Only Time escrita por TC Nagahama


Capítulo 4
Capítulo 4 - Longe do meu lado


Notas iniciais do capítulo

Deu uma agonia básica escrever esse capítulo. A cena final foi de cortar o coração.
Recomendo o uso de Kleenex :)



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- Eu sei quem você realmente é - disse ele sem rodeios, enquanto Draco arregalava os olhos.

- C-como? - perguntou Draco com eloquência, depois de abrir e fechar a boca várias vezes.

- Não foi muito difícil descobrir depois de todas as suas dicas, Malfoy - constatou Harry.

- Dicas?! Que dicas? Não sei do que você está falando, Har...digo, Potter - balbuciou Draco, suando frio.

- Viu só? Quase me chamou pelo nome! - disse Harry, com ar de vitorioso e com um sorriso debochado no rosto.

- Você deve ter tomado muito sol na cabeça, Potter. Agora, com licença. Eu tenho que dormir, já está tarde - tentou despistar Draco, sem muito sucesso.

- Não me dê as costas, Malfoy. A não ser que você queira que amanhã pela manhã todos já saibam do seu segredinho - desafiou Harry.

- Se não soubesse que você é um grifinório, juraria que é um sonserino, Potter - comentou Draco - Pois bem, já que se comporta como tal, será tratado como um - continuou Draco, enquanto Harry franzia a testa parecendo contrariado - O que você quer para manter sua boca fechada? - perguntou com o nariz empinado e um ar arrogante.

- O que eu quero é bem simples... - disse Harry, num tom muito baixo, enquanto se aproximava da garota - ... Draco - completou, ganhando um olhar desconfiado em troca - Eu quero conhecer você melhor - terminou, com os narizes quase se tocando.

Draco não sabia como reagir. Num minuto ela estava calma e descontraída na cozinha com seu antigo Elfo doméstico, e no outro estava encurralada. Baixara a guarda por tempo demais, e agora não tinha saída. Havia sido descoberta pela única pessoa que nunca poderia sequer desconfiar, o seu grande amor impossível: Harry Potter.

Draco perdeu seu famoso raciocínio rápido. Em apenas duas frases, Harry Potter tinha completamente desarmado seu sangue-frio! Ela sentiu a garganta secar, tentou se esforçar para não tremer. Mas seu cérebro parecia paralisado, e a única coisa proferir foi: O.k.

- O.k., então - disse Harry sem jeito, meio que pego de surpresa pela pronta aceitação de sua oferta - Então amanhã a gente se vê à 01:00 na Sala de Astronomia - disse animado.

- Tá - ouviu novamente sua voz respondendo, sem ter o menor controle do que estava fazendo.

- Eu acho que já vou indo - disse Harry não conseguindo esconder seu sorriso - Ah, mais uma coisa, pode me chamar de Harry - disse enquanto colocava a capa e ia em direção à Torre.

Só depois que Harry sumiu do corredor, ela conseguiu descobrir que até então estivera prendendo a respiração. Engolindo ar em grandes golpes, ela tentou se recompor. Depois de alguns minutos, teve força suficiente para andar de volta ao dormitório que dividia com seus amigos Crabbe e Goyle, nas masmorras de Sonserina.

Ao entrar no dormitório, Draco passou por seus amigos, que discutiam fervorosamente qual sabor de biscoitos iriam comer, e jogou-se em sua cama, que ficava no canto do quarto. Só se dera ao trabalho de arrancar a capa e os chinelos que usava, jogando-os ao lado da cama, e enfiou-se debaixo das cobertas. Mas é óbvio que não conseguia dormir, o coração ainda disparado no peito. Rolara de uma lado para o outro na cama, absorta em pensamentos. Até que, desistindo, sentou-se em sua cama, agarrada em seu travesseiro.

- Ele mencionou "dicas" - pensou Draco - Mas que dicas são essas?! Não lembro de ter dado dica alguma sobre nada. Se bem que o Lupin e a Granger não precisaram de dicas... eles simplesmente perceberam. Será que é alguma coisa no meu rosto?

Draco se esticou para buscar um espelho.

- Será que não consigo mais esconder? - continuou enquanto olhava-se - Não... eu pareço a mesma de antes. Nada mudou. Meu cabelo está bem curto, meus olhos frios como os do meu pai. Então com certeza não é a minha aparência - certificou-se Draco - Seria preciso mais do que uma olhada no rosto pra dizer que sou uma menina - sorriu para si mesma, largando o espelho no criado-mudo e deitando-se novamente - Será que é um blefe? Não, não pode ser - perguntou para si enquanto abraçava um travesseiro - Ele parecia muito cheio de si para tal. Ele sabe, isso é certo. O problema é como? A Granger e aquele professorzinho Lupin não abririam a boca, não agora depois de tanto tempo. Se fossem fazê-lo, o teriam feito há tempos. Mas fora eles, só Dobby sabe. Mas Dobby não contaria, ou contaria? Não, ele sabe das conseqüências que isso pode trazer...

E em meio a esses pensamentos, Draco acabou adormecendo.

O dia amanheceu e o Grande Salão estava repleto de alunos tomando café e lendo suas correspondências e jornais, porém todos pararam ao ver Draco entrando praticamente voando salão adentro. Quando ela entrou, sentiu todos os olhares para cima de si. Incapaz de se controlar, ela indagou num tom áspero:

- O que foi? Nunca viram alguém perder a hora? - disse, tirando uma mecha de cabelos que caía em seu rosto e dirigindo-se para a mesa de Sonserina.

- Você está um lixo - constatou Crabbe ao olhar atentamente Draco de cima à baixo.

- São seus olhos - retrucou Draco.

- Não são não. Você está mesmo um lixo. Sem gel, gravata sem nó... - discordou Gregório.

- Se vocês tivessem tido a capacidade de me acordar, eu não estaria assim, Goyle - constatou Draco fazendo caretas ao olhar pra si mesma - Eu pareço um Weasley! - divertiu-se.

- Pena que o dia das bruxas já passou - riram os três, enquanto acabavam seu café.

As aulas da manhã passaram num piscar de olhos, e todas as aulas foram relativamente tranqüilas, levando-se em consideração de que Harry e Hermione tinham que se revezar para pajear Rony, que agora não tinha mais do que cinco anos e como toda a criança nesta idade , não dava um minuto de descanso.

Rony passara boa parte das aulas atazanando os alunos na aula de DCAT, em especial os sonserinos. E a aula inteira de Adivinhações chorando, principalmente quando a professora leu nas cartas mais uma tenebrosa morte para o garoto que sobreviveu.

Graças ao escândalo do amigo, Harry fora expulso da aula que tanto detestava. Porém, quando já havia recolhido seu material e ia em direção à saída de mãos dadas com seu pequeno amigo, um voz rouca o fez virar. Era a professora, que havia entrado em transe, como no seu terceiro ano. Mas o que mais surpreendeu Harry, não foi o fato disso ter acontecido, afinal ele sabia que era raro. Porém, sabia que mesmo raramente, ela conseguia prever o futuro. Harry ouviu atentamente a previsão, cujo teor o deixou boquiaberto. Sem parar para pensar, ele pegou Rony no colo e correu para o Grande Salão.

-Hermione! - chamou Harry ao aproximar-se da mesa de Grifinória.

-Você está bem? Está pálido! - perguntou Hermione, enquanto o amigo sentava à mesa - Sua cicatriz dói? Se for, é melhor a gente avisar o professor Dumbledore ou até mesmo Sirius - completou já levantando.

-Não é nada disso, eu queria conversar com você sobre uma coisa que Trelawney disse- disse enquanto fazia sinal para que Hermione voltasse a se sentar.

-Aquela charlatã?! Ah, Harry... não me assuste assim. Por um minuto achei que era sério - resmungou Hermione aborrecida.

-Mas é sério! - disse Harry com urgência - Ela disse que...

-O Harry vai ter uma namorada! O Harry vai ter uma namorada! Lá lá lá - interrompeu Rony cantando e batendo palmas com um sorriso de uma orelha à outra - Desculpa - disse ao ver a cara séria que ambos amigos lhe dirigiam.

-Continue Harry - pediu Hermione, olhando de rabo de olho para Rony, que se encolhera no banco.

-Quando eu estava saindo da aula, a professora entrou em transe - disse Harry, e ao ver a cara cética de Hermione continuou - Que nem quando ela previu que alguém iria ajudar Voldem... digo, Você-sabe-quem- corrigiu-se rapidamente ao ver Hermione tensionar ao ouvir o nome do Lorde das Trevas - Ela disse que eu, em breve, iria encontrar um amor.

-Você deveria ficar feliz então, Harry - Hermione deu de ombros e voltou a comer.

-Mas não é só isso, Hermione! Ela disse que eu amaria quem eu sempre odiei! - continuou Harry em pânico, enquanto a amiga olhava na direção da mesa de Sonserina.

-Isso vai ser interessante de se ver - constatou Hermione em meio a risadas.

-Não ria, Mione! Isso é sério! E se meu amor for o Voldemort? - perguntou Harry para si mesmo, enquanto Hermione gargalhava a ponto de chorar.

-Ai ai, Harry. Você é uma figura! - constatou enquanto enxugava as lágrimas e tentava se recompor - Não creio que a charlatã tenha se referido à Você-sabe-quem.

-E a quem ela se referia então? - questionou curioso.

-Com quem você costumava brigar quase todo santo dia desde que entramos em Hogwarts?

-Malfoy - respondeu automaticamente, ainda sem entender.

-Aí está sua resposta - disse, tentando conter o riso com a mão ao ver a cara incrédula do amigo - Mas sabe, Harry? Independente da sua opção sexual, você ainda é meu melhor amigo - concluiu Hermione não conseguindo mais conter o riso, que facilmente se tornou uma gargalhada.

Sem entender patavina, Harry pôs a dedicar-se ao seu almoço. Porém, não pôde deixar de lançar olhares furtivos na direção de Draco. Draco, por sua vez, sentiu-se extremamente desconfortável ao perceber o olhar de Harry em sua direção.

A noite logo chegou.

Harry passara mais tempo do que o esperado na sua detenção, o que não era de se estranhar, já que limpar o banheiro da Murta-que-geme sozinho não era uma tarefa fácil.

Depois da detenção, Harry correu para sua casa. Em tempo recorde, Harry estava pronto para o encontro combinado com Draco. E estava curioso sobre o que aconteceria. Após pegar sua capa e mapa, dirigiu-se para a sala de Astronomia.

Draco já estava impaciente, e andava de um lado para o outro da sala, praguejando e falando consigo mesma.

-Eu te pego, Potter! Ninguém faz uma Malfoy esperar assim... aonde já se viu?- reclamava murmurando.

-Buuuuuuuu! - gritou Harry, ainda invisível, fazendo Draco pular de susto.

-Nunca mais faça isso - ordenou Draco, com a mão no peito, totalmente sem fôlego.

-Não resisti. Além do quê, você mereceu. Parecia uma velha reclamando e andando pela sala - constatou Harry, fazendo uma breve imitação de Draco.

-Eu não pareço uma velha! - reclamou Draco, retirando um espelho pequeno do bolso e passando a mão no rosto.

-Uma velha...vaidosa...mas ainda uma velha. Sabe, Draco...talvez melhorasse se você aplicasse botox aqui - disse, enquanto indicava os cantos dos olhos de Draco - Assim nem vai dá pra notar esses pés-de-galinha que você tem.

-Eu não tenho pés-de-galinha! - indignou-se Draco.

-Calma! Eu só tava brincando - comentou Harry, parando em frente a Draco e estendendo a mão para ela - Prazer, Harry Tiago Potter - apresentou-se.

Draco ficou mais do que intrigada.

-Você caiu do berço quando era pequeno? Eu sei seu nome há 5 anos! - reclamou Draco.

-Não, eu não caí do berço. Só achei que se vamos nos conhecer melhor agora, seria melhor começar do zero - ponderou Harry, um tanto chateado pela reação de Draco.

-Draco I. Malfoy, e o prazer é todo seu - finalmente respondeu Draco.

Ambos, que em 5 anos de convivência em Hogwarts, nunca permaneceram na mesma sala sozinhos sem trocar insultos ou mesmo conversaram civilizadamente, então ambos sentiam-se um tanto quanto desconfortáveis com a situação. Porém, depois de algumas semanas se encontrando, Draco e Harry acabaram se acostumando com a presença um do outro, e aos poucos foram criando um laço de amizade.

Sempre se encontravam na mesma sala. Às vezes conversavam, ou simplesmente ficavam deitados no chão, apreciando a noite e a companhia um do outro. Até começaram a trocar confidências.

-Há! Então foi você quem mandou Dobby me impedir de ir para Hogwarts no segundo ano? Aquele ano que abriram a Cãmara Secreta? - perguntou abismado Harry.

-Foi - respondeu Draco, sem nem ao menos virar - Você não queria que eu fosse pessoalmente bater na porta de seus parentes trouxas, não é mesmo?

-Queria.

-Você ia bater a porta na minha cara - ponderou Draco.

-Não ia - defendeu-se Harry.

-Ia sim - rebateu Draco.

-Tá bom, eu ia -Harry teve que admitir -Mas por que você quis me avisar?

-Você era chato, mas não merecia morrer - justificou-se Draco, dando de ombros.

-Seu pai não acha isso - cutucou Harry, chegando mais perto de Draco.

-E aposto que seu tio concorda com ele - retrucou Draco, afastando-se de Harry.

-Há!Há! Você ganhou. Eu não falo da sua família, e você não fala da minha - disse Harry, vendo Draco sorrir em retorno - Sabe, eu tava pensando...

-Que milagre! - interrompeu Draco, rindo.

-É sério! Qual seu nome do meio? - perguntou Harry, tentando chegar mais uma vez perto de Draco.

-Isabele - respondeu Draco, percebendo a proximidade de Harry e afastando-se novamente.

-Que estranho- pensou Harry em voz alta.

-Estranho?- interessou-se Draco.

-Isabele é nome de menina - completou Harry, enquanto Draco arregalava os olhos.

Draco ficara sem ação. Ela se encontrava há semanas com Harry. No começo, por temer que ele espalhasse seu segredo pela escola. Porém, com o passar dos dias, ela realmente se apegara a ele. Era a chance que ela tinha de ficar perto do seu amor, mesmo que fosse como uma simples amiga.

Mas do jeito que Harry reagira ao saber seu nome do meio, Draco percebera que cometera um terrível engano. Seu grande amor não percebera que ele era na verdade menina, e o grande segredo ao qual se referia quando a pegara saindo da cozinha era a amizade com os elfos domésticos. Que enrascada! E agora? O que ela deveria fazer?

-Draco? Você está bem? - questionou Harry ao ver a cara perplexa de Draco - Eu sinto muito, não quis te ofender - disse, enquanto a abraçava.

-Ele não sabe... não sabe. E mesmo assim fica aqui. Mas é errado! Se alguém souber... eles não vão gostar - pensou consigo mesma sentindo os braços fortes que a faziam sentir tão segura num momento de tanta confusão. Mas ela tinha que se controlar. Especialmente agora, que havia uma chance de preservar seu segredo!

-Não chegue perto - ordenou Draco, desvencilhando-se do abraço.

-O que houve? Eu já pedi desculpas, não precisa ficar assim - argumentou, tentando se aproximar novamente.

-Fique longe! - falou em tom elevado, esquivando-se do toque de Harry.

-Você age como se eu tivesse alguma doença contagiosa! - irritou-se Harry - Toda vez que eu chego perto de você, você foge!

-Não... - disse Draco.

-Sempre que a gente entra em algum assunto pessoal, você desconversa. Eu sei que você ficou chateado por eu ter falado do seu nome, então por que você não fala? Por que não fala de uma vez pra gente colocar em panos limpos de uma vez? - alterou-se Harry.

-Não é bem assim... - tentou se defender Draco.

-Lógico que é. Você pode não ser o peste que todos acham, mas quando se trata de mim, você não passa de um cubo de gelo -Harry gritou. Sua fúria era tanta que os vidros da janela explodiram.

Mas Draco nem teve tempo de se assustar. Descontrolada também, ela mesma gritou:

-Não percebe que eu amo você, seu estúpido?!

Harry imediatamente se calou e ficou olhando para Draco sem saber direito como reagir, os grandes olhos verdes ainda mais arregalados por trás das lentes transparentes. Draco arfava, o silêncio entre os dois caindo como um cobertor. Para quebrar a tensão, ela continuou: - Eu não deveria, mas amo! - E não pôde mais se agüentar: caiu em prantos.

Um caquinho de vidro se desprendeu da janela estourada e o clink que fez quando se juntou a outros pedaços foi o único barulho da sala fora os soluços de Draco, que agora enterrara as cabeça nas mãos e convulsionava os ombros, enquanto as lágrimas corriam copiosamente.

Harry ainda estava parado e boquiaberto, uma gama de emoções passando por ele ao mesmo tempo. Poucas visões tinham sido mais bonitas e emocionantes do que aquela. De repente, uma certeza o atingiu feito um raio.

-Você deve me odiar agora, mais do odiava antes... - soluçava Draco.

Não mais se agüentando, Harry selou seus lábios nos de Draco, que respondeu após alguns instantes iniciais de choque. Eles se beijavam com urgência, e Harry vez ou outra murmurava palavras sem sentido.

Draco, tomando consciência do que estava fazendo, desvencilhou-se de Harry e deu alguns passos para trás, disposta a afastar-se de vez de Harry.

-Eu te amo -disse Harry, olhando Draco tentando esconder os lábios rosados com os dedos.

-Você ama o que você vê. Mas os olhos enganam, Harry - disse Draco, em meio a lágrima.

Ela se virou repentinamente e saiu apressadamente, deixando para trás um Harry Potter confuso e perturbado.

Fim do cap. 4


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