Um silencioso lamento

Foi gravado em terra

Alan – Ashita e no Sanka

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O lugar escuro e o chão sujo faziam-na ter ideia do que se passara ali mesmo sem ter estado presente.

O ambiente escuro e a falta de sons só pioravam os sentimentos que se apoderavam dela naquele momento, o coração destruído pelas perdas e o futuro incerto assustavam-na e a saudade daqueles que foram estavam deixando-a louca.

Saber que não os veria novamente e a forma brutal com que foram tirados de si pelas mãos do exército do homem que tocou de uma forma tão intima, de um modo que nunca havia sido tocada deixavam-na com asco do próprio corpo,as marcas vermelhas e alguns machucados espalhados por algumas partes do corpo mostravam quão grande essa repulsa era.

O sentimento de repulsa por si mesma crescia de forma incontrolável, já não via mais porque estar ali presente na vida de pessoas desconhecidas, não via porque continuar a fugir ou até mesmo a respirar, não tinha nenhuma casa para voltar, não havia ninguém lhe esperando e nunca haveria.

Só queria ser deixada ali, só queria ficar quieta e esperar pela morte que chegaria de mansinho e aos poucos lhe levaria a única coisa que lhe restava, sua vida.

O olhar desanimado caiu sobre as mãos e logo depois para os tornozelos que ainda estavam envolvidos pelas correntes que prendiam-na no velho santuário de Hiashi.

Alcançou a corrente e começou a puxa-la, estava tentando tira-las dos próprios pés quando sentiu algo cortar sua perna, olhou o local que havia sido cortado e próximo a ele encontrou a ponta de uma flecha, que provavelmente esteve presente na batalha que havia ocorrido naquele lugar antes de sua chegada.

Observou o sangue escorrer pelo pequeno corte que fizera e logo uma ideia se surgiu, porque ao em vez de esperar a morte, não ia ao encontro dela. Seria mais rápido se fizesse isso.

Tomou a pequena lamina nas mãos e a direcionou ao pulso esquerdo,não tinha certeza se conseguiria chegar ao seu objetivo,mas pelo que já ouvira de conversas dos mais velhos muitas pessoas tentaram tirar a própria vida desta forma.

Era o único método que conhecia.

Começou a perfurar o pulso no local em que vi um leve sinal azul e logo viu um filete de sangue escorrer,doeu bastante,o suficiente para fazer uma lagrima escorrer pelo seu rosto.

Aumentou a pressão sobre a pequena lâmina e viu o sangue aumentar.

Mais lagrimas escorreram pela sua face e mais uma vez pressionou a lâmina ali.

Estava tão distraída em fazer aquilo que não notou quando se aproximaram dela por trás para ver o que ela estava fazendo.

“Não faz isso!”-Ela levantou o rosto e viu uma mulher loira se abaixando ao seu lado e tomando a pequena lâmina de suas mãos.

Viu-a rasgar um pedaço de sua própria roupa e quando notou o que ela queria puxou o braço o escondendo e impedindo-a de fazer o que queria.

“Deixe-me te ajudar.”-ouviu-a falar e ao notar que ela tentava se aproximar apoio os braços no chão para tentar se afastar, mas sentiu uma forte dor no braço ferido a fazendo arquejar e dando a loira a chance que precisava para pegar o braço ferido.

Ela enrolou o ferimento com o tecido rasgado fortemente e logo sentiu o braço que estava em suas mãos ser puxado e viu a moça morena mesmo ferida se levantar e ir para longe dela.

“Eu não vou te machucar,quero te ajudar!Isso está feio,está saindo muito sangue.”-A morena não entendia tudo o que a loira dizia,mas pelo pouco que sabia ela queria ajuda-la.

“Eu não querer ajuda.”-pronunciou incerta as palavras para a loira que a olhou e pareceu reprimir a raiva.

“Porque?Eles te salvaram,e você vai se matar,fazer o trabalho que eles tiveram ser em vão?”-A loira estava claramente irritada com ela.

“Eu não ter mais nada, família morta, casa destruída, honra perdida, conhecidos todos mortos, não ter lugar pra voltar, não ter quem amar, NÃO TER NADA, EU NÃO TER MAIS NADA.”-Soltou o que se passava com ela para a loira com as poucas palavras que sabia daquele idioma que seu pai ensinava.

A loira a olhou quieta e notou as lagrimas agora mais abundantes escorrerem pela pele mais queimada que o normal, que em conjunto com o sotaque denunciavam que ela não pertencia à aquele país.

“Você pode recomeçar, deixe eu ajuda-la...”-A loira esticou a mão e se aproximou dela devagar.

“Não querer recomeçar, quer pais,ve-los,ir com eles.”-as lagrimas escorriam e a jovem se encolheu e se abaixou puxando o vestido em volta de si tentando criar uma barreira para se proteger-“pessoas más, não querer isso,eu quero meus pais, não quero mais aquele monstro, não quero isso, Xīwàng bàba māmā,BÀBA.”

“Não precisa ser assim,existem muitas pessoas boas.”-a loira se abaixo próxima a ela e tocou seu ombro, o olhar assustado e ao mesmo tempo desesperado que a moça lançou para ela assustou-a de início, mas depois compreendeu um pouco e abraçou a moça que não se moveu, só chorou.

A Loira ouviu a porta ser aberta e logo reconheceu a voz que soou no lugar.

“Temari?” -o ruivo foi até onde a loira estava e se assustou ao encontra-la com a garota que Neji trouxera e com o fato de o vestido estar todo sujo de sangue.

“Preciso que a leve para enfermaria rápido!”-Temari disse o olhando enquanto uma lagrima escorria pelo seu rosto.

O ruivo vendo como a irmã estava se direcionou a moça que estava agachada, e pegou-a no colo sem resistência nenhuma por parte dela.

Rumaram para a enfermaria o mais rápido que puderam.

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“Terminamos a colheita Kakashi-san”-Inoichi comunicou ao homem que estava sentado junto de seus ‘discípulos’.

“Ótimo, arrumem as coisas, levantaremos acampamento hoje em direção as montanhas do norte. Ali é uma região fértil, sua vila pode se estabelecer lá enquanto vamos atrás do rei.”-Kakashi falou olhando todos de forma séria e logo todos se levantavam e iam em direção a determinadas cabanas para informar a decisão do mais velho.

“Vocês vão mesmo atrás do rei?”-Inoichi perguntou sentando-se próximo do homem que escondia metade da face atrás de uma mascará .

“Sim, precisamos descobrir porque ele aprovou algo tão cruel,eu tenho minhas suspeitas, mas preciso confirma-las, porém se estiverem certas o rei é mais ambicioso e sujo do que eu pensava.”- o homem respondeu olhando Inoichi de forma séria.

“O que você suspeita que seja?” -a curiosidade do homem falou mais alto e ele não conseguiu segurar a pergunta.

“A uma velha lenda sobre isso, uma velha cidade de ouro maciço esconde os mais belos tesouros e as piores armadilhas, uma linha fina separa a vida da morte uma linha que deve ser ultrapassada para que atinja seu objetivo. O momento certo vai chegar 30 minutos você tem para entrar e sair ou então a areia irá lhe cobrir e dali você nunca mais vai sair.”-Terminou de falar e o homem ainda lhe olhava de forma curiosa.

“Nunca ouvi essa lenda e olhe que já ouvi muitas!”

“Essa lenda é especial, o objetivo escondido se trate do poder de domínio, se tornar mestre das artes marciais. Algo que é almejado pela maioria dos praticantes, você provavelmente não sabe porque são poucos que a conhecem, aquele que toma seu conhecimento também sabe das coisas que já se passaram para que conseguissem localizar o local onde está a cidade. Segundo o mestre essa cidade causara algo realmente bom,mas também coisas ruins quando for achada, ele disse que ela está soterrada desde que o inventor das artes foi assassinado a muito tempo, o que acontece ali é uma praga rogada pela filha dele que não aceitou o fato do aluno matar o mestre por ganancia, para se tornar o senhor das artes. Não sei de muita coisa, mas o mestre me disse que ela pode estar próximo a região norte, mas na parte árida, por isso estamos indo para as montanhas lá.”-explicou para o homem que somente fez sinal afirmativo com a cabeça.

“Espero que não seja isso.”-o homem olhava o chão de forma triste.

“Também espero que não seja isso.”-Kakashi respondeu mesmo sabendo que provavelmente aquele era o motivo, principalmente pela parte do deserto ser vigiada pela tropa do rei.

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Temari estava sentada no chão enquanto olhava a moça que dormia profundamente sobre a maca improvisada construía por Gaara.Fizera alguns curativos e havia conseguido para o sangramento do pulso esquerdo, também tinha dado um banho nela e trocado suas roupas manchadas de sangue e chiques por peças mais simples e confortáveis.

Tinha certa pena da moça,se estivesse na situação dela provavelmente estaria da mesma forma:perdida,sem saber pra onde ir, o que fazer e em quem confiar.

A forma que ela chorou, o tempo que ela chorou mostraram a ela quão grande a dor dela era, principalmente depois que Gaara contou que aquela era a moça que Hiashi aprisionava e tinha por mulher, pode ver algumas escoriações e isso deixou claro que a moça tinha nojo do próprio corpo.

“Temari-san,vamos levantar acampamento,prepare suas coisas que sairemos ainda hoje.”-ouvi uma voz pouco conhecida e se virou a tempo de ver um rapaz que carregava na cintura uma espada,provavelmente uma dos homens do tal Kakashi.

Viu-o se aproximar e sentar ao seu lado e olhar a garota desacordada com o pulso todo enfaixado e agora com roupas mais simples e aparentemente mais confortáveis.

“O que ela fez?” -pode ouvir a voz preocupada do rapaz.

“Tentou se matar.”-disse com um pesar na voz que o rapaz foi capaz de notar.

“Porque?” -foi a única coisa que disse e esperou pela resposta que não tardou a chegar.

“Ela não tem mais nada, está perdida como uma criança que se perde da mãe em um mercado movimentado. Está desesperada, com nojo de si mesma e profundamente triste.”-respondeu olhando para o rosto da moça.

“Ela não devia se matar só por isso.”-ele respondeu assim que ela terminou de falar.

“Eu sei, mas nem todos temos um psicológico forte o suficiente para perder todos os parentes para um vilão como Hiashi e depois sermos obrigados a nos deitar com alguém tão sujo. Ela sente falta dos pais, falta do lar, repulsa por ter se deitado com Hiashi,mais repulsa ainda por ter sido ele a desonra-la...ela senti que não tem mais ninguém no mundo então ela acredita que não tem porque ainda estar nele...”-disse olhando o rosto da moça que estava pálido, mas sereno.

“De certa forma dá pra entender um pouco...mas mesmo assim....” -ele disse enquanto duvidava do que seria certo dizer.

A loira estava visivelmente abalada pelo que aconteceu, não queria fazê-la sentir-se pior do que estava.

Não foi ela que passou por tudo aquilo,mas estava estampado no rosto dela para quem quisesse ver que aquilo doía nela,a afetava de forma muito grande,mesmo nem conhecendo a moça aquilo a afetava.

“Eu me pergunto se o que querem fazer dará certo…se não vão se arriscar atoa, se eu não a impedi em vão. Quem me garante que quando o amanhecer chegar não estaremos todos mortos...já perdi meus pais, meu irmão é o que me resta, o que me impede fazer o que ela fez as lagrimas escorriam pelo rosto que agora tinha uma feição amarga-ele é minha base, meu motivo para respirar, se perde-lo eu morrerei...uma parte importante demais seria arrancada de mim,uma parte muito preciosa: o meu coração.”-as lagrimas escorriam e molhava as pernas que estavam cruzadas.

“Nesse meio tempo tudo será possível, você tem que ter fé que conseguiremos, que Gaara vai conseguir e no fim de tudo voltara para você. Não ache a batalha já está perdida quando ela só começou, ela será longa e árdua baixas na parte amiga serão iminentes, mas isso é por um bem maior, é para impedir que mais sangue de inocentes seja derramado em vão como o dos familiares dessa garota foram. Acredite em nós eu prometo que vou ensinar seu irmão a lutar de forma direita e tentarei protege-lo, mas tenha fé, porque é com ela que as coisas começam.”-ele disse olhando-a com sorriso mínimo.

“Obrigada”-ouviu-a balbuciar as palavras e viu-a olha-lo e sorrir agradecida.

“Por nada.”-disse enquanto se levantava-“arrume suas coisas, logo partiremos.”-disse e se virou.

“Tudo bem Shikamaru-san”-ouviu-a dizer com a voz mais firme e sorriu.