Wake Me Up escrita por Rhyenx Seiryu


Capítulo 35
Entre Irmãos


Notas iniciais do capítulo

Olá,
Voltando para postar rapidinho porque esse capítulo vocês já conhecem e eu não mudei nada nele. Acho que o próximo também não terá grandes mudanças e acho que vocês já sabem até o que os aguardam, né?
Boa leitura.



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Rebecca observou toda a cena que se desenrolava a sua frente sentindo que, a cada segundo que se passava, sua boca se abria uma pouco mais por causa da surpresa. Desde que conhecera Aaron ela sequer havia cogitado a possibilidade de ele ter um irmão. Primeiro, porque ele nunca dera qualquer indício de que pudesse ter um e, segundo, porque imaginar Aaron Greed como irmão mais velho – ou mais novo – de alguém era algo difícil.

Aaron sempre lhe parecera totalmente independente e desprovido de sentimentos fraternos, por isso, vê-lo agir daquela maneira com Christopher chegava a ser estranho. Era mais um item que Rebecca teria que acrescentar a enorme lista de coisas que não sabia sobre ele.

Ela observou em silêncio enquanto Aaron e Christopher trocavam mais algumas palavras e abraços afetuosos e, então, se aproximou deles, tomando o cuidado de pigarrear para alertá-los de sua presença. Rapidamente, Aaron libertou Christopher de seu abraço apertado e se virou para Rebecca, passando um braço ao redor dos ombros do irmão para mantê-lo por perto.

– Err... Bee, esse é o Christopher. Meu irmão caçula. – Aaron os apresentou – E, Christopher, essa é a minha amiga, Rebecca.

Sorridente, Christopher retirou a mão da alça de sua mochila e a estendeu para Rebecca.

– E aí, beleza? – ele a cumprimentou sacudindo sua mão com força e fazendo todo o seu braço chacoalhar com o gesto.

– Be...leza. – Rebecca respondeu sem jeito, não acostumada àquele tipo de cumprimento tão informal.

Agora que Christopher estava mais próximo dela, Rebecca podia vê-lo melhor.

Apesar de ser cerca de três centímetros mais alto que ela, Christopher era menor e mais magro que Aaron, chegando apenas à altura de seus ombros. Possuía olhos verdes, de um tom bem mais escuro que os do irmão e tinha cabelos negros e lisos que, naquele momento, caíam um pouco sobre sua testa por causa da chuva. Sua pele era clara e seu rosto bem esculpido possuía traços firmes e marcantes que contrastavam com seu olhar inocente.

Era um garoto bonito, mas fora um ou outro detalhe – como o formato de sua boca e a forma como suas sobrancelhas se arqueavam quando sorria – ele não se parecia nada com Aaron.

– Você nunca mencionou que tinha um irmão mais novo. – Rebecca se voltou para Aaron, confusa.

– Na verdade, eu sou meio-irmão. – Christopher respondeu sorrindo – E, como você já deve ter percebido, eu fiquei com toda a beleza da família.

– Nossa, mas quanta modéstia, hein! – Aaron sorriu e deu um leve cascudo na cabeça do irmão que, rapidamente, se esquivou dele e correu para o lado de Rebecca buscando proteção.

– Você viu só? – Christopher comentou esfregando a cabeça no lugar em que Aaron o havia atingido – Além de feio, ele também é um péssimo perdedor.

Rebecca riu.

– Ok. Está muito divertido assistir a essa confraternização louca de vocês – ela alternou o olhar entre os dois –, mas caso não tenham reparado ainda, está chovendo muito aqui. Então, será que nós podemos voltar para o carro agora?

– Ah, é claro. – Aaron coçou a nuca, constrangido – Foi mal, Bee. Com toda essa confusão acabei fazendo você se molhar.

– Não se preocupe. Só não saia mais correndo feito um louco de um carro que ainda está em movimento, ok?

– Como é que? Você pulou de um carro em movimento só para vir me encontrar? – Christopher colocou as mãos sobre o peito e piscou de maneira exagerada – Meu herói! – ele pulou nos braços de Aaron depositando vários beijos em sua bochecha.

– Ai, para! Que nojo! – Aaron o empurrou para longe e limpou o rosto fervorosamente – Que nojo, Christopher!

– Quanta frescura. – Christopher sorriu – Você faz essa cena toda, mas eu sei que você ama os meus beijos.

– É. Eu adoro. – Aaron revirou os olhos, irônico – Agora vamos voltar para o carro.

– Sem problemas. – Christopher assentiu – Eu preciso mesmo de um banho quente. Tem água em alguns lugares do meu corpo que acho que nem seria educado mencionar.

– Eu não precisava ouvir isso, tá legal! – Aaron o abraçou e, sorrindo, eles acompanharam Rebecca até o carro.

Ela seguiu rapidamente para o apartamento, sentindo-se um pouco incomodada com a água que havia se acumulado dentro de seus sapatos, mas satisfeita com a animação dos garotos que, durante todo o caminho, conversaram e implicaram um com o outro alegremente.

Aaron e Christopher, apesar de já serem crescidos, lembravam Rebecca de seus tempos de infância, quando ela e Ty agiam exatamente daquela forma, deixando Margareth enlouquecida com tamanha bagunça.

Assim que chegaram ao prédio, Aaron pediu que Rebecca seguisse para o estacionamento do subsolo e, de lá, eles usaram o elevador para chegar ao apartamento. Christopher foi o primeiro a entrar e, imediatamente, seu olhar vagou pela sala e parou no videogame.

– Caramba! – ele exclamou retirando a mochila dos ombros e largando-a no meio do caminho até a estante, onde começou a revirar a prateleira que era destinada aos jogos – Diz para mim que você tem GTA V.

– Claro que tenho. – Aaron fez sinal para que Rebecca entrasse e depois fechou a porta e retirou a mochila do irmão do meio da sala, depositando-a num canto onde não atrapalharia a locomoção de ninguém.

– Cara, a gente precisa jogar! – Christopher se virou e o encarou empolgado – Eu aposto que você nunca vai conseguir superar os meus recordes, mano. Eu sou... tipo um ninja nesse jogo, sabe?

– Um ninja? – Aaron riu – Todo bem, a gente vai jogar.

– Isso!

– Mas antes você vai tirar essa roupa molhada e vai tomar um banho. – ele completou

– Aff, fala sério! – Christopher revirou os olhos e fez careta – Você está parecendo a mamãe, sabia?

– Que ótimo. – Aaron o afastou da prateleira de jogos e o empurrou em direção ao banheiro, dando um tapa em sua nuca – Agora vá tomar banho, moleque. Tem toalhas limpas na segunda gaveta do armário. – disse antes de fechar a porta, recebendo um resmungo de Christopher em resposta.

De volta à sala, Aaron se concentrou em retirar os sapatos e seu uniforme preto da Trinity College que estava encharcado e respingava por todo o chão. Já tinha começado a desabotoar a calça quando Rebecca, envergonhada, pigarreou para chamar sua atenção.

– Eu ainda estou aqui, sabia? – ela caminhou até o centro da sala e se encostou no sofá – Você vai mesmo tirar a roupa na minha frente?

Aaron deu de ombros.

– Não seria a primeira vez que você me vê seminu.

– Acho que todas as outras vezes já foram bastante embaraçosas. – Rebecca cruzou os braços e sorriu – Você não precisa repetir o show.

Aaron revirou os olhos, mas não retirou nenhuma outra peça de roupa. Apenas recolheu as que havia jogado no chão e, então, se dirigiu à área de serviço. Voltou meio minuto depois trazendo duas toalhas de rosto limpas e entregou uma delas à Rebecca, enquanto usava a outra para secar os cabelos molhados.

– Então você tem um irmão caçula. – Rebecca disse enquanto retirava o blazer azul de seu uniforme para poder se secar melhor – Por essa eu realmente não esperava.

Aaron sorriu.

– Porque isso é tão surpreendente, Bee? Muita gente tem irmãos mais novos, sabia?

– Sim. – Rebecca se abaixou para retirar os sapatos – Só que, geralmente, os irmãos mais novos de outras pessoas não costumam aparecer do nada no meio de uma tempestade. Além disso, você nunca deu nenhuma pista de que pudesse ter um irmão, então, eu sempre imaginei que você fosse filho único, entende?

– Bem, eu não sou. – Aaron terminou de secar o cabelo e colocou a toalha sobre o ombro – E você ouviu o Christopher. Nós somos meio-irmãos.

– Tudo bem. Que seja. Mas... Porque você nunca falou nada sobre ele antes? – Rebecca o encarou – Quero dizer, eu sei que nós não nos falávamos muito até alguns dias atrás, mas você dormiu no mesmo quarto que o Ty por dois anos e aposto que nem ele sabe que você tem um irmão.

– Eu não gosto muito de falar sobre a minha família. – Aaron se espreguiçou um pouco e, depois, recolheu o blazer e os sapatos de Rebecca do chão, dirigindo-se para a área de serviço novamente – Além do mais, já faz algum tempo que eu e o Christopher não nos vemos.

– Quanto tempo? – Rebecca o seguiu até a área de serviço e parou logo atrás dele, observando enquanto ele separava as peças de roupa para colocar na máquina de lavar.

– Sei lá. – Aaron deu de ombros – Uns seis ou sete anos, talvez.

– Seis ou sete anos?! – ela arregalou os olhos, estupefata – Isso é muito tempo, Aaron! Quantos anos o seu irmão tem?

Aaron parou o que estava fazendo e encarou a parede a sua frente por um instante, enquanto parecia fazer as contas mentalmente.

– Acho que ele já tem quase quinze. – respondeu voltando a separar a roupa – A última vez que eu o vi ele tinha oito, então... é deve ser mais ou menos isso mesmo.

Rebecca o observou por um momento, ainda chocada com aquela informação. Aaron e Christopher pareciam ter uma relação tão boa que era difícil acreditar que eles haviam passado quase sete anos sem se ver. Além do mais, se Aaron havia passado todo esse tempo longe do irmão, isso significava que ele, provavelmente, havia passado um tempo igualmente longo longe de casa e, para Rebecca, que havia crescido com os irmãos e os aturado em todos os momentos de sua vida, era estranho pensar que alguém poderia passar tanto tempo longe da família.

Enquanto pensava sobre isso, Rebecca acabou se dando conta de outro fato que, até então, lhe passara despercebido.

– Espera, – ela disse desconfiada – se a última vez que você viu o seu irmão ele tinha apenas oito anos de idade, como foi que você o reconheceu hoje, mesmo no meio de uma chuva como essa?

Aaron se virou para ela e se recostou na máquina de lavar.

– Acho que eu deveria ter dito que a última vez que eu o vi pessoalmente foi há quase sete anos. – ele explicou –Minha mãe costuma me mandar algumas fotos dele, às vezes, basicamente de seus aniversários ou datas importantes. Eu as tenho guardadas em uma caixa no meu armário. Além do mais, ele é meu irmão Bee. Que tipo de pessoa eu seria se não o reconhecesse?

Rebecca assentiu e abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Christopher se postou atrás dela, apenas com uma toalha enrolada ao redor da cintura. Pelo visto, a falta de preocupação com o uso de roupas era uma característica de família.

– Onde é que eu coloco isso? – ele apontou para as roupas molhadas que segurava.

– Me dá. – Aaron estendeu a mão para ele – Eu vou lavar e secar tudo, então, se tiver alguma coisa molhada na sua mochila, vá pegar.

Christopher assentiu e, após lhe entregar as roupas, voltou para a sala para checar o estado das coisas que estavam dentro de sua mochila. Rebecca, por sua vez, permaneceu onde estava e observou Aaron colocar as roupas na máquina de lavar, com curiosidade.

Era tão estranho vê-lo sendo responsável daquela forma, que ela já estava começando a achar que tudo aquilo não passava de um sonho e que, em breve, seu despertador tocaria e ela acordaria em sua cama, no alojamento da St. Hilda’s College.

– É melhor você ir tomar um banho também. – Aaron disse, olhando para Rebecca por cima do ombro – Está muito frio e se continuar com essa roupa molhada, você vai acabar ficando resfriada.

Rebecca cruzou os braços, pensando em fazer um comentário irônico sobre como era esquisito vê-lo agir com responsabilidade pela primeira vez na vida, mas antes que fizesse isso, ela se deu conta de algo muito importante: não tinha nenhuma roupa seca para vestir.

– Droga! – exclamou, levando as mãos ao rosto – Essas coisas só acontecem comigo mesmo.

– Que coisas? – Aaron se virou para ela, confuso.

Rebecca encostou-se à parede atrás de si e soltou um suspiro de frustração.

– Não tenho roupas secas para vestir. – ela apontou para o próprio uniforme – Quando concordei em vir para cá, eu não estava contando com a possibilidade de eu precisar correr atrás de você, no meio da chuva, porque você ia saltar do carro para encontrar o seu irmão caçula que eu nem sabia que existia.

– Desculpe. – Aaron respondeu constrangido – Eu também não estava contando com essa possiblidade.

– Tudo bem. – Rebecca dispensou seu pedido de desculpas com um aceno de mão – Nenhum de nós dois é vidente, não é?

Era bem verdade que, se quisesse, Rebecca poderia dar uma passadinha rápida no apartamento de Margareth para buscar roupas limpas, já que ela morava no prédio vizinho ao de Aaron, mas ela não estava muito afim de fazer isso. Sabia que Margareth implicaria com sua conduta e Aaron, certamente, faria algumas dezenas de perguntas sobre isso e, por mais que tivesse começado a gostar dele, Rebecca ainda não queria que ele soubesse que sua tutora era praticamente sua vizinha de prédio.

– Ao invés de lavar o seu uniforme eu posso apenas colocá-lo na secadora. – Aaron sugeriu – Assim, quando você sair do banho, ele estará seco e você poderá usá-lo essa noite.

– Ou você pode emprestar uma roupa sua para ela. – Christopher propôs, voltando para a área de serviço com meia dúzia de peças de roupas molhadas que havia retirado de sua mochila – Não me leve a mal, Bee, mas esse seu uniforme é tão horrível que até vestida de homem você deve ficar melhor que isso.

– Christopher! – Aaron o repreendeu, mas Rebecca apenas se virou para ele, surpresa.

– Você me chamou de Bee?

Christopher coçou a nuca, constrangido, e Rebecca notou que aquele era um hábito que ele e Aaron compartilhavam.

– Eu ouvi o meu irmão te chamar assim algumas vezes. – ele explicou – Achei que era o seu apelido, por isso decidi usar, mas se você não gosta, é só falar que eu paro.

– Não. Tudo bem. – Rebecca sorriu – Pode me chamar de Bee. Sem problemas.

– Tá bom. – Christopher retribuiu ao sorriso dela e entregou as roupas que segurava para Aaron, antes de voltar para a sala.

De onde estava, Rebecca observou enquanto ele vasculhava a prateleira de jogos novamente, provavelmente à procura do jogo GTA V, pelo qual pareceu tão interessado ao chegar.

– Seu irmão parece ser legal. – Rebecca comentou, virando-se para Aaron novamente.

– O Christopher é um bom garoto. – Aaron respondeu com um tom repleto de afeto – Mas você não precisa se desfazer do seu uniforme só porque ele disse que é horrível, ok? Se quiser usá-lo eu posso secá-lo sem problemas...

– Você também acha que o meu uniforme é horrível?

– Não. – Aaron abriu um pequeno sorriso – Na verdade, eu acho que ele pior que qualquer filme de terror já conhecido pela raça humana, mas eu tento não te deixar constrangida com minha opinião. – ele confessou, fazendo Rebecca soltar uma gargalhada.

– Ok. Essa é uma opinião unanime. – ela disse entre uma risada e outra – Eu também acho esse uniforme horroroso, então, creio que vou precisar que você me empreste uma camiseta essa noite.

– Tem certeza?

– Tenho sim. – Rebecca assentiu – Mas, se possível, me empreste uma camiseta bem grande, ok?

Aaron riu e ela se encaminhou para o banheiro.

Sentir a água quente do chuveiro percorrendo seu corpo depois de quase ter congelado por causa das roupas molhadas era algo bastante relaxante, então Rebecca se permitiu ficar ali e aproveitar aquela sensação por um tempo considerável.

Estava de olhos fechados, passando o condicionador no cabelo enquanto cantarolava a música “I’m Yours” do Jason Mraz, quando ouviu a porta do banheiro ser aberta devagar. Assustada, ela abriu os olhos e se aproximou do vidro fumê do box.

– Aaron? – perguntou receosa – É você?

– Sim. – ele pareceu envergonhado – Me desculpe por entrar aqui assim. Eu não queria te assustar, só vim trazer a camiseta que você pediu.

– Ah. – Rebecca respirou aliviada – Tudo bem. Obrigada.

– De nada. – Aaron respondeu e saiu do banheiro rapidamente.

Rebecca se apressou para terminar o banho depois disso e quando saiu do chuveiro encontrou, sobre o balcão, uma toalha branca e felpuda e uma camiseta preta com a estampa do Mickey Mouse. Começou a rir no mesmo instante. Não conseguia acreditar que Aaron Greed – o maior Bad Boy da Universidade de Oxford – tivesse uma camiseta do Mickey. De fato, havia muitas coisas que ela não sabia sobre ele.

Ainda sorrindo, Rebecca se secou e vestiu sua calcinha e a camiseta de Aaron, que ficou um pouco acima de seus joelhos. Não era exatamente curta, mas também não era exatamente longa e ela precisou reunir toda a coragem que tinha para sair do banheiro naqueles trajes.

Quando se aproximou da sala encontrou Aaron e Christopher no meio de uma pequena discussão e, ao que ela pode entender, Aaron estava reclamando porque Christopher havia mentido para sua mãe e fugido de casa para ir até Oxford visitá-lo.

– Você sabe que não devia ter feito isso. – Aaron apontou um dedo para o irmão, irritado – E se a mamãe descobrir, hein? Ela vai matar você. Ela vai matar nós dois.

– Ela não vai descobrir. – Christopher lhe assegurou – Ela acha que eu estou em Paris, num passeio da escola. Minha turma só vai voltar para Londres daqui uma semana. É o plano perfeito.

– É um plano idiota.

– Não. Não é. – Christopher retrucou – A mamãe só espera que eu volte para casa daqui uma semana e é isso que vou fazer. Só que, ao invés de estar em Paris, visitando museus e monumentos históricos que eu já conheço, eu vou estar aqui, com você.

Aaron passou as mãos pelos cabelos e pelo rosto, nervoso.

– Você não devia ter feito isso. – ele repetiu.

– Eu sei! – Christopher se colocou de pé – Mas o que você queria que eu fizesse, Aaron? Você saiu de casa há quase sete anos e nunca mais voltou.Você não me liga, não me manda e-mails, você nem mesmo me escreve a droga de uma carta ou algo do tipo. Então, o que você queria que eu fizesse, hein?! – ele se exaltou – Você queria que eu ficasse sentado e que aceitasse que você tinha saído da minha vida para sempre, é isso? Porque, se for, você sabe que eu não vou poder fazer, caramba! Eu sinto a sua falta, tá legal?! – Christopher respirou fundo e abaixou a cabeça, triste – Eu só queria o meu irmão de volta.

Aaron o encarou por um instante e depois se aproximou dele, devagar.

– Eu sei que eu não tenho agido de uma forma legal com você, moleque. Me desculpa. – ele depositou uma mão sobre o ombro de Christopher – Eu não quis abandonar você, tá?

– Eu sei que não. – Christopher ergueu os olhos para ele – Eu sei por que você foi embora, Aaron e eu entendo. Eu só... – ele soltou um suspiro pesado – Aquela casa não é mesma coisa sem você por lá.

Sem dizer mais nada Aaron puxou Christopher para junto de si e o abraçou com força. De onde estava, Rebecca podia ver apenas uma parte de seu rosto, mas era evidente que ele havia se emocionado com as palavras do irmão e, naquele momento, Rebecca se deu conta de que aquela era primeira vez que Aaron estava mostrando quem ele realmente era. Ele havia sido bondoso, gentil e sincero em outros momentos daquele dia, mas apenas ali, com Christopher, é que ele havia se livrado de todas as máscaras que usava para se esconder.

Foi então que Rebecca percebeu que havia se enganado completamente a respeito dele. Ela havia imaginado que tudo o que Aaron era e fazia tinha a ver com o fato de ele ser apenas um garoto que tinha perdido o pai muito cedo e de uma maneira trágica, mas não era apenas aquilo. Havia muito mais sentimentos escondidos por baixo de todas as suas camadas de sorrisos falsos e comentários irônicos.

Aaron tinha uma grande história e Rebecca achava que, finalmente, tinha chegado o momento de conhecê-la por inteiro. Antes ela tinha medo do que poderia encontrar se vasculhasse fundo demais, mas agora esse medo havia ido embora. Naquela noite, ela faria questão de descobrir tudo o que havia por trás dos belos olhos verdes de Aaron Greed.


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Notas finais do capítulo

Ahhh esses irmãos *-* espero que tenham gostado de reler o capítulo e, para os novos leitores, espero que tenham gostado de conhecer o Christopher.
Beijos e até o próximo.