Only Time escrita por TC Nagahama


Capítulo 2
Capítulo 2 - Nem tudo é o que parece ser


Notas iniciais do capítulo

A cena do jogo de quadribol deu um trabalhinho...



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Mais um ano havia começado na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

À vista de um leigo, parecia um ano como outro qualquer. A cerimônia de seleção dividiu os alunos dentre as quatro casas de Hogwarts: Corvinal, Lufa-lufa, Grifinória e Sonserina. Em semanas, Corvinal estava na liderança da disputa entre as casas, e Grifinória e Sonserina disputavam a liderança da taça.

A um olhar mais atento, porém, era possível perceber o clima tenso que predominava na escola.

Todos estavam à espera do começo da grande guerra entre as forças das Trevas e da Luz. Porém, o Lorde das Trevas não havia sequer manifestado sua presença em quase sete meses desde seu retorno. E pouco a pouco, apesar da expectativa sobre o próximo movimento de Voldem- quer dizer, Você-Sabe- Quem, a vida não podia parar.

O sol entrava pela janela da torre de Grifinória, iluminando o dormitório masculino dos quintanistas.

- Vamos Harry, acorde!- gritou Rony enquanto jogava um travesseiro no rosto de seu melhor amigo - Deixa de ser preguiçoso e levanta sua bunda daí, antes que a gente perca o café da manhã - completou Rony, com uma expressão ansiosa.

- Bom dia pra você também. Que horas são? - disse Harry, ao mesmo tempo em que tateava o criado-mudo ao lado de sua cama à procura de seus óculos.

- Hora de correr pra não se atrasar - respondeu Rony sentindo seu estômago roncar - Eu te espero no refeitório, Harry - disse Rony, saindo em disparada do dormitório.

Harry colocou seus óculos, e assim que o mundo à sua volta entrou em foco, dirigiu-se para o banheiro. Apesar de todos estarem voltando às suas vidas rotineiras, Harry ainda não conseguira se tranqüilizar, e freqüentemente tinha pesadelos a respeito dos fatos acontecidos no ano anterior. A morte de Cedrico ainda era muito nítida em sua mente.

Apesar de seus problemas de insônia, Harry não tinha muito do que reclamar. O ano letivo estava sendo agradável. Seus trabalhos escolares estavam em dia, e em quatro meses de aula, ele ainda não havia visitado a enfermaria nenhuma vez, o que era um recorde, tratando-se de Harry Potter. Os alunos da Lufa-lufa ainda exibiam luto pelo seu colega falecido, porém não mais nutriam rancor pelo garoto que sobreviveu. Até mesmo as partidas de quadribol estavam mais interessantes. Céus, até Snape parecia mais afável.

- É Harry, acho que é hora de seguir em frente - murmurou Harry para si mesmo, ao olhar-se no espelho.

- Até que você não é tão lerdo quanto parece, meu jovem - disse o espelho para Harry.

- Humm?

- Isso mesmo, anime-se! A vida é bela, e você também.

- Como? - perguntou Harry corando.

- Ah sim, nem de longe parece o garoto mirrado que eu via ano passado. Você cresceu bastante, meu jovem - constatou o espelho - Agora você aparenta a idade que tem - completou com um sorriso.

- Ah...tá. Tchau - despediu-se Harry corando mais ainda e saindo em direção ao refeitório.
Ao chegar no refeitório, Harry foi na direção de seus amigos, Rony e Hermione, que haviam guardado seu lugar à mesa.

- Isso são horas? - perguntou Hermione com ar autoritário.

Antes que Harry pudesse responder, Rony soltou um grande e audível arroto, arrancando risadas de quase toda a mesa de Grifinória.

- Suspendam o veterinário, o Weasel deu sinal de vida - comentou sarcasticamente Draco Malfoy, provocando gargalhadas histéricas das outras mesas, e levantando-se rumo ao corredor, sendo seguido por seus colegas de casa.

- Maldito! - esbravejava Rony enquanto enchia a boca de ovo mexido - E você ainda diz que ele mudou, Mione. Francam...

- Rony, você está cuspindo ovo em mim - reclamou Harry, enquanto limpava seus óculos.

- Foi mau - desculpou-se Rony - Ainda pego esse Malfoy! Sempre arrumando briga...

- Rony - chamou Hermione - Cala a boca - completou enquanto levanta- se da mesa - Eu vou para sala, e sugiro que vocês façam o mesmo - disse e partiu, sem nem se dar ao trabalho de se despedir.

- O que deu nela? - perguntou Harry com ar intrigado.

- Deve ser a época do mês, sei lá. Vamos indo? O prof. Lupin não vai gostar se nos atrasarmos de novo - comentou Rony, enquanto os dois se levantavam da mesa e iam rumo à primeira aula do dia, Defesa Contra as Artes das Trevas.

Hermione seguia tranqüilamente o corredor até a sala de DCAT, onde teria aula dupla com um dos seus professores preferidos, Remus Lupin - recontratado após os acontecimentos do último ano - e com os sonserinos.

Realmente, Alvo Dumbledore tinha um humor muito duvidoso, pois o horário escolar grifinório era praticamente uma xerox do horário sonserino. Porém, para o espanto geral da nação, tirando as aulas de poções, não haviam grandes tumultos. Curiosamente os alunos da casa rival não provocavam brigas. E mais curiosamente, Draco Malfoy não havia lançado um insulto sequer para ela ou para Harry. Infelizmente ela não podia dizer o mesmo dos insultos lançados ao Rony. Mas isso era só algo natural, já que as famílias eram inimigas há gerações.

Quando Hermione deu por si já estava na porta da sala de DCAT, e seu professor a olhava com um sorriso amistoso.

- Bom dia, Hermione.

- Bom dia, prof. Lupin - cumprimentou Hermione indo para seu lugar.

Não tardou muito e toda sala já estava cheia. E Lupin pigarreou, chamando a atenção da classe.

- Hoje nós vamos estudar um pouco mais sobre criaturas mágicas - anunciou Lupin, arrancando um muxoxo de seus alunos - Eu ainda não disse a criatura de hoje - continuou Lupin com um sorriso maroto, deixando boa parte dos alunos curiosos - Nós vamos estudar um pouco mais sobre Veelas - concluiu, arrancando "Vivas" dos garotos e uma cara emburrada das meninas.

- Alguém sabe algo sobre veelas? - perguntou Lupin, olhando diretamente para Draco Malfoy, porém, uma única mão levantou-se, e esta pertencia a Srta. Hermione Granger . Lupin, com um aceno de mão, indicou para Hermione prosseguir com sua resposta.

- Veelas são criaturas mágicas de grande poder. Ninguém sabe dizer ao certo sua origem, mas levando-se em consideração sua aparência, crê-se que sua origem deu-se no norte da Europa. As veelas têm em sua unanimidade, os cabelos loiros, quase prateados, olhos azuis claros, e pele muito alva. Sua beleza é surreal. Sua voz e dança têm poderes hipnóticos, porém só homens são afetados, mulheres são imunes. Quando muito irritadas, sua aparência muda, tornando-se demoníaca. Asas crescem de suas costas, seus rosto modifica-se e de seus olhos queimam como fogo. Elas também podem atacar bolas de fogo - terminou Hermione, com um sorriso estampado no rosto.

- Muito bem, 10 pontos para Grifinória - disse Lupin - Porém há mais um fato interessante a respeito dessas criaturas, alguém saberia me dizer o que é? - Perguntou ele olhando a classe atentamente, e ao notar que ninguém se manifestara, chamou o primeiro nome que lhe veio à mente - Sr. Malfoy?

Draco, acordando de seus devaneios, levantando-se respondeu com extrema eloqüência - Oi?

- Eu perguntei se o Sr. sabe me dizer mais algum fato sobre veela além dos que a Srta. Granger apontou - disse Lupin, examinando Draco meticulosamente.

- Elas escolhem seus parceiros pela essência e os mesmos são pela vida inteira - respondeu Draco prontamente.

- Ah, sim... e como elas se comportam com seus parceiros? Algum aspecto incomum? - perguntou Lupin rapidamente enquanto se aproximava de Draco, chamando a atenção da classe para os dois.

- Tornam-se protetoras incondicionais de seus parceiros, e dos frutos da união dos dois - respondeu Draco, um tanto quanto incomodado com a persistência do olhar do professor em sua direção.

- Pela sua aparência, e a de toda sua família, Sr. Malfoy, eu diria que tem parentes veela - constatou o professor, recebendo um movimento afirmativo de cabeça de seu aluno - É como Hagrid sempre diz, hoje em dia não tem uma família que não tenha pelo menos uma mistura - comentou o professor - E como você diferenciaria um veela macho de uma veela fêmea? - perguntou Lupin, enquanto farejava o ar ao redor de seu aluno.

A sala estava perplexa, todos tinham sua atenção presa nas duas figuras em pé na sala. Rony estava com o rosto vermelho tentando segurar uma gargalhada, junto com a maioria grifinória, enquanto os sonserinos mostravam expressões nítidas de indignação. Hermione, que se encontrava perdida em seu raciocínio despertou ao sentir uma cutucada em suas costelas.

- Estamos perto da lua cheia, Mione? - cochichou Harry - Se eu não conhecesse Remus, eu diria que ele está rondando uma presa.

- É - concordou Hermione automaticamente, ignorando o amigo e prendendo sua concentração na cena que se desenrolava a sua frente.

O professor ainda encontrava-se rodeando Draco à espera de uma resposta.

- Não creio que tenham algum poder especial que possa diferenciá-los, Sr. - Respondeu Draco, com uma voz fraca, evitando o olhar do professor.

- Eu diria que dá pra diferenciar pelo cheiro - disse Lupin, dando uma leve piscada e voltando para sua mesa, enquanto deixava um Draco estático e completamente vermelho para trás - Ah, a propósito, 10 pontos para a sonserina. Para a próxima aula eu quero um pergaminho com no mínimo 1m sobre possíveis defesas contra ataques de Veelas. Classe dispensada.

Hermione mal podia acreditar no que acabara de ouvir. Não ouvira diretamente, é claro, mas como para bom entendedor meia palavra basta... Remus Lupin simplesmente sugerira que Draco Malfoy era uma menina. Em meio aos seus pensamentos, ela foi para a próxima aula, Aritmancia.

A aula era calma. Era umas das poucas, senão a única matéria, onde toda a classe permanecia em silêncio durante toda a aula. Porém tal fato não era de se estranhar, uma vez que todos ficavam compenetrados nas explicações e nos cálculos complexos de suas lições. Por esse motivo, somente os alunos avançados freqüentavam essa aula. E coincidentemente dentre eles estava uma sonserina.

Draco fazia sua lição, quando teve a nítida impressão de que alguém a olhava, e ao procurar a fonte de tal impressão, deparou-se com os olhos vivos de Hermione Granger. Draco tentou sustentar o olhar, mas desviou assim que Hermione sorriu em sua direção.

A aula acabou num piscar de olhos, e rapidamente Draco dirigiu-se para as masmorras, enquanto Hermione foi para a Torre de Grifinória, encontrar-se com Rony e Harry, que vinham da aula de Adivinhações.

Os dias passaram voando, as festas também, e o incidente na aula de DCAT caíra no esquecimento. Todos só pensavam nas festas de fim de ano. Mais uma vez, os alunos foram proibidos de retornar nos feriados, por isso os pais e guardiões vieram para Hogwarts para as comemorações natalinas e os jogos.

Os ânimos estavam exaltados. O grande jogo pela liderança da taça de quadribol se aproximava: Sonserina x Grifinória - um clássico, como sempre.

Era noite, a torre estava calma, escura. Faziam três horas que Harry se virava de um lado para o outro, sem conseguir dormir. Provavelmente era a ansiedade. Sempre que tinha um grande jogo pela frente, ele não conseguia pegar no sono. Então, decidiu-se. Levantou de supetão, e arrependeu-se amargamente, pois lhe faltou sangue nas pernas, e fez com que o garoto que sobreviveu fosse ao chão.

- Shhhhhhhhhh...faz silêncio aí, Harry - disse Rony meio adormecido.

- Desculpa. Você ta acordado, Rony? - perguntou Harry.

- NÃO - resmungou Rony, puxando a coberta acima de sua cabeça.

Harry não teve escolha a não ser tirar sua capa de invisibilidade de seu malão e descer sozinho rumo à cozinha de Hogwarts.

Ao chegar perto da cozinha, ele viu um vulto saindo, encapuzado de lá. Por instinto, Harry encolheu-se contra a parede, saindo do campo de visão, mas ainda pôde ver a pessoa de costas, e apesar de escuro, reparou que ela usava uma meia de cada cor, como as que Dobby lhe dera. Foi quando teve um estalo e consultou o mapa do maroto, e verificou o nome: Draco I. Malfoy. Ainda meio desnorteado, seguiu rumo ao seu destino. E decidiu que comentaria isso no dia seguinte com Rony e Hermione.

No dia seguinte, a escola estava uma balbúrdia só. Todos estavam animadíssimos com o jogo.

O time da grifinória encontrava-se reunido na mesa, e Fred Weasley, o novo capitão dava os últimos toques. A professora McGonagall aproximou-se do time e desejou-lhes boa sorte.

- Bom gente, é isso. Vamos lá chutar a bunda desses sonserinas - disse Fred, enquanto dava uma piscada marota para a professora.

- É, vamos chutar umas bundas - concordou a professora entusiasmada indo em direção ao campo.

As arquibancadas estavam lotadas, e como de praxe, as cores se dividiam. Grifinórios e Lufa-lufas de um lado ostentavam bandeiras vermelhas e douradas, enquanto do outro Corvinais e Sonserinas ostentavam bandeiras verdes e prata.

Os poucos pais que ainda permaneceram na escola, encontravam-se no camarote em companhia dos professores. Na primeira fileira, estavam Narcisa Malfoy, entre seu marido Lúcio e o chefe de Sonserina Severo Snape. Na segunda fileira encontravam-se Artur e Molly Weasley, juntamente com Minerva McGonagall e Alvo Dumbledore.

Os times de Sonserina e Grifinória já se encontravam no campo, aquecendo- se. Ao sinal de um apito, todos desceram e tomaram suas posições, enquanto os capitães aproximavam-se da juíza.

- Eu quero um jogo justo e limpo, entendido? - disse Madame Hooch - Cumprimentem-se.

Os capitães trocaram sorrisos falsos e se cumprimentaram. Madame Hooch apitou e num impulso as vassouras deixaram o chão. O embate havia começado.

- Grifinória está em posse da Goles. Alicia Spinnet passa para Angelina Johnson, que marca. 10 pontos para Grifinória. Grifinória arrasa e faz os sonserinas comerem poeira!!!!!!!! - grita Lino Jordan.

- Lino, atente-se aos fatos - reclama a professora Minerva.

- Força do hábito, professora - Diz Lino - Blaise Zabini, por um milagre, está em posse da Goles e...

-Lino! - berra a professora.

- ...e ele dribla Johnson, Bell e arremessa no grande aro - diz Lino arrancando os cabelos - Mas Rony Weasley defende e a Sonserina perde a grande chance de marcar um de honra - Lino exclama, e a torcida grifinória se exalta, acenando os pompons e bandeiras no alto.

- Lino, estou avisando - disse Minerva, tentando conter um riso.

- Bell pega a goles e está prestes a fazer mais um gol. Goyle rebate um balaço em cima de Bell, e pega bem nas costas. Ei, isso foi pênalti!!! - grita Lino - E o jogo continua, Sonserina com seus sete jogadores e mais a juíza, continuam o seu jogo sujo, Zabini pega a Goles, passa para Parkinson, George Weasley tenta acertar Parkinson com um balaço, mas ela desvia, o que é uma lástima, e passa para Suzan Alconburry, Rony Weasley se prepara para defender e, ei! Crabbe vem por trás e soca o goleiro grifinório. É falta grave!!!! - gritava Lino em plenos pulmões, enquanto Fred e George Weasley iam em direção a Crabbe, com olhares assassinos e com seus bastões em punho.

Alheios a tudo isso, encontravam-se Harry e Draco, os apanhadores de Grifinória e Sonserina, respectivamente. Ambos estavam dando o melhor de si, rastreando cada milímetro do campo em busca do pomo.

Foi simultâneo. Ao mesmo tempo em que Draco percebeu uma figura vestida em preto, atrás de Potter, apontando uma varinha para o apanhador de Grifinória. Harry avistou um ponto dourado um pouco atrás de Draco. Fez a única manobra que seria possível enganar seu adversário, sem dizer onde estava o pomo.

Gritos de vaia ainda eram ouvidos no campo, a maioria vinda da torcida grifinória, graças ao tumulto envolvendo Rony Weasley e Crabbe. Até que...

- Harry mergulha com tudo e Malfoy o segue. Mas... sim, Harry viu o pomo. Ele e Malfoy mergulham em direção ao chão, será uma Finta de Wronski? Sim, sim! - Lino exclama com emoção - Eles vão colidir?! Não... Harry desvia na última hora, e mas... Malfoy também, ei, mas ele tá pro lado errado...O quê? Que luz é essa?! - gritou Lino.

Harry ergueu sua vassoura novamente, e foi ao encontro ao pomo. E sim, o jogo terminou, o pomo estava com ele. Mas há algo estranho... o campo está muito silencioso. Quando um grito lhe chega aos ouvidos. Virando-se rapidamente para sua origem, Harry viu todos atônitos e Malfoy, caído no chão, convulsionando e gritando. Sem pensar duas vezes, ele desceu até o campo.

- O que fizeram com você, ma bébé? - murmurava Narcisa, metade em francês, perto do ouvido de Draco, enquanto a abraçava com força, tentando fazer com que parasse de se debater.

Os jogadores estavam todos ao redor dos dois, com expressões de puro terror. Em pouco tempo, a médica bruxa, Madame Pomfrey chegou ao local, acompanhada dos professores e do diretor, Alvo Dumbledore, que apontou a varinha para sua própria garganta enquanto dizia "Sonorus".

A voz do diretor fora amplificada magicamente, e depois de gesticular para os alunos, ele ordenou que os monitores levassem os alunos para suas salas comunais, e lá ficassem até segunda ordem. Não demorou muito para que sua ordem fosse cumprida.

Dumbledore então se aproximou de Narcisa, que ainda segurava Draco em seus braços, e tentava em vão persuadi-la a deixar que Madame Pomfrey ou até mesmo ele verificasse se Draco estava bem.

Enquanto isso, Lúcio e Snape corriam atrás da figura com capa preta, seguidos por Artur Weasley. Ao chegarem à entrada da Floresta Negra, eles conseguiram encurralar a figura. Snape, depois de desarmá-lo e paralisá-lo, o fitou, e pelo tamanho com certeza era um comensal novo. Sem tardar, ele arrancou a máscara. Snape estava certo, o comensal era um aluno que se formara ano antes em Hogwarts, um sonserina e antigo capitão do time de quadribol, Marcus Flint.

- Seu vermezinho nojento, você vai desejar nunca ter nascido quando eu acabar com você - vociferava Lúcio enquanto aproximava-se perigosamente do garoto, com os olhos faiscando de ódio.

Artur estava embasbacado. Em toda sua vida ele sempre vira os Malfoys como pessoas sem emoção, frias e calculistas. Porém em poucos minutos, todas as suas impressões foram por água abaixo. Narcisa ao ver o filho sendo atacado pela maldição Cruciatus, praticamente voou para o campo em prantos, enquanto Lúcio saía em disparada na direção do agressor, seguido por Snape. E agora lá estava Lúcio prestes a surrar alguém, deixando de lado suas armas de praxe, sua língua felina e sua varinha. Artur, ao ver Snape tentando segurar Lúcio e a cara ensangüentada do garoto caído ao chão, acordou do seu transe e decidiu agir. Pronunciando-se pela primeira vez, Artur Weasley, como um representante do Ministério da Magia, deu voz de prisão a Marcus Flint.

Na sala de Grifinória todos se encontravam ainda perplexos. Os ânimos estavam de mal a pior. Neville estava pálido feito uma vela, Simas e Dino tentavam animá-lo, mas o máximo que conseguiram foi um choro convulsivo. Então eles decidiram levar Neville para o dormitório para que descansasse. Pouco a pouco os alunos foram em direção aos seus dormitórios, com exceção de uma parte do time e Hermione, que ficaram na sala comunal.

- Eu ainda não consigo entender o que aconteceu direito - disse Harry, mais para si mesmo do que para os outros.

- Foi bem rápido - comentou George - Eu só vi um clarão vindo na sua direção, e logo depois eu só ouvi os gritos do Malfoy - completou, e logo depois se arrependeu ao ver a cara do amigo.

- Mais uma vez um inocente levou o tranco no meu lugar - disse Harry, sentindo-se a pior das pessoas.

- É do Malfoy que você está falando, Harry! Ele não foi, não é e nunca será inocente - disse Rony, ganhando vários olhares enviesados - E além do que não é sua culpa que ele tenha se jogado na frente - ponderou.

- Mas por que será que ele fez isso? - pensou Harry em voz alta.

- Por que você não pergunta para ele? - sugeriu Hermione - Talvez você se sinta melhor.

Hermione mal terminara de falar e Harry correra sala afora, decidido a acatar a sugestão de sua amiga.

A respiração de Draco pouco a pouco voltava ao normal. Seu corpo ainda estava meio mole e sentia como se milhares de facas tivessem sido espetadas contra sua carne. Sua mãe não a largara e continuava a acariciar suas costas. Há tempos não a sentia tão perto assim, era uma sensação gostosa, lembrava infância.

Ouviu barulhos de passos pesados e tentou abrir os olhos. Estavam tão pesados. Piscou várias vezes, tentando adaptar-se à luz a sua volta, e quando se virou deparou com várias pessoas, e dentre elas, uma foi identificada prontamente.

- Pai?

- Sim, sou eu - disse Lúcio levantando Draco - Consegue andar? - perguntou enquanto examinava os olhos da garota.

Cambaleando, Draco deu um passo em direção ao pai, indicando-lhe que conseguia manter-se em pé. Lúcio instruiu Narcisa, para que a levasse até a enfermaria e, foi ao encontro do diretor, que no momento estava sendo informado dos fatos ocorridos durante a prisão do agressor.

Draco seguia para dentro da escola, escoltado pela mãe. Logo atrás vinham Madame Pomfrey e a Sra. Weasley. Apesar do torpor que ainda sentia, percebeu um olhar incessante em sua direção e ao procurar sua origem, deparou-se com o olhar triste e preocupado que a seguia. E pela segunda vez no dia fez o que seu coração mandava. Ela sorriu. Foi um sorriso tímido, mas suficiente para desanuviar os pensamentos do garoto de olhos verdes e óculos, que não teve outra alternativa a não ser sorrir de volta.

Finalmente, chegaram à enfermaria. Madame Pomfrey dera uma poção do sono para Draco, e esta adormeceu quase que instantaneamente. A Sra. Weasley finalmente conseguiu distrair Narcisa, e após pouco tempo as duas conversavam amigavelmente, pois ao contrário de seus maridos, Molly e Narcisa sempre se deram muito bem. Algum tempo depois Artur abriu a porta da enfermaria delicadamente e chamou Molly. Ambos despediram-se de Narcisa e seguiram rumo a Torre de Grifinória. Lúcio Malfoy chegou instantes depois acompanhado de Severo Snape e Alvo Dumbledore. Após uma breve visita, os dois se retiraram.

Assim que ouviu a porta fechando, Lúcio aproximou-se da cabeceira da cama.

- Você quase colocou tudo a perder, minha pequena Isabele - disse Lúcio enquanto acariciava o rosto de sua filha Talvez o problema é que você não seja tão pequena assim.

Madame Pomfrey exigiu que Draco ficasse uma semana na enfermaria, recuperando-se do ataque. Seus pais retornaram para casa após o terceiro dia em que ficou internada. Crabbe e Goyle fizeram companhia nos dias que restavam para sua alta. Eles passavam o dia contando piadas, jogando Snap Explosivo, o que rendeu vários momentos de diversão.

Draco recebeu alta logo que amanheceu, e dirigiu-se diretamente para a masmorra de Sonserina. Assim que chegou, já arrumou seu material, e escolheu suas melhores vestes. Ia voltar às aulas em grande estilo. Antes de sair, deu uma última olhada no espelho e saiu correndo em direção ao refeitório.

Já estava quase chegando quando uma voz a chamando a fez parar e virar.

- Vejo que já se sente melhor - disse Hermione, ao lado de um semiconsciente Rony.

- Sempre perspicaz - comentou Draco, de ótimo humor, e fazendo menção de virar-se.

- Sabe, não conheço muitas pessoas que fariam o que você fez - constatou a menina de cabelos castanhos e frisados, ganhando a atenção do ruivo ao seu lado.

Draco ponderou e depois de alguns segundos, deu um sorriso, e virando-se retomou seu caminho ao refeitório.

Rony, já não se agüentando, exclamou - O que foi isso?! Ele sorriu! Você viu isso? Eu vou ter problemas de insônia agora.

Mas Hermione ignorando o amigo, ainda cutucou com a voz um pouco mais alta - Sabe, Draco. Você talvez nem seja de todo mau.

- Não abuse da sorte, Granger - respondeu Draco, em um tom sério, e esboçou um sorriso maroto ao entrar no salão.

Fim do cap. 2


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