Quatro Palavras escrita por dear blue eyes


Capítulo 4
Volta ao lar


Notas iniciais do capítulo

eu sei que demorei 926384 dias para postar, me desculpem, a escola está realmente me consumindo. E a vontade diminui quando pouquinhas pessoas acompanham :c MAS obrigada a quem está comigo!! A minha B. e a Cherie, vocês são demais!
Boa leitura!



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– Ei, calma Jen, calma! – um pouco trêmulo, me levou até a cama, onde sentei ainda extasiada com o susto.

– Por que está fedendo a maconha?

– Você quer? – John tirou a seda de seu bolso e a balançou em frente a meus olhos.

– Vou te ensinar a bolar isso- ele segurou o pequeno papel (para mim aquilo era um papel), colocando o redíduo dentro, em seguida enrolando. Enrolando? É, acho que sim. Ao terminar, torceu as duas pontas, encarou-me com um sorriso nada angelical, entregando-me aquilo - é só... Fumar! – ele riu.

– John, eu não sei - estava com medo, nunca havia feito nada assim. Dezoito anos na cara, nada de bebida, sexo, ou drogas... Pelo menos, até agora. Suspirei e peguei aquela “cópia de cigarro”, aproximando-a aos meus lábios. Então traguei aquilo de uma vez. Meu parceiro riu alto, soltando um “vai com calma!”, porém não prestei atenção, a sensação que me atingiu logo em seguida foi... Estranha. Na metade daquela “coisa” senti o efeito. Meu corpo simplesmente cedeu, minha cabeça parecia flutuar. Meu raciocínio já não estava me bombardeando, e meus pensamentos deram uma pausa. John sorriu ao perceber a calma excessiva. Aproximou-se, dando-me um selinho e depois apoiou sua cabeça em meu colo. A expressão que seu rosto passava era de dúvida, um pingo de desespero e mais alguma coisa que não consegui descrever. Quando moveu os lábios para começar a falar, percebi que era sobre algo que ele nunca havia tocado no assunto com alguém.

– Quero te contar um segredo meu. Mas antes, queria te agradecer por nunca ter perguntado sobre, mesmo percebendo que faltava algo – pude perceber sua voz um pouco trêmula, já sem aquele tom seguro que sempre costumava ter – Minha mãe... Ela morreu durante o meu parto. Pelo que minha irmã mais velha me disse – ok, eu não sabia que ele tinha irmã mais velha – minha tia cuidou de minha amamentação, minhas roupas, essas coisinhas... Até meus três anos, quando voltei para a casa de meu pai. Eu não tenho lembrança alguma da minha infância com ele, tudo que me recordo é de minha irmã e dos muitos brinquedos que tive. Sim, eu era cheio de coisas, minha paixão por musica veio aos cinco, quando ganhei uma guitarrinha e uma bateria. Bom, meu pai sempre me deu tudo, menos amor – John deu uma pausa, coçou os olhos, e depois de um suspiro, continuou – Ele mal conseguia me olhar, acho que pelo fato de eu ser muito parecido com ela... – suas mãos caminharam até seu travesseiro, movendo-o, mostrando uma foto que ali se escondia. Peguei-a, e concordei na hora, eram realmente muito parecidos. Principalmente a linha da boca (um pouquinho torta) e dos olhos vivos, inclusive a cor. Observei-o, e meu coração se apertou ao vê-lo numa tentativa falha de não chorar – Mas ele aguentou bastante. Até meus quatorze anos. Comprou essa casa, e mandou-me pra cá, com a Ceci, minha cuidadora. Ela é a que mais se aproxima de um sentimento materno. Atualmente me visita uma vez na semana, gosta de arrumar as coisas, e odeia receber por isso. Enfim, amo muito ela. Queria que a conhecesse – ele sorriu – Só a decepcionei quando comecei com as drogas, e meu problema com as bebidas, mas ela não tem coragem de me contradizer.

– John... Seu pai, ele...

–Pagou para me ter longe, Jen – ele me cortou – Mas quis te contar isso porque quero te fazer um convite. Venha morar comigo.

– O-o que?

– Você passou na universidade que é aqui do lado de casa. Seria bem menos cansativo, sua casa é daqui dois metrôs e uma viagem de ônibus. Podemos falar com a sua mãe, ela me adora, e depois fazemos os nossos planos. O que me diz?

– Jenny eu... Preciso de você. Desde que saiu de casa, eu me perco, está tudo sem vida. Você é minha melhor amiga, sinto falta de alguém pra conversar – não soube denominar o sentimento que me tomou ao ouvir a palavra “melhor amiga”, era boa e péssima ao mesmo tempo.

– Está me pedindo para voltar porque precisa de alguém para conversar? – ele pareceu irritado com a conclusão que tirei, tragando forte o pouco que sobrava da maconha. Tirou então um pequeno frasco com um resíduo branco.

– John! – gritei, horrorizada.

– Eu não sei parar – seu olhar era desesperado. Seus olhos, já vermelhos, brilhavam. Eu já havia presenciado aquele momento por diversas vezes. Peguei a cocaína de sua mão, deixando-a fora de alcance. Assim como Brian fez comigo, dei um bom espaço de meu leito para ele deitar. Suas mãos afagaram meu cabelo, estavam quentes e o cheiro da droga pairava no ar. Seus olhos procuravam os meus desesperadamente. Sorri, tentando passar a minha calma para aquele homem perdido em sentimentos confusos – eu, eu... Não quero mais te machucar – senti ele se afastar, a ponto de se levantar, mas o segurei com força, talvez mais do que deveria, pois minhas costas reclamaram do ato – Eu não deveria ter vindo Jenny, eu estou bêbado, perdido, eu... – sem insistir mais, John levantou-se, observando-me uma ultima vez, e saiu do quarto. Sentei rapidamente, esperando, como num filme romântico, que ele voltasse e me beijasse, retirando tudo o que tinha dito. Um... Dois... Três... Então a porta se abriu novamente. Segurei o sorriso, então vi seu rosto e a mão em seu cabelo, meio sem graça. “Ér... eu esqueci isso” seguiu até a escrivaninha, onde eu havia colocado o frasco, pegando-o em seguida e novamente me deixando só.

***

– Bom dia! – Megan praticamente pulou em minha cama, despertando-me de um sono de algumas poucas horas – Credo, Jenny, que cara é essa?

– Que cara? – Talvez fosse o espelho do tempo que passei para absorver aquela visita inesperada de John, ou as três horas que passei remoendo e chorando incansavelmente o que me foi dito ou até mesmo as quase duas horas que consegui pegar no sono. Mas só talvez.

– Esquece. Tenho uma notícia boa! E uma carta sabe de quem? – meu coração disparou, mas depois da noite passada, não desejaria um momento romântico sequer – Acertou minha querida! Brianzinho. Vocês dois receberão alta amanhã. Pelo menos ele, seu caso não é certeza absoluta, por isso fará apenas mais um exame na costela. Mas se não fez força e nem abusou muito, com certeza terá sua liberdade! – como Megan conseguia ser radiante desse jeito? Seu jeito meigo e divertido me fez sorrir. Ela deixou o bilhete em meu colo e disse que visitaria seu amigo, mas passaria aqui antes de ir embora.

“Oi Jen, não parei de pensar o quão foi fofo de sua parte ir me visitar noite passada. Eu literalmente não parei de pensar. Queria agradecer de algum modo, mas nada parece o bastante. Então quero te convidar para um jantar, amanhã à noite, quando estivermos fora desse hospital. Que tal sentirmos o ar livre, a liberdade, juntos? Megan passará aí para pegar a resposta. Eu estou doido para que seja sim! Abraços e beijos, do cara que te adora.

Brian.”

Estou confusa, triste e feliz ao mesmo tempo. Confusa por Brian e John. Triste por John. Feliz por Brian. Na verdade também estou brava, e não preciso citar nome. Ele foi realmente um filho da puta noite passada. Eu fui tão... Acolhedora. Espera! Eu o mandei embora. Por que diabos ele voltaria, para ir embora de novo? O que esse cara quer? “Não quero te machucar” não é isso o que está parecendo, meu amigo! Frustrada, sentei, e me assustei quando não senti mais aquela dor. “Não é possível” pensei. Mexi o corpo para o lado direito: nada. Para o esquerdo: nada. Ok. Deus é você? Isso é um aviso? Então devo sair com Brian? Vou levar isso como um sim. Obrigada!

A tarde passou rápido, meu médico veio analisar meus ferimentos, e os curativos. Fez uma pergunta ou outra, tudo estava bem. Elogiou meu progresso rápido, encerrando sua fala desejando-me boas vindas ao mundo novamente. Mas teria que visita-lo uma vez por mês, e claro, não forçar a barra. Depois de todas as dicas, as recomendações, os remédios e precauções, arrumei minhas coisas, separei uma roupa diferente daquele vestidão verde claro. Ultimo dia nessa prisão! Esse pensamento empurrou os dois ponteiros do relógio tão forte, que quando dei por mim mesma, já estava na hora de dormir.

Quando meu despertador tocou, absorvi pela ultima vez aquele ar, e me senti renovada. Sem ajudas médicas ou de Megan, arrumei tudo o que faltava arrumar, vesti-me, passei perfume e todas essas coisas que sempre achei um saco fazer. Abri a porta e sorri automaticamente ao vê-lo me esperando.

– Recebeu minha resposta? – mordi o lábio inferior, inocentemente.

– Claro! Posso te buscar as sete, madame?

– Pode sim! Mas eu escolho o lugar – então demos um ultimo tchau àquele quarto, caminhando de mãos dadas –sim, de mãos dadas- até o carro de Adam, que nos esperava.

– Que susto vocês nos deram, hein – o moreno dos olhos castanho claro nos abraçou, com um sorriso largo no rosto – acho que não o deixarei mais levar a caçula – fiz bico ao ouvir aquela palavra, afinal, já era grandinha pra ser a caçula – pra lugar nenhum.

– Sinto muito Adam – Brian interveio – Hoje mesmo a levarei para jantar. Mas prometo tomar cuidado dessa vez.

Fui a primeira a ser deixada em casa. Minha mãe esperava-me na porta, de braços abertos. Corri para abraça-la, enquanto ela se desculpava por não ter ido me visitar todos os dias.

– Não tem problema, mamãe... afinal, como o vovô está? – vi em seus olhos que a notícia não seria das melhores.

– Diferente de você querida, ele não teve nenhum avanço nos últimos dias, e a teimosia dele em não ir ao hospital só piora as coisas. Bom, o médico vai todos os dias de manhã para examiná-lo, ele está tomando muitos remédios... Estamos rezando. – abracei-a novamente, mais forte dessa vez.

Entramos em casa. Respirei o ar fundo, sem o mínimo de saudade daquele cheiro de hospital. Fui para o meu quarto, que estava impecável e com uma cartinha de meus parentes escrito “bem-vinda”. Sempre tão amorosos comigo! Sobre a minha família, não há o que reclamar. Deitei em minha cama, puxando o celular para perto, como que esperando alguma coisa. Por fim, peguei no sono, dormi cerca de uma hora e meia, nada mais que isso. As coisas ainda pareciam pesadas, tudo bem que muito menos que antes, mas... Ainda pesadas. Será que um banho seria apto para lavar minha alma? Provaria dessa tese agora. Me despi, sem pressa, afinal, ainda tinha três horas até o encontro, seguindo até a torneira, ligando-a, deixando a água quente – talvez muito quente – preencher a banheira.

Então é isso. Quero deixar toda essa sujeira descer pelo ralo. Preenchi meu corpo na água, e meus pensamentos voaram para tudo, novamente. John era a maior incógnita desse mistério. Afinal, existia alguém mais confuso que ele? Mas, eu não seria o brinquedo dele, pois eu não sou forte o bastante para esse vai-e-volta. Antes de Brian aparecer, ele estava tão tranquilo e cético ao nosso amor. Mas depois... Parecemos voltar à primeira semana de término. Bom, eu o amo... E ele também. Eu acredito nisso piamente. Afinal, ele só está confuso, e se sente ciúme, é porque ainda existe uma parte de mim em seu coração, certo? Talvez eu não aguente, mas eu quero esperar por ele, não é? Mas, eu quero sofrer? E Brian? Calma Jenny, você bem sabe o que é uma paixão. E Brian está apaixonado. Nada mais do que isso. Logo ele passa como tudo o que não é amor passa. Mas o meu garoto confuso e completamente tatuado passa? Não, porque afinal, John é o amor da minha vida. Sempre ele foi, e sempre será.

Sorri dolorosamente ao pensar nisso, então o vibra despertou-me do êxtase. Achei estranho ver que o numero era privado, pensei alguns segundos, afinal era normal, nessa cidade, as pessoas quererem se intrometer, mas não ter coragem para admitir que queira saber. Encostei no desenho verde do telefone, mas antes de deslizar o dedo, minha mãe apareceu sorridente, com o telefone em mãos:

– Brian está no telefone, quer falar com você.

Assustando-me com sua entrada repentina, acabei derrubando o celular, e esquecendo disso logo em seguida, pois a curiosidade para saber o que meu garoto apaixonado queria era um pouco maior.

– Oi Jen! Ér, estava aqui pensando e, acho que não posso dirigir com a perna quebrada – rimos alto, afinal, nenhum dos dois sequer lembrou disso quando combinamos de sair – então, meu pai me levará logo que sair do trabalho... Tem como você vir sozinha? Ou prefere que eu vá te buscar?

– Não, meu anjo! Pode deixar, minha mãe me leva, ou eu mesma vou. Então, oito horas, na frente do cinema ok? – seu ok, como resposta, denunciava o sorriso que eu imaginava em seu rosto. Afinal, como um loiro fortão e todo sorrisos teria olhos para mim? Senti minhas bochechas corarem ao recordar-me de seu beijo, que por sinal era muito bom. O que me tirou novamente de minhas lembranças amorosas foi a tela do meu celular ligar sozinha, mostrando a ligação – em viva-voz – finalizada.


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Notas finais do capítulo

Por favorzinho, comentem :C
Quero saber de tudo, me amem, me batam, me xinguem, qualquer coisa, mas digam algo! E prometo postar logo o próximo capítulo, que já está quase terminado! Uhu!!
Amo todos vocês



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