A Ultima Fuga 2 escrita por DM


Capítulo 20
Conhecendo o Inimigo 3


Notas iniciais do capítulo

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O harém ficava situado ao fundo do kasbah. Quando alcançaram uma porta gradeada de ferro, trancada com uma grande chave, Emily viu um eunuco de guarda.

Apenas por um momento, o horror da situação em que se encontrava, a fez desejar gritar e fugir. Pensou que se pudesse alcançar a porta de entrada, enquanto a carruagem ainda estava à espera, poderia pedir aos criados da Embaixada que viessem em seu socorro. Mas compreendeu que, tendo recebido a carta que ela enviara a Spencer, os criados já tinham partido. Além do mais, se fizesse isso, portando-se de maneira covarde, o Sultão ficaria livre para quebrar o juramento. E Spencer morreria.

O simples pensamento de que Spencer poderia morrer, fez Emily sentir novamente uma punhalada no coração. Seria fácil matar Spencer. Ela não suspeitava de que corria qualquer perigo. Como alguém poderia imaginar que o Sultão nutria um ódio tão violento pelos ingleses?

Ela respirou fundo. Ergueu a cabeça e o queixo. O Sultão já estava atravessando a porta que levava ao harém. Havia um pesado e intoxicante perfume, semelhante ao incenso. Contudo, era mais doce e enjoativo. Houve gritos de boas-vindas. Emily viu algumas mulheres se levantarem das almofadas em que tinham estado sentadas em volta do local, prostrando-se aos pés do Sultão.

Somente uma mulher idosa permaneceu sentada, ao fundo do recinto. Ignorando as outras, o Sultão caminhou em sua direção. A Sultana-Mãe inclinou a cabeça e ergueu as mãos, levando-as à testa, no antigo gesto de saudação.

– Minha mãe -falou o Sultão- em francês vou-lhe trazer Lady Hastings, que será minha esposa. Nós nos casaremos na quarta-feira à noite. Haverá uma grande festa para celebrar uma ocasião tão importante.

– Será como deseja, meu filho -respondeu a Sultana, sem mostrar surpresa.

Emily viu que ela era uma mulher muito idosa enrugada e feia. Era evidente, contudo, que tinha sangue europeu. O Sultão olhou para as mulheres que, tendo-se levantado do chão, sorriam para ele de forma sedutora.

– De quem devo me divorciar?- perguntou ele.

A Sultana encolheu os ombros- Não tem prestado muita atenção em Ouda, ultimamente.

– Então, que seja assim! -concordou o Sultão.

Apontou para uma jovem sudanesa. Ela tinha pele da cor de mel e lábios bonitos. Mas os quadris eram finos e o corpo bem feito. Uma beleza de sua raça. Na verdade se parecia muito com Emily.

– Ouda -disse o Sultão- está divorciada.

Por um momento, a sudanesa permaneceu imóvel. Seus olhos se arregalaram, como se ela não compreendesse. Em seguida, com um grito sufocado, atirou-se aos pés do Sultão.

– Senhor da Humanidade! Senhor da Vida e da Morte! –gritou Ouda, desesperada- não vire o rosto contra mim! Se não puder mais ser sua esposa, eu morrerei!

– Está divorciada! -repetiu o Sultão. O harém parecia silencioso e imóvel. Emily sabia que esperavam para ver se o Sultão iria repetir as palavras pela terceira vez.

Para um muçulmano divorciar-se de uma esposa, de forma irrevogável, ele deve dizer Está divorciada, não uma vez, mas três. Geralmente, para que fossem tomadas providências com respeito ao sustento da ex-esposa, passavam-se semanas, às vezes meses, até que a proclamação fosse feita. Mas, até lá, um divórcio sempre podia ser revogado pelo marido.

Emily sabia que o Sultão pretendia enganá-la. Mas não estava preocupada. O casamento se realizaria como ele prometera. Os dois dias de prazo permitiriam que Spencer arrumasse um jeito de libertá-la.

O Sultão, ignorando os gritos e soluços da ex-esposa sudanesa, estendeu a mão, segurando a de Emily.

– Deixe-me apresentá-la -falou o Sultão naquele momento, em inglês. Então anunciou em árabe para a mãe, as outras esposas e concubinas- Esta é Emily. É inglesa e na quarta-feira se tornará minha esposa. Até lá, ela obedecerá aos rituais de nossa crença.

Houve gritos de admiração. Mas Emily ouviu murmúrios de desagrado, das mulheres que a olhavam fixamente. O Sultão levou a mão de Emily aos lábios.

– Até quarta-feira! -falou em inglês- Estou impaciente por fazer de uma pura e imaculada jovem inglesa, minha esposa.

Emily tentou não notar em sua voz o mesmo tom que havia na de Sir Noel. Eram muito semelhantes. Ambos vingativos e cruéis. Olhavam para as mulheres como se todas fossem suas escravas, simples objetos de satisfação para seus caprichos!

O Sultão se retirou do harém. Emily ficou sozinha com as mulheres. Depressa, com medo de que expressassem o ódio que se podia ver em seus olhos, Emily distribuiu os presentes. Era um gesto simpático de sua parte.

Para a Sultana, ela trouxera uma caixa de jóias de ouro, enfeitada com topázios. A velha senhora ficou encantada. As outras mulheres discutiam por causa das fitas, colares e pequenos espelhos. A sudanesa que fora desprezada, chorava ruidosamente a um canto. Tinha o rosto virado para a parede ignorando as demais, que tentavam consolá-la.

Emily esperou até que todas estivessem entretidas com os presentes, e não lhe prestassem atenção, para atravessar o recinto e se aproximar da sudanesa.

Ficando de pé ao lado da mulher, com as costas voltadas para as outras, ela disse em árabe:

– Quero lhe falar. É importante. As coisas não são o que parecem ser.

A sudanesa parou de soluçar. Ergueu o rosto para Emily. Seus olhos estavam molhados de lágrimas.

– Assim que eu ficar sozinha -disse Emily num cochicho- venha falar comigo.

Afastou-se, e sentando-se ao lado da Sultana, conversou com ela em francês. Foi uma conversa difícil e pomposa. A velha francesa falava devagar em excesso. Emily percebeu, então, que ela estava sob efeito de entorpecente. Qualquer que fosse a droga que tivesse tomado, tornava-a sonolenta. Seu cérebro não funcionava bem. Fez as mesmas perguntas várias vezes, e não parecia compreender as respostas.

Mais tarde, a Sultana mostrou a Emily um pequeno quarto. Como uma cela, sem nada nele a não ser um colchão no chão. Ali, ela devia jejuar e meditar até o momento glorioso em que se uniria ao seu Senhor e Soberano. Duas das mulheres menos importantes no harém, ajudaram Emily a se despir. Sentiu um leve arrepio de medo quando levaram suas roupas e as substituíram por uma simples túnica branca chamada djibbah.

Deram-lhe, também, uma mantilha para a cabeça, que ela podia puxar sobre o rosto como um véu. Havia colares de ouro para seu pescoço, braceletes de prata para os pulsos e argolas para os tornozelos, adornadas com ametistas e turmalinas.

Emily não falou com as mulheres, temerosa de confiar nelas, e de lhes revelar que falava o árabe.

– Ela é bonita! -disse uma das mulheres para a companheira.

– Não tão jovem como as que Nosso Soberano costuma escolher -foi a resposta.

– É magra como um lagarto.

– Devemos agradecer a Alá que seja assim. Nosso Soberano logo se cansará de um corpo tão sem carnes!

Emily não ousou sorrir ao ouvir as opiniões sobre ela. Sabia que uma mulher árabe devia ser gorda para ser julgada bonita. Se um homem tinha uma mulher magra, seus vizinhos o acusavam de ser avarento e de não alimentá-la como devia.

Quando Emily estava afinal vestida, deixaram-na sozinha. Assim que saíram, ela tirou a mantilha da cabeça e deitou-se no colchão. Era duro, mas havia almofadas que podia colocar atrás da cabeça e do pescoço.

Embora não devesse comer nada pesado, as mulheres lhe tinham deixado frutas e uma jarra de água. O calor era intenso.Emily chupou algumas uvas e bebeu um pouco de água, esperando que tivesse vindo de um poço não contaminado.

Fechou os olhos, sentindo que não suportaria fixar o pequeno quarto em que estava encarcerada. Tinha medo de entrar em pânico e tentar encontrar uma saída. O quarto lhe produzia uma impressão sufocante. Ela queria fugir dali. Desejava chamar Spencer, desesperadamente, para acreditar que ela a ouviria e que ela sentiria seus braços afastando o medo.

Tentou imaginar que ela se encontrava a seu lado, e que a apertava com força contra o peito.

Será que ela vai entender minha carta? perguntou-se, repetidas vezes. Eu podia ter explicado as coisas com maior clareza?

Depois, teve certeza de que Spencer compreenderia. Ela tivera medo de ser mais explicita. O Sultão poderia levar a cabo o seu primeiro plano. Mesmo que não a atirasse do terraço, um corpo vestido com suas roupas e com o rosto mutilado, sem possibilidade de ser identificado, seria entregue na Embaixada. Por um momento, apavorada, ela pensou que, de qualquer forma, era isso o que o Sultão ia fazer. Lembrou-se de que o Sultão ficaria satisfeito e se sentiria vingado, ao pensar que Spencer esperava a mulher com impaciência, para saber de sua morte somente na quarta ou quinta-feira.

O Sultão não tinha pressa. Isso, ao menos, daria a Marquesa oportunidade de tentar salvá-la.

Em nenhum momento ela subestimou as dificuldades para ser libertada. Mas, quando perdera o medo por si mesma ao saber que Spencer corria perigo, tivera uma certeza inabalável de que elas estariam juntos de novo.

O seu amor por ela tornava-a pronta para qualquer sacrifício, inclusive o de sua vida, se necessário, para que ela pudesse viver. Contudo, aquela voz interior lhe dizia, mesmo contra o raciocínio lógico do cérebro, que tal sacrifício não seria necessário.

Ela ouviu a porta ranger. E então, movendo-se silenciosa como uma sombra, a esposa sudanesa entrou no quarto.

Ajoelhou-se ao lado de Emily e falou com voz sussurrante- Eles não podem nos ouvir.

– Vamos falar muito baixo -pediu Emily- Deixe-me lhe explicar que não desejo tirar seu marido de você.

– Ele se divorciou de mim -disse a sudanesa. E surgiram lágrimas em seus olhos- eu estou grávida

– Ele só disse as palavras duas vezes- esclareceu Emily- Quando eu for embora, ele a tomará de novo como esposa.

– Como poderá ir? Não há meio de fugir daqui!- diz a mulher

– Se não ha fuga, eu tenho que morrer. Estouconfiando em você, Ouda. Seria capaz de me trair?- diz Emily

– Sabe que não - respondeu Ouda. - Porque se morrer, eu serei novamente esposa dele.

– Então, traga-me uma adaga bem afiada. Se eu não conseguir escapar antes do casamento, morrerei quando a cerimônia terminar- diz Emily

Viu os olhos da sudanesa brilharem.

– Está dizendo a verdade?- perguntou a jovem.

– Juro pelo Profeta que estou! Mas, você precisa me ajudar- diz Emily

– Vou fazer o que me pede -respondeu a sudanesa, deixando o quarto tão silenciosamente como quando entrara.

Sozinha, Perdita se agitou, virando-se sobre o colchão. Estava com medo! Como estivera tantas vezes antes, em sua vida... Mas naquele momento se encontrava sozinha.

Era prisioneira de um louco!

Meu Deus, ajude-me! Ajude-me a ter coragem!- pediu ela.

Na manhã seguinte trouxeram-lhe uma carta de Spencer. Era óbvio que fora aberta e fechada novamente.

Emily rasgou o envelope, com mãos trémulas. Por um instante, quando olhou para a letra firme, sentiu as palavras dançarem diante de seus olhos. Podia vê-la sentada à escrivaninha escrevendo a carta. Sentiu-se doente ao pensar que ela podia não ter entendido o que ela dissera nas entrelinhas da carta que lhe enviara. Devagar, com medo do que pudesse ler, abaixou os olhos para o papel:

Minha muito querida Emily,

Com satisfação, dou meu consentimento!

Para que seja hóspede da Sultana até quinta-feira. Que excelente matéria para o seu livro! Um casamento muçulmano!

Já comprei presentes para as crianças. Para Taylor encontrei aquele divertido brinquedo com que você e eu brincamos na estalagem. Para Carol, um relógio, a fim de que ela saiba quando está na hora de ir dormir. E para você, comprei duas romãzeiras que, espero, crescerão sobre o muro ao sul do seu jardim.

Sir Jake é muito hospitaleiro. Eu vou assistir aos fogos de artifício na noite de quarta-feira. Você está sempre em meu pensamento.

Sua devotada esposa Spencer

Quando Emily terminou a leitura, apertou a carta contra o peito e fechou os olhos. Els tinha compreendido! Ela ia salvá-la! Ela soubera que Spencer ia fazer isso!

Não era difícil compreender a carta de Spencer. O brinquedo que elas tinham usado na estalagem era uma corda, quando ela fugira por ela. A hora de dormir de Carol era seis horas. Como ela fora inteligente ao se lembrar! A corda estaria sobre o muro do jardim, ao sul, entre duas romãzeiras, na noite de quarta-feira.

Quarta-feira seria a noite do casamento. Mas ela sabia que a festa se prolongaria por toda a noite. Tudo o que tinha a fazer era alcançar o jardim, de qualquer maneira.

Depois, considerou as palavras de Spencer sobre os fogos de artifício. Aquilo só podia significar uma coisa: ia haver uma explosão, uma explosão no kasbah. E enquanto o Sultão e seus homens estivessem preocupados com o fato, ela poderia escapar.

Oh, Spencer! sussurrou. Você é tão maravilhosa! Eu sabia que você ia me salvar, sabia que encontraria um meio.

Sentiu a carta estalar contra o seu peito. E, segurando-a, levou-a aos lábios.

– Eu a amo! murmurou. Eu a amo!... Acima de minha própria vida!

Emily caminhava pelo jardim sob o sol quente. Andando devagar, parou diante de um grande canteiro de lírios. Para alguém que a estivesse vigiando de uma janela no kasbah, pareceria que ela estava admirando as flores. Mas realmente espiava para o fundo do jardim onde, sobre

a muralha sul, havia uma profusão de buganvílias e duas romãzeiras em flor.

Estava decidida a não ir mais além. Queria apenas guardar em sua mente a exata posição das árvores. E, principalmente, aquelas onde a corda estaria esperando por ela. Era apenas a segunda vez que estivera no jardim. Embora caminhasse sozinha, como era correto para uma noiva em meditação sobre as inexprimíveis delícias do casamento que a esperava, estava segura de que por trás das janelas de grades, ou através de uma porta semi-aberta, dois olhos a seguiam sem cessar.

Estivera isolada do resto do harém. As únicas pessoas que lhe falavam eram a Sultana e duas mulheres que lhe traziam frutas, duas vezes por dia. Mas seu quarto, tal como era, aberto para o quarto principal, permitira que ela visse através das cortinas de contas que cobriam a entrada, as esposas e concubinas do Sultão. E assim tinha aprendido bastante sobre a vida em um harém.

Os quadros que ainda existiam no Ocidente, de mulheres bonitas, sinuosas, dançando seminuas para encantamento de seu Senhor, eram muito diferentes da realidade.

No harém do Sultão havia cerca de trinta mulheres de todas as raças e cores. Algumas eram velhas, gordas e sem atrativos. Outras, muito jovens ainda. Em sua maioria eram árabes. Mas havia também turcas rechonchudas, de pele cor de azeitona. E negras de Costa do Ouro, que tinham sido trazidas como escravas para o norte. E eurasianas dos mercados de escravos da Argélia e Etiópia. E uma ou duas meio-francesas ou alemãs, filhas de pai árabe.

Emily aprendeu que quando as esposas do Sultão tinham filhos, eram levadas para outra parte do kasbah, onde viviam em meio ao barulho e algazarra de dúzias de crianças, gritando e caindo ao redor delas.

O harém estava reservado para as mulheres que não tinham filhos ou cujos filhos tinham crescido. Perdita observava, de sua cela, que o harém era bastante barulhento. As mulheres discutiam entre si, sem cessar. Havia sempre uma insultando outra, ou tentando bater ou arranhar o rosto da rival.

Algumas cochichavam segredos, a um canto, contentes por não serem vigiadas. Muitas delas elogiavam e acariciavam os eunucos. Os eunucos, homens grandes e fortes, tinham também as suas favoritas, que gozavam de certos privilégios.

Havia duas meninas egípcias, assustadas, com menos de doze anos. Tinham sido trazidas para o harém recentemente. Perdita notou que não havia europeias, com exceção das duas que possuíam sangue francês e alemão, e da própria Sultana.

Na noite anterior a esposa sudanesa penetrara com cautela no quarto de Perdita, quando todas as mulheres estavam dormindo. Havia apenas um pequeno lampião ao lado da cama. Mas, sob sua luz, Emily vira um brilho de aço quando a sudanesa mostrara a mão.

Era um comprido, fino e curvo punhal com cabo de pedrarias. Emily apanhou-o, sentindo o frio do aço contra a pele. Escondera-o debaixo do colchão e cochichara- Você me ajudará a fugir? Se eu lhe contar o que está planejado, você não vai me trair?

– Quero que vá embora daqui. Se for possível fugir, eu a ajudarei. Contanto que meu Senhor não fique sabendo!- diz Ouda

– Não precisa saber que você está envolvida. Mas eu preciso de seu auxílio, Ouda.- diz Emily

– Que posso fazer?- diz Ouda

– A Sultana me disse que a cerimônia do casamento começará por volta das cinco horas. Assim que o tempo refrescar. Em primeiro lugar, como você sabe, os convidados se reunirão no grande hall, onde haverá festejos e música. Você e as outras mulheres espiarão da varanda, escondidas atrás das ameias de ferro.

A sudanesa concordava. Emily compreendera que ela também se casara com os mesmos rituais, chamados weleemeh em árabe.

– Sua Alteza me disse -continuara Emily- que a noiva não é levada à presença dos convidados antes que eles tenham jantado. Ela deve se sentar sozinha, esperando na escuridão, até que os criados venham buscá-la.

De novo, Ouda balançara a cabeça. Emily hesitara por um momento. Depois, decidira que devia arriscar tudo para conseguir ajuda da sudanesa. Porque sem isso, sua fuga seria impossível.

– Assim que anoitecer prosseguira haverá fogos de artifícios, explosões e muito barulho. O Sultão e seus convidados estarão distraídos. Será nesse instante que eu deverei fugir para o jardim!- diz Emily

A outra ficara pensativa- Haverá um eunuco à porta.

– A porta do harém ficará trancada até que venham me buscar- dissera Emily- Você tem que conseguir chamar a atenção do eunuco, e distraí-lo enquanto eu fujo. Talvez, possa dizer que seu Senhor está precisando dele. Diga o que quiser, contanto que eu possa passar pela porta e alcançar o jardim.

A porta do jardim estava situada próxima ao exterior da entrada do harém. Havia sempre um eunuco de guarda. Quando deixava as mulheres passear no jardim, trancava a porta assim que elas passavam.

– Vai ser difícil -dissera a sudanesa-. Você devia matá-lo!

– Como eu poderia fazer isso? Ele é tão grande!- diz Emily

– Se uma faca penetrar em certas partes do corpo, causa morte imediata- declarara Ouda, calmamente.

– Eu sei que você poderá fazê-lo abrir a porta, sem que eu tenha necessidade de matá-lo- diz Emily

Emily sentira uma súbita repugnância ao pensar em ter nas mãos o sangue de um homem. Ela não queria se igualar ao Sultão. Não fora preparada para matar por ódio. Nem para destruir inocentes que não lhe tinham causado nenhum mal.

– Invente qualquer coisa -dissera Emily, suplicante- Diga-lhe que o Senhor precisa dele. Ajude-me, Ouda, por favor!

– Eu vou ajudá-la. Enquanto as outras estiverem espiando o casamento, eu sairei da varanda. Vou ficar esperando na escuridão. Quando soar a explosão, estarei perto da porta e falarei com o eunuco. Vou fazer como você sugeriu- diz Ouda

– Obrigada- murmurara Emily, soltando um leve suspiro.

Compreendera que seria impossível escapar sem ajuda. Mas com o auxílio da sudanesa poderia alcançar o jardim. Estaria escuro, quando chegasse ao jardim. Olhando para os lírios, vira exatamente como poderia se mover com desembaraço pela grama em direção à muralha sul.

Sir Jake tivera razão ao afirmar que o jardim era bonito. Não era em nada parecido com um jardim inglês. Era selvagem, e não muito bem cuidado, apesar de numerosas mulheres estarem sempre plantando e removendo as ervas daninhas dos canteiros.

É maravilhoso!- disse Emily a si mesma. Entretanto, beleza alguma, por mais emocionante, que seja, compensa a prisão dentro de um pequeno espaço, para o resto da vida.

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Spencer ao receber a carta de Emily entrou em desespero e seu primeiro impulso foi querer subir em um cavalo e ir atrás de sua amada mas b]pensou bem e decidiu que deveria ter um plano e conversando com Sir Jake traçaram um plano para matar o sultão e trazer Emily de volta.


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Notas finais do capítulo

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