Wake Me Up escrita por Rhyenx Seiryu


Capítulo 34
Laços Fraternos


Notas iniciais do capítulo

Olá,
Quem sentiu minha falta? Por favor, sejam bonzinhos e levantem as mãos para eu me sentir querida e amada kkk Enfim, eu estava/estou meio sem tempo por causa do projeto de pesquisa que estou fazendo na universidade, mas essa semana decidi tirar uma folguinha por um tempo para atualizar as fics que estão mofando aqui. Então, espero que gostem desse capítulo, que contém o retorno do nosso querido Christopher (quem aí sentiu falta desse lindinho? *-*) e que aproveitem a leitura.
Outro recadinho antes de eu deixar vocês lerem é que tem um hiperlink no texto, para um vídeo que vocês vão descobrir do que se trata durante a leitura do capítulo. Caso queiram assistir, é só clicar.
E vamos lá!



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Se há pouco mais de dois meses alguém tivesse dito à Rebecca que, um dia, ela estaria sentada à mesa de um bar-barra-restaurante-barra-karaokê com um garoto como Aaron Greed, ela teria rido na cara dessa pessoa e, depois, a socado porque era óbvio que isso nunca iria acontecer. Entretanto, apenas para provar como o mundo dá voltas e como as coisas podem mudar, lá estava ela agora, sentada em uma das mesas externas do The Head Of The River, às margens do Rio Thames, dividindo uma pizza marguerita com ninguém menos que o próprio Aaron. E, querem saber? Ela estava gostando.

Os dois haviam ido parar ali após passarem um longo tempo sentados em um dos bancos do jardim da Christ Church, conversando sobre amenidades. A maior parte das desculpas já havia sido proferida, então, não havia muita coisa sobre o que falar ou, pelo menos, não havia muita coisa sobre o que falar até aquele momento.

– O que fez na última semana? – Rebecca perguntou enquanto levava outra fatia de sua pizza marguerita à boca – Eu não te encontrei em lugar algum dessa universidade. Por um instante, cheguei até a pensar que tivesse abandonado o seu curso.

– Ah... Não. Não abandonei. – Aaron respondeu um tanto constrangido, mas Rebecca pareceu não notar o seu desconforto – Eu passei... Passei a última semana estudando.

– Sério? – ela se surpreendeu. Não que achasse que Aaron era um fracasso completo no ramo acadêmico, mas ele também não parecia ser o tipo de aluno que se empenhava nos estudos – Ficou uma semana estudando o que?

– O que? Bem, eu... estudei... Biologia

– Biologia?

– É. – Aaron pegou um guardanapo de cima da mesa e limpou o canto dos lábios, constrangido – Algo parecido com... reprodução das espécies.

– Reprodução das espécies? – Rebecca franziu o cenho para ele – Eu achei que você estivesse cursando Direito.

– Eu estou.

– Então porque está estudando a reprodução das espécies se essa disciplina nem faz parte do seu... Oh! – ela exclamou assim que percebeu sobre o que ele estava falando e suas bochechas coraram instantaneamente – Você está dizendo... Está falando sobre... Quero dizer, você...

– É. Eu. – Aaron respondeu sem olhar para ela e Rebecca respirou fundo, antes de agarrar seu copo e tomar um gole de seu suco natural.

– Bem... Isso... Isso explica muita coisa. – ela abriu um sorriso amarelo – Explica... mesmo.

Aaron assentiu, levemente e, então, um silêncio constrangedor se instalou na mesa. Por um lado, Rebecca não estava falando porque saber que Aaron havia ido para cama com várias garotas na última semana a incomodava, embora ela não fosse admitir isso para ninguém, exceto, talvez, para si mesma e, por outro lado, Aaron não estava falando porque ele não entendia – ou, provavelmente, não queria reconhecer – o motivo pelo qual falar sobre este assunto com Rebecca, ainda que de maneira subliminar, parecia tão errado.

O silêncio pairou entre os dois por um longo instante, deixando no ar apenas o tilintar agudo dos talheres batendo no prato e o ruído baixo de mastigação e das conversas nas mesas ao redor, até que Aaron se cansou de tudo aquilo e decidiu por um ponto final naquele clima estranho.

– E aí, o que você tem feito da vida? – ele perguntou numa tentativa furada de repetir a pergunta que Rebecca havia lhe feito antes sem usar as mesmas palavras que ela havia usado.

– Eu só tenho estudado. – Rebecca deu de ombros e tomou outro curto gole de suco – Mas não Biologia. – ela se apressou em acrescentar e isso fez Aaron rir.

– Okay. Nada de Biologia. – ele comentou divertido – E como está a sua relação com a Cadence? Você mencionou que fizeram as pazes ou algo assim.

– É. Nós estamos nos entendendo bem, por enquanto. Acho que a nossa amizade foi restaurada e que chegamos a um consenso, mas não posso dizer ainda se isso perdurará até o fim do semestre porque, você sabe, é a Cadence e nunca dá para saber o que ela vai fazer.

– Entendo. – Aaron assentiu – E o Ty?

– Ele está bem. – Rebecca sorriu – Mais feliz do que eu jamais o vi, agora que ele tem o dormitório inteiro para si. Acho que manter certa distância de você fez muito bem ao humor do meu irmão.

– Ou isso ou o Mikhail deve estar visitando-o todas as noites. – Aaron riu e Rebecca deu um tapinha de advertência em seu ombro, mas não pode deixar de rir também.

– Você tem o poder de só fazer piadas de mau gosto.

– Eu sei. – Aaron deu de ombros, convencido – E essa é apenas uma das minhas muitas habilidades.

– Ah, é mesmo? – Rebecca estreitou os olhos para ele e se recostou na cadeira, cruzando os braços – Então, me diga, ó Magnífico Lorde do Universo, que outras grandes habilidades você tem?

– Magnífico Lorde do Universo? – Aaron soltou um assovio baixo – Foi sarcástico, mas gostei disso. Pode me chamar assim para sempre, ok?

Rebecca bufou e revirou os olhos.

– Você é tão metido.

– Na verdade, a sentença correta seria: você é tão metido, ó Magnífico Lorde do Universo.

– Corta essa! – ela pegou um dos guardanapos da mesa e atirou nele – Não use o meu sarcasmo contra mim.

– Não é minha culpa se o seu sarcasmo é tão ruim que só serve como elogio. – Aaron retrucou divertido – E, caso esteja realmente interessada em saber, eu tenho muitas outras grandes habilidades, tá? Eu sei prender a respiração por trinta segundos, sei amarrar o cadarço dos meus tênis de doze maneiras diferentes, consigo contar até dez em sete idiomas...

– Nossa! Que extraordinário. Você deveria ganhar um prêmio por isso. – Rebecca riu.

– Eu também sou muito bom em beijar e consigo cantar qualquer música da Taylor Swift sem parecer gay. – Aaron continuou e Rebecca não conseguiu conter a gargalhada que irrompeu por seus lábios. Ela riu tanto que as pessoas nas mesas ao redor se viraram para olhá-la, mas mesmo um tanto envergonhada por causa da atenção indesejada ela não conseguiu parar de rir.

– Ah, meu Deus, me desculpe. – disse quase sem fôlego por causa da crise de riso – Eu estou aqui imaginando você usando um vestido branco de seda e cantando You Belong With Me com um violão.

Aaron ergueu uma sobrancelha para ela.

– Um vestido branco de seda? Qual foi a parte do “sem parecer gay” que você não conseguiu entender?

– Toda a parte. – Rebecca respirou fundo e apertou a barriga para tentar aliviar a dor que havia se instalado nos músculos de seu abdômen enquanto ela ria sem parar – Eu não consigo imaginar uma cara cantando Taylor Swift sem parecer meio ou completamente gay.

– Eu consigo. – Aaron a encarou de maneira firme, mas quando Rebecca bufou e começou a rir de novo, ele se colocou de pé e a segurou pela mão, fazendo-a se levantar também

– Ei! – ela protestou enquanto ele a arrastava para longe de sua mesa às margens do Rio Thames – Eu ainda nem terminei o meu suco. Para onde está me levando?

– Lá para dentro. – Aaron indicou a parte interna do The Head Of The River com a cabeça – Esse lugar tem um palco de karaokê, então, se você não acredita no que estou dizendo, eu vou te mostrar ao vivo.

– Não. Você não vai cantar You Belong With Me aí dentro, vai?

– Talvez. Se eles tiverem essa música. – Aaron deu de ombros despreocupado.

– Meu Deus, você vai se humilhar em público. – Rebecca riu – Sua reputação vai por água a baixo depois disso porque eu espero que você esteja ciente de que eu vou gravar tudo e colocar no YouTube.

– Isso foi uma ameaça? Porque não estou nem um pouquinho assustado. – Aaron respondeu e continuou guiando-a para o interior do estabelecimento.

Ele procurou por uma mesa vaga perto do palco e depois de colocar Rebecca sentada nela, seguiu para a máquina de karaokê, onde conversou com um grupo de garotas que estavam escolhendo a próxima música que iriam cantar. Aaron explicou a elas toda a sua situação com Rebecca e o fato de que ela não acreditava que ele poderia cantar uma música da Taylor Swift sem parecer meio ou completamente gay e, depois de alguns sorrisinhos afetados e alguns olhares de esguelha para Rebecca, as garotas finalmente se afastaram da máquina e deixaram que Aaron a usasse.

Ele procurou pelas músicas da Taylor Swift na playlist, mas como não encontrou a música que Rebecca queria, decidiu cantar Style, a única música do novo CD dela que ele já tinha conseguido decorar após ouvir tantas garotas cantando como se suas vidas fossem acabar se elas não cantassem alto o bastante. Ele não sabia se Rebecca gostava ou se ela, pelo menos, conhecia essa música, mas julgava que qualquer música da Taylor Swift era algo gay demais para ser performada por um homem, então, achava que Style serviria muito bem ao seu propósito.

Decidido, Aaron clicou no botão iniciar e subiu ao palco para esperar o inicio do playback, enquanto Rebecca – ainda rindo – tirou o celular da bolsa e ativou a câmera, murmurando um “você está ferrado” para ele.

Diante de sua afronta, Aaron apenas balançou a cabeça de maneira negativa e sorriu, concentrando-se nas batidas rítmicas da música que começaram a ecoar nos alto-falantes próximos ao palco logo em seguida.

Ele não se considerava um exímio cantor, mas também não achava que era tão ruim ao ponto de fazer todos ali saírem correndo, então, só esperava não estar enganado quanto as suas conjecturas porque pagar mico em frente a um bando de garotas, cantando Taylor Swift não era um de seus objetivos nessa vida.

Sua pequena preocupação, entretanto, logo se mostrou infundada, pois assim que ele começou a cantar, as garotas que haviam lhe cedido seu lugar na máquina karaokê começaram a sorrir e a fofocar uma com a outra, enquanto sacudiam o corpo para lá e para cá, levemente, em alguma dancinha boba que fez Rebecca revirar os olhos.

Aaron sempre causava esse tipo de efeito ridículo nas garotas e, embora Rebecca realmente o considerasse um cara bastante atraente, ela não podia dizer que essa reação abobalhada das meninas ao mínimo olhar sexy que ele as lançava era algo perfeitamente aceitável. Na verdade, ela não podia dizer isso no início, mas, assim que Aaron desceu do palco e caminhou até a mesa onde ela estava, ainda cantando, Rebecca começou a pensar melhor no assunto.

Ela não conhecia muito bem aquela canção, só a tinha escutado algumas vezes, quando Cadence ficava animada demais para usar um fone de ouvido e decidia ligar o reprodutor de áudio de seu celular no último volume e dançar pelo quarto, mas ainda assim Rebecca podia afirmar que a versão masculina que Aaron estava apresentando naquela noite era bem melhor que a versão original.

Talvez fosse pelo fato de que Aaron estava cantando para ela, parado bem em frente a sua mesa e encarando-a através daqueles verdes brilhantes ou, talvez, fosse pelo fato de que, quando se tratava de Aaron Greed, ela era tão fraca de espírito quanto as garotas que estava criticando segundo antes, mas conforme a música prosseguiu e a voz suave preencheu o ambiente, Rebecca se pegou sorrindo para ele e corando como uma grande uma boba.

Naquele momento, ela percebeu que nem podia ter criticado Cadence por cair tão facilmente nos encantos daquele maldito Bad Boy – que, na verdade, ela tinha descoberto que nem era tão “Bad” assim –, pois ela estava a meio minuto de seguir pelo mesmo caminho e a prova disso foi que quando a música terminou e Aaron cantou o último verso, com o rosto tão próximo ao dela que ela podia sentir a respiração dele em sua pele, Rebecca simplesmente fechou os olhos e se inclinou para frente, unindo seus lábios aos dele em um beijo rápido e casto que, ainda assim, foi suficiente para fazer as garotas ao seu lado arquejarem de desgosto.

– Acho que eu não pareço tão gay agora, não é? – Aaron comentou assim que Rebecca se afastou dele, ainda mais vermelha do que já estava enquanto ele cantava.

– Acho que não. – ela respondeu em voz baixa, mentalmente se perguntando que grande loucura tinha acabado de fazer porque aquele não era o desfecho que havia planejado para aquela breve performance de karaokê.

Sua intenção era rir de Aaron e jogar em sua cara que ela tinha razão e que, até mesmo ele, parecia muito gay cantando uma música da Taylor Swift, mas agora ela não sabia dizer exatamente em que instante seus planos tinham ido por água a baixo.

– O que vai fazer essa noite? – Aaron perguntou de repente e Rebecca fez o possível para conter o suspiro nervoso que ameaçava irromper por seus lábios.

– Eu vou dormir. Provavelmente. – ela respondeu, constrangida.

– Isso parece bem chato para uma noite de sexta-feira. – Aaron entregou o microfone que segurava para uma das garotas que estavam na mesa ao lado e inclinou-se um pouco mais para perto de Rebecca – Porque você não vai até o meu apartamento comigo?

– O que?! – dessa vez ela não conseguiu conter o arquejo de nervosismo que subiu por sua garganta e nem o suor que começou a brotar na palma de suas mãos – Eu não posso. Eu... Eu não sou uma das suas garotas, Aaron. – ela finalmente ergueu os olhos e o fitou com firmeza – Não importa o que você acha que eu sou ou o que você acha que você é, eu não vou...

– Eu não estou sugerindo que você transe comigo, Bee. – Aaron a interrompeu e Rebecca sentiu a pele de seu rosto arder de vergonha novamente, como sempre acontecia quando o assunto “sexo” era posto em pauta – Só estou te convidando para ir até lá e passar um pouco mais de tempo comigo. Posso te levar de volta para o seu alojamento a hora que você quiser, mas se decidir ficar por lá – Aaron deu de ombros –, não vai ser exatamente a primeira vez que você passa a noite comigo e eu prometo que vou me comportar tão bem quanto da primeira, só que dessa vez, é claro, eu estarei sóbrio.

– Eu não...

– Olha, se ela não quiser ir, eu quero. – uma das garotas do grupinho que estava sentado na mesa ao lado, que possuía longos cabelos loiros e impressionantes olhos azuis turquesa, se intrometeu na conversar e Rebecca sentiu sua pele arder de novo só que dessa vez foi de raiva.

– Sua mãe nunca te ensinou a não se intrometer no que não é da sua conta? – Rebecca rugiu para ela e, depois, se colocou de pé e agarrou a mão de Aaron, arrastando-o para fora dali.

Ela ainda estava resmungando sobre a falta de bom senso de algumas pessoas quando eles chegaram ao lado de fora do The Head Of The River e aquilo fez Aaron rir um pouco, mas ele parou rapidamente quando Rebecca lhe lançou um olhar assassino.

– Você vai para o meu apartamento? – perguntou no tom mais inocente que possuía e Rebecca olhou para ele por instante, antes de fitar o céu repleto de nuvens carregadas acima de suas cabeças.

– Não sei. – ela fez uma pequena careta de descontentamento – Parece que vai cair uma tempestade.

Aaron olhou para o céu e para as nuvens negras que se camuflavam na escuridão do anoitecer e assentiu.

– É. Parece. – ele constatou, sorridente – E eu, por acaso, já te falei sobre como eu amo esse clima chuvoso?

– Não. Você nunca falou, mas, só para deixar claro, eu não amo esse clima chuvoso. Então, não quero estar parada do lado de fora desse lugar quando toda essa água despencar lá de cima.

– Eu já te convidei para ir ao meu apartamento. – Aaron comunicou, sorrindo – Aliás, eu já mencionei que ele tem água quente, comida e edredons?

– Já disse que eu não vou...

– Eu sei. E eu já disse que não estou sugerindo isso. – ele ergueu as palmas das mãos para ela, como se pedisse calma – Então, você vem comigo ou não vem?

Rebecca pensou por um momento. Já tinha dormido no apartamento de Aaron antes, inclusive na mesma cama que ele, mas agora as coisas pareciam meio diferentes entre os dois. Naquela primeira vez, ela só estava ali para ajudá-lo, já que ele estava tão bêbado que estava até chorando no ombro dela e compartilhando alguns de seus pensamentos mais profundos, mas agora... Bem, ela ainda queria ajudá-lo, só que havia essa eletricidade e essa química estranha que ela não conseguia ignorar e havia o beijo que ela tinha acabado de lhe dar dentro do restaurante e, em resumo, apenas não parecia que passar a noite ao lado de Aaron era algo muito seguro agora.

Porém, apesar de tudo isso, Rebecca simplesmente respirou fundo e respondeu:

– Tudo bem, eu vou. – mas antes que Aaron pudesse começar a comemorar, ela estendeu a mão para ele e acrescentou – Mas só se você me deixar dirigir.

A forma embasbacada como ele a encarou depois não podia ser descrita em palavras, mas depois do que pareceu uma grande batalha interna, Aaron suspirou e retirou a chave do carro do bolso de sua calça, colocando-a sobre a palma da mão dela.

– Ainda lembra o caminho?

– Você vai mesmo me deixar dirigir? – Rebecca arregalou os olhos, completamente pasma. Ela estava se preparando para uma luta e, não, para uma rendição tão fácil.

– Você quer dirigir, então, você dirige, mas que fique bem claro que, se arranhar o meu carro, eu te jogo para fora dele com um pontapé. – Aaron respondeu ainda sem soltar a chave – Vamos nessa?

– Claro! – Rebecca pegou a chave de sua mão tão rápido quanto um raio e se dirigiu ao estacionamento do restaurante, animada – Vou te mostrar como as garotas americanas dirigem.

– Oh! Estou ansioso para ver. – Aaron disse acompanhando-a.

Antes de seguir para o apartamento dele, Rebecca telefonou para Margareth e avisou onde e com quem estaria. Passou os cinco minutos seguintes ouvindo os sermões de Margareth pelo celular, enquanto Aaron a esperava sentado confortavelmente no banco do passageiro e, depois de lembra a sua tutora que ela já tinha dezoito anos e que era muito bem capaz de tomar decisões sozinha, Rebecca desligou o celular e, finalmente, entrou no carro e postou-se atrás do volante.

Conferiu o cinto de segurança e os retrovisores e ouviu algumas piadinhas de Aaron sobre “garotas americanas dirigirem de uma forma mais entediante que os instrutores da autoescola” e, então, seguiu para o apartamento dele usando a mesma rota que os motoristas de táxis usavam.

A chuva torrencial do outono os alcançou assim que deixaram os limites da Cornmarket Street, forçando Rebecca a reduzir a velocidade e acionar os limpadores de para-brisa no modo mais rápido em que eles podiam trabalhar.

Na metade do caminho até o apartamento, Rebecca acabou dando um banho, sem querer, nos pedestres que estavam esperando para atravessar a rua e isso fez com que eles proferissem alguns palavrões para ela que, de imediato, corou de vergonha. Aaron, no entanto, quase se engasgou de tanto de rir e Rebecca precisou dar alguns tapas desajeitados nele para que se calasse.

O restante do trajeto foi percorrido em paz. Rebecca ligou o som, sintonizando em uma rádio qualquer e mantendo o volume baixo para que ela e Aaron – que estava com a cabeça encostada no vidro frio da janela do passageiro para aproveitar o espetáculo chuvoso – pudessem conversar.

Foi apenas a poucas ruas de distância do apartamento que toda aquela calmaria foi quebrada, quando, sem nenhum motivo aparente, Aaron soltou seu cinto de segurança e pediu que Rebecca parasse o carro.

– Você quer que eu pare o carro aqui? – ela perguntou assustada com aquele pedido repentino.

– É. Eu quero. – Aaron respondeu já com a mão na maçaneta da porta.

Sem entender o que estava acontecendo, Rebecca obedeceu e encostou o carro, mas antes mesmo que o veículo estivesse completamente parado, Aaron já tinha aberto a porta e descido.

– Aaron! – Rebecca o repreendeu, puxando o freio de mão rapidamente.

Ele pareceu nem ouvi-la. Simplesmente correu em direção a esquina de onde tinham acabado de virar, forçando-a a fechar o carro rapidamente e segui-lo em meio à chuva.

Rebecca conseguiu alcançá-lo assim que ele dobrou a esquina e já estava pensando em todos os palavrões com os quais gostaria de xingá-lo naquele momento, quando Aaron parou abruptamente.

– Christopher?! – ele gritou colocando as mãos em concha ao redor da boca, para que o som se propagasse em meio ao barulho da chuva.

Logo mais a frente, um garoto que carregava uma mochila vermelha nas costas e usava uma blusa de frio preta – ou talvez azul marinho – já completamente encharcada, parou e se voltou para eles.

Durante um longo instante o garoto apenas os encarou de longe, mas depois de um momento, começou a andar em direção a eles com passos lentos. Quando se aproximou um pouco mais, retirou o capuz que cobria sua cabeça e apertou os olhos para enxergar em meio as grandes gotas de chuva que despencavam do céu.

– Aaron? – ele perguntou parecendo surpreso e contente ao mesmo tempo.

– Ai, meu Deus! – Aaron exclamou seguindo rapidamente até ele e o abraçando com força – Meu Deus! Christopher, o que está fazendo aqui?

– Eu estava procurando você. – o garoto respondeu, retribuindo ao abraço de Aaron – Eu fui ao seu apartamento, mas o recepcionista disse você não estava lá, então eu decidi ir te procurar na universidade.

– Você estava indo a pé para a Trinity, no meio de uma chuva como essa? – Aaron o soltou e o segurou pelos ombros.

– Eu não tinha mais dinheiro para pagar um táxi. – ele respondeu constrangido.

Aaron o encarou por um momento, parecendo analisá-lo da cabeça aos pés, e então o abraçou com força novamente.

– Não consigo acreditar que você está aqui, moleque.

– Eu sei. – o garoto retribuiu com um sorriso – Eu senti sua falta, irmão.


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Notas finais do capítulo

Aaron e Rebecca estão se entendendo e se aproximando ainda mais, Christopher voltou a dar as caras na história... está tudo lindo e maravilhoso, né? E eu pretendo que continue assim por alguns capítulos, mas vocês também sabem que vem coisa triste por aí.
Espero que tenham gostado do capítulo e assim que eu puder eu apareço aqui de novo.
Beijos e até o próximo.



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