Dream On escrita por Kori Hime


Capítulo 4
Rachel - Sobrevoo NY montada em um cavalo


Notas iniciais do capítulo

Título completo: Eu sobrevoo Nova Iorque montada em um cavalo alado
Narração: Rachel E. Dare
Idade: 29 anos
Status atual: Precisando de um café forte.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407731/chapter/4

Antes de ir trabalha costumo fazer uma caminhada no Central Park. Esse é um dos privilégios de morar em frente a ele. Atualmente moro sozinha no apartamento que comprei com meu próprio dinheiro.

A relação com meus pais melhorou muito, principalmente após crescer e amadurecer. Meu pai me proporcionava coisas boas e eu aprendi que posso usar essa influência para também proporcionar coisas boas as outras pessoas. Acontece que, aquele apartamento era perfeito e estava localizado próximo a uma área segura. Alguns meio-sangue moravam por ali e para protegê-los, o Olimpo decidiu colaborar dando uma proteção extra com magia. Voilá. Você pode fazer uma caminhada matinal tranquilamente que nenhum monstro irá te atacar.

Mas não se empolgue, quando muitos meio-sangue se juntam a coisa não fica muito agradável.

Apesar de ser totalmente humana, existe uma recompensa e tanto pela minha cabeça. Afinal, quem não desejaria ter um oráculo particular? Felizmente até o momento ninguém tentou capturar minha cabeça. Seria muito desagradável.

Após o expediente na galeria eu costumo visitar o centro de Artes que fundei. Isso mesmo, levo crianças e adultos para esse centro comunitário e lá eles aprendem muitos ofícios. A empresa do meu pai não é somente patrocinadora, mas a maior responsável pela contratação de novos funcionários recém-saídos da rua ou prisão. Não precisei de um discurso para convencer meu pai, ele sabe o que é certo.

E por fim, a noite eu descanso. Prefiro ouvir música e pintar um quadro em minha sala. Se Percy visse essa bagunça iria achar que não era necessário limpar a casa dele quando fui visitá-lo.

O sol estava nascendo quando terminei uma de minhas pinturas. Um belo cavalo alado. BlackJack. Eu andei sonhando bastante com ele e estava ansiosa para o início do verão. Dessa vez não poderia passar todo o verão no acampamento, mas uma semana seria possível.

Ser um oráculo e ter uma vida normal era possível. Apesar de não ter tudo sob controle. Imagina você no shopping, no cinema ou em um restaurante, tendo uma profecia?

Pois é, você não pode fazer nada. Essas coisas me preocupam. Meu curriculum está, além do meu doutorado em Artes, uma bela lista de profecias.

Preparei um café forte e fui para a varanda. Estava assistindo o nascer do sol, quando um pontinho escuro começou a se mover no céu. Eu esfreguei os olhos e por mais que tenha visto coisas estranhas, nunca duvido de algo novo para me surpreender. Conforme se aproximava, sua imagem ia se modelando e finalmente eu pude distinguir quem era.

Quando BlackJack aterrissou no telhado do prédio, saí correndo e subi as escadas de emergência, segurando minha longa saia para não cair de cara no chão.

BlackJack não estava sozinho é claro. Percy veio com ele.

— Uma visita essa hora da manhã? — Perguntei ao me aproximar. — Não aconteceu nada grave que eu sei. Afinal, sou o oráculo. Então o que traz vocês dois a minha casa?

Acariciei BlackJack e eu poderia jurar que ele sorria.

— Estávamos passando por aqui e eu pensei se não queria uma carona para o acampamento.

Quase dois meses se passou desde que nos vimos pela última vez no acampamento Júpiter. Percy e eu mantivemos um contato esporádico durante essas semanas. As vezes nos encontrávamos em nossos sonhos, e era tão reais que eu podia sentir o cheio da loção pós-barba que ele usava.

Algumas noites eu não conseguia dormir e me sentia frustrada por não nos conectarmos. A noite passada foi uma delas. Mas Percy me avisou com antecipação que iria passar alguns dias no acampamento meio-sangue e depois visitar sua mãe, deveria voltar logo para começar a estudar para as provas. Mas eu não esperava que ele viesse me ver.

— Como encontrou meu endereço?

— Eu tenho informantes capacitados.

— E esse informante contou que eu possuo um carro? Geralmente vou dirigindo. — olhei para o cavalo, que passeava pelo telhado. Havia um belo jardim na cobertura, isso atraia pássaros e deixava o ar mais fresco. Aposto que o jardineiro nunca esperou por um “pássaro” tão grande visitando o jardim.

— Falando assim vai magoar o BlackJack. — Percy estava ainda mais bonito que a última vez. Embora não seja muito difícil, trocando as roupas e fazendo a barba. Não me entenda mal, a versão despojada de Percy também me agrada. Mas agora ele parece um homem mais velho, responsável e incrivelmente normal.

Eu ri com o pensamento.

— O que foi? Eu disse algo errado? — Ele cutucou o nariz para saber se estava sujo.

— Foi algo que pensei. — Peguei a mão dele e convidei para conhecer meu apartamento. — Blackjack, meu querido, se quiser vir terá que tomar bastante cuidado para não quebrar nada.

Percy virou-se para ele e os dois ficaram se olhando, enquanto conversavam.

— Ele vai ficar aqui, disse que gostou do prédio. Devia ter mais desse por aí.

— Também acho. Quem sabe não conseguimos isso no futuro?

Descemos as escadas. Percy me falou sobre as dificuldades do estágio e o escritório do Advogado Jano. Um de seus professores. Parece que a popularidade de Percy não agrada aos mais velhos.

— É como se tudo o que eu fiz não tenha sido importante para eles. — Percy disse desanimado. Queria ter o poder de fazê-lo sentir que era especial.

— Pelo que entendi, eles acreditam que você não fez nada mais do que seu dever como filho de Poseidon.

— Eu vi a morte diversas vezes. Mas não é o bastante.

— Não fique chateado, você é um grande herói para mim. Já salvou minha vida incontáveis vezes. Eu sou grata ao grande herdeiro dos mares. — Me curvei, fazendo uma honrosa reverência.

Percy riu, apertando os lábios em seguida me encarando. Nesse momento geralmente eu dizia que estava com sono e a nossa conexão terminava. Mas pessoalmente era complicado evitar seu olhar.

— Sinto muito Rachel, pareço um velho chato resmungando pelo passado. — ele deu de ombros. E começou a analisar minhas obras.

Eu costumava espalhar os quadros pelo apartamento. Por isso abri mão de alguns móveis. As janelas altas traziam mais luz para o apartamento e naquele horário tudo era banhado com o dourado do sol.

Apolo estava de parabéns.

— Você passou por diversos jogos maléficos dos deuses. Sacrificou-se em nome de todos. Não é nada demais querer um reconhecimento por isso. Eu gostaria de dar a você a maior das estátuas e um monumento ao grande Perseu. — Abri os braços e ele veio sorrindo para me abraçar.

Acariciei seus cabelos negros e pousei a cabeça em seu ombro. O cheiro do pós-barba era real e satisfatório.

— Eu agradeço, Rachel. — ele segurou minhas mãos e as beijou. — Que tal um passeio exclusivo pelas Linhas Aéreas Percy Jackson?

— Parece tentador. — Ele me arrastou para o telhado onde BlackJack brincava com borboletas. Percy subiu no cavalo, estendendo a mão para me ajudar a subir também. Sentei na frente, onde Percy poderia me segurar pela cintura. Eu já havia voado diversas vezes, mas sempre era emocionante um passeio com BlackJack.

A visão da cidade era maravilhosa, sem dúvida, sobrevoamos o Central Park, a Quinta Avenida, a Estátua da Liberdade. Foi um passeio empolgante. Quando retornamos, senti que desejava passar mais tempo no ar.

— Então, quando irá para o acampamento?

— Estava pensando no final da semana, não poderei ficar muito tempo. Preciso organizar uma exposição na galeria. — Eu já estava querendo convidá-lo para a inauguração da nova exposição, mas não tinha certeza se Percy curtia muito meu trabalho.

Nesse momento você pode se perguntar sobre eu ser um oráculo. Não saberia a resposta?

A verdade é que não.

Alguns dias venho sentindo essa incomoda sensação de que estou me perdendo. Alguns pensamentos estão confusos e eu não sei ao certo... mas estou gostando. Gostando de me sentir assim. Afinal, até quando eu deverei servir como oráculo?

— Nos vemos no acampamento. Estou ansioso para receber meu novo colar de contas. O outro já está lotado. Quem diria. Com certeza o Senhor D. não esperava que mais meio-sangues sobrevivessem por tanto tempo para perturbá-lo.

— No fundo eu acho que ele gosta. Quase como uma tortura prazerosa.

— OK! Não sei se estou preparado para falar sobre bizarrices dos deuses e seus prazeres tortuosos. — Ele levantou os braços, chamando em seguida o cavalo. — Vai ser divertido. Vamos relembrar os velhos tempo.

Percy se foi com BlackJack e no final daquele mesmo dia eu estava em meu carro, dirigindo para o acampamento. Não pude evitar, foi algo mais forte. Simplesmente surtei e decidi que seria a decisão certa a tomar.

No acampamento, passei algumas horas não muito interessantes na companhia do Senhor D. e Quírion. Alguns assuntos discutidos, fui dispensada para o jantar. Aquela noite teria captura a bandeira. Havia muito mais crianças e jovens ao qual me lembrava da última vez. Era visível que alguns deles vieram do acampamento Júpiter, outros eram filhos de campistas mais velhos.

Sim. Campistas mais velhos que de uma forma incrível estavam superando as dificuldades e dando continuidade a suas vidas. Quando antes um meio-sangue não passava de seus vinte anos, hoje eles teriam uma chance maior de viver mais e ter filhos, família e serem felizes.

Claro que as regras eram especiais para eles. Os filhos de meio-sangues só poderiam participar do acampamento na primeira semana do verão. Sendo assim, o acampamento virava um verdadeiro centro familiar. Acho que não preciso dizer qual a opinião do Senhor D. sobre isso.

O jantar foi divertido. As mesas trocadas era uma novidade. Nos misturamos em meio aos irmãos e irmãs, primos e primas. Percy estava acompanhado de Tyson e depois pulou para outra mesa e depois para outras e foi assim até chegar na que eu estava. Ele sorria, parecia mais feliz. Talvez a animação contagiante dos mais jovens diante de suas histórias heróicas o fizesse se sentir especial.

A captura a bandeira foi muito competitiva. Os chalés se dividiram em equipes. Eu fiquei observando de longe, Piper ao meu lado, conversando sobre o casamento de Annabeth. Nesse momento ela e o marido deveriam estar em uma aventura na Ásia. Acho que ela se sentia um pouco abandonada pela amiga, mas fiquei sabendo que iria viajar para algum lugar inóspito em breve.

Quando o jogo terminou e o chalé vencedor foi aclamado campeão, Percy caiu sentado ao meu lado. Suado e com as roupas sujas. Ele fazia parte do time vencedor, no entanto, deixara toda a honra e toda a glória para Pierre, um menino que estava em seu segundo ano no acampamento.

— Estou exausto. — deitado no chão, ele fechou os olhos.

— Que tal um banho e cama? — Sugeri, motivando-o a se levantar.

— Opa, banho e cama? Acho que é contra as regras.

— Não seja convencido. Eu não vou te dar banho. Vamos, eu não aguento você. — Puxei-o pelas mãos, mas sem sucesso, até ele se levantar por vontade própria.

— Vem comigo, quero te mostrar uma coisa.

Nos despedimos de Piper e fomos em direção aos chalés. O chalé de Poseidon ainda recebia apenas dois membros. Tyson roncava na cama de cima do beliche, enquanto Percy me levava até um canto do quarto onde havia feito um mural com diversas fotos de quando éramos adolescentes.

Ele olhou para uma de minhas fotos, ao lado de Annabeth, depois olhou sério para mim.

— Porque não usa mais o cabelo assim curto? — apontou para a foto.

— Talvez porque meu cabelo assustava as pessoas?

— Eu diria que ainda assusta. — ele encostou-se na parede. Desejei poder ouvir seus pensamentos.

— Assusto você?

— Só quando faz profecias mortais e perigosas. — ele segurou minhas mãos.

— Percy...

— Eu queria dizer uma coisa para você. — Ele me interrompeu, e começou a falar sobre nossa vidas, o acampamento, seu trabalho e Lavínea. Disse que ela era uma pessoa genial e doce. Que tudo aquilo o assustava mais do que um Minotauro. Mas principalmente, disse o que eu não queria ouvir. — Você é minha melhor amiga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um balde de água fria na cabeça ruiva da Rachel Tadinha. hahahaPercy é tão burro, como pode? hueuhehueuh



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dream On" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.