Sábios que Erram escrita por bioexi


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Esta estória não pretende violar direitos autorais, sendo unicamente uma forma de entretenimento.



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Sábios que erram – CAPÍTULO FINAL


         Dumbledore caminhava pelos corredores desertos da escola. Todos dormiam agora e mesmo aqueles que vigiavam, sabiam que aquela área do castelo, hoje era responsabilidade dele. O diretor passara todo o dia pensando na conversa que tivera com Snape na noite anterior, conversa essa que acontecera devido às reclamações de Severo de que Dumbledore confiava mais informações a Harry que a ele. Dumbledore riu brandamente enquanto pensava nas contradições de um homem frio o suficiente para conseguir iludir um bruxo psicopata e megalomaníaco como Riddle, mas ao mesmo tempo, inseguro o suficiente para disputar sua atenção e confiança com um mero adolescente. A conversa em si fora perturbadora por seu conteúdo, pois Dumbledore revelara a Snape que ele deveria contar a Harry, no momento certo, que ele deveria ser morto por Riddle, por ser o próprio Harry, uma horcrux.


- Então o garoto...o garoto deve morrer? Perguntou Snape anormalmente calmo.


- E é Voldemort que deve matá-lo, Severo. Isto é essencial. Disse Dumbledore com convicção.


- Pensei...todos esses anos...que nós o protegíamos por causa dela. Por causa de Lily. Disse Snape subitamente desconfortável.


Explicar a Snape a necessidade do grande sacrifício que Harry precisaria fazer, foi uma das coisas mais difíceis que Dumbledore havia feito nos últimos anos. O rosto de Severo expressara o choque da descoberta, como há muito, o Diretor não o via expressar nenhum dos seus sentimentos.


- Você o manteve vivo para que pudesse morrer na hora certa? Severo disse sem disfarçar o horror que sentia. Dumbledore lembrou de ter interpretado sua reação como um sinal de afeição pelo garoto, ao que Snape respondeu quase indignado, conjurando um patrono. Era essa parte que o diretor não conseguia esquecer. O patrono de Snape era o mesmo patrono da mulher cujo filho ele tinha ajudado a proteger. Após tantos anos, Severo ainda amava Lily e isso desconcertou Dumbledore a ponto de ele quase chegar às lágrimas.


- Depois de todo esse tempo? Ele perguntou emocionado.


- Sempre. Respondeu Snape com um misto de firmeza e resignação.


Ficara mais claro do que nunca, para Dumbledore, que a intensidade da dor que Snape sentiu no dia em que Lily morreu, não havia diminuído nem um pouco ao longo do tempo.


         Dumbledore sentia que havia se tornado um homem sábio ao longo dos anos e foi justamente essa sabedoria, que o ensinou que sábios também erram e agora, no pouco tempo que lhe restava, ele caminhava pelos corredores de Hogwarts para deixar claro para si mesmo, que embora errem, homens sábios admitem seus erros e fazem o possível para corrigi-los. Ele abriu silenciosamente a porta do quarto de Snape e entrou. Uma suave fonte de luz era a única claridade no ambiente, que estava vazio. Dumbledore sentou-se numa das duas poltronas do local e reclinou-se confortavelmente, protegido pela penumbra enquanto esperava Snape voltar de sua ronda. Ele conhecia seus horários e sabia que isso seria em breve. Não demorou muito para que a porta do aposento se abrisse e Severo entrasse murmurando, ao fechar a porta atrás de si, um feitiço para acender a iluminação do quarto. Assim que a luz banhou o ambiente, os olhos de Severo se arregalaram e em poucos segundos, ele recuou com a varinha apontada na direção de Dumbledore até seu cérebro entender que a figura à sua frente não representava uma ameaça e ele conseguir soltar a respiração contida no momento do susto.


- Merlim! Snape conseguiu dizer apoiando-se levemente na porta do quarto enquanto baixava a mão que segurava a varinha. – Diretor, devo interpretar sua presença sorrateira no meu quarto particular como um sinal de que você mudou de idéia e que ao invés de querer que eu o mate, resolveu me matar primeiro? Snape disse quase totalmente refeito, antes de completar.  – Só gostaria de pedir que me despachasse de uma maneira mais digna. Já posso até imaginar as manchetes do Profeta Diário amanhã, disse Snape com um aceno exagerado de sua mão, como se lesse um jornal imaginário à sua frente. –Diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, mata gloriosamente, de susto, o perigoso Comensal da Morte, Severo Snape, braço direito Daquele-que-não-deve-ser-nomeado.


Dumbledore cruzou suas longas mãos no seu colo e ainda instalado confortavelmente em sua poltrona, riu bondosamente para Snape.


- Não tenho dúvidas, Severo, que sentirei muito a falta do seu senso de humor quando partir.


Snape fez um som de descrença e sentou pesadamente na outra poltrona à frente de Dumbledore,


- Eu não tenho senso de humor, Diretor. Depois de tantos anos você já devia ter percebido isso.


- Permita-me discordar meu caro menino. E discordo também da sua manchete imaginária no Profeta Diário, você não é um comensal da morte e não é de Tom Riddle, que você é braço direito.


Snape estreitou os olhos e olhou diretamente para Dumbledore, que parecia completamente relaxado em sua poltrona.


- Você está aqui por ontem à noite, não? Snape disse como se estivesse analisando um paciente. – Não sinta pena de mim, Diretor. Eu não preciso da sua misericórdia.


- Não, Dumbledore disse com voz firme e expressão séria. –Eu preciso da sua.


Snape abriu a boca para dizer alguma coisa, mas antes que qualquer som pudesse sair, Dumbledore o cortou.


- Severo, não me interrompa, por favor. Desde que você me procurou, aquele dia na colina para pedir proteção para Lily, conhecer você tornou-se uma prioridade para mim. Não que depois daquele dia, eu duvidasse de você, mas eu queria saber quem você era realmente, o que você sentia. Dumbledore olhou para Snape, que afundara um pouco em sua poltrona vestindo um olhar que misturava desconfiança e tristeza ao mesmo tempo. Dumbledore continuou.


- Eu quero que você saiba o quanto as coisas mudaram desde aquele dia. Eu quero que você entenda a importância que você tem para mim e para aqueles a quem você tem ajudado a proteger, mesmo que eles não saibam disso ainda.


- Isso é absolutamente desnecessário, Diretor. Eu sei que o que ando fazendo trouxe alguns bons resultados e que você me considera útil para a sua causa. Snape falou em tom controlado. – Não quis pedir nenhuma compensação, eu só achei que depois de tanto tempo, não precisaria mais mendigar sua confiança, mas se você acha que deve ser reservado, então seja, eu...


-Severo. Dumbledore falou suavemente. Não estou falando de sua utilidade como espião, isso é um tema óbvio. Estou tentando dizer que quero o seu perdão por não ter conseguido enxergar desde o início o menino leal a seus princípios, corajoso e inteligente que você era quando chegou a Hogwarts. Perdoe-me por não ter interferido propriamente para evitar que você se tornasse um jovem retraído e defensivo. Perdoe-me por não ter feito a minha parte para tentar evitar que você entregasse sua vida adulta nas mãos de um louco cruel e principalmente, menino, perdoe-me por nos últimos anos ter colocado você dentro deste velho coração na posição de um filho, que eu nunca tive, sem pedir sua autorização para isso primeiro.


A esta altura, Snape olhava para Dumbledore parecendo extremamente abalado. Sua boca estava entreaberta como se ele tivesse sido pego absolutamente de surpresa pelas palavras que ouvira anteriormente. Dumbledore não queria deixar esse assunto pela metade e aproveitou para prosseguir.


- Por que o choque, Severo? Eu não tenho lhe dito várias vezes sobre sua coragem? Sobre achar que se o chapéu seletor tivesse mais tempo com você, ele teria extrema dificuldade de colocá-lo em uma das casas pelas diferentes qualidades que você tem? Não estou confiando a você a tarefa de me ajudar a dar o próximo passo para uma próxima existência? Como você pode não acreditar em minha fé em você, Severo.


- Eu sou útil a você, Diretor e você me dá crédito por isso. Isso é mais do que a maioria das pessoas fez por mim em toda minha vida e eu sou grato por isso. Snape disse, tentando ainda recuperar o controle de sua voz.


- Não, menino. Você não é útil para mim. Você é bem mais que isso. Você é querido por mim. Você é o filho que eu escolhi para conhecer, contar e proteger. Eu partirei em breve, nós ambos sabemos, mas tomarei providências para protegê-lo. Não posso garantir que você sobreviva a essa guerra, mas conhecendo você, conto que isso seja uma possibilidade. Então, se você sobreviver como eu fortemente desejo, precisará de provas para sua verdadeira lealdade e estou cuidando disso; caso você não sobreviva, quero o seu nome restaurado como o grande homem que você se tornou. Quero que todos saibam que você talvez seja o homem mais corajoso que pisou os terrenos desta escola em toda sua estória.


Por um momento, Dumbledore viu em Snape aquela expressão que ele vira muitos anos antes, quando Severo pediu punição para o episódio do lobisomem. Seu queixo tremeu um pouco e ele pareceu estar prestes a cair no choro, mas de novo, ele não chorou. Parecendo lutar com suas emoções, ele olhou Dumbledore parecendo desarmar-se completamente, pela primeira vez em muitos anos.


- Eu não...eu não sei o que dizer. Ele baixou a cabeça e começou a olhar para as mãos que agora ele torcia furiosamente em seu colo.


- Diga que vai tentar sobreviver, Severo. Prometa-me que vai fazer o possível para ser feliz e me dar netos num futuro sem Riddle, num futuro de paz.


Snape levantou a cabeça e fez um som que estava entre um riso e um soluço e perguntou.


-Ah, Alvo! Eu? Um pai?


- Há muitas maneiras de ser pai, Severo. Se eu consegui ter esse sentimento, não vejo por que você não poderia. Prometa-me.


- Prometo seu velho bastardo e manipulador. Snape disse quase voltando a seu sarcasmo natural.


- Vê? Você me conhece melhor do que ninguém. Dumbledore comentou com absoluta naturalidade enquanto apontava a varinha para uma pequena mesa e conjurava um chá completo para dois.


- E agora creio que você não vai se recusar a acompanhar esse velho diretor em um chá


         Dois anos depois do final da guerra e da derrota de Voldemort, Harry Potter olhava com curiosidade uma caixa cuidadosamente embalada materializar-se do nada em seu colo. Colado à caixa, um pergaminho enrolado onde se lia: Para o senhor Harry Potter, onde quer que ele esteja dois anos depois de vencer. Do senhor Alvo Dumbledore, que muito apreciou sua vitória. Sem conter a curiosidade, Harry desembalou a caixa e viu que ela continha pequenos frascos, que ele imediatamente reconheceu como iguais àqueles em que Dumbledore guardava seus estoques de lembranças em Hogwarts. Ao lado dos frascos, um pedaço de pergaminho, dizia: minhas lembranças sobre Severo Snape. Harry estudou cada lembrança deixada por Dumbledore e um ano depois de receber as lembranças, a memória de Snape estava sem nenhuma sombra de dúvida, livre de qualquer acusação de traição. Harry se encarregou disso. O nome de Snape passou a ser mencionado pelos novos alunos de Hogwarts como sendo o nome do homem que iludiu duas vezes o bruxo mais cruel que o mundo bruxo conheceu. – O homem mais corajoso que eu já conheci. Suspirou Harry para si mesmo.


 


FIM


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