pudesse completar a frase, Sam e Dean viram um monstrinho, muito feio e corcunda, correndo desesperado. Atrás dele, uma multidão enfurecida.

– Está vendo, Dean? Pelo jeito já é tarde demais... Já tem gente ali querendo linchar aquele pobre monstrengo!

Sam correu em socorro da criatura. Dean, vendo a cena, sentiu-se culpado. Além disso, nunca deixaria o irmão se meter em uma situação de perigo sozinho. Saltou do carro e acompanhou-o, ambos pulando na frente do corcundinha e protegendo-o do povo enfurecido.

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Minutos mais cedo...

– Coitado do Seu Sebastião – suspirou uma das professoras. – Não sei porque cismaram com ele... Imagina... Um sujeitinho tão inofensivo...

Sebastião acariciava os cabelos de uma das crianças. Foi com espanto e horror que professores e funcionários viram, diante de seus olhos, pelos horripilantes crescerem por todo corpo do garotinho. Prezas assassinas invadiram sua boca. As outras crianças não ficaram para trás... Cada uma foi ganhando um aspecto mais medonho que o outro. Ninguém entendia como ou porquê, mas agora tinham certeza: Seu Sebastião tinha sim o poder de transformar lindas criancinhas em horripilantes monstrengos.

Dona Euvira, nervosa, agarrou o primeiro pedaço de pau que encontrou pela frente.

– Peguem ele! – Berrou.

Todos os professores e funcionários se uniram a ela e saíram ao ataque. Aquele homem, por debaixo da cara de tolo, escondia uma natureza poderosa e malévola.

Seu Sebastião, desesperado, saiu pela porta do fundos. Logo, entretanto, já estava cercado. Pais corriam de um lado. Funcionários e professores do colégio corriam de outro. Estava perdido. Seria o seu fim...

Foi então que, milagrosamente, dois fortes rapazes se enfiaram entre ele e seus agressores.

– O que estão fazendo? – gritou o mais alto. – Para quê tanta intolerância? Vocês são uma vergonha para a raça humana...

A multidão parou curiosa. Não esperava que aqueles belos homens se prontificassem a defender o maldito corcundinha que contaminara as crianças da cidade.

– Saiam da frente, vocês não podem nos impedir! – reclamou um dos pais, raivoso.

– Não! Não vamos deixar que batam nele! Só porque não é humano? O que ele fez contra vocês?

– Não é humano!? Como assim não é humano? – desesperou-se uma mulher, esganiçada.

– Deixem o monstro em paz! Deixem que volte para a floresta, onde é seu habitat! – pediu então Dean, finalmente se pronunciando também.

Sebastião sentia seus joelhos baterem um contra o outro, de tão trêmulo que estava. Aqueles rapazes estavam lá para salvar sua pele ou para xingá-lo? Ele sabia que não era bonito, mas daí a ser taxado de monstro já era exagero... E como assim a floresta era seu habitat? O corcundinha não sabia do que aquele homem estava falando... Guinchou baixinho. Tinha medo da floresta... Não queria ter que fugir para lá.

– Qual é a sua raça? – perguntou o louro então, virando-se para a criatura. Desconfiava tratar-se de um corcundinha-do-pântano, mas não tinha certeza. Nunca tinha visto um...

– Sou mistura de italiano com japonês... – choramingou o pobre. O que sua procedência tinha a ver com tudo aquilo?

Os irmãos Winchesters se entreolharam, e logo perceberam que haviam cometido um leve equívoco. Sorriram amarelo, envergonhados. Aquele ser, era humano. Muito feio, mas humano...

Sam respirou fundo, precisava entender o que estava acontecendo e resolver o mal entendido.

– Esquece essa história de monstro, foi um pequeno engano... – disse sem graça para a multidão que os encarava. - Muito bem... Agora um de cada vez.... O que esse homem fez contra vocês afinal?

– Transformou nossos filhos em monstros! Acordaram com rabos, bicos e todo tipo de deformidade monstruosa! Estão todos no hospital, os pobrezinhos... – Disse um dos pais, com a voz trêmula de ódio.

– E depois, não satisfeito, atacou as outras crianças. As que estavam no colégio... Nem quero ver a reação dos pais quando os virem! – gritou uma professora nervosamente.

Sam e Dean se entreolharam. Então Bruxonilda tinha cumprido com sua palavra, e feito o que Dean havia lhe pedido! As crianças que acordaram monstruosas estavam no hospital, é claro... As da escola eram os monstrinhos, trazidos para lá graças à propaganda de Sam. Mas aquele pobre corcundinha não tinha culpa de nada então... Por que o estavam acusando? Por que virara o bode expiatório daquela gente enfurecida?

Sam sentiu o sangue lhe subir pelo pescoço. Gente cruel... Tudo o que viam era aparência, e nada mais...

– E vocês acusam ele por quê? Eu me perguntou... – disse então debochado. – É por causa do rosto verruguento? Do nariz de batata? Das orelhas de abano? Dos dentes de cavalo? Dos olhos fundos e opacos? Hmmm? É por isso que o acusam? Pois saibam que o culpado por seus filhos terem se transformado em monstros é um rapaz lindo, com um narizinho perfeito, olhos cor de esmeralda e rostinho de top model internacional. Meu irmão aqui... – ele disse apontando para Dean.

Dean, ouvindo as palavras indignadas do irmão, sentiu-se como ele. Realmente era um absurdo que a população acusasse um cidadão inocente só por causa de sua aparência asquerosa.

– Pois é... – completou o louro – E por que acham que foi ele o culpado por um bando de monstros aparecerem no colégio? Hein? Só porque ele é baixinho? Corcundinha? Tortinho? Ou seria por que o pouco cabelo que lhe resta é ralo, ensebado e fedorento? Pois saibam que quem convidou os monstros a estudar no colégio foi um rapaz de 1,95 metros de altura, com o corpo escultural, sorriso lindo com covinhas, e cabelos tão belos e sedosos que poderia fazer comercial de xampu. Meu irmãozinho caçula... – Ele disse apontando para Sam.

As pessoas estavam boquiabertas, sem reação. Seu Sebastião cobriu o rosto com as mãos e pôs-se a chorar. Dentes de cavalo? Orelhas de abano? Cabelo ralo, ensebado e fedorento? Aqueles dois rapazes acabaram com toda a pouca auto estima que ainda lhe restava, descrevendo-no como o mais horrendo dos mortais. E fizeram isso em frente a cidade toda. Nunca mais poderia olhar aquela gente de frente...

O homem afastou-se ainda com o rosto coberto. Dona Marcelle, psicóloga do colégio, vendo seu colega desmoralizado e chorando sem parar, foi até ele ampará-lo. O pobre infeliz estava traumatizado para sempre... Precisaria de sua ajuda agora.

Sam e Dean, após darem uma lição de moral naquela gente toda, vendo que Sebastião estava sendo amparado por uma pessoa bondosa, começaram a afastar-se com as cabeças erguidas. Detestavam injustiças...

– Peguem os dois! – gritou uma mulher alvoroçada.

Sam e Dean se entreolharam estupefatos. Como? Aquele povo ir ter coragem de bater neles? E se quebrassem um de seus narizinhos bem feitos, quem iria consertar depois? Já se preparavam para protestar quando perceberam que a melhor estratégia era correr.

O povo estava revoltado. Bonitinhos ou não, aqueles dois transformaram, sabe-se lá porque, todas as crianças das redondezas em monstros. Eles mereciam ser espancados.

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– Castiel! Castiel!

– Hmmm, acho melhor eu ir até lá... – suspirou Castiel já começando a se sentir culpado. Seus amigos insistiam em lhe chamar...

– Você vai até lá agora? – surpreendeu-se Samandriel. – Poxa, vamos acabar a partida...

– Pode ser algo importante... – ponderou Cass.

Samandriel não gostou da resposta. Os humanos não podia ficar dependendo de Castiel para tudo. Aquilo já chegava a ser irritante.

– Importante nada... Eles te chamam pra tudo, Castiel... Além de xingar seu nariz de verruguento, não tem um pingo de respeito por você. Eles te veem como uma ferramenta, nada mais.

– Isso não é verdade... – murmurou o anjo sem muita convicção.

– Não? Quando foi a última vez que te chamaram para bater um papo descontraído ou para lhe convidar para uma festa, hein?

Castiel ficou pensativo. A última vez que tinha sido chamado por Dean, o amigo lhe pedira para ir buscar uma torta de maçã... Disse que estava com muita vontade de comer doce, e sua lanchonete predileta ficava a mais de 100km de distância... E Sam? Sam pedira para curar-lhe uma unha do pé encravada... Hmmm... Hilary pedira que lhe abrisse uma garrafa de água. Sim, ela o fizera voar do paraíso à terra só para abrir uma garrafinha d’água que estava com a tampa um pouco dura... Talvez Samandriel tivesse razão... Aquele pessoal só o chamava para pedir favores. Até Samantha andava abusando dele... A pequena Bicudin o chamara pela última vez pedindo que lhe alcançasse um brinquedo no alto da estante, no meio da madrugada. Com certeza não quisera acordar mama Dean, que a colocaria de volta na cama.

– Você tem razão, Samandriel, eles abusam de mim... – suspirou Cass. Já ia se concentrar no jogo de cartas de novo, quando um pedido de socorro o fez reconsiderar.

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Os irmãos Winchester corriam desesperados. Tinham bom preparo físico, mas estava sendo difícil fugir de tantas pessoas ao mesmo tempo. Pedras vinham de todos os lados, quase atingido suas cabeças. Os dois mal puderam acreditar quando conseguiram chegar no Impala vivos e pouco machucados. Já iam entrar no carro quando perceberam que alguém já havia passado por ali antes e furado os quatro pneus. Estavam perdidos, cercados... Os dois se abraçaram apavorados sem saber como fugir.

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Castiel, socorro! Socorro! – gritaram.

Vendo a expressão preocupada no rosto do irmão, Samandriel se indignou.

– Castiel, lembra da última vez que gritaram por socorro? Foi semana passada, e nós estávamos no meio de um jogo de ping-pong... Qual era mesmo o grande perigo, hein?

– Uma barata... – Castiel também lembrava-se bem. – É que o Dean tem nojo delas... E Sam tem pena de matá-las... – o anjo disse tentando justificar os amigos. Mas teve que concordar com Samandriel. Aqueles dois estavam ficando cada vez mais cheios de frescuras e vontades. Ia dar um tempo. Uma semana no mínimo...

– Posso dar as cartas? – perguntou Samandriel, vitorioso.

– Pode. – respondeu o outro anjo, resoluto.


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