Pov Mosca

— Galera! Acho que já encontramos onde iremos dormir!

— Uau! Será que existem fantasmas assombrando esse porão?! - disse Binho, sempre com a imaginação mais fértil do que o normal.

—Tendo fantasmas ou não, esse lugar tá perfeito pra gente dormir - disse

— Ronc! Nossa seria ótimo se tivesse uma comidinha pra gente aqui né? Meu estômago necessita de comida!! - disse o Rafa sempre se preocupando primeiro com o estômago.

— É, pior que o rafa tem razão, tô com mó fome! - eu disse já sentido meu estômago roncar.

— Já sei! Vamo pedir pra Pata trazer comida pra gente! - disse o Binho.

— Boa ideia, Binho! Mas o problema é como vamos falar com a Pata – eu disse e em seguida Binho andou em direção a uma janela.

—Galera! Achei uma escada será que dá lá no casarão? - Disse o Binho com uma expressão de alegria.

— Só subindo pra saber!

—Mas e se der em um lugar escuro e... – disse Rafa com expressão amedrontada.

— Ah Rafa! Deixa de ser medroso! - disse dando um passo à frente e subindo as escadas. Essas escadas davam em uma sala escura cheia de poeira ,provavelmente, fazia tempo que alguém ia lá. Abri a porta e vi a Pata, ela estava sozinha na sala, então assobiei, ela me viu e veio falar com a gente.

— O que vocês estão fazendo aqui?! Ficaram malucos?! – ela perguntou incrédula, porém, sem dúvida, feliz por nos ver.

— Shhh! A gente tá no porão, e pretendemos passar essa noite aqui! - falei

— Mas, se alguém pegar vocês...- ela disse e eu interrompi – Calma! Ninguém vai pegar a gente, mas... você pode pegar comida pra gente? É que tamo com mó fome!

— .... Tá!

— Valeu maninha! - dei um abraço forte nela.

Depois disso, a Pata foi na cozinha e trouxe um lanche pra gente, fazia tempo que não comíamos tão bem, então fomos dormir de barriga cheia!

Pov Mili

Quando a Pata chegou a gente não se dava tão bem, mas passaram-se alguns dias e começamos a ficar amigas. Ainda haviam algumas brigas, só que nada tão sério, com uma conversa a gente se resolvia, a Pata parecia cada vez mais feliz.

O primeiro dia de aula foi difícil, principalmente porque a Bia não deixava a Pata em paz, mesmo assim, ela não se intimidava. Quando voltamos para casa, a Pata foi a primeira a sair, então fui atrás dela e vi ela entrar em um quarto. A última vez que tinha visto alguém entrar naquele quarto foi quando cheguei ao orfanato. Entrei também e a vi entrando em um alçapão, ouvi vozes e então, também entrei. Logo, me deparei com a Pata abraçando aquele menino que vi correndo na rua no dia em que a Pata chegou. Fui andando devagar, então eles me viram.

— Mili? é.. - disse ela nervosa.

— Pata, ele é seu irmão? – disse e então, ele veio caminhando em minha direção.

— Calma, eu sou o Mosca! E sim, eu sou irmão da Pata. A gente mora na rua e não tinha lugar pra dormir, então esse era o melhor jeito de termos um lugar pra dormir e ficar perto da Pata, então, por favor, não conta pra ninguém, que a gente tá aqui! - Olhei pra cara deles e lembrei naquele momento da vontade de ajuda-los que senti no outro dia.

—Entendi! Pode deixar, não vou contar pra ninguém! - então chamei a Pata e me dirigi à escada, mas antes de sair.

— Espera, como é seu nome mesmo? - ele perguntou.

— Milena, mas pode me chamar de Mili. - sorri.

— Ok, Mili, valeu por ajudar.

Dei um sorriso e saí.

Pov Mosca

— Mosca, você acha mesmo que aquela garota vai guardar segredo? - o Rafa perguntou.

— A Mili né? Eu sei que ela vai guardar segredo, eu vi nos olhos dela! - disse ainda lembrando dela.

— Hum... Tá gostando dela né Mosca? - disseram os dois em coro.

— Q-que nada, eu apenas achei ela... legal - falei um tanto envergonhado.

— Ah, sei! Tá até gaguejando, e ainda por cima ficou todo vermelhinho! Ui, ui - Binho falou com deboche.

— Ah seu moleque! - nesse mesmo momento saí correndo atrás dele.

Pov Mili

Falei um pouco com a Pata e depois fui falar com as meninas e inventar uma desculpa por ter sumido. Logo chegou a hora do jantar, comemos e fomos dormir.

Comecei a me lembrar do Mosca e senti algo diferente, algo não, um sentimento diferente.. até que ouvimos um.

— Aiii!

Acordamos todas assustadas

— Parece a voz do Chico!

Corremos em disparada para a cozinha e então vimos o Chico caído e os meninos ajudando ele a levantar, todas menos eu e a Pata gritaram.

— Ahhh!!!

Nesse momento a Ernestina e a tia Sofia chegaram.

Então os meninos tiveram que explicar tudo o que aconteceu.

— Ah! Quer dizer que foi por isso que a comida estava desaparecendo! - disse a Ernestina olhando com raiva para os meninos.

— E é por isso que às vezes a Pata some do nada - disse a Cris olhando para o Mosca.

Enquanto estavam conversando, lembrei do Chico que tinha tomado uma queda feia e estava se debruçando de dor no chão.

— Gente, esquecemos do Chico!! - disse já ajudando ele a levantar.

Todas ajudaram e a tia Sofia foi ao hospital com o Chico. Queríamos ir, mas nos deixaram com a Ernestina no orfanato.

Ficamos conversando com os meninos e não nos demos tão bem, mas logo nos acostumamos, e então lembramos que eles não podiam ficar no orfanato, pois o orfanato só aceitava meninas...