O Defensor escrita por That Girl


Capítulo 19
Capítulo 19 - O Texto.


Notas iniciais do capítulo

Oláááá!!! Estava morrendo de saudades de vocês! Bom, mas antes de qualquer explicação: FELIZ ANO NOVO (bem atrasado) minhas leitoras queridas!!!
E desculpem pelo atraso, final de ano foi super corrido e os primeiros dias desse ano mais corridos ainda =/
Mas agora estou de volta, e pretendo postar com frequencia!

Agradeço do fundo do meu ♥ as MPs que me mandaram e dedico este capítulo para:
— Minhas leitoras que sempre me acompanham,
— A galera que favoritou,
— Aos novos leitores, seus lindos!
— Isa Salvatore Cullen e HeleenaaRodrigues pelas MPs de apoio.
— Minha nova leitora Maribella, que comentou todos os caps e ainda mandou MP de apoio.

Obrigada Flores, e espero que gostem do tão esperado 'Texto'.

Boa leitura ^^



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Naquela noite nós não conversamos muito, ela estava preocupada, fiquei mais tranqüilo ao saber o que ela realmente estava sentindo: medo de ver tudo se repetir e alguém sair machucado com essa estória toda. Deixei-a dormindo em sua cama e voltei para minha casa, não diria que estava calmo, mas não estava tão no escuro, sabia mais ou menos o que esperar de Bella, o problema era não saber o que se passava na cabeça da Lauren, pra piorar tudo eu estava ansioso demais com a leitura desse bendito texto. Mal deitei e acordei com alguém afagando meus cabelos.

– Boa tarde dorminhoco... – Bella afagava meus cabelos e eu me mexia preguiçosamente.

– Boa tarde? – respondi rouco e ela riu.

– Sim, já passa do meio dia... E logo nossos amigos estarão aqui... –ah é, hoje é o tão esperado dia da leitura do texto.

– Nossa, estava tão cansado... Essa semana foi tensa, acabei perdendo a hora. – disse me aconchegando em seu colo.

– Eu percebi, você sempre me acorda no sábado... Manda mensagens até que eu me levante! – ri de seu comentário e me senti sonolento com aquele cafuné que ela estava fazendo.

– Amor, se você continuar com esse cafuné eu vou dormir de novo... – disse com a voz ficando grogue e ela cessou os movimentos, fiz um muxoxo triste e ela me encarou com uma sobrancelha arqueada.

– Ei, vamos parar com essa crise de preguiça. – disse puxando meu cobertor. – Não era você que estava todo ansioso pra ler o texto? – assenti freneticamente e ela riu, mas logo voltou a ficar séria. – Pois muito bem, vá tomar um banho pra despertar o corpo. Estarei lá embaixo com minha sogra. – disse me dando um selinho e descendo logo em seguida.

Sem muita coragem eu me levantei e fui até o banheiro tomar um banho pra despertar o corpo; quinze minutos depois eu desci e encontrei três lindas mulheres conversando: minha mãe, minha sogra e Isabella, uma das garotas que eu mais admiro, e não é apenas por ser minha namorada, mas porque ela não deixa de ser quem é pra agradar os outros. Mesmo sofrendo com o Bullying ela não mudou as características que mais a agradam... Isso a fez sofrer um pouco mais, mas mesmo assim ela continuou seguindo da maneira que A agradava. Fiquei por ali admirando-a e demorei pra perceber três pares de olhos me observando atentamente.

– Filho! – ouvi minha mãe quase gritar e me assustei.

– Oi? – respondi meio abobado e nem olhei pra saber que Renée e Bella estavam quase caindo da cadeira de tanto rir, corei no mesmo minuto.

– Você está há quase dez minutos aí parado, observando a Bella com uma expressão sonhadora no rosto... – minha mãe ia falando e eu corava mais a cada palavra dita. Não sabia dizer exatamente o porquê de tanto constrangimento, afinal ela era minha namorada, mas isso não importava no momento.

– Eu estava admirando as três mulheres mais lindas e cheias de vida que eu conheço... – disse respirando fundo e entrando de vez na cozinha, indo direto para o fogão me servir do almoço que estava pronto.

– Ah, mas esse meu genro é galante demais! – minha sogra falava para me provocar, sabe que sou tímido e ainda cutuca.

– Mãe, pára se não ele vai ficar roxo... – Bella disse rindo baixinho vindo pra perto de mim e eu bufei derrotado.

– Edward sempre foi assim, desde pequeno. Muito seguro de suas atitudes e extremamente amoroso com as pessoas, mas muito tímido quando se trata de expor o que sente na frente de muitas pessoas. – minha mãe entregava minhas ‘qualidades’ de bandeja pra minha sogra e ainda dando motivos pra ela me deixar mais vermelho do que de costume.

– Não vai se servir? Ou vai ficar prestando atenção na conversa dessas duas? – disse me fingindo de bravo para provocá-la, Bella apenas revirou os olhos e pegou um prato na bancada para se servir enquanto as duas ainda falavam de mim.

– Mãe, não fale de mim assim quando estou presente... – reclamei para que ela parasse de me elogiar tanto.

– Pare de ser estraga prazeres! Estou aqui trocando inocentes figurinhas com a minha amiga, mãe da minha linda nora. – disse sorrindo pra minha namorada e pra minha sogra, que retribuíram o gesto.

– Ele tem razão por enquanto Esme, vamos dar uma folga pra ele! – disse Renée arrastando minha mãe para o jardim. – Me diga, como você está cuidando das suas flores? Minhas orquídeas não estão tão bonitas quanto as suas... – rapidamente minha mãe seguiu-a até o jardim. As duas adoravam flores e jardinagem.

– Eu vou te ensinar um truque. Filho, se seu pai chegar mais cedo avise que estou na Renée. – assenti batendo continência e ela revirou os olhos.

– Juízo os dois hein? – minha sogra riu maliciosamente e até Bella corou de leve dessa vez.

– Mãe! – ela reclamou.

– Ai! Vamos Esme, já não está mais aqui vem avisou... – disse nos soprando beijos e saindo pela porta da cozinha com minha mãe em seu encalço.

Quando as duas finalmente saíram eu pude me sentar e almoçar sossegado, sem engasgar. Bella sentou-se ao meu lado e almoçamos num silêncio confortável, ambos perdidos em pensamentos, cada qual na sua mente e ali divagando sobre algumas coisas que ainda pareciam estar pendentes; no meu caso eu sabia muito bem no que pensava: queria ajudá-la a apresentar mais uma vez seu talento como escritora para a escola, mandar as cartas para a Universidade de Port Angeles, planejar uma viagem para as férias de verão... Sim, eu estava doido pra fazer algo diferente para comemorar seis meses de namoro e também porque depois do fim do Ensino Médio, eu espero que sua auto-estima esteja mais fortalecida...

– Edward? – ouço vozes ao fundo me chamando, mas acho que é só impressão.

– Mas será que ela vai aceitar ir e Renée vai deixar sem ficar tirando aquele sarro da minha cara?

– Edward?

Pra onde será que Bella gostaria de ir? Será que ela sonha em conhecer algum lugar específico?

– Será que ele está em transe? – epa, acho que ouvi a voz da Tânya...

Deve ser impressão minha... Hum, ela adora Jane Austen, será que meus pais dariam um patrocínio pra uma viagem à Londres?

– Acho que ele está hipnotizado... Bella, o que você fez com ele? – outra voz, acho que Bella está cantando.

Talvez devêssemos organizar um roteiro...

– Eu não fiz nada Vic! Ele almoçou quietinho e quando me levantei pra lavar os pratos ele estava aí falando sozinho... – Bella ainda está cantando?

Nossa, vou lá em cima buscar meu texto, o pessoal já deve estar chegando... – continuei com minhas divagações enquanto saía da cozinha e ia até meu quarto buscar meu texto. Quando voltei encontrei a turma na sala e achei estranho porque nem ouvi a campainha tocar... Mas o que mais me espantou foi ver que os quatro choravam de rir e Jay estava dobrado ao meio de tanto que gargalhava, ok, isso está estranho.

– Boa tarde? – disse indo até eles para cumprimentá-los.

– Boa... Tarde... – disse Jay sem fôlego enquanto as meninas apenas assentiam, tentando limpar as lágrimas que escorriam por seus rostos.

– Porque estão chorando? Ok, acho que eles estão bêbados... – pensei comigo mesmo e Bella começou a rir. Olhei meio feio pra todos e logo os risos cessaram.

– Estamos chorando de rir... Sabe, chegamos aqui e você estava falando sozinho lá na cozinha e não atendia quando a gente te chamava... Parecia que estava hipnotizado! Aí do nada você levantou e subiu para o seu quarto! – Jay falava e seu rosto estava vermelho e eu naturalmente encarnei um cosplay de berinjela, já que provavelmente fiquei roxo.

– Hum... É... Bem... É que eu às vezes penso em voz alta... – esclareci o que aconteceu e todos notaram meu constrangimento e logo Vic tratou de mudar de assunto.

– Disso nós sabemos, mas vamos deixar pra lá, não é galera? – disse piscando e todos assentiram. – Mas vamos ao que interessa de verdade: temos que ler o texto e começar os ensaios a partir de segunda.

– Precisamos ensaiar com afinco até o final de maio, queremos um desfecho épico para este ano letivo! – Tânya batia palmas, empolgada.

– Gente, não precisa ser épico, só quero que se divirtam na apresentação... – tinha que ser minha modesta namorada pra proferir essa ‘pérola’. Jay rolou os olhos antes de respondê-la.

– Ah Isa, nem vem com essa. Estamos no último ano e sabe-se lá Deus quando terei oportunidade de fazer isso de novo... Então a resposta é: será épico e ainda faremos questão de sua presença no palco ao final da apresentação. – Bella esbugalhou os olhos e eu contive o riso, Jay era muito enérgico quando queria fazer valer sua vontade.

– Ok, ok... Pensamos nos detalhes do encerramento depois. – cortei o clima de ‘vamos encurralar a Bella’ – Agora, por favor, vamos ler este texto de uma vez? – disse meio suplicante e todos se preparam para começar a leitura.

– Pessoal, eu demarquei os personagens... – Bella disse timidamente – Enquanto eu escrevia o texto, os personagens foram tomando as personalidades de vocês... – cada um de nós a observava com evidente encanto. Sem mais delongas, mergulhamos numa leitura silenciosa.

Texto: de Isabella Swan para a Feira Cultural da Forks High School.

Sob o tema: ‘O que serei daqui pra frente’, apresenta:

Em uma pequena cidade do interior de Londres, em meados do século XX, houve certa vez um grande acontecimento quando um dos filhos daquela terra retornou após terminar a Universidade cursada em Londres. Era um jovem motivo de orgulho para sua família, o sonho que tinha em se tornar médico levara toda a família, pais e avós a mudarem-se com ele para Londres, mas agora ele retornava sozinho para Longbourn. Willian (Edward) era um jovem que cresceu debaixo dos sábios conselhos dos pais e dos avós, de que deveria respeitar as pessoas como eram, aprendeu desde pequeno a valorizar as diferenças que todos temos e ele de fato era assim, sempre foi uma pessoa de caráter admirável e muito gentil. Saiu da cidade com dezoito anos e durante o período que estudou na capital não teve tempo para retornar até a cidade que agora ele pisava pela primeira vez depois de cinco anos.

Toda a cidade estava em polvorosa para receber o filho amado que agora retornava, trazendo consigo a experiência da vida na capital e um emprego como segundo médico da região, dividiria o consultório com o Dr. Weiss (Jay), um senhor na casa dos cinqüenta anos que ajudara no parto do seu agora, colega de profissão.

Naquele tempo os bailes, jantares e constantes visitas era um hábito muito comum entre todos. Mas ele tinha entre todos os rostos, um em especial que gostaria de ver e ao finalmente ver sua carruagem chegar em Longbourn arrependeu-se por passar pelo centro. Uma fila gigantesca de senhoritas o aguardavam, todas portando lenços brancos que foram simultaneamente ao chão e ele preferiu apenas sorrir e observar se entre as moças estava aquela que ele desejava tanto ver; seu coração ficou apertado ao perceber que ela não estava ali e rapidamente ele pensou que ela poderia ter se mudado e preferiu tirar isso a limpo logo de uma vez. Desceu da carruagem quando a mesma chegou em frente ao seu novo local de trabalho: o consultório do Dr. Weiss.

– O bom filho a casa torna! – foi recebido pelo velhote e sorridente Dr.

– É... – disse meio sem jeito – Estou feliz por estar de volta. Foram cinco longos anos longe de Longbourn...

– Sim, foram cinco ano de mudanças importantes e necessárias. Mas me diga, como vai a família? – Dr. Weiss perguntava curioso.

– Estão bem. Mandaram lembranças ao senhor.

– Espero vê-los em breve!

– Sim, os verá quando vieram para as festas de final de ano. Mamãe adorou Londres e não pretende sair de lá tão cedo...

– Ah sim, a agitação de Londres pode seduzir gravemente aqueles que procuram algo diferente... – o Dr. divagava enquanto Willian só pensava em uma forma de puxar assunto e fazer a pergunta que tanto martelava em sua cabeça. – Já tem um lugar para ficar?

– Tenho sim Dr. Weiss, a casa de minha família estava apenas alugada, mas meus pais já providenciaram a desocupação do imóvel.

– Ah, então irá morar perto da família Lermann! – Willian arregalou os olhos em sinal de surpresa. Lermann? Não, a casa de sua família era vizinha da propriedade dos Dashwood!

– Lermann? Tem certeza Dr? – Weiss notou a surpresa de seu amigo e não pode deixar de lamentar... Ele claramente não sabia do ocorrido.

– Caro Willian, acredite que não será fácil lhe dizer o que aconteceu... Infelizmente a família Dashwood sofreu um acidente há quatro anos quando retornavam de uma viagem... Sr e Sra Dashwood faleceram no local...

– E Júlia? – o jovem estava tão desnorteado com a notícia, que não agüentou esperar o fim da narrativa para interromper o amigo.

– Ela foi a única que sobreviveu e passou um ano morando com minha família, mas não suportou o falatório das sras e Srtas da região... Ela está desaparecida há três anos. Sinto muito meu jovem. – Willian caiu de joelhos no chão e chorou; aí estava o motivo de Júlia nunca mais responder suas cartas ou mandar uma notícia sequer.

– Mas o que levou ela a fazer algo tão desesperado assim? – ele pedia explicações aos soluços.

– Não sei lhe precisar o motivo meu caro amigo... E também não temos notícias de seu paradeiro. Saiba que não desisti de procurá-la; ainda tenho homens rondando toda a região. – Willian apenas assentiu e Weiss se aproximou do amigo para afagar-lhe os ombros.

– Ela não podia ter sumido assim... Nem me disse nada... E eu estava esperando, ainda estou e ela deve saber disso.

– No momento oportuno teremos todas as respostas... O dia hoje foi cheio, vá pra casa e descanse. Deixe seus pensamentos em paz, espero-lhe em três dias e então começará a atender os pacientes. – o jovem apenas assentiu e apertou a mão do velho amigo antes de sair.

Durante todo o caminho ele só conseguia pensar quais eram os motivos que levaram Júlia a desaparecer sem deixar vestígios, ela sempre fora doce e compreensiva além, é claro, de muito bonita e amorosa para com todos e não era segredo por ali que ela e Willian eram noivos desde a mais tenra idade, não por escolha dos pais ou da sociedade, muito menos das formalidades e da conveniência. Willian e Júlia foram escolhidos pelos próprios corações, estes que ditaram um para o outro quem seria o escolhido e o jovem só saiu de Longbourn para estudar depois de noivar oficialmente e a mesma lhe prometer que o esperaria e honraria o compromisso. Seus passos automáticos, que não eram conduzidos por uma cabeça que se encontrava totalmente atormentada, acabaram por levá-lo até sua casa e após entrar ele não falou com ninguém, apenas almoçou e tomou um banho.

A mente do jovem fervilhava e ele só conseguia pensar em um detalhe: as buscas, embora bem intencionadas, não estavam sendo feitas da maneira correta. Se Júlia desejava desaparecer, como de fato o fez, não iria para um lugar onde seria facilmente encontrada. Tendo isso em mente, o jovem não pensou, apenas escreveu uma carta para os pais e outra para Weiss, explicando seu paradeiro e providenciou o necessário para uma verdadeira viagem de busca e assim que anoiteceu ele foi deitar-se, quase obrigando a mente a relaxar para poder dormir e descansar o corpo para a grande jornada que daria início no dia seguinte.

E assim que o dia começou a amanhecer o jovem deu instruções para que um empregado enviasse suas cartas aos seus respectivos endereços, sua busca deu-se início e ele já sabia por onde procurar: nos lugares onde não houvesse muitas residências próximas. Ele acreditava que sua noiva queria se esconder do mundo e não seria possível isolar-se estando cercada de pessoas.

Semanas se passaram e ele já tinha percorrido boa parte dos pequenos vilarejos e se encontrava milhas distante de Longbourn, mas ao acordar naquela manhã e sair da pequena estalagem onde estava ele sentiu seu coração se acelerar e uma esperança lhe preencher totalmente. Não muito longe dali havia um pequeno conglomerado de pequenas propriedades e mais pra frente uma densa paisagem deserta, algo como uma floresta. Sem nem pensar ele se embrenhou pela mata com muito cuidado e procurando fazer o mínimo de barulho, o sol estava nascendo e ele continuou andando até que o mesmo já se punha alto no céu quando ele ouviu um canto triste vindo de algum lugar muito próximo de onde ele estava. Apressados passos o levavam mais perto da onde vinha a voz triste e quase chorosa que ele ouvia, até que saiu da densa mata e viu um pequeno campo aberto com um simpático chalé.

Seus olhos se focaram na imagem da moça lavando grandes lençóis em um riachinho que ali tinha e um pouco mais ao longe ele viu o pequeno chalé. De imediato ele não a reconheceu, mas quando ela virou-se ele viu.

– Meu Deus! – colocou as mãos sobre a boca para conter o grito de surpresa que escapou.

A moça acabara de lavar os lençóis e os estendeu para que o sol da manhã os secasse, estes deveriam ser entregues até o final da tarde, na estalagem há algumas milhas dali. Entrou em seu pequeno chalé e começou todo o serviço doméstico do dia, cantarolando a mesma canção triste que não saía de sua memória, desde que sofreu o acidente e teve que abandonar sua adorada Longbourn.

O rapaz do lado de fora só conseguia pensar em ir diretamente até a porta daquele chalé e esmurrá-la até a moradora abri-la. E quase foi o que fez, mas tinha medo de assustá-la. Sentado em algum lugar mais perto do chalé ele ficou tentando encontrar uma maneira de falar com ela, até que o sol se pôs no meio do céu: meio dia e ele sentia seu estômago se contorcer com o apetitoso cheiro de comida fresquinha que vinha seduzi-lo. Sem conseguir esperar mais, levantou-se e foi até a porta e bateu firme uma única vez.

– Já vai... – respondeu-lhe uma voz abafada, a mesma voz que sempre fez seu coração disparar. Júlia esperava que fosse a empregada da estalagem, que tinha vindo buscar os lençóis que havia lavado pela manhã. A ansiedade o dominava enquanto escutava passos cada vez mais próximos da única barreira que o separava dela: uma porta. Júlia viu a cor sumir de seu rosto ao encarar o belo homem à sua frente, não o via há cinco anos e a emoção foi demasiado pra ela, que sentiu o chão sumir aos seus pés. Willian rapidamente amparou-a entrou no chalé com ela em seus braços e observando a simplicidade do lugar, achando-o muito simpático e acolhedor. Andou pelo pequeno corredor até encontrar um quarto e colocá-la delicadamente sobre a cama, correu até a cozinha e pegou um copo d’água e voltou para o quarto; sendo ele um médico, verificou seus sinais vitais e sentou ao seu lado após ver que tudo estava normal e aguardou que ela voltasse a si. Os tremular dos olhos dela alertou Willian que sua amada estava voltando a si e ao abrir os olhos Júlia debulhou-se em lágrimas ao ver que ele realmente estava ali ao seu lado.

– Co-como você me encontrou? – perguntou com a voz fraca.

– Acredite, não foi tão fácil quanto parece... Estou a quase um mês procurando pelos pequenos vilarejos e vim parar aqui por acaso. – Júlia franziu o cenho confusa, como assim procurando-a a quase um mês? E porque raios ele a olhava sem a expressão de nojo, terror ou pesar que todos? Apenas Dr. Wess e sua esposa a olhava desse jeito.

– Cinco anos sem nos ver e quatro sem nos comunicarmos e agora estamos conversando como se nada disso tivesse acontecido... – Júlia divagou e eWillian sorriu singelo.

– Porque pra mim nada mudou apenas nos desencontramos, mas isso já foi resolvido.

– Você se casou e veio me contar, agradeço sua sinceridade... – Willian arregalou os olhos surpreso e ela fechou os seus.

– Não me casei ainda, tive um certo trabalho para localizar a noiva... Mas agora que o fiz, pretendo me casar assim que for possível. – Júlia abriu os olhos e encarou-o curiosa.

– Encontrou-a?

– Sim.

– E estão noivos há muito tempo? – Willian não entendeu o tom de tristeza na voz dela e se sentiu confuso por ela não se incluir na conversa.

– Um pouco mais de seis anos...

– Não é possível! – ela arfou ao compreender que ele se referia a ela. Mesmo depois de seis anos ele ainda mantinha firme o compromisso que firmaram antes de tudo acontecer.

– Senhorita Dashwood, eu não volto atrás em minhas decisões e a mesma bem sabe disso. Assim que regressei a Longbourn e não a vi, saí no dia seguinte de lá para procurá-la. – suas palavras eram firmes e decididas, mas Júlia notou que algo muito importante estava sendo ignorado e subitamente se irritou ao notar que Willian não havia tocado no assunto e questionou-se se seria por vergonha dela ou porque pretendia casar-se e mantê-la ali.

– Sr Lockwood, o senhor esquece que tem algo muito importante a ser tratado aqui e me entristece que este assunto seja ignorado.

– Srta Dashwood, creio que não seja necessário tocar no assunto do acidente que vitimou sua família, Dr Weiss me deixou a par de tudo...

– Não é a isso que me refiro! – Júlia alterou-se.

– Eu realmente não me importo que...

– Ah, não me venha com galanteios Sr Lockwood! – e deixou seu corpo ceder a vontade avassaladora de chorar. Willian levantou-se da cama e passou a andar em círculos pelo pequeno cômodo, inconformado pela explosão de sua amada, sentia que ela o rejeitaria por algo que para ele era apenas um detalhe.

– Júlia eu...

– Não finja que não vê! Todos naquela maldita Longbourn me fizeram de chacota, dizendo que agora o Sr Lockwood era um partido livre quando e se voltasse! Não suportei ouvir tais desaforos...

– Esses desaforos que ouviu nada dizem respeito aos meus pensamentos! Eu vim até aqui atrás de você, eu a segui... Como juramos... Eu voltaria para a Srta... – sua voz era um murmúrio e as lágrimas dela inundavam seu rosto.

– Eu sabia bem disso quando parti, mas não posso condená-lo a ficar com alguém como eu, será motivo de comentários...

– De pessoas despeitadas! Veja, a inveja e o julgamento precipitado que as pessoas fazem umas com as outras vem de tempos... Séculos atrás já era assim e temo que fique pior ainda mais pra frente! Ouça... – aproximou-se dela com cautela. – No mundo sempre irá haver as pessoas boas e as ruins, sempre teremos que enfrentar o preconceito. Isso porque por dentro somos iguais, a mesma constituição de órgãos, mas o caráter de cada um difere, assim como a aparência exterior e é exatamente isso que nos torna seres únicos, mesmo que sejamos iguais em nossa constituição!

– Não é tão fácil assim na prática... – ela disse baixinho e ele se ajoelhou ao seu lado afagando seu rosto.

– Mas estarei ao seu lado. Vamos passar por isso juntos.

– Eu procurei médicos na região, mas meu caso é irreversível... – sua lágrimas voltaram a descer de forma abundante e Willian passou as mãos pelo rosto da jovem, beijando cada uma das cicatrizes de sua bochecha esquerda. Não eram tão medonhas, mas as seis linhas finas desenhadas ali contrastavam com o tom branco de sua pele, criando um relevo no local.

– Eu realmente não me importo com a suas sequelas... Você sobreviveu! Quer dádiva maior que esta? As cicatrizes e o fato de mancar me mostram todo o tempo que eu quase perdi você!

Willian se esqueceu por um minuto de todas aquelas formalidades e puxou-a de encontro aos seus lábios beijando-a com todo o amor que sentia pela jovem que amava desde os quinze anos. Júlia de início espantou-se, mas logo cedeu ao amor que sentia pelo homem que foi capaz de vagar entre vilarejos até encontrá-la.

Após o beijo, Willian sentou-se novamente ao seu lado e segurou de maneira firme as suas mãos.

– Não deixe de ser quem você quer ser por conta dos preconceitos, pode ser difícil, mas não está sozinha, tem a mim. E eu te aceito do jeito que é por fora, pois sei que estas marcas não interferem em quem você é por dentro.

– Eu sei que está ao meu lado e que me aceita, mas é difícil ser discriminada e ridicularizada apenas pelo fato das sequelas de meu acidente ser tão visíveis...

– A sociedade é hipócrita minha querida! Preferem apontar os defeitos das pessoas à sua volta para esconderem os próprios erros.

– Disso eu sei e sinto na pele.

Após a conversa os dois se abraçaram e depois de muito teimar, Julia resolveu voltar a Longbourn com Willian, que fez questão de se casar com ela na cidade mais próxima. Ao chegarem, todos se aliviaram com a volta do jovem médico e não esconderam o espanto ao verem Júlia de braços dados com ele e usando uma delicada aliança de ouro na mão esquerda. Em toda a cidade, o preconceito a aceitação se digladiavam, mas apesar das dificuldades, o jovem casal não desistiu do amor por causa da opinião dos outros.

**********

A garota sentada em seu quarto terminou de ler o livro e o fechou segurando-o perto de seu coração. Levantou-se e ficou de frente para o espelho, observando seu corpo, que ela considerava magro demais e os cabelos que para ela não tinha nada de bonito e chorou. Ali ela percebeu que a aparência nada mais é que uma ‘casca’ que abriga o que realmente somos: nossa alma e nosso caráter.

– O que eu quero ser... – pensou enquanto pousava o livro sobre a penteadeira e limpava o rosto banhado por lágrimas. – Eu quero ser uma pessoa de valor, que mostrará o que tenho por dentro vale mais que a aparência e não terei medo ou vergonha do que sou; de ser inteligente e esforçada em meus estudos. Eu sou muito mais do que a ‘Nerd’, eu sou alguém que faz da melhor maneira o que sabe!

Ela sorri pra si mesma e sai feliz, pois sabe que para amar os outros, é preciso se amar primeiro.

FIM

Embasbacados, era essa a expressão de cada um naquela sala. Ninguém tinha coragem de falar nada e eu senti a alma de Isabella falar no final do texto; aquele trecho falava exclusivamente dela e eu sei que todos saberão de quem se trata.

– Uau... – Vic quebrou o silêncio e Bella corou.

– Uau é pouco... Puta que par...

– James! – Victória ralhou com ele e eu resolvi expressar o que ela cortou.

Puta que pariu!

– Edward! – Bella arfou ainda corada.

– Ah, parem de frescura! Puta que pariu mesmo Bella e Vic! Esse texto está do caralho! Principalmente o final! – Tânya falou rindo e Jay e eu explodimos numa gargalhada.

– Concordo plenamente! Faço da palavras dela as minhas! – disse entusiasmado e Jay sorriu.

– E eu também!

– Ok, ok... Mas já chega de fazer escândalo. É apenas um texto pessoal... – Bella falou timidamente, abaixando a cabeça e eu sinalizei discretamente pra todos ‘concordarem’ com ela.

– Ok Isa, dessa vez passa! – Tânya piscou. – Ah, notei que você não marcou os papéis femininos...

– É que eu queria que vocês escolhessem...

– Hum, isso será meio complicado Isa.

– Porque Vic? – perguntei meio confuso e Jay fez a mesma expressão.

– É que... Bem, você incluiu um beijo uma das cenas com o Willian e como Edward está escolhido para interpretá-lo...

–Isso é verdade, eu não vou me sentir bem tendo que beijá-lo na frente da escola toda, sabendo que você estará vendo. – Tânya disse encabulada e eu fiquei vermelho, nem tinha parado pra pensar nisso.

– Ah, parem! Pode ser um selinho... Edward não precisa dar um beijo desentupidor de pia em você Tân!

– Ei, quem disse que eu farei o papel de Júlia? – Tânya se sobressaltou.

– E quem disse que eu vou dar beijo de língua na sua irmã que tem um namorado duas vezes maior que eu?

– Gente, calma... Dá pra tirar essa parte da cena... – paramos de discutir ao ver Isabella totalmente sem graça. – Não queria criar um clima desagradável e na verdade, nem tinha pensado nesses detalhes... O texto foi fluindo tanto que eu confesso que só prendi aos personagens...

– Calma Amor, não precisa pedir desculpas – tentei tranquiliza-la – Nós somos muito afobados...

– É isso mesmo Isa, relaxa. Eu farei o papel de Júlia e darei apenas um selinho em Edward. – Vic falou toda segura e cutucou Jay para que desfizesse a carranca que estava surgindo em seu rosto.

– Tem certeza Vic? – Isabella parecia hesitante.

– Certeza absoluta! – levantou-se para abraçá-la – Será uma honra representar mais um papel escrito por você! – as duas sorriram e vi Vic olhar de rabo de olho para Tân e fazer um sinal.

– Edward, onde é o banheiro? – Tânya perguntou de repente.

– Siga por este corredor, primeira porta a esquerda. – ela seguiu para lá e um minuto depois gritou por Vic, que seguiu pra lá correndo, levando sua bolsa.

– Eita, o que foi isso? – disse puxando Isabella para um abraço e me sentando com ela no sofá oposto onde estava Jay.

– Deve algo como problemas femininos, ou ‘dias de fúria’. – disse pesaroso e eu ri.

– Você ri porque não é com você né? – ele me provocou e eu ri mais.

– Tecnicamente, não é com você também! – ele fez uma carranca e minha namorada rolou os olhos.

– Seja mais discreto Edward! – ela ralhou comigo e Jay deu um sorriso de canto.

– Daqui um tempo você vai se sentir afetado quando isso acontecer com você. – piscou e Isabella riu. Ia responder quando Tânya e Vic voltaram para a sala.

– Não sei vocês, mas estou morrendo de fome e com vontade de comer cookies! Isa, vamos comigo até o Café buscar algo para o nosso lanche da tarde? – Tânya bateu os cílios etodos rimos, ela assentiu e virou pra mim, dando-me um selinho.

– Volto logo Ok? – assenti e ela e Tânya se foram.

– Bom, enfim sós, agora podemos conversar!

– O que você está aprontando Vic? – Jay perguntou todo desconfiado.

– Nada demais, mas vou precisar da ajuda de vocês, Tân já topou e eu só preciso que vocês dois concordem também.

– E com o que temos que concordar? – perguntei curioso.

– Acho que não sou a pessoa ideal para interpretar Júlia...

– Ah Vic, Tân já falou que não vai fazer e se você der pra trás agora...

– Calma Jay! – Vic o interrompeu. – Eu vou ensaiar o papel, mas também vou ensaiar outra pessoa, que na minha opinião é perfeita pra isso! E no dia da apresentação, ela irá no meu lugar! – ela sorria brilhantemente e eu e Jay estreitamos nossos olhos.

– E quem representará Júlia no seu lugar? – perguntei já desconfiando da resposta.

– Isa! – ela respondeu sorrindo mais ainda.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo, que será postado quarta que vem!

Beijos