(N/A: Leia as notas finais, as roupas das meninas estão lá.)

Tudo bem que dissecar um sapo não era bem meu plano romântico como acontecem nos livros de romance melosos onde a aula de biologia é o ponto de encontro dos casais que terminam casados.

Mas isso tudo é invenção.

– Cuidado - Danny pede, num sussurro, retirando minha mão da pinça, antes que eu fizesse alguma besteira. Ele ri, enquanto eu ainda sinto as formigas tamborilando meus pensamentos.

– OK... – eu solto um riso, soltando também a pinça e deixando que ele a domine.

Ele começou a explicar os paços, baixinho, já que a maior parte da sala fazia o exercício em silêncio.

– Pode deixar, senão vai ficar atrasado – eu sorrio para ele, tomando a pinça de suas mãos. O choque novamente me incomoda, e ele só concorda com a cabeça.

Enquanto eu tentava examinar o sapo (eca, eca, eca) com o devido cuidado, como Danny fazia, eu tentei puxar outro assunto. Outro assunto que não seja animais saltitantes e gosmentos.

– Sobre a Lindsay... – sussurro – Não queria estragar as coisas entre vocês, você sabia que não tinha necessidade de fazer aquilo e...

– Eu já queria isso há um tempo, Roxy... – ele diz baixo, e parece estar desconfortável. – A culpa não é sua se ela é uma obra.

Nós rimos, quase sem fazer barulho, e ganhamos um belo olhar ameaçador de Lindsay e do professor. Só que os únicos olhos que eu me sinto ameaçada, é o par de cristais do menino ao meu lado.

Me sinto ameaçada, conquistada, seduzida... Como se eles me chamassem para uma conversa interna, embora só o que eu queria discutir, era por que as batidas do meu coração viravam tambores doidos, que nunca param de tocar, quando eu tentava decifrar seus olhos.

*

– Perfeito – suspiro, analisando o vestido pela segunda vez.

– Não, sua pele é branca demais para estar com outro vestido branco – Leah revira os olhos, mas depois nota que não deveria ter dito aquilo. – Sem ofensas. Você pode ser a próxima Bella Swna da vida. – ela brinca.

– Agora sim você está me ofendendo – digo, com um sorriso pequeno. – Não posso ficar com esse logo?

– Não, tem um azul que deve destacar muito seus olhos... – ela diz, parecendo uma verdadeira expert.

– Jura? – pergunto, com cara de sono. Ela ri e me puxa pelas mãos, saindo do provador.

*

Eu me sentia tão bem assim, que preferi nem me mexer, vai que a fantasia/sonho acabasse?

– Está tão linda... – Leah me disse, com um sorriso sincero pulando do rosto, enquanto ajeitava meu vestido. Deixei que ela, que era melhor nisso que eu, colocasse alguns acessórios.

– Eu gosto desse – eu digo, com um sorriso, tentando ser modesta.

Eu não usava luvas feito aquelas princesas de contos de fadas, que parecem estar com nojo de apertar alguém, e não ser apenas um apetrecho para deixar o look elegante.

– Eu gosto também... – Ela diz, atravessando o quarto e indo em direção a uma caixinha em formato de concha. – Você quer algum brinco emprestado?

*

A música estava tão alta, que pensei que fosse cair, de tanto que a impressão que o chão iria despencar. Me segurei na parede, tentando ajustar meu vestido que já era bem curto, que ficava bem amassado com as pessoas dançando e se esfregando acidentalmente. Eu rio quando vejo Leah quase surtando com as pessoas.

– Fique tranquila, - eu digo – eu também nunca vi nada parecido.

– O pior... – Ela se desvia de um casal – É que eu já vi.

Eu rio mais um pouco, e observo Danny... Ele estava tão lindo. Parecendo mais um príncipe que um mero humano, o que ele parecia não ser.

Mas... Ele era perfeito demais. Porque abraçava Lindsay. Ótimo. Sinto meu estômago revirar, mas respiro fundo e me concentro em andar, antes que meus pés estejam roxos e vermelhos, com vários calos. Ela está bonita, como sempre. Um vestido negro que realçava seus cabelos ruivos e um sapato bem chamativo e alto, cor de rosa.

Quando passo perto de Danny e Lindsay, ela se afasta dele, como se fosse para se gabar.

– Belo vestido, Roxanny – ela diz para mim e eu sorrio, satisfeita. Seu sorriso é meio suspeito, mas prefiro crer que ela só quer tentar ser sexy para os meninos em sua volta, incluindo Daniel. Mas ele não olhava bem para ela, olhava para mim.

Quando encontro seus olhos nos meus, o mundo para. A música, na minha cabeça, está lenta e leve... Mas quando “acordo” noto que não era só na minha cabeça.

Lindsay, que segurava um líquido vermelho que parecia ser vinho, chamou Danny para dançar, que passou a mão pelos cabelos antes de aceitar.

Com a intenção de voltar para a mesa, passo perto do casal nojento e ridículo; mas algo passou por mim. Esbarrando-se “acidentalmente” em mim, Lindsay larga os ombros de Danny e entorna a taça cheia em meu vestido, o deixando vermelho.

– Ops... – Lindsay sussurra, com aquele sorriso maligno, e arqueia uma das sobrancelhas. – Foi um acidente, Roxanny, perdão...

– Aposto que não, cachorra! – Digo, sem nem ter noção do que disse.

O vestido já era bem rosinha, mas o líquido o deixou roxo, quase azul. Não queria sair, mas era necessário. Porque meus olhos estavam marejados, minha maquiagem borrada e meu vestido manchado.

Sai correndo freneticamente, empurrando as pessoas que ainda estavam dançando, e cheguei a dispensa, que ficava na parte de trás da festa, tipo um bastidores improvisado.

Sentei-me na mesa, depois de fechar a porta, e cobri meu rosto com as mãos. Queria limpar o vestido, mas aquele lugar só tinha panos com álcool e desinfetantes, o que me deixaria com cheiro de banheiro.

Ouço batidas na porta e, antes que eu pudesse mandar a pessoa ir embora, ela já havia a aberto, e fiquei bem surpresa.

– Oi... – diz Peter, o indesejado. Não era quem eu queria ver agora. Era Leah. Eu precisava de Leah, precisava urgentemente dela.

– Pode sair, fique com a cachorra da Lindsay – reviro os olhos, ajeitando o vestido, que já estava praticamente subindo.

– Não, obrigado, o Danny-babaca já está fazendo esse serviço. – ele revira os olhos, visivelmente entediado. – Ele sim parece o cachorrinho da Lindsay.

Gargalho, concordando com a cabeça, e para na mesma hora que vejo que ele me observa com os olhos caídos.

– Que foi? – pergunto, esfregando os dedos na parte de baixo dos olhos, tentando ver se o que ele está observando é só minha maquiagem sendo derretida.

– Você é linda – ele diz, com um sorriso e se aproxima de mim.

Mentira suja, penso.

Como se tivesse lendo meus pensamentos, ele se aproxima mais e encaixa sua mão desajeitadamente em meu rosto, entre meu ombro e meu maxilar.

– Não pense que estou mentindo... – ele sussurra, de um jeito doce, e, com um súbito choque, cola seus lábios nos meus.

Era desajeitado e simples, mas era bom. Eu estava vulnerável e carente, precisando de pelo menos um elogio, para que eu não pensasse que eu era uma perdedora, como Lindsay fazia questão de fazer eu me sentir.

Ouvi um barulho estranho, como um “tic tic” e, quando fui me virar, Peter puxou meu rosto imediatamente.

Sem pensar, ponho a mão em seu cabelo e o puxo para mim, pondo meus pés no chão. Prensando-me contra a parede, ele começa a trilhar uma linha com seus lábios até meu pescoço, fazendo eu me virar para o lado, com os olhos quase fechados.

Quase tenho um infarto quando vejo Daniel, saindo da dispensa rapidamente, sem nem falar nada.

– Vamos para meu quarto – Peter sugere, fazendo eu me assustar.

– Não! – Digo, nervosa e me afasto imediatamente dele. – Não.

– Fala sério, Roxy, vamos...

– Não! – Digo, ainda firme.

Saio da dispensa, percorrendo o corredor que dava direto para meu quarto. Só que Danny estava lá também.

– Não sabia que era esse tipo de garota – ele diz, e, antes que eu pudesse me explicar, ele entra em seu quarto.

Me recosto na parede, tentando raciocinar, e entro no quarto logo em seguida, disposta a chorar pelo resto da noite.