Beyond Broken Souls escrita por Haunted House, Angel of Silence, Angelika Malfoy


Capítulo 20
Victoire Amandine Vernon


Notas iniciais do capítulo

Sentindo uma nostalgia enorme ao descrever o Dumbleodore mais novo com a barba acaju e os ternos tenebrosos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/406447/chapter/20

Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
*

A música que minha mãe costumava cantar para mim quando eu era pequena ecoava em minha mente, não era exatamente uma canção de ninar, mas ela preferia assim. Nesse tempo ainda vivíamos em Paris, antes da Grande Depressão, ou seja, antes de meu pai perder tudo pela primeira vez e ela começar com as bebidas.

Os alunos entravam aos poucos na sala de aula, e eu estava numa mesa no canto da sala escorada na parede. Nicolle e Beatrice não faziam essa aula nesse horário, muito menos Alan que estava uma série acima. Imagino que os outros alunos de Beauxbatons gostariam de se sentar comigo, porém nenhum deles tinha coragem de se aproximar, então eu estava sozinha.

Virei à cabeça e reparei que Evelyn, a irmã de Sam, esta parada na porta, encarando a cadeira ao meu lado. Ela mordeu o lábio quando percebeu que eu havia a visto e mexeu a cabeça quase imperceptivelmente em direção ao assento.

- Ah! Você quer se sentar? –Perguntei. – Fique à vontade.

Ela se sentou, mas estava de mãos vazias reparei.

-Você não trouxe o livro?

Ela tirou uma clutch azul escura, meio acabada, do bolso interno do casaco. Meteu o braço lá dentro de maneira excessivamente dramática, o braço inteiro e então puxou um exemplar do “Guia de Transfiguração Avançada”.

-Feitiço Indetectável de Extensão. Boa ideia.

Ela sorriu, mas não disse nada. Pensando bem, a garota não era do tipo que fala muito.

Nesse momento o professor Alvo Dumbleodore adentrou a sala. Ele era alto, tinha barba, olhos muito azuis sob os óculos meia-lua, um nariz torto, como se tivesse levado um soco e usava um terno horroroso de veludo verde. Em transfiguração teríamos um professor de Hogwarts mesmo, mas não me importei dessa vez, Dumbleodore era famoso mesmo na França.

-Muito bem classe, silêncio, por favor. Meu nome é Alvo Dumbledore. Primeiro quero desejar as boas vindas aos alunos novos, creio que não temos ninguém de Hogwarts nessa turma correto? - Ele começou com uma voz tranquila e como ninguém se manifestou continuou. – É a primeira aula do ano e achei que poderíamos começar com uma pequena revisão. Quem pode me dizer quais são as cinco exceções à lei de Gamp?

Instantaneamente eu e Evelyn levantamos as mãos. Olhei para ela e sorri. Definitivamente transfiguração era a minha melhor matéria e aparentemente não estava sozinha.

-Ótimo! Senhoritas... - Ele disse olhando para nós

-Vernon.

-Volkov.

Ele nos olhou com curiosidade como se reconhecesse os nomes. Então sorriu calmamente.

-Poderiam nos responder?

-A comida, o dinheiro, ouro e pedras preciosas, o amor e os seres humanos. – Dissemos em uníssono.

-É impossível simplesmente gerar essas coisas com um feitiço. –Completei.

-Mas é possível multiplicar a comida e é possível detectar a localização dos metais preciosos. – Ela respondeu.

-Excelente! Dez pontos para cada uma. Certamente todos se lembram do que o Diretor disse no discurso de abertura certo? Cada escola estrangeira poderá perder e ganhar pontos de acordo com o comportamento dos alunos, assim como acontece aqui. No Final do ano a Casa ou a escola que tiver mais pontos ganhará a Taça das Casas.

Ah claro! Por que todos prestaram atenção ao discurso monótono de Dippet.

Depois disso a aula seguiu normalmente. Troquei mais algumas palavras com Evelyn e ela parecia uma pessoa muito legal, embora bastante reservada também.

-Com licença senhor Dumbleodore. - Apolíneo Pringle o zelador do colégio apareceu na porta. - Todos os alunos de Beauxbatons devem ir a sala 2 no térreo, a diretora deseja fazer um comunicado.

-Então eles devem ir- A expressão leve de Alvo ficou sombria.

Dei um tchau mudo a minha colega e quase metade da sala se encaminhou para o térreo.

A sala 2 era enorme, mas não havia carteiras ou um quadro negro, então supus que estivesse desocupada. A diretora estava em pé, no fundo do aposento e seus olhos estavam terrivelmente vermelhos e inchados, algo que não condizia com seu estilo. Logo todos os alunos estavam ali, e ela fez sinal para que nos sentássemos então nos espalhamos pelo chão.

-Queridos, tenho notícias - A voz da diretora falhou - Notícias terríveis. – Ela parecia que iria cair no choro a qualquer instante. -Viemos para Hogwarts por uma questão de segurança. Foi a melhor aposta que fiz na vida. Dois dias depois que deixamos a França nossa escola foi invadida pelos bruxos que estão do lado nazista. Toda a equipe de segurança lutou ao máximo, mas... A questão alunos é que a nossa amada Academia já não nos pertence, foi tomada pelos aliados de Bausendawch, mas não tivemos todas as informações, o prédio está isolado, a rede de flu foi cortada e nenhum feitiço conseguiu penetrar as barreiras deles.

Um silêncio terrível se seguiu as suas palavras. Lágrimas quentes desceram pelas minhas bochechas. Talvez fosse um exagero fazer tanto drama, afinal era apenas um prédio, todos os alunos e a grande maioria dos professores estavam na Inglaterra. Acontece que Beauxbatons era meu lar desde os dez anos, já que era impossível chamar minha moradia de casa considerando a minha família. Quando meu pai conseguiu se reerguer na primeira vez que sua empresa faliu, minha mãe ficou bem por uns três anos, foi aí que ela engravidou de Mélanie. Todos os dias ela me contava da Academia, como esse era o melhor lugar do mundo. Era uma coisa nossa, algo que realmente tínhamos, ou teríamos em comum. Quando eu fiz dez anos e minha carta de aprovação chegou meus avós deram uma festa e ganhei um lindo anel de rubi com o brasão do colégio gravado, que estava na família há gerações, diziam inclusive que ele era mágico, embora eu nunca tivesse percebido nada de poderoso na joia.

-Como... Como eles puderam encontrar o palácio? E quanto as nossas barreiras? – Uma garota do último ano perguntou, ela também parecia desconsolada.

-A única maneira que eles teriam de fazer isso era sabendo exatamente onde procurar e como agir. Estamos suspeitando que algum ex-professor ou aluno tenha liderado esse ataque. –Respondeu o professor de história da magia, já que a diretora não parecia em condições de falar.

-E quanto às pessoas que estavam lá dentro? – Um garoto novo, que eu nunca tinha visto perguntou. Toda a sala prendeu a respiração.

-Nós não sabemos. Nenhuma pista do que está havendo dentro dos portões da escola. Enviamos algumas equipes para vigiar, mas não temos como saber o que acontece agora.

Todos se calaram novamente.

-Creio que não há mais nada a ser dito. Estão liberados crianças.

Saímos juntos, mas o grupo se dispersou. Não vi nem mesmo Alan, que ultimamente me seguia todo o tempo livre. Perdi-me nos corredores do castelo, pensando nas pessoas que estavam lá para nos defender e no que os malditos nazistas deveriam estar fazendo com o meu lugar. Acabei chegando num corredor sem saída, portanto abri a única porta à vista e entrei.

E com a cena que se desenrolava, todo e qualquer pensamento foi varrido da minha mente.

Angelika Malfoy estava na sala vazia, vestindo o uniforme de Hogwarts e com os cabelos loiros perfeitamente penteados, mas algumas coisa destoavam de sua aparência normal, ou da aparência de qualquer ser-humano comum. Ela tinha pelos laranjas por todo corpo, um rabo aparecia sob a saia e orelhas felinas apontavam de sua cabeça. Quando ela pressentiu minha presença e se virou dois olhos amarelos me fuzilaram. Minha prima havia se transformado em gato.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Tradução da música:
Não me deixe,
É preciso esquecer,
Tudo pode ser esquecido
Que já tenha passado.
Esquecer os tempos
dos mal-entendidos
E o tempo perdido



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beyond Broken Souls" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.