Crônicas Do Olimpo - A Batalha Do Labirinto escrita por Laís Bohrer


Capítulo 32
O Legado conta... Hansel entra para a História!


Notas iniciais do capítulo

Oi flores de lótus! Hoje aqui mais um cap pra vocês.

No cap de hoje:
* Sentimentos de Octavian...
* Hansel entra para a história
* O Herói de Tyler
* O Sorriso do Filho de Hades
* Algo para pensar...



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Houve despedidas demais.

Aquela noite foi a primeira vez que eu vi as mortalhas do acampamento serem usadas em corpos, e isso não é algo que eu queira ver de novo.

Entre os mortos, Beatrice Rosetti que fora morta por uma lança de uma dracaenae. Seu corpo fora enrolado em uma mortalha rosada decorada com rosas. Lee Fletcher do chalé de Apolo fora abatido pela clava de um gigante. Ele foi enrolado em uma mortalha dourada sem decoração.

O filho de Dioniso, que caíra lutando com um meio-sangue inimigo, estava enrolado em uma mortalha púrpura bordada com videiras. Seu nome era Castor. Ele tinha dezessete anos. Seu irmão gêmeo, Pollux, tentou dizer algumas palavras, mas engasgou e apenas segurou a tocha. Ele acendeu a pira fúnebre no meio do anfiteatro, e em segundos a fila de mortalhas foi envolvida pelo fogo, mandando fumaça e centelhas para as estrelas.

Nós passamos o dia seguinte cuidando dos feridos, que era quase todo mundo. Os sátiros e dríades trabalhavam para reparar o dano nos bosques.  Estávamos todos deprimidos, mas Quiron deixara claro de que Cronos havia retornado, e que aquela batalha era apenas uma amostra do que estava por vir. Eu também pensava muito em Silena e no que ela havia me dito, do que ela havia me pedido...

"Me mate... Por favor" sacudi a cabeça tentando afastar os pensamentos, ela deveria estar me pregando algum golpe... Não, mas ela já me tinha na mão, ela podia fazer eu ma matar, ou ela mesma poderia me matar já que eu estava imobilizada por sua mágica.

A cada encontro nosso, a nossa situação ficava cada vez mais complicada. Hoje em dia eu já não consigo ler os pensamentos de Silena, como antes eu fazia, e ela lia os meus. Mas ainda permanecia totalmente fechada.

Eu estava passando em frente a Casa Grande, ela parecia totalmente vazia, até que eu vi uma silhueta humana na janela do sótão, meu primeiro pensamento foi: "Ah, não... Ela não quer dar um passeio de zumbi outra vez, quer?", mas a silhueta não parecia ser do oráculo.

Eu tomei coragem e adentrei a casa, subindo as escadas. Mas quando cheguei lá, a múmia estava em seu lugar habitual, sentada e imóvel, o que me chamara atenção mesmo, fora a figura ajoelhada diante dela.

Ajoelhado desfiando lentamente a costura de um ursinho de pelúcia bege com uma adaga de bronze celestial, estava Octavian.

Falei a primeira coisa que me veio a cabeça:

- Olha, se você queria alguém para conversar... Podia ter escolhido uma pessoa viva, pelo menos. - eu disse andando em sua direção, então meu olhar caiu na múmia. - Sem ofensa.

Octavian largou a adaga e rapidamente e atento se virou para mim, eu ergui as mãos em rendição.

- Relaxa. - eu disse. - Sou só eu.

- Sim. - disse ele de modo calmo. - É só a filha de Poseidon que agitou Tifão, o pior dos gigantes. Só a garota que pode destruir o Olimpo e os deuses... Só isso.

Eu sentei olhei para o teto e assobiei.

- Você não precisava lembrar... - eu disse me sentando ao seu lado. - O que está fazendo aqui?

- Quis ficar sozinho, mas elo o que vejo, é meio difícil.

- Sinto muito.

- Não. - respondeu Octavian sem nem mesmo me encarar. - Não há problemas, não me incomodo.

- Ah... - eu disse. - Então, tá...

Ficamos um longo tempo em silêncio, até que ele apanhou sua adaga novamente e voltou a desfiar a costura do animal de pelúcia.

 - O que eles dizer? - perguntei. - Os deuses.

- Nada, até agora. - respondeu-me. - Mas eles estão inquietos demais...

- Por que?

Ele me encarou.

- Eu acho que você deve saber. - disse ele.

Eu me encolhi, ele desviou o olhar, Octavian sempre me dava um pontinho de medo, quer dizer... Ele era meio sinistro. Não parecia tratar ninguém como seu superior, nem seu inferior.

- Você é meio estranho, sabia?

Ele voltou a me encarar.

- Quer dizer...  - eu gaguejei. - É que... Ah! Eu tenho déficit de atenção, falo a primeira coisa que me vem a cabeça...

- Agir sem pensar, já é algo dos filhos do mar. - disse ele.

- Rimou... - disse eu. - Melhor que os haicais de Apolo.

Ele não respondeu.

- Não tem como eu não saber.

- O que?

- Que sou meio estranho. - disse ele. - Claro que sou, não há muito sobre mim que você saiba. Mas é comum as pessoas acharem isso de mim. Minhas relações com as pessoas são muito distantes, e não confio em ninguém.

Eu estudei a sua expressão... Difícil, já que ele não tinha uma.

- Vamos, sei que quer me perguntar algo. - disse ele.

Hesitei.

- Bem, as vezes você parece... Que... Que você nunca sorri. - comentei.

- Isso eu sei o porque. - ele se aproximou. - Porque é verdade.

- Verdade?

Ele suspirou.

- Eu nunca me irrito com ninguém. - disse ele. - Não fico com raiva... Eu não tenho sentimentos.

Eu fiquei sem fala por um instante. Olhando aquele estranho rosto. Octavian voltou a seu trabalho com o urso de pelúcia. Enquanto isso eu ainda o olhava curiosamente. Talvez eu devesse sair dali, eu achava que estava o incomodando, mas não resistir ao perguntar:

- Todo mundo tem sentimentos.

- Eu não sou todo mundo. - respondeu. - Eu não sinto nada, não sinto tristeza, nem felicidade, nem raiva... - ele parou por um momento, olhou para mim e fez um longo e profundo corte no urso de pelúcia em suas mãos. - Poderia lhe matar sem nenhuma razão, e não sentiria arrependimento ou remorso.

Engoli seco.

- Pode está dizendo isso agora? - perguntei.

- Talvez... Porque eu queira saber sobre você. - justificou. - Faz tempo que estive interessado em você, Megan. Os deuses falam muito, e pouco ao mesmo tempo. Mas sei que você pode ser o motivo de uma vitória ou uma derrota. Você é confusa, e coisas confusas são... Curiosas.

- Ainda não... - gaguejei. - Ainda não acredito que alguém possa ser... Sei lá... Vamos, você já deve ter sentido algo, dor? Frio?

- Dor física não é um sentimento psicológico... - disse ele. - Não conta, e frio... É algo natural, também não faz parte. Mas ainda assim, não demonstro nada.

- Isso é impossível! - exclamei.

- Não importa o que você acredita ou não. - disse ele. - Simplesmente é.

Ele me encarou.

- Uma pessoa me deu uma escolha sobre o caminho que eu devesse seguir. - disse ele. - O Senhor das portas...

- Jano?

- Exato. - disse ele. - Consultei os deuses, eu tenho um dever nesse lugar.

- E qual é esse dever?

Ele mordeu o lábio.

- Não sei ainda. Estou aqui para descobrir sobre isso.

Então ficamos assim, em um longo silêncio enquanto a luz do sol adentrava a janela, mesmo isso, não fazia o lugar parecer menos assustador.

Ao meio-dia, o Conselho dos Anciões de Casco Fendido convocou uma reunião de emergência na sua clareira sagrada. Os três sátiros anciões estavam lá, junto com Quíron, que estava na forma de cadeira de rodas. Sua perna quebrada ainda estava se curando, então ele iria ficar confinado à cadeira por alguns meses, até a perna estar forte o suficiente para aguentar seu peso. A clareira estava cheia de sátiros e dríades e náiades fora da água – centenas deles, ansiosos para ouvir o que iria acontecer.

Jake, Emily e eu ficamos em pé ao lado de Hansel.

Sileno queria exilar Hansel imediatamente, mas Quíron o persuadiu a pelo menos ouvir as evidências primeiro, então nós contamos a todos o que tinha acontecido na caverna de cristal, e o que Pã dissera. Depois várias testemunhas da batalha descreveram o som estranho que Hansel fez, que expulsou o exercito Titã de volta para o subterrâneo.

– Era pânico – insistiu Emily. – Hansel invocou o poder do deus da natureza.

– Pânico? – perguntei.

– Megan – Quíron explicou, – durante a primeira guerra dos deuses e titãs, Lorde Pã liberou um horrível grito que afugentou o exército inimigo. Isto é - isto era seu maior poder - uma onda massiva de medo que ajudou os deuses a ganhar o dia. Veja, a palavra pânico foi nomeada pensando em Pã. E Hansel usou aquele poder, invocando-o de dentro de si mesmo.

– Ridículo! – Sileno urrou. – Sacrilégio! Talvez o deus selvagem nos tenha favorecido com uma benção. Ou talvez a música de Grover seja tão ruim que assustou o inimigo!

– Não foi isso, senhor – Hansel disse. Ele soou muito mais calmo do que eu estaria se tivesse sido insultado daquela maneira. – Ele deixou seu espírito passar para todos nós. Nós precisamos agir. Cada um de nós deve trabalhar para renovar a natureza, para proteger o que ainda existe. Nós temos que espalhar a notícia. Pã está morto. Não há ninguém além de nós.

- E mais... - continuei. - Pã declarou Hansel seu legado.

– Ridículo! Hansel Phelps? Legado de Pã? Faça-me rir, meio-sangue! Depois de dois mil anos procurando, é nisso que você quer que acreditemos? – Sileno gritou. – Nunca! Nós temos que continuar a busca! Exilem o traidor!

Alguns dos sátiros mais velhos murmuraram concordando.

– Uma votação! – Sileno exigiu. – Quem acreditaria nesse jovem sátiro ridículo, de qualquer forma?

– Eu acreditaria – disse uma voz familiar.

Todos se viraram. Andando a passos largos para o interior da clareira estava Dioniso. Ele usava um terno preto formal, então eu quase não o reconheci, uma gravata púrpura e uma camisa violeta, seu cabelo encaracolado cuidadosamente penteado. Seus olhos estavam vermelhos como sempre, e seu rosto arredondado estava corado, mas ele parecia estar sofrendo mais pela perda do que pela abstinência de vinho.

Os sátiros se levantaram respeitosamente e se curvaram quando ele se aproximou. Com um aceno Dioniso de mão, uma nova cadeira cresceu do chão perto de Sileno – um trono feito de videiras. Dioniso se sentou e cruzou suas pernas. Ele estalou os dedos e um sátiro se apressou a frente com um prato de queijo e bolachas e uma Coca Diet. O deus do vinho olhou em volta para a multidão reunida.

– Sentiram minha falta?

Os sátiros caíram em si concordando e se curvando.

– Oh, sim, muito senhor!

- Muita mesmo!

– Bem, eu não senti falta deste lugar! – Dioniso respondeu rispidamente. – Eu trago más notícias, meus amigos. Notícias malignas. Os deuses menores estão trocando de lado. Morfeu foi para o lado inimigo. Hécate, Jano e Nêmesis também. Zeus sabe quantos mais.

Trovão ressoou na distância.

– Veja isso – Dioniso disse. – Até Zeus não sabe. Agora, eu quero ouvir a história do Hansel. Novamente, do começo.

– Mas, meu senhor – Sileno protestou. – É só bobagem!

Os olhos de Dioniso flamejaram com um fogo arroxeado.

– Eu acabei de saber que meu filho Castor está morto, Sileno. Eu não estou de bom humor. Você faria bem em me alegrar.

Sileno engoliu seco, e fez um sinal para que Hansel começasse novamente. Quando Hansel terminou, Sr. D assentiu.

– Isso soa exatamente como o tipo de coisa que Pã faria. Hansel está certo. A busca é fatigante. Vocês devem começar a pensar por vocês mesmos. – Ele se virou para um sátiro. – Traga-me algumas uvas descascadas, agora!

– Sim, senhor! – O sátiro saiu correndo.

– Nós temos que exilar o traidor! – Sileno insistiu.

– Eu digo não – Dioniso respondeu. – Esse é o meu voto.

– Eu voto não também – Quíron acrescentou.
Sileno endureceu o queixo teimosamente.

– Todos a favor do exílio?

Ele e os dois outros velhos sátiros levantaram suas mãos.

– Três a dois – Sileno disse.

– Ah, sim – Dioniso disse. – Mas infelizmente para você, o voto de um deus conta como dois. E como eu votei contra, estamos empatados.

Sileno levantou, indignado.

– Isso é um ultraje! O conselho não pode ficar em um impasse.

– Então que ele se jogue no Tártaro! – Sr. D disse. – Eu não ligo.

Sileno se curvou rigidamente e, junto com seus dois amigos, saiu da clareira. Cerca de vinte sátiros foram com eles. O resto ficou por perto murmurando desconfortavelmente.

– Não se preocupem – Hansel disse a eles. – Nós não precisamos do conselho para nos dizer o que fazer. Nós podemos descobrir sozinhos.

Ele contou a eles novamente as palavras de Pã – como eles deviam salvar a natureza um pouco de cada vez. Ele começou a dividir os sátiros em grupos – quais iriam para os parques nacionais, quais iriam procurar pelos últimos lugares selvagens, quais iriam defender os parques nas grandes cidades.

- Meu menino-jegue está crescendo. - eu disse para Jake.

Ele assentiu.

- É... Ele está.

Mal Hansel imaginava, mas eu já sabia, que o menino-jegue seria chamado de heróis a partir daquele dia. Naquele dia, Hansel Phelps entrou para a história.

Depois naquela tarde eu encontrei Tyler na praia, falando com Briareu. Briareu estava construindo um castelo de areia com cerca de cinquenta de suas mãos. Ele não estava realmente prestando atenção no trabalho, mas suas mãos construíram uma fortaleza com três torres, paredes fortificadas, um fosso e uma ponte levadiça.

Tyler estava desenhando um mapa na areia.

– Vá para esquerda nos corais – ele disse a Briareu. – Desça direto quando você achar um navio afundado. Depois, cerca de uma milha a oeste, passando do cemitério das sereias, você vai começar a ver fogos queimando.

– Você está dando a ele direções para as forjas? – perguntei.

Tyler fez que sim com a cabeça.

– Briareu quer ajudar. Ele vai ensinar aos ciclopes técnicas que nós esquecemos, como fazer melhores armas e armaduras.

– Eu quero ver os ciclopes – Briareu concordou. – Eu já não quero mais ficar sozinho.

– Eu duvido que você vá ficar sozinho lá embaixo – eu disse um pouco melancólica, porque eu jamais estivera no reino de Poseidon. – Eles vão mantê-lo bem ocupado.

A face de Briareu mudou para uma expressão feliz.

– Ocupado soa bem! Eu queria que Tyler pudesse vir também.

Tyler corou.

– Eu tenho que ficar, minha irmã precisa de mim. Você vai se sair bem, Briareu. Obrigado.

O centímano balançou minha mão cerca de cem vezes.

– Nós vamos nos encontrar novamente, Megan. Eu sei disso!

Então ele deu em Tyler um grande abraço de polvo e avançou para o oceano. Nós assistimos até sua enorme cabeça desaparecer nas ondas.

Eu dei um tapinha nas costas de Tyler.

– Você o ajudou muito.

– Eu só falei com ele.

– Palavras podem causar uma mudança bem maior do que você imagina. Você acreditou nele. Sem Briareu, nós nunca teríamos vencido Campe.

Tyler sorriu largamente.

– Ele arremessa bem as rochas! Ele é tão alto quanto o céu e pode partir montanhas!

Eu gargalhei.

– É, isso. Ele arremessa rochas muito bem e pode partir montanhas. Vamos, maninho. Vamos jantar.

Mas eu estava mesmo é pensando como Briareu era antes de encontrar Tyler... Lembrando novamente de Silena, pensei que talvez as pessoas realmente pudessem mudar. Mas agora que Cronos voltou, eu tenho algo mais a fazer do que correr atrás dela. Tenho que derrotar Cronos, e salvar minha amiga... Só isso, mas falar era bem mais fácil do que fazer, naquele tempo, eu já não imaginava que fosse tão sério a esse ponto.

Foi bom ter um jantar normal no acampamento. Tyler sentou comigo na mesa de Poseidon. O pôr do sol sobre o Estreito de Long Island estava lindo.

As coisas não voltariam ao normal por um bom tempo, mas quando eu fui até a fogueira e joguei parte da minha refeição para as chamas como oferenda a Poseidon, eu senti como se eu tivesse muito pelo que ser grata. Meus amigos e eu estávamos vivos. O acampamento estava salvo. Cronos tinha sofrido um contratempo, pelo menos por um tempo.

A única coisa que me incomodava era Nico, sozinho nas sombras nos limites do pavilhão. Ofereceram a ele um lugar na mesa de Hermes, e mesmo na mesa principal com Quíron, mas ele recusara.

Depois do jantar, os campistas se dirigiram para o anfiteatro, onde o chalé de Apolo prometera um incrível karaokê para animar nossos espíritos, mas Nico se virou e desapareceu entre as árvores. Decidi que era melhor segui-lo.

Quando passei pela sombra das árvores, percebi quão escuro estava ficando. Eu nunca ficara assustada na floresta antes, apesar de saber que lá havia uma porção de monstros.

Ainda assim, eu pensei sobre a batalha de ontem, e imaginei se um dia eu poderia caminhar naqueles bosques novamente sem relembrar o horror de tanta luta.

Eu não podia ver Nico, mas depois de alguns minutos de caminhada vi um brilho à frente. Primeiro pensei que Nico tivesse acendido uma tocha. Conforme eu me aproximava, percebi que o brilho era um fantasma.

A tremeluzente forma de Bianca di Angelo estava parada na clareira, sorrindo para seu irmão. Ela disse algo para ele e tocou sua face – ou tentou. Então sua imagem se desfez. Nico se virou e me viu. Ele deu um meio sorriso.

– Dizendo adeus – ele disse com a voz rouca.

- Sentimos sua falta no jantar. - eu disse. - O que aconteceu?

- Nada.

- Você poderia ter sentado comigo.

- Não, obrigado, mas não. - disse ele.

- Nico, você não pode perder todas as refeições. Se você não quer ficar com Hermes, talvez eles possam fazer uma exceção e colocá-lo na Casa Grande. Eles têm uma porção de quartos!

- Megan, não pretendo ficar por aqui.

- Mas... você não pode simplesmente sair. É muito perigoso lá fora para um meio-sangue sozinho. Você precisa treinar. Não posso te proteger assim...

- Megan...

- Tenho que fazer isso por Bianca... E por você. Você é meu amigo. - eu disse. - Não é?

Ele sorriu para mim. Então fez algo que me surpreendeu. Nico me abraçou. Eu retribui, agora ele parecia ainda menor do que eu.

- Obrigado. - disse ele. - Por tudo. Mas isso não é um adeus. - ele se afastou. - Há uma razão para eles não colocarem um chalé para Hades aqui, Megan. Ele não é bem-vindo, não mais do que é no Olimpo. Eu não pertenço a este lugar. Eu tenho que ir.

Eu queria discutir, mas parte de mim sabia que ele estava certo. Eu não gostava disso, mas Nico teria que encontrar seu próprio, sombrio caminho. Eu me lembrei da caverna de Pã, como o deus da natureza se dirigiu a cada um de nós individualmente... exceto Nico.

– Quando você vai? – perguntei.

– Agora mesmo. Eu tenho toneladas de perguntas. Quem era minha mãe? Quem pagou para eu e Bianca irmos para a escola? Quem era o advogado que nos tirou do Lótus Hotel? Eu sei nada sobre meu passado. Eu preciso descobrir.

– Faz sentido – admiti. – Eu entendo, mesmo. Mas eu espero que nós não tenhamos que ser inimigos.

Ele abaixou a cabeça corado.

- Eu sinto muito, eu era um pirralho.

Eu sorri para ele, e coloquei minha mão sobre sua cabeça.

- Você realmente está se tornando sábio. - eu disse. - Se cuide apenas está certo?

-  Eu devia ter te escutado sobre Bianca...

– Falando nisso… – eu tirei algo do meu bolso. – Tyler encontrou isso enquanto estávamos limpando o chalé. Pensei que você podia querer.

Eu ergui uma miniatura de chumbo de Hades – a pequena estátua de Mitomagia que Nico abandonara quando fugiu do acampamento no último inverno.

Nico hesitou.

– Eu não jogo mais isso. É para crianças.

– Tá, bricando?! Ele tem quatro mil pontos de ataque – lancei a isca.

– Cinco mil – Nico corrigiu. – Mas somente se seu oponente atacar primeiro.

Nós rimos.

– Talvez seja bom ser criança de vez em quando. – Eu joguei para ele a estátua.

Nico a estudou na palma da mão por alguns segundos, então a colocou no bolso.

– Obrigado.... De novo.

Ficamos um longo tempo em silêncio.

– Eu tenho uma porção de coisas para investigar – ele disse. – Algumas delas… bem, se eu aprender algo útil, eu te aviso.

Eu não estava certo sobre o que ele queria dizer, mas assenti.

– Mantenha contato, Nico.

Ele assentiu, se virou e adentrou na floresta. As sombras pareciam se inclinar para ele enquanto ele andava, como se elas estivessem procurando por sua atenção.

Uma voz atrás de mim disse:

– Lá vai um jovem muito problemático.

Eu me virei e encontrei Dioniso parado lá, ainda em seu terno preto.

- Vamos dar uma volta, Márcia.

- Megan. - corrigi. - Mas... Para onde?

– Somente até a fogueira – ele disse. – Eu estava começando a me sentir melhor, então pensei em falar com você um pouco. Você sempre consegue me irritar.

- Hum... Ok. - eu disse.

Nós andamos pelo bosque em silêncio. Eu notei que Dioniso estava andando no ar, seu sapato preto polido pairava a uns dois centímetros do chão. Imaginei que ele não queria sujá-los.

- Nós tivemos muitas traições... – ele disse. – As coisas não parecem boas para o Olimpo. Ainda assim você e João salvaram este acampamento. Eu não tenho certeza se deveria agradecê-lo por isso.

- É... Jake. - corrigi... de novo. - Foi um esforço em grupo.

Ele deu de ombros.

– Mesmo assim, eu suponho que tenha sido quase competente, o que vocês dois fizeram. Eu achei que você deveria saber... isso não foi uma perda total. Aliás... Ares mandou dizer que para uma garotinha, você "mandou bem".

- Que coisa esquisita... - eu franzi as sobrancelhas. - Ares mandando um elogio.

- Bem, ele meio que é seu sogro, agora. - disse-me ele.

- Isso é mais estranho ainda.

- Com certeza, Mercedes.

Essa doeu até o pâncreas. Mas não vou nem corrigi-lo... Não adianta. 

Nós alcançamos o anfiteatro e Dioniso apontou para a fogueira do acampamento. Clarisse estava sentada ombro a ombro com um grande garoto hispânico que estava contando a ela uma piada. Era Chris Rodriguez, o meio-sangue que ficara louco no labirinto.

Eu me virei para Dioniso.

– Você o curou?

– Loucura é minha especialidade. Foi bem simples.

– Mas… você fez algo legal. Por quê?

Ele levantou uma sobrancelha.

– Eu sou legal! Eu simplesmente escorro bondade, Maria Johansson. Você não tinha notado?

– Bem... É que tipo...  Hum...

– Talvez eu tenha sentido a perda pela morte do meu filho. Talvez eu achasse que esse garoto Chris merecia uma segunda chance. De qualquer forma, isso pareceu melhorar o humor de Clarisse.

– Por que você está me contando isso?

O deus do vinho suspirou.

– Oh, se eu soubesse. Mas lembre-se Maria, um ato bondoso às vezes pode ser tão poderoso quanto uma espada. Como um mortal, eu nunca fui um grande guerreiro ou atleta ou poeta. Eu só fazia vinho. As pessoas da minha vila riam de mim. Elas diziam que eu nunca conseguiria nada. Olhe para mim agora. Por vezes pequenas coisas podem se tornar realmente grandes.

Ele me deixou sozinha para pensar naquilo. E enquanto eu observava Clarisse e Chris cantarem uma canção estúpida de acampamento juntos, de mãos dadas na escuridão, onde eles achavam que ninguém podia vê-los, eu tive que sorrir.


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Notas finais do capítulo

Eu inspirei a versão Octavian no "Sai", personagem do anime "Naruto", um garoto sem emoções, e tal. Mas acho que ficou bem bacana esse cap.

O que acharam???

~Interrompendo a progamação normal para propaganda~

Ah, galera. Convido vocês a curtirem a page que sou ADM junto com um colega meu (Um priminho filho de Hades...) estarei assinando lá como "~ClarisseLaRue" pq Clarisse é diva.

https://www.facebook.com/pages/Percy-Jackson-e-o-ladr%C3%A3o-de-raios/328947083869286?ref=ts&fref=ts

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