POV. Elisabeth

Acordo deitada em um corredor escuro, não enxergo nada, está muito escuro, começo a andar, andar, mas ainda não consigo ver o caminho, ando mais um pouco e vejo uma luz, na verdade um menino iluminado, sem face, só tinha uma forma de humano, mais nada, ele do nada começa a correr, e eu vou atrás dele, ele brilhava tanto que iluminava o caminho à minha frente, por causa dele eu conseguia ver os meus passos, o corredor era todo de pedra e tinha umas tochas apagadas penduradas nas paredes. Depois de uma corrida cansativa ele entrou em uma grande porta e a fecha, eu fico no escuro novamente, sozinha e com medo. Vejo um grande lobo branco com olhos azuis escuros se aproximar de mim no fundo do corredor, por onde ele andava as tochas se acendiam com um fogo azul intenso, eu estava com muito medo, eu tentei, abrir a porta, mas estava trancada, sento no chão e espero a minha morte chegar, mas quando o lobo de dentes enormes estava chegando perto as tochas mais próximas de mim se acenderam, então eu vi, uma chave negra no chão, eu a peguei e por sorte abriu a porta, eu fujo por ela no último segundo e a tranco pelo outro lado.

Estava de frente para a porta, dei um passo para trás e quase caio, tem um abismo ali, com espinhos de rochas enormes e eu tenho certeza de que vi olhos me encarando lá de baixo. Vou para trás assustada e me encosto na porta, tentando me acalmar, dou mais uma olhada no abismo era muito fundo e aqueles espinhos eram muito grandes não dava para atravessar... Eu olho para os lados e vejo uma corda, uma corda que estava amarrada dos dois lados daquele abismo mortal, como se fosse uma corda bamba, na qual eu teria que atravessar, pois não havia outra saída.

Tento resistir, mas não tenho escolha, o lobo começa a arranhar a porta e tenta derrubá-la com suas investidas violentas. Tenho que atravessar o abismo, é a minha única chance de sobreviver. Então eu ando até a corda e começo a me equilibrar nela, ando desengonçadamente até o meio da corda, quando ouço um barulho estrondoso.

Era o cão-besta que havia, derrubado o portão, ele avança para cima de mim, fazendo com que eu e ele caíssemos no abismo, enfiando meu estômago em um espinho rochoso, eu ainda havia sobrevivido, mas com certeza não por muito tempo... Eu ouço vozes, e criaturas sombrias me atacam, me devoram, me mutilam...

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Acordo assustada e dou um grito que faz com que minha mãe viesse até o meu quarto desesperada.

_O que houve?! -diz a minha mamãe com uma máscara de frutas vermelhas que ela coloca no rosto antes de dormir todos os dias, sempre que eu a vejo assim eu sinto uma vontade enorme de rir.

_Foi um pesadelo... -eu parei para pensar, eu estava na minha cama, no meu quarto. _Como eu vim parar aqui? Eu não estava no hospital com... Vovó! Temos que voltar para lá, ela não pode ficar sozinha, vamos, rápido!... -eu disse sem parar para respirar.

_Acalme-se Lisa! -ela me interrompe e suspira. _Ela vai ficar bem, tem ótimos enfermeiros por lá. Mary vai ficar bem, eu sei que você é muito apegada a ela, mas você não pode ficar desesperada desta maneira... E aliás, você não tem uma coisa para fazer hoje?

Eu penso, penso, penso e... nada, não consigo me lembrar de absolutamente nada.

_Nada que eu me recorde... -eu respondi.

_Filha! É hoje que abre a escola nova na cidade!

Eu tinha me esquecido completamente, hoje abre a nova escola no centro de Viderry, a outra pegou fogo misteriosamente depois que um menino foi visto entrando lá não saiu. Então desde o final do ano até o começo desse ano, a escola foi demolida e reconstruíram uma nova.

_Nossa! Eu me esqueci!

Olho para o relógio e vejo que falta uma hora para abrirem os portões, que abririam às 08:00, mas até atravessarmos a floresta eu chegaria lá atrasada. Então eu me arrumei rapidamente para ir para a escola, coloquei a blusa branca, a saia vermelha e a sapatilha que formavam o uniforme, e segui para a carroça com meu material em mãos.

Meu papai começa a dirigir a carroça, e eu me sinto desconfortável, aquela floresta não me trazia boas lembranças, uma vez quando eu era menor, uns dois anos atrás, eu saí de casa e entrei na floresta, acabei me perdendo nela e fiquei presa lá por nove dias, até que me encontraram, eu estava bem, mas um pouco doente, as coisas que eu vi lá não quero presenciar nunca mais...