"Mamãe me abraçava, fazia frio na barraca que estávamos e eu sentia que algo ruim aconteceria.

— Amo você - ela disse - Mais que tudo.

— Eu também amo você, mamãe - a respondi enquanto segurava o medalhão que estava em meu pescoço, que agora tinha uma minúscula foto minha com mamãe e papai. - Sempre estaremos junto.

— Em nossos corações, sempre estaremos juntos - ela me corrigiu com um sorriso baixo - Mas quando chegar a hora, você terá que nos deixar.

A voz dela ecoou na minha mente e tudo à minha volta escureceu."

Acordei num pulo, a procurando, mas percebi de súbito que ela não estava lá.

— Nessie? O que aconteceu?- ouvi a voz de Jake desesperada, e só depois de vê-lo daquele jeito eu percebi meu rosto molhado e o quanto eu tremia.

Ele se aproximou da cama, sentando ao meu lado, e me abraçou preocupado, coloquei minha mão esquerda em seu rosto e mostrei o que eu havia visto e sentido. E ele ficou ali me consolando até eu pegar no sono novamente.

Na manhã seguinte quando acordei, Jake estava sentado na pequena cadeira em volta da mesa que havia no quarto de hotel barato que estávamos. Seus olhos seguiam cada movimento que eu fazia enquanto levantava da cama, era visível a preocupação.

— Bom dia, Jake- eu disse enquanto seguia para a porta do outro lado do quarto, onde ficava o banheiro.

— Bom dia, Nessie. - ouvi-o dizer assim que passei pelo batente da porta.

Fechei a porta e me encontrei de frente a pia suja do banheiro, olhei para frente e me vi no espelho, eu estava um pouco mais alta e madura desde que saímos de Forks. Por mais que eu tivesse nascido há seis anos, minha aparência era de dezesseis, e assim como a aparência, minha mente também amadureceu, eu entendia porque estávamos ali, fugindo.

Abri a torneira, e molhei meu rosto com a água gelada para aguentar mais um dia.

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Sai do banheiro depois de fazer minha higiene, e encontrei Jake arrumando minhas roupas na minha mochila.

— Está tudo bem, Nessie?

— Está sim, o que faremos hoje? - eu disse colocando meu casaco para enfrentar o outono lá fora.

— Não sei, podemos apenas passear se quiser. - ele disse abrindo a porta do quarto enquanto me guiava pra fora.

— Tudo bem, quero comer antes.

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Estávamos na lanchonete mais perto do hotel em que estávamos, Jake não falava nada, apenas olhava pela janela preocupado.

Eu comia meu café da manhã com rapidez, tenho certeza que logo teríamos que sair daquele lugar. Já que nunca ficávamos no mesmo lugar por muito tempo, e aquela era só uma parada de descanso até nosso destino final.

— O que foi, Jake, por que não come?

— Não estou com fome, coma logo. - ele disse apressado.

— Jake, quando vamos poder voltar?- eu disse ignorando sua ansiedade.

— Ainda não é o momento certo.

— Mas quando vai ser o momento certo? - eu disse exaltada, largando meu prato com bacon de lado.- Estamos assim há seis anos, Jake! Quero saber da minha família, se meus pais estão bem!

Jake me olhou e expressou um olhar triste.

— Temos que esperar, Nessie. Não podemos voltar ainda. Eu sei oque está sentindo, também sinto falta de todo mundo, mas não posso colocar em risco e jogar fora os esforços que tivemos pra te proteger.

Abaixei a cabeça na tentativa de me acalmar, acenei com a cabeça em concordância, e me levantei da mesa que estávamos.

Jake me seguiu deixando algumas notas na mesa, passamos pela porta de vidro e o vento soprou forte em nossa direção.

Jake inspirou fundo e ficou em alerta.

—Nessie, vamos embora.

— Porque? oque houve? - eu disse enquanto eu andava apressadamente ao seu lado.

— Temos que sair daqui agora, tem alguém nos seguindo. - ele avistou um ônibus ligando do outro lado da avenida da rua em que estávamos, logo pegou em minha mão, me puxando para alcançá-lo.

Corremos e conseguimos entrar no ônibus lotado de viajantes, nos misturando a eles, nos sentamos nos bancos do meio, onde dois homens deram espaço pra gente.

O ônibus seguiu seu caminho, e Jake relaxou por um momento ao meu lado.

— O que aconteceu?

— Tem alguém nos seguindo há uma semana, não consigo identificar o cheiro, não parece humano.

Ele jogou a bomba e fiquei estagnada, havia algumas semanas que não sentíamos o cheiro de alguém dos Volturi nos seguindo, e agora aparece essa novidade.

Eu não disse nada, Jake pareceu perceber o choque, apenas me aconcheguei em seu ombro e fiquei em silêncio.

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Senti uma sacudida e abri os olhos assustada, levantei a cabeça e olhei à minha volta, o ônibus estava quase vazio e Jake estava ao meu lado me observando.

— Eu já ia te acordar dorminhoca, vamos descer aqui.

O ônibus tinha parado, eu não havia percebido em que momento eu havia dormido, mas apenas levantei junto com Jake levando minha mochila comigo para fora daquela caixa metálica. Descemos numa cidade, e percebi que era noite. As luzes nos postes iluminavam a pequena cidade, e segui Jake até o restaurante mais perto, na verdade uma hamburgueria. O cheiro que saia do estabelecimento me dava mais fome do que eu já havia sentido.

Entramos no local e nos sentamos numa mesa no final do salão, me aconcheguei na cadeira de frente pra jake, deixando as duas de nossas laterais vazias. Logo uma moça veio nos atender e pedimos qualquer hambúrguer grande do cardápio.

Pedi licença a jake, para ir ao banheiro, e sai da mesa que estávamos. Passei pela porta, e dei de encontro com uma moça.

— Perdão, me desculpe! Eu não te vi.

— Ah, tudo bem. - ela sorriu carinhosamente e saiu.

Dois minutos depois sai do lavabo e me encaminhei para mesa que estava. Nossos lanches haviam chegado, e minha barriga estava roncando de fome.

— Me esperando para comer? Que milagre. - Eu disse a ele sentando-me em sua frente com uma expressão risonha. 

— É porque acabou de chegar. - ele disse dando de ombros e sorrindo.

Começamos a comer em silêncio, e por Deus! Como estava gostoso! Quando terminamos pedi a Jake que ele buscasse um milkshake pra mim no balcão, e ele seguiu surpreso com tamanho era minha fome.

Nesse meio tempo, alguém sentou em minha frente enquanto eu terminava meu refrigerante e observava Jake de longe.

— Olha, me desculpe, mas preciso falar com você. - era moça do banheiro e ela parecia apreensiva.

Seus cabelos dourados desciam como cascata pelo seu ombro emoldurando seu rosto fino, os olhos acinzentados me encaravam de maneira curiosa e amistosa.

— Pode dizer...

— Meu nome é Richele, meus amigos me chamam de Rich. Eu sei quem você é, e quero ajudar.

Entrei em total pânico, de longe vi Jake pagando a balconista pelo lanche e o milkshake. Fiquei totalmente paralisada enquanto olhava pra ela e Jake se aproximou rapidamente quando viu alguém sentado em seu lugar.

— Quem é você? E o que quer? - ele disse friamente para a mulher e me analizava preocupado.

— Jake! Por que não se senta antes? - Jake se sentou, o que achei estranho, sua expressão era de confusão e raiva, mas lá estava ele sentado. Havia algo na voz daquela mulher, algo muito estranho.

— Como eu estava dizendo, Meu nome é Richele, sei quem vocês são, e quero ajudar.

— Ajudar com o que sua louca?! - Jake se exaltou e ela olhou pra ele sorrindo.

— Eu gostaria que você ficasse calado enquanto explico a situação. - Ela fez aquilo novamente.

Olhei em nossa volta e vi que o estabelecimento estava lotado, Jake não poderia se transformar caso a situação piorasse e eu não poderia fazer nada para deter essa mulher, se fizesse alguma coisa, sem machucar as outras pessoas. Então mantive meu corpo calmo e minha mente tentava raciocinar uma escapatória.

— Fale, Richele.

— Enfim, eu estive em Forks a alguns meses, e soube o que aconteceu. Um grande amigo meu morreu, e imagino que vocês o conheçam, você principalmente Renesmee. Imagino que você o chamava de vovô.

Carlisle, meu avô, havia morrido.