Radiação Arcana: Totem De Arquivo escrita por Lucas SS


Capítulo 46
Capítulo 45: Frenesi Escamado


Notas iniciais do capítulo

É, galera, este é o último. Não achei que chegaria tão longe, nem que teria tanto fãs. Dá uma certa tristeza em ver que está no fim, mas vou pensar positivo. Este não é o fim, é o começo. Eu tenho mais cinco capítulos, mas estes só serão vistos por quem comprar o livro. Espero que tenha vendas o bastante para eu fazer um segundo, terceiro, quarto ou seja lá o número de continuações que vocês pedirem. Obrigado por ler até aqui e me passem o face de todos vocês. Cada um que comentou ou recomendou em um dos capítulos postados vai ganhar um autógrafo especial, uma dedicatória rara que, esperamos nós, tenha um valor muito grande no futuro. Vocês são os 48 primeiros leitores, que viram a obra crua e sólida, e serão os únicos que poderão comparar ela quando estiver pronta, melhorada e acabada.



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Prestando atenção nas conversas, descobri que nossos sequestradores eram da guilda GCA, que tinha o objetivo de pegar o Totem de Arquivo. Felizmente tínhamos uma paladina muito esperta e com doutorado na área de enganação.

Assim que nos enfileiraram para entrar na gaiola de heróis, o homem negro disse:

— Entregue-me o totem calmamente, sem tentativas de revolta e vocês não serão massacrados.

Jujuba, como uma garota doce e calma que era, respondeu ao líder do exército.

— Nem a pau, seu verme. Vou rezar para Mudrost tirar toda sua inteligência e te deixar sem ideias durante as guerras… — Life Taster se calou com um forte tava no rosto.

— Cale-se, mulher!

Dois guardas tiveram que me segurar para eu não pular no pescoço do homem e o sufocar.

— E você, demmarc, mais cedo ou mais tarde iremos arrancar esses teus chifres e te devolver ao submundo, que é o seu lugar. Por enquanto fique quieto, ou será pior para sua namoradinha — ele cuspiu no meu rosto, mas o líquido evaporou antes de chegar próximo do meu corpo por causa do calor que eu emanava.

Sem dar atenção para mim, o militar seguiu perguntando sobre o totem, até que Jujuba falou, com um brilho sagaz nos olhos.

— Está bem, desisto. O artefato está comigo.

Vi um curto sorriso se abrir no rosto negro do inimigo.

— Então me entregue, sem delongas.

Eu sabia que o totem realmente estava com Jujuba e fiquei com medo que ela entregasse o que tanto sofremos para conseguir. A garota colocou a mão no bolso e eu percebi que era um truque, pois o artefato estava amarrado à suas costas, entre as asas brancas.

— Tome — ela falou com indignação estendendo a mão com um pequeno broche de madeira entalhado rusticamente. — Pega esse maldito totem e nos deixe ir embora.

Ouvi murmúrios entre os guardas que apontavam armas encantadas em nossa direção.

— Finalmente conseguimos.

— Era algo tão pequeno?

— Deve ser alguma madeira rara, de uma árvore mágica.

Com uma alegria igual de criança que recebe doce, o homem pegou o broche e o analisou, sorrindo.

— Como funciona?— ele perguntou.

— Não sabemos, tentamos de tudo e não conseguimos acionar ele.

— Não será algo difícil de descobrir, meus magos vão investigar isso. Agora… — ele se virou e guardou o artefato em um bolso da jaqueta de veludo vermelho — Prenda-os e coloque na jaula. Use todos os encantamentos possíveis para que eles não fujam.

Algemas brilhantes agarraram meus pulsos, unindo-os. Violentamente, fui jogado para dentro da jaula na carroça, sendo prensado em um sanduíche de heróis. Meus amigos saíram de cima de mim e eu me levantei.

— Por que seguir conosco? Nos liberte e nós vamos embora em paz, sem tentar lutar. Você já tem o que precisa e não houve perdas para nenhum dos lados — gritei.

— Eu tenho ordens de levar vocês para a base. Uma pessoa que vocês conhecem quer conversar um pouco — o homem riu maleficamente.

— Quem? — Limcon perguntou.

— Zanzer.

Eu e o atirador nos entreolhamos, lembrando a quem pertencia o nome.

— É o mesmo que nos derrotou depois do treinamento? — Limcon me questionou.

— Sim. E acho que agora ele deve estar mais forte ainda.

Um grupo de magos fez um círculo em volta do comboio e começou a recitar magias. Camadas de campos de força envolveram nossa jaula de ferro. Eles jogaram galhos contra as barras, testando a magia. Quando os objetos tocavam a energia eram instantaneamente queimados e transformados em brasa. Decidi não testar se eu também poderia ser queimado.

A carroça entrou em movimento e eu fiquei relembrando da luta. Nós havíamos sido derrotado com facilidade e, mesmo em equipe, perderíamos dele. O jogador lunático era muito mais forte naquela época, se tivesse evoluído o mesmo que nós, eu não conseguiria dimensionar seu poder. O poder da mente poderia nos fazer perder assim que o encontrássemos.

Quatro guardas marchavam ao lado da nossa jaula, preparados para qualquer tentativa de fuga. Dois eram dracônicos, como Supreme. O maior, que segurava uma espada de aço, era verde. Já o menor, que usava uma lança de cristal, era azul. Ambos estavam a esquerda da carroça e se vestiam do modo militar romano.

Do lado direito havia um gigante que portava um estandarte ou algo do tipo. Seus olhos eram castanhos, assim como o cabelo crespo e seco. Em sua armadura romana estavam presos vários amuletos de diferentes figuras, como animais, plantas, elementos e monstros, todos feitos de metais como ouro, prata, cobre ou bronze. Atrás dele, vigiando a porta da jaula, estava um humano que usava um arco e flecha como arma. Sua barba e seu cabelo eram grisalhos, mas ainda tinham um pouco de ruivo. Ele era o mais baixo entre todos os soldados, mas parecia muito perigoso com suas flechas de penas coloridas. Em seu cinto um pote balançava, possivelmente contendo veneno, pois o líquido dentro dele era verde e muscoso.

— Limcon — sussurrei — precisamos fugir antes de chegarmos ao quartel general deles. Lá será impossível de escapar. Se esses simples soldados usam armas encantadas, imagina os do forte deles.

Meu amigo balançou a cabeça, concordando.

— Mas como vamos fugir? Essas algemas vão nos atrapalhar na luta e esses guardas vão avisar caso tentarmos algo, se é que não vão nos fazer desmaiar.

Os outros membros da equipe também estavam atentos aos nossos cochichos e fizeram caretas de preocupação quando se deram conta da nossa posição. Depois de enfrentar tantos monstros, como as assombrações e os golens, nós iríamos perder para algumas algemas e uma jaula encantada. Parecia até ironia do destino.

Todos nós botamos nossas cabeças para pensar, trabalhando em possíveis planos de fuga. Supreme sugeriu eletrizar a jaula, fazer um esquema de ímas e puxar os guardas pela armadura metálica, matando-os. Porém nós descobrimos que era impossível usar magia com aquelas algemas.

Fear usou sua capa para ficar invisível e tentou abrir a jaula, mas ele tomou um choque e teve que ser recuperado pela Jujuba.

Meu irmão aproveitou a invisibilidade e tirou as algemas de todos, o que foi um alívio. Porém tivemos que fingir ainda estarmos presos, para que os guardas não fizessem nada.

— E se fizermos algo para eles abrirem a jaula? — Life perguntou.

— Acho que eles nem abriram, sabem que queremos fugir — o experiente ladrão disse.

Limcon não podia usar a arma dele, por mais que ela estivesse junto conosco. Por algum motivo ele não se preocuparam em tirar nossos equipamentos. Possivelmente Zanzer não queria nos encontrar desarmados.

Minha mente não conseguia focar em uma só coisa quando eu precisava, então logo eu parei de planejar e comecei a ouvir a conversa dos guardas.

— Brian, a bunda desse gigante não está tampando toda a tua visão — gritou o lagarto azul.

— Está sim! E ela é muito feia — caçoou o arqueiro.

— E se você espetar uma flecha nela, será que vai diminuir feito balão? — o lagarto da frente gargalhou com sua própria piada.

— Calem-se, seus répteis burros! — rugiu o gigante visivelmente irritado.

— Olha, o grande Feron está criando coragem para tentar responder nossas brincadeiras. Vai fazer o que, grandão? — o ruivo zombou.

Por maior que fosse, Feron parecia não ter coragem de fazer nada. Fear se aproximou de mim e sussurrou:

— Talvez ele possa nos ajudar. Precisamos convencer ele que aqui não é o seu lugar. Um mago nos cairia muito bem para uma fuga.

— Mas será algo difícil. Ele parece ser cheio de medos e dúvidas. Talvez tenha receio de nos ajudar.

— Terá de ser uma conversa silenciosa e eficaz então. Bem, acho que terei que trabalhar um pouco — meu irmão falou.

Ele me deu um tapinha no ombro e assoviou baixinho, chamando a atenção de Feron. Meu irmão mostrou os pulsos soltos, mas, antes que o gigante falasse algo, ambos trocaram um olhar sério. Finalmente o soldado acenou com a cabeça. O assassino havia conversado pelo olhar.

O mago, enfim, gritou fingindo estar aborrecido, ou realmente estando.

— Brian, se você odeia tanto minha bunda, troque de lugar comigo!

— Isso será um alívio, grandão.

Sem desconfiar de nada, o arqueiro foi para frente enquanto o gigante tomava seu lugar na traseira da jaula.

— Fechem os olhos — meu irmão disse — o show vai começar.

Todos fizemos o que ele mandou e escutamos um pequeno estalo. Uma mão pequena bateu no meu ombro e eu abri os olhos novamente. Os três guardas inimigos estavam cambaleando tontos. A porta da jaula havia sido aberta.

— Saiam logo, não temos muito tempo.

Descemos rapidamente e atacamos os soldados pasmos. Não os matamos, somente os deixamos desmaiados.

Os guardas do comboio atrás do nosso vieram lutar. Antes que pudessem fazer qualquer sinal para pedir ajuda, Supreme correu e retirou as armas de cada um deles em um piscar de olhos. Limcon atirou em cada um rapidamente.

— O que fazemos agora? — perguntei.

— Vocês precisam se teletransportar para longe daqui. Ou melhor, nós precisamos — o novo aliado falou preocupado.

— Será que o totem não consegue nos levar para longe? — Jujuba ponderou.

— Mas o totem está com o Alain, o comandante. Não tem como tirar dele.

— Aí que você se engana, o totem está conosco — a paladina mostrou o ímã de madeira e sorriu.

— Como ele funciona? — o mago pareceu interessado no artefato.

— Não sabemos, mas da última vez ele criou um portal que nos ajudou. Vou tentar isso de novo.

Enquanto mais soldados vinham ver o que aconteceu, Taster colocou sua energia na esfera de prata. Atirei uma chama de fogo selvagem nos comboios próximos, o que fez os inimigos recuarem apressadamente. O brilho verde contrastava no céu pintado de laranja de pôr-do-sol. Supreme acabou com a beleza do momento, fazendo as nuvens ficarem escuras e trovões ecoarem pelo bosque. Depois de tanto barulho, com certeza o exército inteiro já sabia da nossa tentativa de fuga.

— Seja bem vindo a S-War, Feron. Agora nos ajude a fugir, por favor! — gritei.

— Com todo prazer. Meus meses sofrendo na mão deles serão meu combustível para essa luta.

O estandarte do mago brilhou, junto com os diversos artefatos em seu manto. Ele agarrou um escaravelho de ouro que estava no cinto de couro, colocou na ponta da sua arma e mirou nos inimigos. Uma nuvem de insetos foi invocada da floresta, atacando os alvos com mordidas, zumbido e picadas. Formigas, grilhos, joaninhas, moscas, mosquitos e cupins fizeram seu próprio exército para derrotar a réplica de força militar romana.

Contudo, os membros da GCA usavam magia de forma muito eficaz. Os pequenos seres vivos foram queimados vivos em uma onda de energia. Gritando e apontando as armas, mísseis mágicos viajaram contra nós.

Um campo de força surgiu em última hora para nos salvar, mas não aguentou todos os golpes, quebrando. Senti a energia inimiga acertando minha perna, mas eu ainda podia lutar. Um fogo azul dançou sobre a palma de minha mão e, segundos depois, o chão podia ser usado para patinação. As árvores do bosque estavam completamente congeladas, assim como os soldados.

Mais adversários chegaram, mas agora de cavalos. Entre eles estava Alain, o comandante.

— Não adianta fugir, demmarc, sua base já foi destruída por Zanzer. O grande mestre da guilda derrotou e matou seus amigos queridos — a risada cruel do inimigo soou tão alto quantos os trovões de Supreme.

Um relâmpago tirou minha visão momentaneamente e, quando consegui enxergar novamente, Alain estava no chão sendo socado repetidas vezes pelo meu amigo lagarto.

— Seu… merda… Você… merece… morrer! — ele dizia entre os golpes.

Faíscas saiam do corpo do homem, que gritava e tentava sair de baixo do bárbaro enfurecido.

Finalmente Supreme passou uma das correntes pelo pescoço do inimigo, segurou cada lado dela com uma mão, colocou o pé no peito do homem e puxou com força os pulsos, enquanto pisava no tórax do comandante. A cabeça foi brutalmente tirada do corpo.

Mais e mais soldados chegaram, um número impossível de combater. Eu sabia que iria morrer ali, mas não podia. Agora que tinha ido tão longe, precisava levar o totem embora. Mesmo que não houvesse lar para voltar.

Jujuba apertou as esferas contra o chão, que se transformou em um portal brilhante. Todos nós seis, contando com Feron, fomos engolidos pelo solo. Os inimigos tentaram atacar, mas não foram rápidos o suficiente. Supreme foi o último a entrar, pois, com sua velocidade, aproveitou até o último segundo para lutar. Seu frenesi o fazia querer matar todos os soldados, porém ele pulou de bico na entrada mística, como se estivesse pulando em uma piscina.

Nós não sabíamos onde iríamos sair, mas era nossa melhor chance. Fugir de uma batalha para tentar chegar em casa, uma casa onde poderíamos encontrar nossos amigos mortos. Mais amigos mortos.

Talvez o preço para a Lua fosse a morte de todos que você estava lutando para ajudar. Era um objetivo muito egoísta.


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Notas finais do capítulo

Galerinha, semana que vem eu vou dar um presentinho pra vocês, algo muito especial, mas não é sobre Radiação Arcana. Qualquer um que quiser continuar a ler coisas sobre esse mundo é só entrar em contato comigo no Facebook: Lucas Sebajos Schweighofer. Eu sei, meu nome é difícil. Gostaria de agradecer às seguintes pessoas: Kayen, Pamonha, Life Taster, Asasuka, Ayala Melo, Sofia Muller, Stringweed, Dux Primus, Limcon, Mistreated Boy, A V, Sofy, Soy Juh, Reroh Takuri, Nanda Madson, Sedirue, Carol Guimarães, Gabi Araújo e Wedny Addams. Usei o nome de usuário de vocês, pois não ia conseguir lembrar do nome de todas as pessoas que leram e vieram falar comigo. Caso mais alguém comente na história, vou editar essa nota e colocar o nome. Vou ficar com saudade, galera. Se um dia me encontrarem pessoalmente, ou mesmo pelo face, vão lá falar comigo, vou ficar muito feliz. E viva a Radiação Arcana!