Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 15
Capítulo 15: Juventude em ouro


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco para postar, mas esta aqui.



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-Seja bem vinda a família, maninha. –Ela brincou e me deu um beijo na bochecha.

Todos os outros haviam se curvado, com exceção do Sr. D e Annabeth.

-Annabelle. Leve Phoebe até a nossa oráculo, quando ela chegar seja lá onde ela estiver agora. –Falou Dionísio caminhando até a lareira que crepitava em chama púrpura.

-É Annabeth... –Ela abaixou a cabeça frustrada. –O nome dela você fala certo né? –Ela cerrou um punho na mão direita. –E se a luz voltar? –Ela gritou para o Sr D.

-A luz não voltará. –Dionísio estava com oi rosto sombrio, em um piscar de olhos ele se dissolveu pelos ares em uma área roxa.

Percy chegou a babar mantendo os olhos verdes em mim.

Annabeth deu um tapa na nuca dele. Logo Jackson se concertou na cadeira.

-Percy nunca viu uma filha de Afrodite sendo reclamada? –Michael riu em quanto Percy limpava a baba do seu queixo.

-Venha, vou lhe mostrar o chalé. –Piper me puxou pela mão até a porta.

-Espere. –Cochichei. Me soltei e corri até Katie, á abracei com força.

Ela gemeu de dor e protestou apertando os olhos, tentei ser mais gentil.

-Por que o abraço? –Ela perguntou.

-Você foi salvar o meu pai. –Sorri para ela. –Obrigada. Lamento por ter se ferido... –Abaixei o rosto fitando o chão.

-São lembranças... –Ela sorriu. –Vou lembrar de cada cicatriz e osso quebrado como vitórias; tenho orgulho por isso.

-É assim que se fala. –Clarisse se levantou com os braços cruzados. –Agora sim o chalé de Deméter ganhou pontos comigo. –Ela caminhou para fora da casa grande junto a Chris Rodrigues.

Chris me deu um tchau com um aceno de mão antes de sair pela porta com Clarisse. 

Procurei Iryena, mas ela havia sumido. No local onde estava sentada havia um rastro de um pé esverdeado que flutuava pairando no ar como uma leve nuvem de neblina rarefeita.

Segui com Piper até o meu novo chalé.

Só de chegar na porta do chalé já ouvi uma baita gritaria. Piper abriu a porta lentamente com medo do que estava acontecendo lá dentro.

-Devolve meu violão! –Gritou Milena dentro do chalé correndo atrás de Drew e Mary.

-Garota, não vai nunca mais ver essa droga de violão. –Drew riu se divertindo com a raiva de Milena Frantines.

-Chega, vai sofrer a ira da música até me devolver meu violão! –Milena gritou de raiva.

-Não novamente. Minha voz é muito bela felizmente. Rimar o dia todo é um horror. Igual ao seu cabelo que é mais seco que isopor. –Drew recitou esse verso e eu virei a cabeça tentando entender aquilo.

Eu e Piper nos fitamos lentamente como se dissecemos com o olhar: “O que em nome dos sete infernos esta acontecendo?”

-De novo essa baboseira? –Alguém chegou gatunamente por trás de nós e se esgueirou tentando enxergar a barulheira.

-Chris? –Tomei um susto pulando para trás.

-Assustei vocês? –Ele riu brincando e parando apoiado na porta.

-Milena, o que ta acontecendo? –Piper entrou sem entender nada.

-Drew pegou meu violão! –Ela gritou de raiva. –Vai ficar falando em versos até devolver.

Milena caminhou para fora do chalé de Afrodite.

-Drew, acho bom você dormir de olhos abertos até me devolver o meu violão. –Ela saiu do chalé resmungando. –Quem tem com que me pague não me deve nada.

E assim seguiu para a floresta.

-Drew! –Piper gritou de raiva.

-Tentei me segurar, mas ao vê-la tocar corri para brincar. –Drew suspirou.

-Ai que horror. –Chris saiu do chalé acenando para mim.

Depois de algumas horas de procura, encontramos o violão que Drew escondeu. Deixamos ele sobre os cuidados de Michael Yew, o conselheiro chefe do chalé de Apolo.

Foi uma tarde tranquila e calma, até Butch nos convocar para montaria de pégasus.

-Vamos gente! Não sejam molengas. –Berrou Butch Alencastro na frente dos estábulos.

Eu tinha minhas dúvidas, como Butch e Gabriela podiam ser irmãos... Íris e Hebe... Aquilo foi estranho.

Uma garota loira saiu guiando os pégasus para fora. Era Gabriela Alencastro. Agora usava as roupas tradicionais do acampamento. Camisa laranja, calça jeans, sapato esportivo. Como sempre todos estavam quietos, exceto por Percy que parecia alegre demais.

-Ei. –Uma mão puxou-me pelo ombro me afastando do grupo para a montaria.

-Iryena... –Engoli em seco. –Você sumiu, queria falar com você. –Alarguei um sorriso.

-Eles vão voltar. –Iryena estava séria, seus olhos gélidos chegavam a congelar a alma.

-Eles? –Repeti perguntando-me.

-Ariane e Roland. –Ela me encarou. -Tem mais em jogo do que imaginamos.

-Vo-você conhece aqueles... –Fui interrompida quando Gabriela chegou sorridente.

-Oi gente. –Gabriela soltou um sorriso acolhedor e aconchegante.

-Oi. –Falei.

-Oi. –Iryena parecia emburrada. –Depois continuamos. –Ela se afastou e seguiu para longe do grupo sumindo pela escuridão da floresta carbonizada.

-É melhor trocar de roupa... –Gabriela advertiu.

-E tem como? –Arregalei os olhos encarando-a. –Tinha tentado de tudo lá no chalé. Molhei meu cabelo, tentei tirar a maquiagem... Tudo!

-Sua mãe vai impedir que você fique menos “bonita” como se isso fosse possível... –Ela suspirou e sorriu. –Mas não vai lhe impedir de trocar de roupa.

-C-certo...

-Venha, vamos no banheiro do meu chalé, você troca de roupa lá. É mais rápido. –Ela puxou meu braço e seguiu correndo sorrindo.

Em alguns minutos chegamos a uma construção com dois andares. Gabriela me contou que as paredes foram feitas pelo próprio Hefesto. O chalé dos filhos de Hebe tem paredes brancas, feitas de ouro branco. O telhado é de vidro inquebrável com uma magia que adapta o clima a temperatura que eles desejarem.

As janelas de vidro são em formato circular. A porta é branca e grande com dois lados, na esquerda escrito 1 e “HE” em baixo, e na direita tem um 3 e “BE” em baixo. Quando fechada pode-se ver claramente o numero 13 e “HEBE” escrito de azul-escuro na porta. Para chegar à porta é preciso subir três degraus de ouro branco e passar por duas colunas gregas, além de pisar num tapete branco e fofo com a imagem de um bule de ouro e uma taça também de ouro decorada com safiras e esmeraldas.

Minha boca se escancarou admirando a construção.

-Lindo...

-Aqui é uma das principais fontes de ouro branco do mundo. –Ela olhou orgulhosa para o chalé. –Filhos de Hefesto compram em minha mão ouro branco para as forjas.

-Como você faz ouro branco? –Quase gritei de empolgação.

-Eu não faço, o chalé é quem faz. –Ela se abaixou e pegou uma pedra. Caminhou até a porta e a abriu.

Se afastou voltando ao meu lado e arremessou a pedra dentro do chalé fazendo um barulho surdo contra a escadaria que levava para o segundo andar.

Corremos para dentro indo ver o que tinha acontecido.

A brita normal agora estava branca e reluzente.

-Tudo que o chalé entender que representa perigo dentro dele, na mesma hora virará ouro branco. –Ela sorriu. –É como uma defesa. Se um intruso invadir o chalé, na mesma hora ele virará uma estatua de ouro branco.

-Mas e se for um dos filhos de Hermes? –Perguntei.

-Isso já aconteceu. Assim que o chalé foi erguido, os irmãos Stoll tentaram roubar as maçãs de ouro do meu quarto. Os dois foram petrificados. –Gabriela caminhou para dentro e eu a segui com medo que o chalé me achasse uma intrusa.

-Como eles voltaram ao normal?

-O dom da juventude. –Gabriele ficou séria e com a expressão sombria. –Hebe é a deusa da juventude. Eu tenho um dom, o mesmo dom que ela. Eu posso rejuvenescer todos a minha volta.

-Nossa... Vida eterna... Para todo o sempre... –Arregalei os olhos.

-Não é bem assim. Vou lhe contar um segredo. –Ela sorriu subindo as escadas e eu logo atrás parando para admirar o chalé.

Cruzando a porta pode ver uma sala circular com dois sofás grandes e brancos feitos de pelo de raposa das neves.  Um quadro de Hebe, Heracles, Zeus e Hera juntos apreciando um cacho de uvas e tomando vinho estava na parede entre os sofás idênticos.

No chão uma neblina que não passa do tornozelo, dando a impressão que a pessoa que entrar está nas nuvens. Entre os dois sofás circulares tem uma bancada feita de ouro branco com todas as revistas adolescentes e uma revista de informações do Olimpo entrega pela agência Hermes.

Subi as escadas correndo acompanhando Gabriela. Ela me levou até o banheiro do dormitório feminino.

Era completamente branco, pias de mármore pérola com cupidos de porcelana que cuspiam sabão liquido de suas bocas se você apertasse suas cabeças. Espelhos duplos logo em cima das pias. A banheira de mármore branco era grande demais para uma pessoa só, então devia ser banho coletivo feminino.

Gabriela ficou encarando o espelho ao meu lado, levou sua mão até a superfície do espelho e para o meu espanto, sua mão atravessou a matéria dele. O espelho ondulou como se fosse liquido, ela puxou sua mão de volta e lá estava um batom vermelho cremoso como creme de cereja.

Ela aplicou-o em seus lábios e abriu uma das quatro gavetas que ficavam em baixo das pias. De lá puxou uma calça jeans e uma camisa do acampamento.

-Aqui. –Ela me entregou as roupas bem dobradas. –Acho que são o seu número. Pelo menos espero isso...

Peguei as roupas ainda sem entender o que tinha acontecido com o espelho.

-O que foi isso? –Perguntei.

-Hebe não é só deusa da juventude, mas também deusa dos afazeres domésticos. Tenho total controle sobre todos os objetos domésticos que estejam sobre o teto do meu lar. –Ela sorriu. –Isso inclui encanta-los como eu bem desejar.

-Você é incrível! –Gritei com meus olhos brilhando.

-Acha mesmo?

-Claro! –Falei sem pensar duas vezes.

-Sim, vamos continuar com o dialogo de antes.

-Prossiga. –Pedi.

-A juventude eterna se aplica de muitas maneiras diferentes. Eu morrerei um dia, a morte me levará assim como todos. A menos que eu tenha juventude eterna. –Gabriela caminhou até o outro lado do banheiro sentando na beira da banheira. –Eu só posso rejuvenescer os outros, mas não da-los vida eterna como jovens.

-Continua sendo uma habilidade incrível. –Falei.

-Sim, continua mesmo. –Ela suspirou. –Essa regra se altera com magias diferentes.

Foquei-me prestando total atenção.

-Eu apenas dei mais juventude aos irmãos Stoll quando se petrificaram, então as estatuas se quebraram e eles se libertaram.

-Não entendi... –Respondi.

-Esta magia se altera com determinados encantos, eles foram petrificados. Quando eu dei a juventude, o dom da vida bela, eles ficaram livres da maldição do ouro branco. –Gabriela estava esperançosa na expectativa de que eu entendesse.

-Continuo sem entender...

-Certo, vou simplificar. Como eles já são jovens, eu não podia dar juventude a eles. Quando dei a juventude, eles voltaram ao estado anterior antes de sofrerem com a maldição. –Ela se levantou. –Eu só restaurei o que eles eram antes de se transformarem.

-Ah... entendi. –Sorri para ela. –Mas, Gabriela, ainda tenho uma dúvida...

-Me chame de Gabbe, afinal, somos amigas, não é? –Ela sorriu.

-Sim. –Sorri de volta.

-Diga, qual é sua dúvida?

-Você e seu irmão... bem, algum de vocês são adotados? –Tentei ser o mais delicada possível, mas acho que acabei sendo grosseira.

-Não. Essa dúvida é normal em todos. –Gabbe se levantou e caminhou até mim. –Antes deu nascer, meu pai teve um caso com a deusa Íris. Assim Butch nasceu. Anos depois meu pai conheceu a deusa Hebe. Eles tiveram um caso também... –Ela fitou o chão. –Quando eu nasci, minha mãe deu vida eterna a ele.

-S-seu pai vai viver para sempre? –Perguntei.

-Sim, viverá para sempre como punição. –Gabbe se entristeceu.

-Punição?

-É, Zeus abominou um único mortal ter dois casos com duas deusas; ainda mais com Hebe que é uma das suas filhas. –Ela continuou. –Zeus forçou minha mãe a lhe dar juventude e vida eterna para ver os dois filhos morrerem antes dele.

-Nossa... –Assenti triste assim como Gabbe que tentava não chorar.

-Pais não devem enterrar filhos e sim os filhos enterrarem os pais. –Ela choramingou. –Isso não esta certo. É por isso que eu odeio meu avô. Ele fez meu pai pagar por algo que não tem culpa.

-Sim... –A abracei e na mesma hora ela desmoronou.

Acariciei seus compridos cabelos loiros e dei tapinhas nas costas dela para tentar acalma-la.

Continuei o restante da tarde com ela, nós duas naquele banheiro branco, sentadas no chão contando histórias de infância.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam da história de Gabriela? Deixem comentários ^-^



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