Crônicas Do Olimpo - A Batalha Do Labirinto escrita por Laís Bohrer


Capítulo 31
A Defesa Final! E Mais sobre laços e idiotas...




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Não tão rápido, amiguinha.

Um calafrio percorreu por todo o meu corpo, a ponta da lâmina causava dor com apenas um toque e eu soube que era mágica, uma mágica de tortura, cruel, mas mágica.

Eu fiquei sem reação por um instante, eu podia simplesmente recuar para longe da lâmina, me virar e atacar o inimigo, podia simplesmente me defender dos golpes como eu fazia sempre. Mas eu não conseguia me mover pela mágica da foice.

- Silena... - eu murmurei.

A mesma deu uma risada seca e curta atrás de mim, ela me contornou, sem deixar de me tocar com a lâmina mágica, eu não acredito como fui estúpida o suficiente para esquecer de usar armadura, eu vestia uma jaqueta jeans escura comum, mesmo assim, ao toque da lâmina era como se meu braço estivesse em chamas.

Seus olhos não possuíam o mesmo brilho de antigamente, nem cruel, nem alegre, seus olhos estavam foscos e sem brilho, como os olhos de um morto.

- Sentiu saudades? - perguntou ela sem expressão, mas minha impressão era de que queria ser malvada.

Ela vestia uma leve armadura bem feminina, seu cabelo estava na altura do queixo, vermelho como sempre, os olhos azuis mais escuros do que nunca.

Eu não conseguia dizer nada, além do que segurar os gemidos. Meus pés desgrudaram do chão, Silena apenas me encarava com o olhar vazio, e eu o retribuía da mesma maneira.

- Magia. - disse ela. - É muito útil em duelos. 

Eu tentei sacudir a cabeça, mas até isso era complicado.

- O que? - questionou ela. - Não vai tentar me fazer ir para o seu "lado do bem"? Não vai vir com aqueles sermões de sempre?

Eu engoli seco, finalmente dizendo:

- Por... - gaguejei. - ... Por que eu deveria? Você vai tentar me matar de qualquer jeito.

- Desista de uma vez. - disse-me ela. - Entregue-se ao senhor titã.

- Nunca. - eu gemi.

- Olhe ao seu redor, Megan.  - disse ela. - Isso é só uma pequena parte do nosso poder, você pode finalmente ser reconhecida. Podemos ser amigas outra vez como nos velhos tempos, ficaremos lado a lada. E você será uma belíssima ferramenta de batalha para o Lorde Cronos.

- Prefiro... Morrer. - eu disse.

- Não diga idiotices, Megan.  - cuspiu. - Você sabe quem está no topo, ele esta de volta, acha mesmo que tem chances? Você é uma mera meio-sangue contra um titã e um exército de monstros.

- Uma mera meio-sangue filha dos três grandes. - eu lembrei. - Digo e faço idiotices... Os idiotas fazem isso.

Então como previsto ela me deu um golpe.

Silena me liberou da mágica da lâmina de sua foice. 

Eu recuei a tempo antes que ela arrancasse a minha cabeça, mas a ponta de sua lâmina causou um corte em meu rosto, eu cambaleei com a mão no ferimento. Cai ajoelhada com a cabeça abaixada.

- Não existe lugar nesse mundo para idiotas. - respondeu.

- Ah, é? - eu me levantei erguendo Anaklusmos. - Parece que terei que criar um.

Silena tentou me dar uma estocada, mas eu recuei de novo, com as costas em um tronco de árvore, Silena me atacou, mas eu me agachei e rolei para o lado antes que sua foice arrancasse minha cabeça, a lâmina atravessou o tronco até o outro lado, e isso me deixou bem... Chocada.

Ai eu me lembrei, Mágica. É claro... Silena nunca foi boa demais com armas, ela precisava de um impulso com a mágica, isso era desvantagem, tudo o que eu tinha era Anaklusmos. 

É, teria que servir mesmo.

Eu corri atrás de Silena com minha espada erguida, mas antes de eu lhe dar o golpe eu fui lançada para trás por uma força invisível, minha cabeça bateu em uma pedra e sangue escorreu da minha testa. Eu olhei para Silena que apontava sua foice diretamente para mim, pedras de safira brilhavam azuladas na face de sua lâmina. 

- Como eu disse... - indagou ela. - Magia é muito útil em duelos.

Olhei ao redor, a batalha ainda acontecia, mas não estava já como antes. Era um cenário triste e sujo,meio-sangues mortos no chão, outros tentando proteger seus amigos e irmãos. Monstros chegavam cada vez mais. 

- Isso mesmo... - disse ela. - Logo seu acampamento se tornará cinzas.

- Por que? - me virei para ela. - Por que está fazendo isso?!

Em vez de responder, ela me deu um golpe no qual eu não consegui desviar, um corte se abriu no meu antebraço ardendo em chamas. 

- Droga... - eu gemi.

Ela tentou me atacar de novo, dessa vez com um chute na barriga, e como ela me cercava, eu não pude desviar. Quando desviei, já era tarde demais, o folego era o que me faltava, o ar fugia dos meus pulmões. Ela era rápida. Mas eu acho que a magia tinha alguma influência nisso, talvez... se eu pudesse ao menos tirar a foice de sua mão, ela perderia essa magia.

Silena cerrou o punho da mão esquerda e o bracelete de prata que usava se transformara em um magnifico escudo de guerra. É... Eu não estava me saindo muito bem naquela luta.

- Eu sei que você pode lutar mais que isso, Megan. - disse ela. - Vamos! Me ataque!

Ela atacou, eu rolei de novo. Ela investiu na mão em que eu segurava a espada, e eu soltei a espada, a mesma voou da minha mão aterrissando atrás de Silena.

- Se defenda! - exclamou ela. - O que foi? Já quer parar para descansar?

Eu me ergui cambaleando, Silena ataca e eu desviava, não... Eu fugia. Mas afinal, não era isso o que eu fazia todo esse tempo?

- Pare com isso... - eu disse finalmente. - Por favor.

- Sua droga de "Por favor"... - disse ela fazendo um corte na área abaixo dos meus joelhos. - Acha que isso muda alguma coisa?! Imbecil!

Ela me empurrou com um soco no estomago. Parecia que tudo ocorrerá em câmera lenta. Eu fui jogada no gramado, meus ferimentos queimavam minha alma. E eu não conseguia pensar. Meus olhos estavam cheios da água, mas eu não chorava, apenas lamentava.

Eu me apoiei no gramado pelas mãos, encarei Silena. Com dificuldades eu ergui minha mão em sua direção.

- Volte... Silena.

- Você é mesmo muito idiota, sabia!? - ela gritou. - Olhe sua situação, Megan... Por que insiste tanto nisso?!

Eu tossi. 

- Honre seu título de filha dos três grandes. - disse-me. - E lute como uma! Não me subestime! 

- Lutar... - repeti. - É o que eu venho fazendo todos esses anos... Tudo o que eu fiz... Foi lutar... E tudo o que consegui, foi adiar...

Eu lembrei das palavras de Quiron. Sobre eu ter tido tempo apenas para me tornar covarde, apenas para adiar todos os momentos que viriam a seguir, todos aqueles no qual eu temia. Era como dormir, não gosto de dormir, pois temo meus pesadelos.

Lembrei da conversa que tive com Jake sobre ser idiota, deduzi que ser idiota era algo bom.

- Vamos, logo! - ela insistia, Silena arranhou o ar com sua foice e eu fui jogada contra uma árvore. Cai ao lado de Anaklusmos. - Por que não tenta me matar!?

Limpei o sangue que escorria do canto do meu lábio.

- Porque... - comecei. - Por que você não tenta me matar?

Ela hesitou.

- O que...

- Você esta me ferindo... - eu disse. - Estou desarmada, estou fraca, estou no chão diante de você... Sou uma presa fácil, você esta me chutando, socando, arranhando, cortando... Mas você não aprece ser alguém com intenções de matar.

- Cale a boca! - ela gritou me atacando, eu rapidamente saquei Anaklusmos e defendi.Nossas lâminas formaram um X no ar. - O que você sabe sobre mim?!

- Tudo aquilo que você esqueceu sobre você. 

- Não! - ela tentou me atacar por baixo, mas eu recuei, cambaleei. - Por que!? Como você consegue... 

Eu recobrei os sentidos e me apoiei em um galho, cobrindo o ferimento no meu braço, doía muito, veneno?

- Como você consegue ser assim?! - ela gritou para mim. - Por que não desiste de mim?! Por que não deixa de ser idiota?! Por que não me mata? Eu vi você lutar com Anteu, sei que pode fazer isso.

Eu hesitei, ela fala aquilo como... Como se fosse isso que ela quisesse e eu estivesse estragando tudo.

Eu era bem sozinha... Ninguém... - eu tossi. - Ninguém me entendia, eu sempre fui uma "aberração"...

- DROGA! - ela berrou e tentou me estocar. Desviei com Anaklusmos. - POR QUE NÃO DESISTE NUNCA?!

- Por sua causa... - minhas palavras a fizeram hesitar por um instante, ela recuou. - Você apareceu, Silena... A primeira pessoa a me reconhecer como um ser igual, você foi...

Ela não deixou eu terminar, ela partiu para o ataque e eu não pude desviar dessa vez, um corte profundo no meu outro braço. Gemi e cai de joelhos.

- Você mudou, Silena... - eu disse. - Enquanto eu crescia e mudava também...  Eu vivia me perguntando o que eu era, quem eu era... E "uma meio-sangue filha de Poseidon", nunca era resposta certa.

O Escudo de Silena voltou a ser um bracelete, ela respirava pesadamente.

- O que você é... Afinal?

- Sua amiga. - com os joelhos trémulo, eu me ergui mais uma vez. - Entende? As pessoas sempre faziam eu me sentir um monstro, eu explodia canos e tal...

- Pare com isso! - ela exclamava, mas eu continuava me aproximando dela. - Cale a boca!

Independente do que você tente fazer, se você tentar me matar de novo, se você esta má, eu não ligo...

- Pare! Não adianta! Você não entende? - questionou.

- Eu criei um laço com você, Cronos cortou esse laço e eu vou amarra-lo de novo.

Ela ergueu a arma na minha direção como um aviso: Afaste-se.

- E ninguém... vai me impedir. - disse eu. - Mesmo que meu único obstáculo... Seja você.

As safiras na sua foice começaram a brilhar novamente, como se alguém tivesse colado estrelas na lâmina. 

- Deixe. de. ser. idiota. - disse ela pausadamente, ameaçadora.

Se desistir de alguém importante é ser corajosa... - Eu já estava há milímetros da lâmina da foice apontada diretamente para o meu coração. -  Prefiro viver como a maior idiota do mundo.

Eu parei de andar de repente, a mágica da lâmina de Silena me controlava agora. Os olhos de Silena estavam arregalados para mim, a batalha que acontecia ao nosso redor parecia rodar em câmera lenta.

Ela largara sua foice, a mesma tomou o vão entre nós.

Silena me encarava fixamente, seus olhos tomavam um brilho incomum, ainda não era um brilho de emoção. Era o "Olhar de Afrodite", o olhar que hipnotizava o inimigo. 

- Segure sua espada, firme. - disse ela.

Eu forcei minha espada em minhas mãos, imaginando que ela provavelmente faria eu mesma me matar. 

- Erga-a. - ordenou Silena e eu fiz isso.

O Próximo movimento seria...

- Me mate.

Eu arregalei os olhos, chocada com o que eu havia ouvido, quem era aquela pessoa na minha frente? Implorando pela morte? Quando uma vez que pedira para eu lutar sério.

- Me mate... - repetiu. - Me mate, por favor.

Eu tentei resistir, mas era quase impossível, minha mente dizia: "Não!", mas meus membros diziam "O que quiser senhorita!". Eu ergui minha espada contra vontade estava lutando contra aquela olhos.

Masssssacrem elessss!  - eu ouvi uma dracaenae sibiliar.

Anaklusmos estava quase alcançando Silena, quando aquele sibilo me despertou, mas era tarde, eu não conseguia parar. Foi quando eu fiz o que rezei para ser o certo. Eu chutei Silena e caiu contra uma pedra. E a minha lâmina atingiu o gramado.

Silena estava atordoada olhando para mim.

- Por que? - perguntou ela.

- Porque sou idiota. - e dizendo isso eu corri na direção da batalha. 

Matem a todossss ou Cronosss vai esssfolar vocêsss vivossss! - sibilou a dracaenae novamente.

Aparentemente, aquela ameaça era mais assustadora do que nós. Os gigantes avançaram numa última tentativa desesperada. Um surpreendeu Quíron com uma rajada de vento em suas pernas traseiras, e ele cambaleou e caiu. Seis gigantes gritaram com alegria e avançaram.

Não! – gritei, mas eu estava muito longe para ajudar.

Então aconteceu. Hansel abriu sua boca, e o som mais horrível que eu jamais ouvira saiu dela. Era como se o som de uma trombeta de cobre tivesse sido aumentado mil vezes - o som de puro medo.

Como se fossem um, as tropas de Cronos derrubaram suas armas e correram por suas vidas. Os gigantes passaram por cima das dracaenae tentando chegar ao labirinto primeiro. Um dos gigantes agarrou Silena com a mão e a levou, agora inconsciente. 

Telquines e cachorros infernais e meio-sangues inimigos disputavam para ir logo atrás deles. O túnel se fechou, e a batalha estava acabada. A clareira estava quieta, exceto pelo fogo nas árvores, e o choro dos feridos.

Eu corri até Jake que estava caído no chão. Eu o ajudei a levantar. 

- Você esta ferida... - disse ele.

- Não é importante agora. - eu disse. - Vamos!

Corremos até Quíron.

– Você está bem? – perguntei.

Ele estava deitado de lado, tentando em vão se levantar.

– Que embaraçoso – ele murmurou. – Acho que ficarei bem.

Felizmente, não atiramos em centauros com pernas... ai! ... pernas quebradas.

– Você precisa de ajuda – eu disse. – Eu vou trazer um médico do chalé de Apolo.

– Não – Quíron insistiu. – Há feridos mais graves para atender agora. Vão! Estou bem. Mas, Hansel... mais tarde teremos que conversar sobre como você fez aquilo.

– Aquilo foi incrível – concordou Jake.

Hansel corou.

– Eu não sei de onde veio aquilo.

Emily o abraçou firmemente.

– Eu sei!

Antes que ela pudesse dizer mais, Tyson chamou:

– Megan, Jake, rápido! É Nico!

Havia fumaça ondulando de suas roupas pretas. Seus dedos estavam fechados, e a grama ao seu redor havia se tornado amarela e morrido.

Eu o virei o mais suavemente que pude e coloquei minha mão gentilmente sobre seu peito. Seu coração estava batendo devagar.

– Pegue um pouco de néctar! – eu gritei.

Um dos campistas de Ares veio mancando e me entregou um cantil. Eu derramei um pouco da bebida mágica na boca de Nico. Ele se engasgou e gaguejou, mas suas pálpebras se abriram.

- Nico, o que houve? - perguntei. -  Você pode falar?

Ele concordou fracamente.

– Nunca tentei convocar tantos antes. E-eu ficarei bem.

Nós o ajudamos a sentar e demos a ele mais um pouco de néctar.

Ele piscou para todos nós, como se ele estivesse tentando se lembrar quem éramos, e então ele focou em alguém atrás de mim.

– Dédalo – ele sussurrou.

– Sim, meu rapaz – o inventor disse. – Eu cometi um erro terrível. E vim corrigi-lo.

Dédalo tinha uns poucos arranhões que estavam sangrando um óleo dourado, mas ele parecia melhor do que muitos de nós. Aparentemente seu corpo autômato curava-se rapidamente.

Sra. O’Leary estava atrás dele, lambendo as feridas da cabeça de seu dono, então o cabelo de Dédalo estava engraçado. Briareu estava em pé ao seu lado, cercado por um grupo de sátiros e campistas admirados. 

– Eu encontrei o centímano enquanto vinha pelo labirinto – Dédalo explicou. – Parece que ele teve a mesma ideia, vir ajudar, mas ele estava perdido. Então nós nos juntamos. Ambos viemos acertar as coisas.

– ÊÊÊ! – Tyler pulava pra cima e pra baixo. – Briareu! Eu sabia que você viria!

– Eu não sabia – o centímano disse. – Mas você me fez lembrar quem eu sou, Ciclope. Você é o herói.

Eu sorri para Tyler.

- Eu sabia disso hã muito tempo. - eu disse. - Mas, Dédalo... o exército Titã ainda está lá embaixo. Mesmo sem o fio, eles voltarão. 

- Puxa! Eu nem acredito que é você! - disse Benjamin Chase animado interrompeu. - Autografa minha armadura?!

Dédalo guardou sua espada.

– Claro, jovem arquiteto. E Megan... Você tem razão. Enquanto o Labirinto existir, seus inimigos poderão usá-lo. E é por isso que o Labirinto não pode existir mais.

Jake o fitou.

– Mas você disse que o labirinto está ligado à sua força vital!

Enquanto você estiver vivo...

– Sim, meu rapaz – Dédalo concordou. – Quando eu morrer, o labirinto morrerá também. E Sr. Chase, eu conheci sua irmã, Annabeth, uma jovem encantadora, o senhor me lembra muito dela.

Benjamin corou.

- Ah... Obrigado.

- Ela tinha um sonho de se tornar aquiteta, pena que ainda não foi realizado. - disse o inventor. - Então eu tenho um presente para você.

Ele puxou uma mochila de couro de suas costas, abriu-a, e tirou um laptop prata – um dos que eu tinha visto na oficina. Na parte de cima havia o símbolo Δ azul.

– Todo o meu trabalho está aqui – ele disse. – Foi tudo o que consegui salvar do fogo. Anotações de projetos que eu nunca comecei. Alguns dos meus projetos favoritos. Eu não pude desenvolvê-los nos últimos milênios. Eu não ousei revelá-los para o mundo mortal. Mas talvez você os ache interessantes.

Ele estendeu o laptop para Benjamin, que o olhava como se fosse ouro sólido.

– Você está me dando isso? Mas é inestimável! Ele vale... eu nem sei quanto!

Dédalo riu.

- Acho que sua irmã gostaria que eu fizesse isso. - disse ele. - Um dia você será um arquiteto melhor do que eu jamais fui. se você é da mesma família de quem diz ser. Pegue minhas ideias e as aperfeiçoe. É o mínimo que posso fazer antes de morrer.

Morrer? – eu disse. – Mas você não pode simplesmente se matar. Isso é errado.

Ele balançou sua cabeça.

– Não tão errado quanto me esconder dos meus crimes por dois mil anos. Genialidade não é desculpa para o mal, Megan. Minha hora chegou. Eu devo encarar meu castigo.

– Você não conseguirá um julgamento justo – Jake disse. – O espírito de Minos vai estar no julgamento...

– Eu aceitarei o que vier – ele disse. – E confiarei na justiça do Mundo Inferior, como ela é. É tudo que podemos fazer, não é?

Ele olhou direto para Nico, e o rosto de Nico escureceu.

– Sim... – ele disse.

– Você levará minha alma como compensação, então? –Dédalo perguntou. – Você poderia usá-la para trazer sua irmã.

– Não – Nico disse. – Eu o ajudarei a libertar seu espírito. Bianca morreu. Ela deve permanecer onde está.

Ele olhou para mim e deu um meio sorriso, eu baguncei seu cabelo.

Dédalo assentiu para Nico

– Muito bem, filho de Hades. Você está se tornando sábio.

Então ele se virou para mim.

– Um último favor, Megan Jackson. Eu não posso deixar a Sra. O’Leary sozinha. E ela não deseja voltar ao Mundo Inferior. Você cuidará dela?

Eu olhei para a enorme cadela negra, que choramingava tristemente, ainda lambendo o cabelo de Dédalo.

- Claro. - eu disse sorrindo para o inventor.

- Obrigado, mesmo. - disse Dédalo. - Você tem um coração puro, Megan. É fiel aos seus amigos, não tenha medo disso, é muito mais que uma qualidade do que um defeito. Isso permite que você não se torne fria e egoísta.

Eu assenti lembrando da minha conversa com Atena sobre defeitos.

- Certo. 

– Então eu estou pronto para ver meu filho... e Perdiz – ele disse. – Eu devo dizer a eles o quanto eu me arrependo.

Eu tinha lágrimas em meus olhos.

Dédalo se virou para Nico, que sacou sua espada. De início fiquei com medo que Nico fosse matar o velho inventor, mas ele simplesmente disse:

– Sua hora chegou há muito tempo. Fique livre e descanse.

Um sorriso de alívio surgiu no rosto de Dédalo. Ele congelou feito uma estátua. Sua pele ficou transparente, revelando as engrenagens de bronze e os maquinários zumbindo dentro de seu corpo. Então a estátua virou cinzas e se desintegrou.

Sra. O’leary ganiu. Eu acariciei sua cabeça, tentando confortá-la o melhor que eu podia. A terra tremeu – um terremoto que provavelmente podia ser sentido em todas as maiores cidades pelo país – conforme o labirinto desmoronava. Em algum lugar, eu esperava, os remanescentes da força de ataque Titã foram enterrados, mas ainda me perguntava sobre Silena... Mas algo me dizia, de que ela não estava morta. 

Eu olhei em volta para o massacre na clareira, e para os rostos cansados de meus amigos.

– Vamos, pessoal. - eu disse. - Vamos arrumar essa bagunça.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?...



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