POV. Elisabeth off

Uma fina garoa fincava-se ao ar daquele crepúsculo. Os pais da garota abstiveram-se de quaisquer privilégios antes de acharem-na.

A pequenina Lisa desfalecera na floresta no dia em que Mary deixara esse mundo e fora para o reino das sombras. A menina acordara seis dias depois desse fatídico acidente. O menino sombrio a levara até lá aquele dia, enquanto a menina chorava no travesseiro, como o fogo que atrai a mariposa, o fogo que se eleva levando até a morte. Lisa deixou-se levar pelos encantos amistosos do pseudo-amigo e o seguiu até lá.

Entrementes, quando o desmesurado maligno se aproximou da menina, algo brilhou, intensamente em sua clavícula, o colar de safira se intensificou em um brilho tão cintilante, tão limpo, que cada sombra ao seu redor se afugentou em gritos.
...

Depois de Elisabeth encontrar o bilhete, ela olhou à sua volta como se esperasse que algo estivesse vigiando-a.

Nada.

Ouvia somente os escandalosos gritos do silêncio. E viu somente o pequeno coelho sobre a cama, e o pegou em seus braços, e começou a abraça-lo como se fosse feito de pelúcia. Ela se retirou da casa amedrontada, e andou sem ao menos olhar para trás.

Enquanto caminhava, a luz do seu colar extinguiu-se repentinamente. E quase que imediatamente, o coelho fugiu novamente de seus braços.

– Ora vamos! - reclamou a garota. - Volte aqui!

O roedor corria célere, e Elisabeth desistiu de tentar alcança-lo. Enquanto a menina de longos cabelos negros andava, o medo a consumia, as sombras persistiam em permanecer em silêncio, elas ainda receavam atacar a garota desde o último brilho do colar. Ao andar alguns metros, ela viu um feixe de luz atravessar as folhas da floresta. Correu ao seu encontro. Ao chegar à luz, ela descobriu o que iluminava essa parte da floresta.

Existia um local sem árvores na floresta, um espaço limpo, pequeno, cujo plenilúnio iluminava intensamente. A menina olhou a Lua iluminada, que fundia sua luz com a escuridão da floresta.

A luz inicialmente feriu seus olhos, e eles se marejaram. Ela os limpou com as costas da sua mão esquerda, e continuou a olhar a bela imagem que se formava no céu estrelado.

Que lhe afastava da sua realidade caótica, tenebrosa.

Seus olhos aos poucos se acostumaram com a visão luminosa.

O vento sussurrava em seu ouvido as vozes dos monstros.

Um chuvisco começava, debilmente, e ele lhe contava uma história, de heróis, vilões e outros.

As nuvens que se encaixavam no brilho do astro cintilante, lhe cantavam uma canção de ninar.

E a pequena Lisa, pôs-se a dormir confortavelmente entre as folhas das árvores, com a coberta lunar.

Entrar no universo onírico...

Sonhar.
...

Elisabeth Roones, se encontrava exatamente no centro da floresta, num local extremamente perigoso. Ela somente não sabia disso... Ainda.
Enquanto a doce Elisabeth dormia, uma dama em um vestido longo e de um tom frígido de azul caminhava por entre os corredores arbóreos da floresta negra. Ela andava tranquilamente e tão serena que não se imaginaria nunca alguém que ficasse assim enquanto passeava pela floresta.

No entanto, ela parou subitamente. E disse em um tom rouco:

– Querido, onde ela está? - Sua voz era aguda, como um estridente som de metal, e sua voz parecia se espalhar por todos os cantos da floresta.

– Ela está na Fenda das Anciãs, senhorita... - Uma figura alta e negra aparece nas sombras atrás da dama.

– Perfeito! Somente alguns dias nos separam da liberdade!... No eclipse, a menina morre. - Ela responde sem ao menos olhar para trás.

– Sim.- Ele some nas sombras.