Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 27
Capítulo 27: Pássaros estragam meu por do sol




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-Thalia... –Fitei-a carregando Drew nas costas.

-Alguém chamou a cavalaria? –Ela sorriu e se aproximou.

Não sei o motivo, não sei a razão, mas cada musculo do meu corpo queria soca-la, xinga-la, transforma-la em carne moída. Não faço ideia do porque.

Acho que isso era de família, a tal épica rivalidade entre Afrodite e Ártemis. Como sou filha de Afrodite e estou a frente de algumas das caçadoras de Ártemis... Este devia ser o motivo da minha raiva momentânea e sem sentido.

Thalia sacou um cantil e molhou a mão com o liquido que o continha. Era ambrosia. Logo sacou de sua aljava uma flecha fina como um lápis, mais azul que o céu e brilhava levemente em uma estranha sintonia pulsante de luz.

Ela quebrou a ponta da flecha e um pouco de pó prateado como metal derretido escorreu. Thalia levou a ponta quebrada até a ambrosia em sua mão e uma reação química ocorreu rapidamente.

A ambrosia começou a se solidificar e mudar de cor, transformou-se em um tipo de pasta gosmenta branca.

-Venha. –Thalia pediu que me aproximasse com um gesto de mão.

Fui em sua direção e pus Drew no chão. A caçadora arrancou rapidamente a lasca de vidro de seu abdômen, rasgou a camisa de líder de torcida de Drew mais a cima do umbigo, isso fez o uniforme parecer um top como novo modelo do time. Seguiu com a outra mão passando um pouco da pomada branca e gosmenta no ferimento, no mesmo instante a pele dela queimou e pude ouvir o grito de dor quando ela abriu os olhos.

-Calma, aguente, aguente. –Thalia pressionou o ombro dela tentando segura-la para não se debater. –Vai passar.

Drew rosnava e lamentava de dor, pude jurar que vi a pele em volta se avermelhando como se estivesse queimando a ferida.

-O que é isso? –Perguntei-a.

-Apolo nos mostrou essa técnica, é capaz de transformar até mesmo um soldado dilacerado em um revigorado homem pronto para uma nova batalha. –Thalia jogou a mecha de cabelo que estava lhe tapando os olhos por trás da orelha.

Eu já havia visto aquela flecha, me era familiar. Vi uma idêntica com aqueles anjos em China Town.

-Temos que sair daqui, tem um anjo na escola. –Olhei em volta procurando algum sinal de monstro ou algum anjo se aproximando.

-Anjo não tem nenhum, se tivesse as sentinelas teriam a rastreado faz tempo. –Ela olhou para as duas caçadoras atrás dela.

Fitei-as por um momento a espera de apresentações. A maior entre elas tinha cerca de 17 ou 18 anos. Cabelos escuros e enevoados presos em um rabo de cavalo. Olhos castanhos escuros e algumas sardas nas bochechas. Vestia o mesmo padrão de Thalia e da outra garota.

A da esquerda tinha cabelo curto, na altura do pescoço, eram um tom castanho avermelhado bem liso. Olhos verdes escuros e com lábios finos que sempre sorriam a medida que a olhava. Devia ter entre 12 a 14 anos, pelo menos aparentava, pois pela lógica, se ela era uma caçadora, devia ter anos e anos de vida.

Um carro preto envelopado aproximou-se de nós parando na calçada, os vidros eram pretos, sem exceção da frente, também era preta. Em alguns segundos a janela foi abaixada revelando o motorista. Era o assistente do meu pai.

Tem cabelos pretos com penteado Mike Jaeger. Olhos pretos. Lábios carnudos. Ele era bronzeado, parecia o típico pai de família feliz com o dia a dia. Estava vestindo um terno cinza e usava sapatos sociais. Não era musculoso, mas também não era gordo. Em sua mão esquerda via-se o anel de casamento.

Thalia se levantou retirando a pomada que agora estava ressecada e descascava abrindo sedimentos pela sua superfície. Jogou-a ao chão e logo dispersou-se na grama.

-Obrigada, Thalia, obrigada a vocês três. –Agradeci-a apertando sua mão e a das outras duas caçadoras.

-Não há de que. Quando vemos situações como essas, é sempre a primeira opção ajudar um amigo meio-sangue. –Thalia se virou caminhando pelo gramado indo até alguns dos arbustos.

-Sem ressentimentos. –Acho que ela sabia do que me referia.

-Sim, sem ressentimentos. –Ela sorriu dando um último adeus.

Vi uma espécie de véu cobrindo o ar a volta delas e de pouco em pouco tornando-as invisíveis. Isso era influencia da névoa. Thalia sabia como ninguém dominar essa técnica de manipular o véu dos mortais. Não sabia que podia ser usada para se ocultar-se nela também.

Peguei Drew nas costas e corri até o carro. Mason não pareceu notar que três garotas haviam sumido no ar e que Drew estava inconsciente, até que abri a porta traseira e pus Drew deitada no banco. Deixei-a repousando e segui para o carona da frente, sentei-me e logo o carro pôs-se em movimento.

-Vamos para o hospital? –Perguntou Mason olhando de relance para Drew deitada e inconsciente.

-Para a minha casa.

-O que aconteceu?

Comecei a formular um cenário na minha cabeça com alguma coisa normal a qual eu deveria responder que não soasse mentiroso.

-Estávamos praticando nossos papeis na peça de primavera. –Tentei manter-me calma e agir naturalmente e parecer mais dramática para inspirar preocupação com minha meia-irmã no banco de trás. –Vamos apresenta-la uma semana antes do baile de primavera.

Olhei o trânsito em quanto ele seguia para a praia de Malibu chegando no bairro. Eu já podia sentir o cheiro salgado do mar enchendo meus pulmões.

-Será Romeu e Julieta. Ela é Julieta e eu sou a mãe dela. –Mordi o lábio agora pensando em uma desculpa para ela ter ficado desacordada. –Em quanto fazíamos a cena que ela salta pela janela sem querer pisei no cadarço dele, tropeçamos e caímos da arvore do parque infantil. Ela bateu a cabeça, acordou, mas já voltou a dormir. Não é grave, só tem um calo.

-E porque não leva-la ao hospital? –Ele perguntou.

-Minha casa fica mais perto do hospital. Além de não ter sido grave, acho que chegar em casa e tratar de um galo é melhor do que pegar vinte minutos de estrada para no final o médico mandar pôr gelo na cabeça dela.

E assim encerramos a conversa. Ele não perguntou mais nada e eu não tentei puxar assunto. Ele parou o carro e carregou Drew para dentro, acomodou-a no sofá da sala em quanto eu trazia um copo com suco de morango e um tablete de gelo em gel na outra mão.

Ofereci o suco a ele e pus o gelo na cabeça dela bem de leve. Claro, ela não tinha galo algum, mas eu tinha de colocar verdade nas minhas palavras anteriores.

-Não quer mesmo que eu fique? –Ele me perguntou. –Posso ligar para o seu pai e explicar a situação.

-Não, tudo bem, volte ao trabalho. Eu me viro com ela. Depois a mando pra casa.

-Qualquer coisa ou imprevisto me ligue, virei o mais rápido que posso. –Ele saiu pela porta em quanto eu acenava.

Tirei o gelo da cabeça dela e segui para o frízer deixando o tablete de gelo em gel lá. Voltei para a sala em quanto ela abria um dos olhos disfarçadamente.

-Ele já foi? –Drew sussurrou.

-Sim, bela adormecida. –Brinquei sorrindo.

Ela se levantou com raiva e sentou-se no sofá. Olhou em volta observando a casa e pousou o olhar o píer logo após a varanda.

-Bela casa. –Falou baixo.

-Obrigada... –Concordei com a cabeça. –Vamos curtir o pôr do sol e depois tomar banho, certo? –Sugeri.

-Gostei dessa programação da tarde. –Concordou Drew olhando para o sol laranja que estava a se pôr.

Sentamos nas cadeiras de recosto de madeira no píer. A vista era de frente para o pôr do sol, nada mais lindo que um céu pintado de laranja, azul e amarelo com uma imensa bola de fogo descendo para além do mar.

Alguns arranhões já coçavam em meu braço, eu precisava de um banho, estava banhada de suor seco por causa do esforço.

Vi no horizonte bem na direção do sol, uma nuvem negra se aproximava. Pareciam dúzias e dúzias de gaivotas sobrevoando o longe do oceano vindo para a costa de Malibu em alta velocidade.

Não, aquilo não eram gaivotas... Eram maiores e berravam como corvos. Eu e Drew trocamos olhares momentâneos como se já soubéssemos o que iria acontecer.

-É, a hora do banho foi adiada. –Drew argumentou em quanto eu protestava em desaprovação assentindo com a cabeça.

Olhei para aquela mancha que agora podia focalizar melhor e com mais clareza. Eram pássaros negros um pouco menores que águias. Era um bando pássaros da Estinfália comedores de gente. São pássaros pretos com garras, asas e bico de ferro.

Não sei o que faziam tão longe de casa, mas lá estavam e agora atravessavam a onda que futuramente iria quebrar na areia da praia.

Eu e Drew nos levantamos e trancamos o píer. Arrastamos os moveis para frente das janelas e das vidraças que separavam a varanda do píer de madeira.

O som agudo eram como corvos famintos zunindo em volta da minha casa. Sombras velozes bruxuleavam a luz do sol ao redor de todo o local. Podia ver o vulto deles sob as janelas vendadas com sofás, mesas de sala, cadeiras e algumas caixas que sobraram da mudança.

-Acho que é uma boa hora para chamar a suposta “cavalaria”.


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