Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 47
Capítulo 47: Chamado Angelical




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/406705/chapter/47

–Quem é você? –Encarando-o. Nunca havia visto o garoto na minha frente.

Olhos azuis gélidos como se fossem puro gelo refletindo um mar absurdamente frio. Seus cabelos loiros âmbar caiam até um pouco abaixo dos ombros, eram bem arenosos como se os últimos raios do pôr do sol estivessem sendo refletidos na areia branca amarelada de um mar morto e sem vida. Até mesmo o modo como sua boca fazia covinhas nos cantinhos quando sorria era sexy. Corpo levemente bronzeado e bem trabalhado, seus músculos se sobrepunham contra a camisa de modo que dava para contar cada volume do seu abdômen, ou até mesmo imagina-lo perfeitamente sem aquela peça de roupa, que por sinal, não era o fardamento do acampamento. Trajava jeans azuis gastos e com rasgões nos joelhos. Uma bota do exercito pesada fazia barulho agudo até mesmo contra o chão barroso da floresta após uma garoada leve. Sua camisa era branca meio transparente, de modo que podia-se ver um único colar dourado em volta do pescoço por baixo da camisa com as mangas rasgadas realçando seus braços malhados.

–Quem sou eu? –Ele deu uma risada carinhosa e simpática. –Pode me chamar de Lúcifer. –Quando seu olhar encontrou os meus foi como se o mundo tivesse parado, e de fato só existisse aquele longo milésimo de segundo. –Meu pai deu-me este nome.

–Certo, Lúcifer. Nunca o vi por aqui, é de qual chalé?

–Não moro aqui, Phoebe. –Seu sorriso doce começava a enrijecer lentamente.

–Como sabe o meu nome se não mora aqui? –Minha mente trabalhou até eu me relembrar daquela casa maluca a qual levava para outros aposentos mágicos que encontrei em Paris. –Lúcifer... esse nome não me é estranho.

–Achei que se lembraria da minha chegada. –Agora ele estava sério, parecia ser outra pessoa, uma amargurada e completamente diferente do garoto sorridente de alguns segundos atrás. –Devo fazer mais uma chuva de gafanhotos para que você se lembre?

Meus olhos se arregalaram involuntariamente, parecia que agora um véu invisível havia se rasgado na minha frente, era como se de repente pudesse ver a verdade a qual ocultava.

Agora havia lembrado do que Gabbe havia falado antes daquele mar negro de gafanhotos demoníacos. “–Lúcifer”

E como o toque mágico de Gabbe que me fazia ter visões de uma arcanja chamada Lucinda, tive uma descarga parecida.

Foi ele, lembrava agora, o anjo a qual Lucinda amou ainda no reino do Trono. Agora havia voltado para lá. Uma fila gigantesca de anjos indo até um grande Trono que reluzia em luz e esplendor. Agora não haviam mais cânticos celestiais, já não haviam mais anjos alegres louvando ao seu grandioso deus. Restava apenas uma tenção, aquele era o inicio e o fim de uma revolução.

Algo como um zoom ampliou minha visão, podia ver melhor o que se passava.

Lúcifer exibia suas enormes asas nas costas assim como todos os outros anjos, vendo-as assim pareciam pesar toneladas e talvez fosse verdade.

O arcanjo gritou para os anjos:

–Uma linha foi desenhada no chão de nuvens do Prado. Agora todos vocês estão livres para escolher. Ofereço a vocês igualdade, uma existência sem a hierarquia arbitrária de uma autoridade.

O nome de anjos eram chamados, milhares nomes se passavam e um por um escolhia ficar no céu ou seguir em exílio a Lúcifer, seguir o revolucionário tentador ou continuar no regime de adoração ao seu criador. Todos foram chamados dos mais baixos cargos até os mais autos, até que um nome em particular chamou-me a atenção, como se alguém tivesse dado um beliscão na minha barriga para mandar-me prestar atenção no que aconteceria.

O adorável anjo tinha feições perfeitas assim como Lúcifer. Ele era loiro e iluminado como se na sua cabeça reluzisse o sol, seu cabelo era cortado em estilo topete militar. Os olhos intensamente cinza escondidos por uma fina camada violeta cobrindo aquela perfeição. Não trajava camisa, apenas uma saia grega branca de veludo como um filósofo grego. Seu corpo era bem desenvolvido e trabalhado, marcando cada curva com a mais angelical perfeição.

O anjo chamado Daniel foi chamado no Prado. Havia sido convocado. Ele se levantou acima da luz caótica dos anjos e disse, com confiança calma:

–Com todo o respeito, não farei isso. Não escolherei o lado de Lúcifer, e não escolherei o lado do Céu.

Um urro se ergueu do casto campo de anjos, vindo daqueles que estavam ao lado do trono e, principalmente, de Lúcifer.

Incrivelmente consegui localizar Lucinda em meio aquela imensidão de anjos.

–Em vez disso, escolho o amor –Continuou Daniel. –Escolho o amor e deixo vocês em meio à essa guerra. Você está errado em nos fazer passar por isto –disse Daniel a Lúcifer.

Depois, virando-se dirigiu-se ao Trono:

–Tudo o que é bom no Céu e na Terra nasce do amor. Talvez esse não tenha sido o Vosso plano quando criaste o Universo; talvez o amor fosse apenas um dos aspectos de um mundo complicado e brutal. Mas o amor foi a melhor coisa que Vós criastes, e tornou-se brutal. Mas o amor foi a melhor coisa que Vós criastes, e tornou-se a única coisa que vale a pena poupar. Esta guerra não é justa. Esta guerra não é boa. O amor é a única coisa pela qual vale a pena lutar.

O Prado caiu em silêncio após as palavras de Daniel. A maioria dos anjos parecia confusa, como se não entendesse o que Daniel queria dizer. Ainda não era a vez de Lucinda: Os nomes dos anjos eram chamados pelas secretárias celestiais de acordo com a hierarquia, e Lucinda era um dos poucos anjos de posição mais elevada que a de Daniel.

–Jamais deveria ter de haver uma escolha entre Vós e o amor –declarou Lucinda ao Trono. –Talvez um dia Vós encontreis um jeito de reconciliar a adoração com o amor verdadeiro que nos tornastes capaz de sentir. Mas, se for forçada a escolher, serei obrigada a ficar ao lado de meu amor. Eu escolho Daniel e o escolherei eternamente.

A arcanja se virou para Lúcifer, o arcanjo a qual havia traído por um novo amor. Se não fosse sincera com ele nada daquilo valeria a pena.

–Você me mostrou o poder do amor, e por isso sempre serei grata. Mas o amor se situa em terceiro lugar para você, muito depois do seu orgulho e da sua ira. Você iniciou uma luta que jamais será capaz de vencer.

–Mas estou fazendo tudo isso por você! –berrou Lúcifer.

Ela e Daniel estavam de braços dados no meio do Prado.

Tudo escureceu e por fim voltei a realidade cambaleando para trás. Piscava tentando me acostumar a falta de luz, comparado ao paraíso perfeito ao qual vira, este mundo agora era escuro, nubloso e imperfeito.

–O que... o que aconteceu com Lucinda? –Me apoiei em uma das arvores tentando estabilizar a mente.

–Muitas coisas. Ela morreu e voltou a vida por toda a história desse mundo pecaminoso. –Lúcifer sorria num mesclo de dor e tristeza. –Vi todas as vezes em que ela virava pó e ria, a primeira traição é sempre a pior, até que você seja traído mais uma vez pela mesma pessoa.

–Sei qual é a dor.

–Não, não sabe, não tente se pôr em meu lugar, garotinha. Multiplique a idade original deste mundo por mil e saberá quantos anos eu sofri para que ela me negasse uma segunda vez.

Olhando-o desse modo dava pena, sentia compaixão e tristeza pelo anjo a minha frente.

–Bem, mas agora não é mais hora de brincar com você. –Seus olhos reluziram rapidamente em dourado e então voltaram ao gélido azul que eram naturalmente. –Esta na hora de morrer.

Do chão brotou uma sombra, grande e encorpada, uma sombra sólida e fedorenta até que tomou a forma de uma serpente alongada com dois metros. E por um momento me surpreendi, a serpente ganhou quatro pernas e não mais rastejava.

–Já se perguntou em como os dragões deixaram de existir? –Seu sorriso travesso era diabólico e cheio de maldade carregado de veneno.

Minha única reação foi apertar a safira azul do meu bracelete e em poucos segundos um chicote de ouro branco se solidificou na minha mão direita, leves faíscas de brasa tomavam conta de cada centímetro assassino do chicote prateado ao qual nomeara de Angelus albino (anjo albino).

E com um rápido movimento de pulso o chicote moveu-se contra o dragão de sombras a minha frente. As chamas se projetando no ar eram como um véu de fogo.

–O Senhor vive; e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação. –a voz feminina se pronunciou atrás de mim.

Batidas fortes de asas encheram toda a floresta varrendo tudo como um furacão. Olhei para trás e lá estava Gabriela Alencastro empunhando uma espada de ouro que brandia em fogo que deveria pesar uns 30 quilos.

–Invocarei o nome do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Será que Gabbe consegue lutar de igual para igual com Lúcifer? *u* N deixem de comentar viu gente!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Acampamento de Verão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.